O Urbano e o Rural na Região da Quarta Colônia Sandra Ana Bolfe (Professora de Geografia/UFSM) Silvane Spolaor (Mestranda em Geografia/ UFSM) O mundo está em um processo constante de urbanização. No Brasil 81% da população vive nas cidades (IBGE, 2000)¹. Diante da observação de um Brasil que se anuncia urbano, onde as transformações são dinâmicas, cabe observar se os municípios da região da Quarta Colônia estão inseridos neste processo de urbanização. A Região da Quarta Colônia caracteriza-se pelo crescimento do número de pessoas vivendo nas cidades, sendo que este índice chegou a 50,04% em 2006, ultrapassando assim a população rural. No ano 2000 apenas Dona Francisca e Faxinal do Soturno apresentavam população urbana superior a rural. Em Restinga Seca a população urbana também ultrapassou a rural. No município de Nova Palma o número de pessoas que vivem na cidade vem crescendo, representando 49,5% da população total (FEE, 2000; 2006)². 80% 70% 60% 50% rural 40% urbana 30% 20% 10% 0% Agudo Dona Faxinal Do Francisca Soturno Ivorá Nova Palma Pinhal Grande Restinga Seca São João do Polêsine Silveira Martins População por domicílio – rural e urbana nos municípios da Quarta Colônia. Fonte: FEE, 2006. A região da Quarta Colônia é caracterizada por pequenos municípios, sendo que o número de pessoas que reside nas cidades varia de 796 habitantes em Ivorá a 10.018 habitantes em Restinga Seca (FEE, 2006). O tamanho populacional, de algumas cidades que compõem os municípios da Quarta Colônia, nos faz refletir ¹ IBGE-INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censos Demográficos. Disponível em: < http:// www.ibge. Gov.br>Acesso em 31 jul. 2008 ² FEE- FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA. População. Disponível em: <http://www.fee.tche.br>. Acesso em 30 jul.2008. como é constituído esse espaço urbano? Ainda nesse sentido, as cidades da Quarta Colônia cumprem o papel urbano de fornecer bens e serviços para a população? É relevante ressaltar que os municípios da Quarta colônia dispõem de bens e serviços como hospitais, escolas, comércio, procurando atender a demanda da comunidade local. No entanto, ainda não os disponibilizam de maneira totalmente satisfatória, visto que, a população ainda necessita se deslocar para municípios maiores em busca de satisfazer suas necessidades. A região da Quarta Colônia é um território organizado por pequenos municípios, cuja sede é a cidade que mantém uma relação de interdependência com o meio rural. Em um diagnóstico preliminar, é importante afirmar que a região caracteriza-se pela pequena propriedade rural e pelo baixo grau de industrialização. A sociedade de um modo geral precisa ter um novo olhar sobre o meio rural, não mais como lugar retrógrado e atrasado. Sendo que o desenvolvimento local/regional, em municípios caracterizados pela forte interdependência entre o urbano e o rural, como os da Quarta Colônia, deve ser entendido como um processo de valorização do potencial cultural, social, arquitetônico e natural. Como também a valorização do campo, com políticas agrícolas fortes e eficientes, além da busca da diversificação das atividades econômicas através da pluriatividade, agregando valor a terra, utilizando de fontes não agrícolas. As dificuldades encontradas no meio rural, assim como na região da Quarta Colônia, fazem com que os agricultores não consigam se inserir no modo de produção vigente e fiquem a margem do processo produtivo, submetidos a problemas sociais, muitas vezes indo em busca de melhores oportunidades nas cidades. Da mesma forma, na região Quarta Colônia verifica-se um gradativo aumento na população urbana. Nesse sentido, o desenvolvimento urbano/rural/regional deveria basear-se em uma estratégia de dinamização dos municípios, entendido através da valorização das potencialidades rurais e por outro lado, o fortalecimento do papel das pequenas cidades de intermediação e fornecimento de bens e serviços. Através dessa mediação é possível enfrentar as dificuldades enfrentadas pela região da Quarta Colônia, buscando promover o desenvolvimento baseado nos princípios da sustentabilidade. Na medida em que se reforçam os processos se inserção dos pequenos municípios nos espaços regionais mais amplos, se fortifica a região como um todo.