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A contribuição das Relações Públicas
para a criação da empresa-cidadã
Autor: Luis Carlos de Macedo
Há duas décadas atrás, no Brasil, era quase impossível imaginar
que algum dia uma empresa pudesse ser avaliada pelo mercado, a partir de seu
desempenho ético e do relacionamento que ela tem com a comunidade e demais
públicos de interesse (stakeholders). No entanto, o país tem percebido, cada vez
mais, uma força mobilizadora tomando conta da consciência dos indivíduos e
sensibilizando as mais variadas instituições. Esse fenômeno, denominado
Responsabilidade Social Empresarial vem sendo discutido, incessantemente, no
meio empresarial e acadêmico e, tudo isso, desperta na sociedade, a importância da
atuação socialmente responsável pelas organizações em geral.
No meio empresarial brasileiro, pode-se perceber duas visões
distintas sobre a atuação social: a visão pós-lucro da Responsabilidade Social
Empresarial, que surge da mentalidade clássica da Administração de Empresas, a
da pura e simples maximização dos lucros, na qual a análise ambiental não é
utilizada como ferramenta estratégica e, neste contexto, as ações normalmente
partem após um acontecimento, nas comunidades vizinhas, com repercussões
negativas para a empresa, como desastres ambientais, situações diversas de
calamidade na comunidade, elevados índices de criminalidade, analfabetismo,
péssimas condições de saneamento e outros diversos tipos de carências sociais
existentes; e a visão pré-lucro da Responsabilidade Social Empresarial, que tem
como objetivo maior, o desenvolvimento sustentável da sociedade, fazendo parte do
planejamento estratégico da organização, apontando para o equilíbrio entre
performance corporativa, ética e compromisso social.
Atualmente, fatores como educação, saúde, meio ambiente,
segurança, cultura, esporte e lazer, são responsáveis pela continuidade de um
crescente ciclo de consumo e pelo desenvolvimento de toda a cadeia produtiva em
torno da sociedade. Por tudo isso, as empresas e as comunidades devem zelar pelo
consumo consciente, ou seja, o uso de bens e serviços que atendam às
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necessidades básicas e tragam uma melhor qualidade de vida à população, ao
mesmo tempo, que minimizem a utilização de recursos naturais, materiais tóxicos, a
emissão de poluentes, de forma a não prejudicar as futuras gerações. Só assim, as
empresas
tornam-se
verdadeiras
empresas-cidadãs,
gerando
consumidores
responsáveis e buscando continuamente a solução ou, ao menos, a diminuição das
carências sociais existentes.
Nem é preciso ser um bom observador para verificar que as
empresas socialmente responsáveis que pensam não somente no lucro, mas, acima
de tudo, no ser humano, são mais valorizadas e reconhecidas, com a preferência
dos seus clientes. Esse tipo de ações das organizações estão se transformando
numa poderosa vantagem competitiva no desenvolvimento de seus negócios, já que
os consumidores valorizam a preocupação das empresas em tornar a sociedade
mais equilibrada, com menos injustiças e desigualdades.
O tema está sendo amplamente discutido, mas ainda é só o começo
de uma verdadeira revolução no meio empresarial. Para que isso se torne, de fato,
parte da cultura das organizações, cabe aos profissionais que lidam com as
informações e com relacionamento público, tomar partido na consolidação dessas
mudanças, no intuito de divulgar, cada vez mais, a Responsabilidade Social
Corporativa e, ao mesmo tempo, ser capaz de se inserir neste contexto, orientando a
gestão empresarial no caminho da empresa-cidadã.
Depois de todas essas considerações, percebe-se que o conceito de
Responsabilidade Social Empresarial vem se consolidando como interdisciplinar,
multidimensional e associado a uma abordagem sistêmica, focada nas relações
entre os públicos, ligados direta ou indiretamente ao negócio da empresa. Portanto,
é faz-se necessária a sua incorporação à orientação estratégica da empresa,
refletida em desafios éticos para as dimensões econômica, ambiental e social dos
negócios.
Sendo assim, o profissional de Relações Públicas, cumprindo com
seu papel social, está se tornando um agente fundamental, dentro deste contexto,
porque detém as qualidades necessárias para lidar com a Responsabilidade Social,
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pois além de ser capaz de gerenciar o relacionamento da empresa com os seus
públicos-alvo, está apto a desenvolver o planejamento das comunicações, auxiliado
pela utilização de pesquisas qualitativas exploratórias e estudos quantitativos, na
formulação e no controle de estratégias que visam ao desenvolvimento de
habilidades interpessoais, liderança e trabalho em equipe, formas de canalização da
motivação dos funcionários e de geração de um clima organizacional positivo,
identificado com o envolvimento em ações voluntárias na comunidade.
O fortalecimento da Responsabilidade Social Empresarial por meio
do know-how e das estratégias de Relações Públicas gera nos consumidores e, em
todos os outros grupos ligados à empresa, atitudes que propiciam um retorno social,
representado
por
benefícios
de
diversas
ordens
(econômico-financeiros,
estratégicos, éticos e motivacionais), entre eles o fortalecimento do conceito em
relação aos seus públicos de interesse, a potencialização da marca, a lealdade dos
clientes já existentes, a conquista de novos clientes, uma maior divulgação na mídia,
a obtenção de reconhecimento público, o aumento da auto-estima e da motivação
dos funcionários e colaboradores.
Esse é o compromisso do profissional de Relações Públicas com um
novo tempo, sendo uma forte liderança dessa ação transformadora, que torna o
mercado um círculo virtuoso, onde todos são clientes, parceiros e fornecedores
cumprindo seus papéis, em bases sólidas, na busca de uma sociedade mais justa.
É valioso perceber que, atualmente, as empresas e as pessoas
estão dispostas a colaborar com sua parte, para que todos tenham melhores
oportunidades, garantindo o diálogo, a participação e, conseqüentemente, o resgate
da cidadania. Por isso, é essencial que as Relações Públicas façam parte desse
movimento de cidadania corporativa e que os profissionais da área atuem como
verdadeiros agentes de mudança, dando a sua contribuição para a criação da
empresa-cidadã.
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