Existencialismo – Professor André Luiz Lemos “Todo homem deseja

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Existencialismo – Professor André Luiz Lemos
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“Todo homem deseja conhecer”- Aristóteles
Gregos clássicos: a preocupação com o cosmos.
Idade média: teocentrismo.
Iluminismo: a razão é o centro (Penso, logo existo). / O sujeito é o centro.
Existencialismo: o antropocentrismo.
Existencialismo: o ponto de partida é a existência humana. Teve seu apogeu na França do pósguerra em meados de 1960, que envolvia vida (estilo), moda, artes e ativismo político.
Uma leitura da condição específica do homem como um ser no mundo.
Existir: implica relação com o mundo.
A existência é um projeto de exteriorização.
O ser está constantemente em questão.
O homem só pode perguntar (atividade zetética) porque ele é um ser radicalmente livre.
Os filósofos existencialistas, pontos em comuns:
a) O ser humano é representado como uma realidade imperfeita, aberta e inacabada que
foi lançada ao mundo e vive sob risco e ameaças.
b) A liberdade humana não é plena, mas condicionada às circunstâncias históricas da
existência.
c) A vida humana é um caminho marcado por sofrimentos.
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“O homem deseja conhecer” – Aristóteles.
Na filosofia Clássica: Pré-Socráticos e dos Socráticos, há uma preocupação com o
Cosmos, ou seja o saber é buscado como um fim em si mesmo. Há uma postura de
reverência do Cosmos ou da natureza. Há um razão, mas está razão volta-se para o
Bem.
Já na Idade Média: Deus é o centro de tudo. Ele responde todas as perguntas e anseios
que o homem precisa para viver.
Com o advento do Iluminismo ou razão moderna, a razão é tida como centro de tudo.
Há uma emergência do sujeito. Principal expoente é Descartes com o cogito: “Penso,
logo existo”. O conhecimento vai se transformar numa ferramenta ativa subordina à
ação humana. Uma racionalidade instrumental que rompe com o paradigma da
racionalidade clássica. O sujeito humano é o centro de tudo.
Com a chegada do Existencialismo, temos o homem ainda como o centro de todo
questionamento filosófico.
Existencialismo:
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O termo existencialismo designa o conjunto de tendências filosóficas que, embora
divergentes em vários aspectos, têm na existência humana o ponto de partida e objeto
fundamental de reflexões.
 É também um fenômeno cultural, que teve seu apogeu na França do pós-guerra até
meados de 1960, e que envolvia estilo de vida, moda, artes e ativismo político.
 Há uma leitura da condição específica do homem como um ser no mundo.
 Existir, então, implica a relação do homem com outros seres humanos, com as coisas e
com a natureza.
 Existência: relação consigo mesmo, com seu próprio ser.
 A existência gera no homem possibilidades; poder ser.
 A existência é um projeto de exteriorização.
 O ser está constantemente em questão.
 O homem só pode perguntar (atividade zetética da filosofia) porque ele é um ser
radicalmente livre.
 De modo geral, identificamos nos filósofos existencialistas algumas concepções
básicas, cujo traço comum é a visão dramática do destino do homem:
a) O ser humano é representado como uma realidade imperfeita, aberta e inacabada,
que foi lançada ao mundo e vive sob risco e ameaças.
b) A liberdade humana não é plena, mas condicionada às circunstâncias históricas da
existência. Nesse sentido o querer não se identifica ao poder. O homem age no mundo
superando ou não os obstáculos que se lhe apresentam.
c) A vida humana não é um caminho linear em direção ao progresso, ao êxito e ao
crescimento. Ao contrário, é marcada por situações de sofrimento, como a doença, a
dor, as injustiças, a luta pela sobrevivência, o fracasso, a velhice e a morte. Assim não
podemos ignorar o sofrimento humano, a angústia interior, a exploração social.
Corpo humano: a nossa existência inserida no mundo.
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O corpo humano é a afirmação de nossa presença no mundo. Associou-se ao corpo
tudo o que era baixo, vergonhoso e grotesco. Ao espírito reservou-se o que havia de
mais alto, honroso e sublime.
Grande parte dos desejos corporais foram repudiados como fonte de vícios e pecados.
Da sexualidade amedrontaram com a luxúria, da fome censuraram a gula, do cansaço
derivaram a preguiça...
Havia em tudo isso uma intenção de castrar os desejos do corpo, o propósito de
promover a degradação do prazer corporal.
Só a partir do século XX, e para isso contribuíram as filosofias da existência – é que
teve início a demolição do muro que separava o corpo do espírito.
O corpo passou a ser dignificado, a partir da análise integral da existência humana.
Termos do Existencialismo
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Existência: ex- sistere = surgir, emergir, salientar-se.
A existência é uma construção perpétua. É o vir-a-ser.
Constitui-se numa compreensão do existir concreto do homem, e não numa teoria
sobre o homem.
Refere-se à existência como vir-a-ser, como possibilidade de evoluir, transformar-se, e
fazer a si mesmo no tempo vivido.
Busca superar a fenda existente entre a verdade conceitualmente constituída e a
verdade existencialmente constatada pelo indivíduo.
Propõe a descrição e a compreensão dos fenômenos existenciais, e não a explicação
causal ou análise racional.
Existir é angústia.
A temporalidade é um fator importantíssimo para o existencialismo.
Cada modo de ser caracterizará um tempo (passado / futuro).
O existencialismo diz que o nosso presente é mais estruturado no futuro do que no
passado.
O ideal é que o homem viva em equilíbrio: olhar o passado, pensar no futuro e viver o
presente. Embora tudo seja paradoxal. Cada passo não é presente. É passado.
O existir autêntico é o que está em trânsito, o caminho.
O que traz a angústia é o que está em transito, o projeto.
A verdade é aquela que é constituída a partir das minhas experiências.
Existem tantas verdades, quanto às consciências.
Filósofos inspiradores do existencialismo.
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As filosofias da existência propriamente ditas surgiram no século XX, mas sofreram
grande influencia do pensamento de alguns filósofos do período anterior. Entre eles
destacam Kierkegaard e Nietzsche.
A influência de Husserl também deve ser apontada, mas apenas do ponto de vista
metodológico, e não de conteúdo. É que a fenomenologia husserliana constitui o
método de análise utilizado por existencialistas como Sartre e Heidegger, fato
reconhecido por eles próprios.
Filósofos existencialistas que mais se destacaram:
a) Kierkegaard (1813 – 1855): “o ser humano é uma síntese de infinito e finito, de eterno
e transitório, de liberdade e necessidade”.
 Vivia torturado por incertezas religiosas e sentimentos de culpa. (falar dos dois
momentos marcantes da vida de Kierkegaard: a culpa do pai e o rompimento do
noivado com Regina Olsen). Era um filósofo protestante. O que influenciou em
seus escritos.
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Sua forma de escrever é poética, irônica e muitas vezes obscura, desprovida da
intenção de elaborar um trato filosófico plenamente organizado.
Por suas idéias pioneiras, é normalmente considerado o pai do existencialismo.
Em sua obra, procura analisar os problemas da relação do homem como o mundo,
consigo mesmo e com Deus.
As relações do homem com o mundo – outros seres humanos e natureza – são
dominadas pela angústia.
A angústia é entendida como o sentimento profundo que temos ao perceber a
instabilidade de viver num mundo de acontecimentos possíveis, sem garantia de
que nossas expectativas sejam realizadas.
A relação do homem consigo mesmo é marcada pela inquietação e pelo
desespero. Isso por duas razoes fundamentais: ou porque o homem nunca está
plenamente satisfeito com as possibilidades que realizou, ou porque não
conseguiu realizar o que pretendia, esgotando os limites do possível e fracassando
diante de suas expectativas.
A relação do homem com Deus seria talvez a única via para a superação da
angústia e do desespero. Contudo, é marcada pelo paradoxo de compreendermos
pela fé o que é incompreensível pela razão.
b) Nietzsche (1844-1900): o julgamento da civilização à questão da existência humana.
 Sua principal frase: ”o maior dos acontecimentos recentes – que Deus está
morto, que a crença no Deus cristão caiu em descrédito – já começa a lançar
suas primeiras sombras sobre a Europa”.
 Nietzsche escreveu sob a forma de aforismos (Máximas ou sentenças curtas
que exprimem um conceito). Esses aforismos tratam de diversos temas:
religião, moral, arte, ciências...
 Ele tem uma crítica profunda e impiedosa à civilização ocidental.
 Critica a massificação, a visão de mundo burguesa, ao conservadorismo
cristão... destas questões surgiu também a questão do valor da existência
humana.
 A filosofia nietzschiana não deixou pedra sobre pedra. Foi um tribunal do qual
não escapou nem mesmo a própria filosofia.
 Segundo Nietzsche no momento em que o cristianismo deixou de ser a única
verdade para se tornar uma das interpretações possíveis do mundo, toda a
civilização e seus valores absolutos foram postos em xeque.
 Nietzsche vai dizer: “quem vos fala é o primeiro niilista perfeito da Europa”.
 Ser niilista significa não crer em qualquer verdade moral ou hierarquia de
valores.
 O niilismo de Nietzsche baseava-se na afirmação da morte de Deus, isto é, na
rejeição à crença de um ser absoluto capaz de traçar o caminho, a verdade e a
vida da civilização européia.
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Em conseqüência, Nietzsche proclamava a ruína dos valores tradicionais que
sustentavam a moral burguesa e cristã européia e negava a idéia de progresso
ou crença num futuro glorioso.
O niilismo de valores fez surgir o niilismo existencial, a experiência de que não
vale a pena viver. A vida é uma dor sem sentido.
Através da doutrina do Eterno Retorno, Nietzsche pensará a superação do
niilismo. Ele supera o niilismo por acreditar na vontade humana e na
capacidade de se produzirem valores afirmativos da vida.
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c) Husserl (1859-1938): o retorno às próprias coisas.
 Formulou um método de investigação filosófica conhecido como fenomenologia.
 Ela consiste basicamente na observação e descrição rigorosa do fenômeno, isto é,
daquilo que se manifesta, aparece ou se oferece aos sentidos ou à consciência.
 Dessa maneira, busca analisar como se forma, para nós, o campo de nossa experiência.
 O sujeito no método fenomenológico, não deve oferecer resistência ao fenômeno
estudado, nem se desviar dele. Deve, portanto, orientar-se por ele.
 Para Husserl o ser é igual a aparecer. Devemos voltar às coisas mesmas.
 Para a fenomenologia tudo pode ser estudado / conhecido.
 A fenomenologia de Hegel = o aparecimento e desenvolvimento da consciência
(espírito).
 A fenomenologia de Husserl = é a filosofia que pressupõe a realidade só se constitui na
medida em que aparece para a consciência.
 A consciência é sempre consciência de alguma coisa.
 A consciência surgi no momento em que o sujeito intenciona um certo objeto e este
objeto se apresenta para um sujeito.
 Na psicologia do século XIX, a mente (consciência) é como uma panela vazia que vai
sendo preenchida durante a vida.
 Na fenomenologia de Husserl: a consciência só nasce se existe um objeto do qual ela é
consciência. A consciência.
 A consciência é tida como movimento. S -- O.
 Em Husserl se acaba o mundo acaba o sujeito. O sujeito depende do objeto e o objeto
depende do sujeito.
 Para ele o conhecimento se produz quando um sujeito (não existente previamente),
intenciona um objeto (que so aparece quando um sujeito o intenciona). Sujeito e
objeto nascem da relação entre si. Eles estão presos nessa relação. Para Husserl não
existe consciência vazia.
 Real é aquilo que aparece para a consciência e não o que é palpável.
d) Sartre (1905-1980): a responsabilidade do homem sobre tudo aquilo que faz.
 É o filósofo da escolha.
 Principal obra: o ser e o nada.
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A característica tipicamente humana é o nada: um espaço aberto. Esse nada, próprio
da existência, faz do homem um ente não-estático, não-compacto, acessível às
possibilidades de mudança.
Se o homem fosse um ser cheio, total, pleno, com uma essência definida, ele não
poderia ter nem consciência, nem liberdade. Primeiro porque a consciência é um
espaço aberto a múltiplos conteúdos. Segundo porque a liberdade representa a
possibilidade da escolha. Por intermédio dela, o homem revela suas aspirações por
algo que ele ainda não é.
O homem tem como característica o não-ser, algo indefinido e indeterminado.
Para Sartre não podemos falar da existência de uma natureza humana universal, mas
sim de uma condição humana, isto é, o conjunto de limites a priori que esboçam a
situação do homem fundamental no universo.
As situações históricas variam: o homem pode nascer escravo numa sociedade pagã –
ou senhor feudal ou proletário. Mas o que não varia é a necessidade para ele de estar
no mundo, de lutar, de viver com os outros e ser mortal.
Um dos valores fundamentais da condição humana, é segundo Sartre, a liberdade. É o
exercício da liberdade em situações concretas, que impulsiona a conduta humana, que
gera a incerteza, que leva à procura de sentidos, que produz a ultrapassagem de certos
limites.
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