PARA ALÉM DO MEL

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PARA ALÉM DO MEL... SEM ABELHAS, SEM ALIMENTOS!
Marisa Simonsi
Dentre os animais cuja ação polinizadora é responsável pela produção de
alimentos, encontram-se as abelhas. São tão importantes para a agricultura,
polinizando cerca de 80% dos produtos que consumimos, que Albert Einsten, já
na primeira metade do século XX, dizia: “Se as abelhas desaparecerem da face
da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência”.
Infelizmente, esse desaparecimento já está ocorrendo em nossos dias. As
abelhas estão desaparecendo em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Em nosso país, segundo o estudioso Lionel Gonçalves, o desaparecimento
está atingindo qualquer tipo de abelha, com ou sem ferrão. Sim! Nem todas as
abelhas possuem ferrão e a espécie como um todo não merece o temor de
muitos que, por medo, tendem a matá-las. Mas o problema é bem maior do que
isso.
A situação é tão preocupante, que o fenômeno denominado Síndrome do
Colapso da Colônia, desencadeou uma campanha mundial da APIMONDIA
(Associação Mundial de Apicultores), sob o tema: “SEM ABELHAS, SEM
ALIMENTOS”.
De início, os apicultores pensaram que o desaparecimento silencioso das
abelhas de suas colmeias, algumas completamente abandonadas, devia-se a
doenças, como também às mudanças climáticas que, afetando o pasto apícola,
deixariam as abelhas sem alimentos. Não! Embora tais fatores possam
interferir, dizimando populações de abelhas, pesquisas recentes apontam para
os agrotóxicos usados na lavoura, como os grandes responsáveis pela
ocorrência do fenômeno.
Dentre os agrotóxicos destacam-se os neonicotinoides, bastante usados na
agricultura. A questão é que além de afetar as pragas, tais defensivos afetam
também outros insetos polinizadores, tais como as abelhas. Por atingirem o
sistema nervoso e o cérebro, onde se encontra a função de navegação das
abelhas, provocam a sua desorientação. Incapazes de retornar à colmeia, as
abelhas se perdem, morrem, desaparecem.
Claro está que o ser humano, com sua inteligência pode reverter esse
processo. Mas é necessário urgência! Sérias políticas públicas devem ser
implantadas para o controle do uso de pesticidas.
Muitos países europeus já criaram legislação proibindo o uso de
neonicotinoides, garantindo proteção para as abelhas e apicultores. Mas no
Brasil, um dos maiores consumidores mundiais de agrotóxicos na atualidade,
ainda “patina” no assunto. Uma lei criada pelo Ministério da Agricultura e Meio
Ambiente e uma portaria do IBAMA sobre a proibição de pesticidas agrícolas,
teve vida curta: uma vigência de menos de três meses!
O que fazer?
Primeiramente tomar consciência da importância das abelhas para a natureza
e para o Homem.
Ampliar a luta começada em outros países, exigindo dos políticos brasileiros
providências no sentido de uma legislação que dê sustentação a políticas
públicas de proteção às abelhas e ao ser humano, por consequência.
Propor às Prefeituras o cultivo de plantas e flores melífluas nos espaços
públicos - praças, jardins, parques e na própria rua onde se mora – ajudando
em sua preservação como ato de cidadania.
Estimular e promover a Educação Ambiental, principalmente junto às crianças,
ensinando-as a conhecer, a conviver e a respeitar as abelhas.
Sugestão de medida simples:
Cultivar um jardim e nele criar uma colmeia de abelhas sem ferrão (tal como a
Jataí) para o seu filho, neto, sobrinho, para todos! Por que não?
(ASF – Abelhas sem ferrão sobre flores de Onze horas)
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A autora é moradora do Jardim Albamar, estudante de Apicultura, e pode ajudar aos
interessados no assunto. Contatos pelo e-mail: [email protected]
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