SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................00 2 ORIGENS DAS FEIÇÕES GEOMORFOLÓGICAS ....................................................00 2.1 A Cordilheira dos Andes ...................................................................................................00 2.2 Mares de Morro ................................................................................................................00 3 INTERAÇÃO COM A DINÂMICA EXTERNA ............................................................00 3.1 Cordilheira dos Andes .......................................................................................................00 3.2 Mares de Morros ................................................................................................................00 4 CONCLUSÃO .....................................................................................................................00 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................00 2 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo, analisar duas formas geomorfológicas, explicar sua origem, e através do estudo de suas feições, explicar a interação da dinâmica interna, que as originam, com a dinâmica externa que as modelam. As duas formas geomorfológicas que serão estudadas são a Cordilheira dos Andes, no Continente Americano e os Domínios dos Mares de Morros, na Região Sudeste do Brasil. Inicialmente será feita uma descrição dos processos orogenéticos, que dão origem às montanhas e posteriormente serão analisadas as duas feições, como se apresentam na atualidade, umas no seu processo de soerguimento e a outra no seu processo de erosão, como resultado da dinâmica externa. O trabalho será baseado em pesquisas bibliográficas, consultas ao material fornecido pelo professor, bem como uma produção, na qual será feita a interação das duas dinâmicas, externa e interna, nos dois exemplos escolhidos. 2 ORIGEM DAS FEIÇÕES GEOMORFOLÓGICAS A origem das feições geomorfológicas está no movimento das Placas tectônicas. O movimento das mesmas, cria em suas bordas transformações que vão produzir alterações na crosta terrestre. O movimento das Placas Tectônicas produz ao longo de seus limites convergentes colisões que, em função da natureza e composição das placas envolvidas, irão gerar rochas e feições fisiográficas distintas. (SABEDOT, Texto II, p. 10). Quando uma placa oceânica se choca com uma placa continental, ocorre a subducção da placa oceânica, que é mais densa. Esse mergulho da placa se dá em direção ao manto, “produzindo um arco magnético na borda do continente, caracterizado por rochas vulcânicas e rochas plutônicas, e processos de deformação e metamorfismo”. (SABEDOT, texto, II, p. 10), como as grandes cordilheiras. 3 A litosfera, composta pela crosta continental e a crosta oceânica constitui a camada da Terra na qual os efeitos do que ocorre no seu interior acontece, formando o relevo, que é modificado pela ação dos fenômenos atmosféricos. O relevo terrestre é fruto da atuação de duas forças opostas – a endógena (interna) e a exógena (externa) -, sendo que as internas são as geradoras das grandes formas estruturais do relevo e as externas são as responsáveis pelas formas esculturais. (ROSS, 2001 p. 33). Dentre as formas estruturais do relevo as cadeias orogênicas se destacam como sendo os terrenos mais elevados e mais recentes da superfície terrestre, onde ocorre a maior atividade tectônica. São áreas de grande complexidade rochosa e estrutural geradas por efeitos de dobramentos acompanhados de intrusões, vulcanismo, abalos sísmicos e falhamentos. (ROSS, 2001 p. 35). A orogênese é o processo de formação das cadeias montanhosas da Terra, e ocorre nas zonas de pressão entre as placas tectônicas. “As cadeias orogênicas são terrenos mais recentes produzidos pela tectônica. Suas idades estão entre o fim do Mesozóico e o Cenozóico” (ROSS, 2001 p. 36). A força endógena comandada pela energia do interior da Terra é chamada de tectônica e provoca soerguimento dos continentes (epirogenia) e dobramentos nas bordas dos continentes (orogenia). Esses movimentos estão associados aos falhamentos, dobramentos e vulcanismos. A orogênese e a epirogênese não podem ser entendidos como processo desarticulados. As duas são produto da deriva continental e do choque entre as placas tectônicas. A epirogênese corresponde a movimentos lentos e generalizados da crosta continental, que sofrem soerguimentos ou abaixamentos amplos (epirogênese positiva ou negativa). (ROSS, 2001 p. 36). A orogênese corresponde a movimentos da superfície terrestre através do enrugamento ou dobramento de camadas de rochas que margeiam as bordas dos continentes. 2.1 A Cordilheira dos Andes A Cordilheira dos Andes é uma grande cadeia de montanhas que se situa na costa ocidental da América do Sul. Estende-se por 7.500 Km, desde a Venezuela até a Terra do 4 Fogo. “Os Andes têm uma estrutura complexa, associando pregas, movimentos verticais e movimentos eruptivos”. (PORTAL EDUCACIONAL, 2006). O processo de formação dos Andes iniciou-se no Mesozóico e prolongou-se até o Cenozóico. Sua formação está ligada à colisão da Placa de Nazca com a Placa Sul-americana. O resultado desse processo é a subducção da Placa Oceânica da Nazca , ou seja, por ser mais fina e mais pesada essa placa mergulha e afunda, indo para o manto onde é derretida pelas altas temperaturas, e passa a compor o material magmático. Ao contrário da Placa de Nazca, a Placa Continental Sul-americana é erguida por ser mais leve, resultando no enrugamento da superfície da crosta terrestre, o que dá origem à cadeia montanhosa dos Andes. Segundo dados retirados da Barsa (1993, v. 2 p. 409), a Cordilheira dos Andes faz parte da mesma família de enrugamentos terciários a que também pertencem os Alpes, Pirineus, Apeninos, Cárpatos, Himalaia e Montanhas Rochosas. Corresponde a um bloco imenso de terrenos dobrados e soerguidos, que se aviam acumulado em vasta e alongada bacia sedimentar (geossinclinal), disposta no sentido N-S, à margem ocidental do primitivo continente Sul-americana. Durante o Cretáceo inicia-se o processo de dobramento, em virtude das pressões ocasionadas pelo Escudo Brasileiro, situado a Leste contra um continente que teria existido à Oeste, onde hoje é o Oceano Pacífico. Conforme Barsa (1993, v. 2 p. 409), no Terciário os antigos sedimentos viram-se alcançados para fora da geossinclinal, constituindo a primitiva Cordilheira dos Andes (...). Tal processo orogenético foi acompanhado por manifestações de vulcanismos, testemunhadas pela presença de diques e cones vulcânicos. Com base na Barsa (1993, v. 2 p. 409), posteriormente, os Andes sofreram novas perturbações, através de movimentos verticais, que elevaram blocos e rebaixaram outros, ao longo de linhas e falhas, originando grandes fossas de afundamento. A Cordilheira apresenta, no sentido W-E, um conjunto de 10 a 15 dobras normais cuja a formação correspondem a uma contração do primitivo pacote sedimentar, da ordem de um quinto de sua largura anterior. O dobramento associa-se, quase sempre, a um conjunto de rochas intrusivas (batólitos e lacólitos), formadas no eixo dos anticlinais. Os Andes são uma cadeia única, apresentando altitudes variadas. Segundo os dados da Barsa (1993, v. 2 p. 410-411), o ponto culminante é o Aconcágua, com 7.040 m de altitude. Outro ponto bastante elevado são os vulcões Mercedário, com 6.700 m, que juntamente com o Aconcágua e Tupungato com 6.500 m., formam os Altos Andes. Seguindo para o Sul estão os 5 Andes de Transição, menos altos e vulcânicos (Villarica, Peterva), sede de freqüentes abalos sísmicos. O altiplano Boliviano, em seu trecho mais deprimido apresenta uma altitude de 3.650 m. 2.2 Mares de Morros Domínio dos Mares de Morros é uma denominação proposta por Ab’Saber e corresponde, segundo a classificação de Jurandyr Ross a unidade de relevo denominada de Planalto e Serras do Atlântico leste-sudeste. Esse domínio paisagístico localiza-se na porção litorânea do país, desde o nordeste até o sul, penetrando mais para o interior no sudeste, particularmente em São Paulo. Corresponde, mais ou menos, a unidade de relevo denominada Planaltos e Serras do Atlântico leste-sudeste. (VESENTINI, 2003, p. 269). Esse Domínio Morfoclimático corresponde a uma região de cinturões orogênicos existentes no território brasileiro muito antigos, de diversas idades ao longo do Précambriano. Essa faixas de dobramentos foram no passado bacias geossinclinais estreitas e alongadas que margeavam a borda das plataformas. O sedimentos formadores das bacias geossinclinais, em função da movimentação da crosta terrestre, foram por várias vezes dobradas por pressões das plataformas. Nessa processo de movimentação da crosta, os sedimentos, ao serem dobrados, também sofreram metamorfização, intrusões e possivelmente até efusões vulcânicas. (ROSS, 2001 p. 40). Os Mares de Morros fazem parte do cinturão orogênico do Atlântico e sua formação, conforme Souza, possuem uma área com aproximadamente 1 milhão de quilômetros, com florestas tropicais recobrindo a área, originalmente, por mais de 95% do espaço total. A formação dessa região faz parte da movimentação orogênica da Terra, ocorrida entre 1 bilhão e 570 milhões de anos atrás, no Proterozóico, originando o ciclo brasiliano de dobramentos representados pelos maciços cristalinos Proterozóicos. (SOUZA, 2001 p.01). A maior e mais persistente deformação em abóbada do escudo é certamente aquela que ocorre nos terrenos cristalinos do Brasil de Sudeste. Trata-se de um megadomo cristalino, de presença muito antiga sujeito a diferentes fases de reativação, a par com complicações paleo-hidrográficas, devido as interferências da tectônica quebrável a partir dos meados do Terciário. A área atingida por esse gigantesco arqueamento radial envolve os terrenos cristalinos do Brasil de Sudeste. (AB’SABER apud CUNHA e GUERRA, 2001 p. 80). 6 3 INTERAÇÃO COM A DINÂMICA EXTERNA A ação da atmosfera sobre as formas de relevo são de grande complexidade, agindo diferentemente de acordo com o tipo de rochas do terreno e o tipo de clima em que está o relevo em questão. Segundo Ross (2003 p. 42) “as formas de relevo podem ser vistas com uma vasta peça de escultura, cujo escultor é a forma com seus diversos tipos climáticos, e o sub-solo é a sua matéria prima”. Como a energia solar não atua igualitariamente na superfície terrestre, e como a crosta terrestre não se constitui em um único tipo de litologia e de arranjo estrutural, além de que as forças internas também apresentam atuações diferenciadas sob a crosta a gama de fisionomias ou de ambientes naturais é muito numerosa acabando por permitir um número infinito de Unidades de Paisagens Naturais (ROSS, 2003 p. 11). A ação mecânica do ar, da temperatura, da água proporcionam os processos exógenos, esculturando as formas de relevo. Os processos erosivos da superfície terrestre têm extrema ligação com o tipo de clima. Em áreas tropicais quentes e úmidas (relevo de Mares de Morros), a ação química da água e do calor tem maior importância nos processos de desgaste. Já nas áreas frias (Cordilheira dos Andes) a ação física da água em estado sólido (gelo) é que provoca a erosão, o desgaste e a esculturação do modelado da superfície. 3.1 Cordilheira dos Andes A erosão ocorrida na Cordilheira dos Andes é provocada, principalmente pela ação do gelo que recobre essas montanhas. É, portanto a ação física da água que modifica a estrutura dessa cadeia montanhosa. Conforme Ross (2001 p. 43-44) “nas áreas frias, a ação do gelo em fraturas e poros das rochas também leva à sua fragmentação progressiva. (...) As sucessivas alternâncias congelamento/degelo, com expansão e contração do volume da água existente nos poros e fraturas das rochas leva a fragmentação”. De acordo com a classificação das geleiras, segundo Sabedot (cap. VI p. 55), as geleiras andinas são de vale, e constituem massas de gelo alongadas circunscritas a vales 7 montanhosos e alimentadas por massas de gelo maiores acumuladas nos chamados circos glaciais. A erosão glacial, tanto incorpora, quanto remove partículas ou detritos do relevo por onde se move. Conforme Sabedot (cap. V p. 58) são 3 os processos principais de erosão glacial: abrasão, remoção e ação da água de degelo. Abrasão corresponde ao desgaste do assoalho sobre o qual as geleiras se deslocam transportando partículas rochosas, que vão riscando o assoalho, removendo novas partículas. O processo de remoção transporta fragmentos maiores, provenientes de fraturas ou descontinuidades. A água de degelo glacial produz erosão através da ação mecânica e da ação química. A mecânica resulta do impacto das partículas transportadas sobre a superfície do assoalho e a ação química resulta da maior solubilidade do dióxido de carbono (CO2), em razão da baixa temperatura da água, acidificando-a. Conforme informações obtidas da Barsa (1993, v. 2 p. 410), os Altos Andes apresentam-se cobertos de neves eternas, que começaram a aparecer entre 3.500 a 4.500 m. A seguir para o S, os Andes de Transição – os Andes Patagônicos e Fueguinos tem sinais de modelado glacial, inclusive lagos. Na costa mais meridional, a erosão glacial ao sul da cordilheira, dá origem a um litoral ou fiordes. O outro processo de erosão são os rios, que tem suas nascentes descendo por suas encostas orientais para NE, como o Beni e o Madeira, ou para SE, como o Pilcomayo e Bernejo. Outro fator importante de erosão são as chuvas, que na altura do Equador atingem 1600 mm anuais, conforme dados da Barsa (1993, v. 2 p. 411). A erosão causada pela chuva vai ser descrita no item 3.2 deste trabalho. 3.2 Mares de Morros O aspecto característico dessa paisagem está nas formas de relevo conhecida como “meias laranjas” ou “Mares de Morros”. Essa região, também conhecida como Terras Altas foi erodida principalmente pelas chuvas. A pluviosidade dessa região conforme Souza (2001, p. 2) é de 1.100 a 4.500 mm anuais. 8 (...) tem origem em serras (do Mar, Mantiqueira, Geral e espinhaço) erodidas principalmente pelas chuvas. Isso ocorre porque esses domínio se localiza sobre terrenos cristalinos onde predominam os granitos e gnaisses. Estes ao sofrerem a erosão causada pelo clima tropical quente e úmido, adquirem o aspecto de morros com vertentes arredondadas, ou de meias laranjas (...) O intemperismo químico atinge profundamente as rochas cristalinas e a erosão causada pelas chuvas é intensa. (VESENTINI, 2003 p. 269). Os agentes externos do relevo, no caso do Brasil, as chuvas, os rios e as altas temperaturas especialmente, erodiram os escudos cristalinos. Os planaltos sobre bases cristalinas, como os de Sudeste e Leste, apresentam serras como a da Mantiqueira e Espinhaço. A Mantiqueira, no sul de Minas Gerais apresenta uma sucessão de morros com o topo de maia-laranja, a que se dá a denominação de “Mares de Morros”, resultante da erosão de climas tropicais úmidos. (SOUZA, 2001 p. 4). A erosão ocorrida nessa feição geomorfológica foi físico-químico, porque se processa através da reação química da água das chuvas. Ao mesmo tempo que muda a natureza físicoquímica da rocha a ação química da água também altera a forma do relevo. Aos poucos essas feições foram sendo rebaixadas, transformando esse cinturão orogênico em um “Mar de Morros”, que é o aspecto característico dessa paisagem. 4 CONCLUSÃO As forças que determinaram a atuação dos processos geradores das formas do relevo agem de fora para dentro, através da atmosfera e de dentro para fora, através da litosfera e da energia do interior da Terra. Na natureza nada está desarticulado, nem mesmo o relevo que parece tão imutável. As duas feições geomorfológicas escolhidas atestam a dinâmica da Terra, tanto no seu processo exógeno, quanto endógeno. Ambas guardam semelhanças em sua origem, mas apresentam-se com modelados bastante diferentes em função da idade que possuem. Os Andes como dobramentos modernos, são feições recentes produzidas pela tectônica, enquanto os mares de Morros, fazem parte de uma região de cinturões orogênicos existentes no território brasileiro muito antigos, de diversas idade ao longo do Pré-cambriano. 9 Enquanto nos Andes o processo de soerguimento prevalece, nos Mares de Morros um terreno já consolidado, prevalece a erosão e o desgaste. As duas formas de relevo apresentam-se, apesar de origens semelhantes, com modelados opostos. Enquanto nos Andes são as montanhas muito elevadas, cobertas de gelo eterno, no Brasil, já estão bastante desgastados, apresentando uma paisagem composta por formas convexas, e cobertas por vegetação. Pode-se concluir, portanto, o que define as unidades de relevo, não é simplesmente o modelado e os processos atuais, mas principalmente a sua gênese, a idade, o tipo de material que é composto e sua latitude. Tudo isso interagindo com todos os processos atmosféricos e ocorrendo simultaneamente, tornam a superfície da Terra um objeto de constantes estudos, para que se possa fazer dela o espaço da ação humana, sem prejuízo da mesma. 10 BIBLIOGRAFIA BARSA – Rio de Janeiro e São Paulo. Encyclopédia Britânica do Brasil. 1993. v. 2. CHRISTOFOLETTI, Antônio. Geomorfologia. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1980. CUNHA, Sandra Baptista; GUERRA, Antonio José Teixeira (orgs). Geomorfologia do Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. GUERRA, Antonio José Teixeira; CUNHA, Sandra Batista. Geologia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. INVESTIGANDO A TERRA, Versão Brasileira. São Paulo: Editora Mc Graw – Hill do Brasil Ltda, Eart 4 science curriculum Project. ESCP, 1980. 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