Comportamento criminoso Por Cristina Rauter/ Psicóloga-Doutora em Ciências Sociais/ PUC/SP. Comportamento criminoso constitui um conjunto de ações elencadas por um indivíduo, que desencadeia o crime propriamente dito. Neste padrão de comportamento são confeccionados elementos diferenciados que caracterizam o sujeito autor, mesmo quando este seja desconhecido. A este conjunto de elementos compostos, dá-se o nome de Modus Operandi(MO). O MO é o método de trabalho do criminoso, determinado pela forma, pelos instrumentos usados para perpetração criminosa, pelo tipo de vítima ou contextualização do crime. Um comportamento aprendido e reproduzido sistematicamente pode se aperfeiçoar na medida em que o criminoso vai aperfeiçoando a sua forma de agir. O modus operandi pode ser regido pela assinatura do criminoso, que é a forma pela qual o mesmo alcança a satisfação emocional na execução do ato. A criminologia realiza o estudo dos UNSUB (Unknown Subject Of An Investigation) ou Sujeito Desconhecido em uma investigação, através dos traços comportamentais que o mesmo deixa na cena do crime. Isto é obtido através da perícia criminal, que busca através dos vestígios do crime, as informações necessárias para se elaborar uma hipótese do motivo do crime e do perfil criminoso. Alguns estudos apontam a possibilidade de perfis geográficos criminais, através de dados estatísticos que sinalizam padrões de comportamento criminoso em determinadas áreas geográficas. No Brasil, existem poucos estudos sobre o comportamento criminoso, sendo os EUA e a Europa, pioneiros no estudo destas questões. Atualmente, escritores como Ilana Casoy e João Luiz de Carvalho, laçam luz a esta área aqui no Brasil. Um dos pioneiros da análise comportamental criminal foi Karl Berg, que realizou uma das primeiras entrevistas com um serial killer. No caso, Berg entrevistou Peter Kürten, conhecido como o Vampiro de Düsseldorf que matou 12 pessoas, tendo também realizado orgias e violações com suas vítimas. O Transtorno de Personalidade Antissocial, vulgarmente chamado de Psicopatia ou Sociopatia, é um transtorno de personalidade descrito no DSM-IV-TR(Doenças de Saúde Mental), caracterizado pelo comportamento impulsivo do indivíduo afetado, desprezo por normas sociais, e indiferença aos direitos e sentimentos dos outros. Na Classificação Internacional de Doenças, este transtorno é chamado de Transtorno de Personalidade Dissocial(Código: F60.2).[10] Na população em geral, as taxas dos transtornos de personalidade podem variar de 0,5% a 3%, subindo para 4566% entre presidiários. A psicopatia é caracterizada principalmente pela ausência de empatia com outros seres vivos, resultando em descaso com o bem-estar do outro e sérios prejuízos aos que convivem com eles. Esse desvio de caráter costuma ir se estruturando desde a infância. Por isso, na maioria das vezes, alguns dos seus sintomas podem ser observados nesta fase e/ou na adolescência, por meio de comportamentos agressivos que, durante estes períodos, são denominados de transtornos de conduta. A maioria dessas pessoas tem uma família desestruturada ou tiveram uma infância difícil, e quando atingem o fim da adolescência ou início da fase adulta, repetem os comportamentos violentos, sem empatia, interesseiros, egoístas e manipuladores que presenciaram na infância. Conforme se torna adulto o transtorno tende a se cronificar e causar cada vez mais prejuízos na vida do próprio indivíduo e especialmente de quem convive com ele. Transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais, falta de empatia para com os outros. Há um desvio considerável entre o comportamento e as normas sociais estabelecidas. O comportamento não é facilmente modificado pelas experiências adversas, inclusive pelas punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência. Existe uma tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a sociedade Egocentrismo patológico, incapacidade para lealdade ou manutenção de sentimentos de amor ou afeição, sedução apurada, vida sexual impessoal ou pobremente integrada, pratica comum de calúnias, omissões ou distorções de fatos, incapacidade de seguir algum plano de vida também fazem parte de suas características. Diagnóstico Critérios diagnósticos pelo DSM-IV-TR (Código: 301.7): A. Um padrão de desrespeito e violação aos direitos dos outros, que ocorre desde a adolescência, como indicado por pelo menos TRÊS dos seguintes nove critérios: 1. Fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos éticos e legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de reprovação social ou detenção (crimes); 2. Impulsividade predominante ou incapacidade em seguir planos traçados para o futuro; 3. Irritabilidade e agressividade, indicadas por histórico constante de lutas corporais ou agressões verbais violentas; 4. Desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia; 5. Irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras; 6. Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter manipulado, ferido, maltratado ou roubado outra pessoa; 7. Tendência para enganar, indicada por mentir compulsivamente, distorcer fatos ou ludibriar os outros para obter credibilidade, vantagens pessoais ou prazer; 8. Incapacidade de conviver com animais domésticos ou repúdio comum a animais em geral; 9. Dissociabilidade familiar, marcada pelo desrespeito materno e paterno e ridicularização de tudo o que diz respeito ao ambiente familiar de terceiros. B. Existem evidências de Transtorno de Conduta com início antes dos 15 anos de idade. C. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco. Importante notar que o termo antissocial, na psiquiatria, não significa (como rotineiramente costuma ser entendido) um tipo de inibição social, timidez ou o fato de ser introvertido/reservado, mas sim, atitudes contrárias às regras da sociedade. No caso de timidez patológica os diagnósticos usados na psiquiatria contemporânea podem ser, entre outros, de transtorno de personalidade esquiva, fobia social ou transtornos de ansiedade. As características dos sociopatas englobam, principalmente, o desprezo pelas obrigações sociais, leis e a falta de consideração com os sentimentos dos outros. Eles possuem um egocentrismo exageradamente patológico, emoções superficiais, teatrais e falsas, pobre ou nenhum controle da impulsividade, baixa tolerância para frustração e derrotas, baixo limiar para descarga de agressão física, irresponsabilidade, falta de empatia com outros seres humanos e animais, ausência de sentimentos de remorso e de culpa em relação ao seu comportamento. São pessoas sedutoras, cínicas e manipuladoras. Geralmente são incapazes de manter uma relação conjugal leal ou duradoura. É comum o histórico de diversos relacionamentos de curta duração. Quando percebem que suas atitudes estão sob avaliação, reprovação ou questionamento, são capazes de adotar mudanças radicais em seu estilo de vida para afastar as suspeitas sob si, como por exemplo, casar-se repentinamente. [1] Estudos forenses caracterizam os pacientes como possuidores de visão aguçada, audição perfeita, e inteligência acima da média. Eles mentem exageradamente sem constrangimento ou vergonha, a narrativa dos fatos utiliza contexto fundamentado em acontecimentos verdadeiros, porém manipulados de acordo com seus interesses e são extremamente convincentes. Roubam, abusam, trapaceiam, manipulam dolosamente seus familiares, parentes e amigos. Causam inúmeros transtornos a quem esta ao seu redor e podem colocar em risco a vida de outras pessoas sem sentir pena de quem foi manipulado. Seduzem seus parceiros a fim de convencê-los a fazer algo em seu lugar a fim de evitar prejuízo a si mesmos. Podem maltratar animais sem piedade, mesmo que não obrigatoriamente. Esse conjunto de características faz com que os sociopatas dificilmente consigam aprender com a punição e modifiquem suas atitudes. São capazes de fingir com maestria comportamentos tidos como exemplo de ética social e capazes de fingir crenças ou hábitos para se infiltrarem em grupos sociais ou religiosos a fim de ocultar sua verdadeira personalidade. Quando detectam que outras pessoas começam a notar seus desvios de personalidade são extremamente hábeis em fingir comportamentos exemplares, alterando e adaptando seus desvios de conduta para que não sejam descobertos. Ao notarem que sua personalidade foi descoberta é comum que saiam de cena, mudem de residência e procurem estabelecer novos vínculos sociais com pessoas que desconheçam seu comportamento patológico, mantendo pouco ou nenhum vínculo com seu passado.