Metáfora instrumento de dominação

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As Organizações vistas como Instrumentos de Dominação
Ao longo da história, organizações têm sido associadas a processos de
dominação social nos quais indivíduos ou grupos encontram formas de impor a
respectiva vontade sobre os outros.
Para Weber,dominação pode ocorrer de muitas maneiras diferentes. Primeiro
e mais obviamente, dominação surge quando uma ou mais pessoas coagem outras
através de uso direto de ameaça ou força. Entretanto, dominação também ocorre
sob formas mais sutis: quando aquele que dita às regras pode impor a sua vontade
sobre outros, sendo, ao mesmo tempo, percebido como tendo o direito de fazer
isto.Este tipo de dominação foi o que mais interessou a Weber e muito da sua
atenção foi devotada à compreensão do processo através do qual formas de
dominação se tornam tão legítimas e consideradas normais.
Weber identificou três tipos de dominação social que podem tornar-se
legitimas de autoridade e poder, qualificou-as de:
Dominação carismática: ocorre quando um líder exerce a sua influência em
virtude das suas qualidades pessoais. Legitimidade esta fundamentada na fé que o
liderado deposita no líder, isto é, como se este fosse um profeta, um herói ou um
demagogo.
Dominação tradicional : acontece quando o poder de mando tem por base um
respeito pela tradição e pelo passado. A legitimidade se dá pelo costume e pelo
sentimento de que é “correto” fazer as coisas de maneira tradicional. Este modelo de
dominação assume tipicamente duas formas : patriarcal ou feudal.
Weber reconheceu que para estes três tipos de dominação raramente são
encontrados nas suas formas puras e que, quando diferentes tipos de autoridade se
misturavam entre si, o resultado era quase sempre tensão e mal-estar.
Como as organizações usam e exploram os seus empregados
A conhecida peça teatral de Arthur Miller, A morte do caixeiro viajante, explora
a vida trágica de Willy Loman. Willy era vendedor da companhia Wagner há 34 anos,
viajava pela nova Inglaterra, ano após ano, como o homem da Nova Inglaterra, da
Wagner .Entretanto, com idade de 60 anos Willy começa a sentir que não pode mais
atender as demandas da vida da estrada.
A peça de Miller funciona como uma metáfora para o modo pelo qual as
organizações frequentemente devoram e exploram o seu pessoal, pegando e
usando o que precisam e jogando fora o que resta. È claro que há exceções.
Entretanto, muitos empregados e administradores em todos os níveis das
organizações tem suas vidas pessoais e saúde sacrificadas nos altares criados
pelas empresas modernas.
No mundo de hoje, indivíduos e até mesmo comunidade inteiras se veem
jogados fora como bagaços de laranja quando as organizações onde trabalham não
tem mais necessidade deles. Embora aliviados por prêmios e confortáveis planos de
pensão, o golpe nos seus egos e na autoconfiança pode ser arrasador. De maneira
um tanto irônica aqueles com acesso mais privilegiado a informações importantes ou
em posições centrais nas suas companhias são, frequentemente, aqueles que
recebem o golpe mais forte.
Organização, Classe e Controle
Muitos argumentos podem ser encontrados para defender a ideia de que a
organização sempre esteve baseada no conceito de classe. Os primeiros tipos de
organização formal provavelmente tiveram origem nas sociedades hierarquizadas
nas quais um grupo social se impunha aos demais, frequentemente através de
conquista. È possível encontrar o mesmo sistema reproduzido nas organizações
modernas quando se pensa em termos das distinções entre proprietários, gerentes e
trabalhadores,
Em relação a vários aspectos, é possível dizer que o sistema de trabalho
assalariado criou a administração moderna, desde que, pela primeira vez fora de
sistemas de trabalho escravo, os lucros passaram a depender de eficiência no uso
do tempo da força do trabalho.
A fixação de um sistema de salários trouxe consigo implicações para a
organização do processo de trabalho e, como um corolário, institucionalizou as
divisões de classe na situação de trabalho (que podiam, por sua vez, ser controlados
por outros gerentes) e a força de trabalho diretamente engajada com a atividade
produtiva. O resultado foi construir organizações com níveis desiguais de privilégios
e oportunidades, além de fragmentar a força de trabalho que poderia ficar unida.
O mercado de trabalho primário engloba para cargos de carreira que são
especialmente importantes e que exigem alto grau de competência e conhecimento
especifico, frequentemente associado com determinado ramo ou na natureza de
empresa.
O mercado de trabalho secundário, por ouro lado, é um mercado para
trabalhadores menos especializados e mais baratos, que atuam em escritórios,
fabricas e ao ar livre.
Política organizacional e organização radicalizada
Do ponto de vista de um trabalhador do mercado de trabalho “secundário” que
sofre desemprego periódico conforme os picos do ramo de negócios, ou então que
se acha engajado em um trabalho de baixo status que utiliza e valoriza poucas das
suas habilidades, ou então que tenha sofrido um acidente de trabalho ou intoxicação
sem a devida indenização, pode fazer muito mais sentido entender as organizações
como campos de batalha do que como “equipes” unidas ou coalizões pluralistas e
amigavelmente constituídas. As organizações freqüentemente se tornam divididas
em dois mundos, caracterizados por comportamentos políticos que refletem e
reforçam as divisões de classe encontradas na sociedade. Em casos extremos, a
separação entre interesses do capital e da força de trabalho, ou então entre
sindicatos e direção se torna tão acirrada quanto a de facções em disputa. Em
outras palavras chega-se ao que pode se denominado de “organização
radicalizada”. Tais organizações são mais freqüentemente encontradas em setores
da economia com arraigadas divisões entre mercado primários e secundário de
trabalho.
Perigos doenças ocupacionais e acidentes de trabalho
Karl Marx dá atenção detalhada ao fato de como muitos empregadores
capitalistas do seu tempo estavam levando os seus empregados á morte devido ás
terríveis condições de trabalho. Tomando como referencia os registros dos
inspetores de fabrica e juízes, o seu relato acha-se repleto de detalhes incríveis.
Vários relatórios sobre fabricas de fósforos em grandes cidades dão conta de
que metade dos trabalhadores eram crianças e jovens com menos de 18 anos, e de
que o tétano era uma doença comum e há tempo ligada a produção de fósforos.
Registros sobre a indústria de papel de parede revelam como garotas e
crianças eram obrigadas a trabalhar das 6 ás 22 hrs, sem interrupção para refeições,
trabalhando 70 ou 80 horas por semana, frequentemente eram alimentadas nas
suas próprias maquinas.
Embora a maioria dos que efetuam pesquisas nas áreas de higiene e
segurança do trabalho atualmente acreditem que as condições de trabalho nas
organizações são melhores do que aquelas até aqui descritas, muitos problemas
básicos ainda permanecem. Vários empregados só se dão conta da insalubridade
no trabalho quando a legislação os obriga a tanto e, mesmo em sociedades
ocidentais desenvolvidas, acidentes e doenças ocupacionais continuavam a levar
alarmente parcela da vida humana.
As organizações trabalham com esforço para parecerem bem nos registros
oficiais, reduzindo o número ou a gravidade de riscos potenciais identificados
através de varias técnicas diferentes de camuflagem. Podem fazer isto influenciando
o modo pelo qual os acidentes ou os riscos de acidentes são classificados, ou então,
encorajando os trabalhadores acidentados ou doentes a voltarem ao trabalho
mediante alocação em cargos mais fáceis. A tentativa de controlar acidentes através
da legislação frequentemente encoraja o tipo de resposta, deixando atitudes
subjacentes e riscos intocados. É claro que, enquanto existe empregadores que não
consideram a higiene e a segurança seriamente , muitos o fazem.
Existem também muitos empregados que se aproveitam e tiram vantagem
das regras, regulamentações e esquemas de indenização. A ideia de que a maioria
dos empregadores são “vampiros” inescrupulosos que deliberadamente sugam o
sangue da força do trabalho é, sem duvida, um exagero, assim como também o é a
ideia de que a maioria dos trabalhadores é preguiçosa e desonesta. Embora haja
muitos casos extremos, a verdade reside em algum ponto entre estes extremos, um
lugar consistente com a ideia geral de que em muitas situações a eficiência vem em
primeiro e a segurança em segundo. Os críticos radicais da organização moderna
parecem ter razão ao afirmar que muitas organizações continuam a incrementar os
seus resultados á custa da exploração e da dominação da saúde, bem como do
bem-estar dos empregados.
Multinacionais e economia mundial
Nos início dos anos 80 a economia mundial era dominada pelas
multinacionais que faturavam quantias maiores que o produto interno bruto de
muitas nações. Estas empresas eram responsáveis por diversas tomadas de
decisões e impactavam diretamente na política internacional e economia mundial.
Atualmente 30 países dividem a lista das 380 maiores corporações do
mundo, este número mostra a ascensão que os países de terceiro mundo vem
tendo com o passar dos anos.
O crescimento mais acentuado das multinacionais pode ser notado no início
do século XX através do desenvolvimento acentuado da economia do mundo
capitalista. As grandes corporações operavam em vários países e usavam o seu
poder para defender interesses próprios, gerando uma espécie de poder individual e
ao mesmo tempo coletivo formando uma espécie de conglomerado.
A força das multinacionais e seus conglomerados são visíveis na economia e
política, o único objetivo destes grupos é defender seus próprios interesses gerando
alto lucro e ganho de mercado em relação a seus concorrentes, mesmo tendo
ciência da influencia das organizações sobre o governo os homens de poder
preferem aceitar esta situação, pois muitas organizações não medem critérios para
conseguir conquistar seus objetivos gerando ganho para ambos os lados.
Multinacionais: Um histórico de exploração?
Os defensores das multinacionais as vêem como forças positivas no
desenvolvimento econômico, criando empregos e trazendo capital, tecnologia e
conhecimentos para comunidades ou países que poderiam ter dificuldade em
desenvolver estes recursos sozinhos. Seus críticos, no entanto, tendem a vê-las
como poderes autoritários que visam a explorar os países ou comunidades que as
recebem e a tirar tudo que puderem. O argumento identifica os dois lados de um
grande dilema, em que as diretrizes que atendem aos interesses de uma empresa
multinacional podem não ser do interesse da comunidade ou nação em que e lá está
localizada. Então, dado o imenso poder da firma multinacional, o país geralmente
tem que confiar que ela terá responsabilidade social.
O êxodo regional também cria desemprego estrutural maciço, aumentando o
fardo sobre a previdência social e intensificando os problemas fiscais dos governos.
Conflitos com a nação anfitriã
O fato de que os interesses da corporação e os da comunidade nem sempre
são coincidentes é um truísmo a todas as organizações, não apenas às
multinacionais. As decisões das multinacionais de mudar seu capital líquido de um
país para outro para aproveitar taxas de juros diferenciais podem ter grande impacto
na balança de pagamentos internacionais do país em questão
Existe um dilema de que quanto mais o país anfitrião tenta controlar as
práticas das multinacionais, menos atraente o país torna-se para o investimento
estrangeiro. Então, a multinacional e o país anfitrião frequentemente acabam numa
relação de dominação e dependência ou como blocos de poder rivais, cada um
tentando determinar as condições sob as quais o outro deve operar. Até agora,
parece que as multinacionais estão ganhando a batalha.
Os críticos as vêem como os modernos saqueadores, explorando os recursos
naturais e outros tipos de recursos para fins próprios.
Forças e limitações da metáfora de dominação
Os instrumentos de dominação visto como consequência disfuncional
provocam impactos negativos aos empregados e principalmente ao próprio
ambiente, porém a fantástica força da metáfora chama atenção como modelos de
inequidade, desenvolvimento de determinados conjuntos, rentabilidade, crescimento
organizacional com pontos de vistas parciais, cujo inviabilizam o bem estar dos
empregados e a saúde.
Entretanto os instrumentos apresentam pontos positivos de maneira proativa,
mostrando o caminho para a criação de teorias organizacionais como meio de
instrumentos de mudança social. As organizações fomentam dois diferentes
mercados de trabalho, simbolizados e caracterizados por sistemas de privilégio ou
operam estruturas de oportunidades que abrem as portas para o sucesso de alguns
empregados. Assim a metáfora apresenta um contrapeso útil para as organizações.
Outra vantagem da metáfora de dominação é que ajuda apreciar aspectos
que alimentam o arcabouço de referencia na pratica, enfatizam atitudes antagônicas,
estruturas de oportunidades, sistemas de privilegio, abrem as portas para o sucesso,
reconhecendo as consequências sociais na qual às vezes pode impedir as
empresas funcionar de forma eficiente.
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