A INFLUÊNCIA DO MEIO NA FORMAÇÃO DO CRIMINOSO André F. Souza (graduando em Direito, CESUC – [email protected]) Cássio Evangelista Silva (graduando em Direito, CESUC – [email protected]) Renata Limongi F. Coelho Silva (coordenadora e professora de Psicologia, CESUC – [email protected]) O que leva uma pessoa a cometer atos criminosos? Muitos podem imaginar que exista uma tendência genética que determina uma mente criminosa, porém a influência do meio em que a pessoa vive é um dos fatores preponderantes. Este trabalho tem por objetivo demonstrar essa influência do meio externo na formação de um criminoso. Para este propósito, a metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica de obras pertinentes ao tema. Em 1941, Carvalho já apontava para a influência exercida pelo meio na determinação do criminoso, que, mesmo não tendo uma tendência intrínseca para o crime, pode ser levado a cometê-lo se os exemplos ou circunstâncias externas forem propícios. Em sua classificação de criminosos, Carvalho estabeleceu cinco tipos, sendo dois influenciados pelo seu próprio interior, ou seja, biológico (biocriminoso puro e biocriminoso preponderante); um misto, influenciado pelo seu interior e o meio exterior (mesobriocriminoso); e outros dois tipos que respondem a estímulos do meio circundante (mesocriminoso puro e mesocriminoso preponderante). Entre esses estímulos externos é fácil estabelecer a relação entre criminalidade e fatores como pobreza, fome e desemprego. Fatores como esses podem levar ao ato criminoso mesmo uma pessoa que não possui tendência ao crime, que, por força das circunstâncias e um leve desvio de caráter, podem consumar um delito isolado, não rotineiro. Porém, há os casos mais complexos, de criminosos habituais, que se desenvolvem em ambientes cujo crime é algo considerado natural. Neste contexto, a psicologia nos diz que, ao nascer e nos primeiros anos de vida, o ser humano ainda não tem formado todo seu aparato cognitivo, ao contrário, ele está em pleno processo de desenvolvimento e irá absorver toda sorte de estímulos, símbolos e linguagem que irão formar seu acervo psicológico. A partir deste acervo é que a pessoa em formação construirá todo um quadro de referências através do qual representará e entenderá o mundo à sua volta e as relações que o constituem. Segundo Vygotsky (1991), o processo da percepção influenciará de forma fundamental a atividade intelectual e o comportamento. Para o autor há uma relação entre as transformações dos processos perceptivos e as transformações em outras atividades intelectuais, que resulta em mudança na dinâmica do comportamento. E segundo Carvalho (2011, p. 13): “Parece sensato considerar o ambiente familiar como um dos factores que contribui para as diferenças de comportamentos entre indivíduos, pois, grande parte das nossas acções derivam do que aprendemos.” Assim, com base nesta breve revisão bibliográfica, fica evidente um consenso entre os autores, que o meio em que uma determinada pessoa vive terá influência direta na formação de sua mente. Portanto, em um ambiente onde a família é criminosa, ou onde os colegas mais próximos são criminosos, ou Centro de Ensino Superior de Catalão - CESUC em um bairro onde a prática do crime é algo ordinário, haverá uma tendência muito maior para que a pessoa desenvolva também o comportamento criminoso. REFERÊNCIAS CARVALHO, A. F. N. de. Análise dos factores que levam os jovens a delinquir. 2011. 107 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Jurídica) – Universidade Fernando Pessoa, Porto. Disponível em: <http://www.psicologianaactualidade.com/upload/Tese%20reformulada%20Final.pdf>. Acesso em: 23 out. 2015. GARRIDO, A. C. O. Fatores sociais de criminalidade. Disponível em: <http://www.atenas.edu.br/faculdade/arquivos/NucleoIniciacaoCiencia/REVISTAS/REVIST2 007/5.pdf>. Acesso em: 23 out. 2015. PALOMBA, G. A. Tratado de psiquiatria forense, civil e penal. São Paulo: Atheneu, 2003. p. 181-190. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991. Centro de Ensino Superior de Catalão - CESUC