Discurso pronunciado pelo Deputado NELSON BORNIER – PMDB/RJ. Na Sessão de 27 de setembro de 2011. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Desde as mais remotas épocas a tributação desenfreada e inconseqüente tem sido o único meio encontrado pelos governantes para levar a cabo suas metas de desenvolvimento, esquecendo-se de que não basta cobrar imposto se esse não é revertido à população como benefício social. Taxa-se tudo neste país. Até o ar que se respira. Cada governo que assume traz suas propostas mirabolantes, fantasiadas de salvadoras da pátria, mas na falta de uma visão mais ampla que promova a exploração racional das nossas imensas riquezas recorrem ao instituto da tributação por ser de fácil aplicabilidade, até pela compulsoriedade de que se reveste. Nem mesmo a Reforma Tributária apregoada aos quatro ventos pelo Governo, conseguiu sair do papel porque as conveniências em jogo são muitas e todos querem estar em paz com todos enquanto a carroagem passa... Senhor Presidente, é bom que se diga que uma coisa é querer, outra é ser estadista. Tivemos em épocas não muito distantes, governantes varrendo a sujeira do Brasil com vassourinhas, como quis fazer o Senhor Jânio Quadros, e terminou renunciando por não ter tido a coragem e o bom senso para realizar as metas saneadoras que trazia da campanha eleitoral. Os que o sucederam continuaram jogando a problemática brasileira para as calendas, apesar das boas intenções que apregoavam. Veio o regime militar, durante o qual o Brasil retrocedeu vários séculos. Por seu turno, os senhores militares se diziam dispostos a redimir o país do subdesenvolvimento crônico que nunca deixou de existir. Mas, nada disso aconteceu. Posteriormente, depois de passar pelo Ministério da Fazenda (onde deve ter se familiarizado com o Sistema Tributário Nacional), e pelo Ministério das Relações Exteriores, no qual teve a oportunidade de avaliar as verdadeiras dimensões do Brasil, no contexto da economia mundial, assim, chegou ao final do seu segundo mandato, sem ter muito o que comemorar. E não será fácil mudar a imagem do Brasil nos próximos três anos. É lamentável, Senhor Presidente, e chega a ser até mesmo melancólico constatar que a modernidade tão sonhada pelo nosso governo, não passa de uma miragem. Isto no país cujo os governantes sempre souberam privatizar, renegociar dívidas, amordaçar os salários dos servidores públicos e manter o salário mínimo rigorosamente sob controle. Era o que tinha a dizer.