Dor em Pacientes Impossibilitados de Verbalizar na UTI: Atuação do

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Dor em Pacientes Impossibilitados de Verbalizar na UTI: Atuação do
Enfermeiro Intensivista na Avaliação e no Alívio Não Farmacológico deste
Quinto Sinal Vital
Pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva, são submetidos à procedimentos, que
são necessários, mas em contrapartida trazem desconforto, medo e dor. Desde janeiro 2000, a
Joint Comission on Accreditation on Heathcare Organizations (JCAHO), descreve a dor como
Quinto Sinal Vital, devendo ser avaliada e registrada juntamente com os outros sinais vitais.(1)
A subjetividade da dor é o maior obstáculo para sua avaliação e quando está presente em
paciente impossibilitado de verbalizá-la a dificuldade é maior. Palavras chave: Dor, Medição
da Dor, Escalas de Dor, Papel do Profissional de Enfermagem, Unidade de Terapia Intensiva.
Patients in the Intensive Care Unit, are subjected to procedures which are necessary but,
instead, bring discomfort, fear and pain. Since January 2000, the Joint Commission on
Accreditation on Heathcare Organizations (JCAHO), describes the pain as a fifth vital sign,
should be assessed and recorded along with other vital signs.(1) The subjectivity of pain is the
greatest obstacle to their assessment, and when present in a patient unable to verbalize her
difficulty is greater. Keywords: Pain, Pain Measurement, Pain Scales, Role of Professional
Nursing, Intensive Care Unit.
Introdução
Segundo o censo de 2008 da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), o Brasil
tem em média 1,3 leitos de UTI para cada 10.000 habitantes isso corresponde a 25.367 leitos,
destes 17.905 leitos são de UTI adulto.(2)
Porém, o desafio atual é de como nós enfermeiros, podemos contribuir para melhorar nossa
efetividade assistencial e domínio técnico-cientifico, tentando assim assegurar a qualidade do
atendimento prestado aos pacientes que estão em nossas UTI’s, criar e melhorar maneiras de
interagir como equipe.(3)
Paciente em UTI, rotineiramente, requer procedimentos de: intubação traqueal, acesso venoso
por punção, medição de pressão arterial invasiva por meio de cateter arterial, coletas de
exames seriadas, passagem de sondas vesical, gástrica e naso enteral, entre outros. Entretanto,
todos esses procedimentos invasivos e os aparelhos conectados continuamente, como
oxímetro de pulso e eletrodos para monitorização cardíaca, são necessários para controle das
funções vitais do paciente, mas em contrapartida, geralmente acabam trazendo desconforto,
medo e principalmente dor ao paciente. Sendo assim, a necessidade do controle da dor, que
deve ocupar papel de destaque na estratégia terapêutica, durante a internação nesta unidade.(4)
Segundo a Sociedade Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a mesma é definida como,
uma experiência sensitiva emocional desagradável, relacionada à lesão tecidual ou descrita
em tais termos.(5) Em 2002, o Ministério da Saúde (MS), estabeleceu o ato portaria nº 19/GM
em que descreve no art. 1º o Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos.
Esse programa preconiza uma assistência de enfermagem integral e abrangente considerando
os aspectos fisiopatológicos da dor, consequências fisiológicas e psicológica da dor aguda e
crônica, assim como, métodos de tratamento.(6)
Portanto, avaliar a dor como quinto sinal vital é uma maneira de melhorar a qualidade de vida
do paciente, pois a dor é um dos mais freqüentes sintomas relatados por estes.
Objetivo
Apresentar aos enfermeiros que atuam em UTI, os sinais de dor e intervenções não
farmacológicas para o alívio da mesma em pacientes que não verbalizam.
Medotologia
Para realizar o presente estudo descritivo de caráter exploratório, foi realizado uma revisão na
literatura, pelo método de pesquisa bibliográfica. Levantei referenciais em biblioteca de
instituição de ensino privado como a Universidade Nove de Julho – UNINOVE e acessei site
da biblioteca virtual BIREME utilizando o banco de dados Lilacs.
O levantamento sobre o assunto foi realizado no período retroativo de 10 anos, buscando
literaturas específicas e básicas, visando oferecer melhor apoio teórico científico sobre o tema
abordado.
Avaliação da dor pelo enfermeiro intensivista: Pela subjetividade ser o maior obstáculo, o
enfermeiro deve associar objetividade com subjetividade nos pacientes que estão
impossibilitados de verbalizar esta sensação.(7)
Apesar da existência de escalas de mensuração de dor, as mesmas são inutilizadas nos
pacientes que se encontram em dificuldades em relatar verbalmente a sua dor. Por isto que, o
enfermeiro intensivista deve aceitar que o paciente sente a dor, sem que o mesmo tenha que
provar que ela exista.(8)
Sabedores de que somos a maior proximidade do paciente onde deveríamos identificar,
avaliar e notificar a dor, infelizmente publicações e informações sobre o papel do enfermeiro
na administração da dor são praticamente inexistentes, sendo justificado através do resultado
de um estudo relatado por Fontes e Jaques, realizado com 120 enfermeiros sobre o manejo da
dor, que destes 62% não possuíam conhecimentos suficientes sobre dor e analgesia.(8) Sinais e
sintomas de dor nos pacientes impossibilitados de verbalizar: A dor nos indivíduos que
não podem expressá-la exige maior conhecimento científico do profissional enfermeiro que
irá avaliá-la, portanto, para isto é necessário observar a sinalização não-verbal, indicativa de
dor como forma de linguagem alternativa. Assim, as manifestações comportamentais como
caretas, posturas encurvadas, punhos cerrados, tremor, mudanças de modulação da voz, sinais
de ansiedade e manifestações emocionais de choro, gemido, inquietação, posicionamento
protetor, insônia, irritabilidade, entre outras, são comuns nos quadros dolorosos. Além disso,
pacientes com dor aguda podem apresentar manifestações fisiológicas tais como: midríase,
sudorese, palidez, anorexia, náuseas, vômitos, rigidez muscular, desconforto, aumento da
pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória que podem resultar em hipoventilação,
aumento do trabalho cardíaco e diminuição da perfusão sanguínea periférica.(5,8)
Intervenções não-farmacológicos no alívio da dor: As mesmas compreendem um conjunto
de medidas de ordem educacional, física, emocional, comportamental e espiritual, são em sua
maioria, de baixo custo e de fácil aplicação, tais como: Mudança de decúbito, descompressão
local, utilização de coxins, sustentação das traqueias utilizadas para ventilação mecânica,
contenções adequadas para membros superiores e inferiores, rodízio do oxímetro de pulso,
posicionamento correto dos cabos do monitor cardíaco, fixação correta dos cateteres como:
cateter venoso central, cânula oro traqueal, traqueostomia, cateter de shilley, sonda naso
enteral, sonda naso gástrica, cateter para pressão arterial invasiva e sonda vesical de demora,
assim como, posicionamento correto dos coletores de secreção, auxiliam e muito no alívio da
dor, porém as mesmas devem ser prescritas, supervisionadas e avaliadas com rigidez pelo
enfermeiro, para que possam apresentar resultados reais e satisfatórios na assistência, caso
contrário podem levar à perda de credibilidade pela equipe de enfermagem, médicos e outros
profissionais da saúde, os quais acabam por aderir somente à terapia farmacológica.(9)
Conclusão: Esta pesquisa ressalta que devemos nos sensibilizar ao avaliar os pacientes,
durante a nossa visita diária, valorizando os sinais e sintomas que por muitas vezes estes
pacientes nos apresentam, como forma de nos alertar para a dor que estão sentindo. A dor,
quando não tratada adequadamente, afeta a qualidade de vida dos pacientes e de seus
cuidadores em todas as dimensões. O controle eficaz da Dor é um dever dos profissionais de
saúde, um direito dos pacientes, que dela padecem e, é um passo fundamental para a efetiva
humanização nas Unidades de Terapia Intensiva.
Referências Bibliográficas
1-Boos J, Drake A, Kerns RD, Ryan B, Wasse L. Pain as the 5th vital sign [toolkit on the
internet]. Illinois: Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations; 2000
[cited 2012 Jan 18]. Available from:
http://www.va.gov/oaa/pocketcard/pain5thvitalsign/PainToolkit_Oct2000.doc
2-Associação de Medicina Intensiva Brasileira – Censo AMIB. Acesso em Fev/2012.
Disponível em http://www.amib.org.br/pdf/CensoAMIB2010.pdf
3- Viana RAP. Sepse para enfermeiros-As horas de ouro: identificando e cuidando do
paciente séptico.São Paulo:Atheneu,2009.
4-Silva CCS, Vasconcelos JMB, Nóbrega MML. Dor em pacientes críticos sob a ótica de
enfermeiros intensivistas:Avaliação e Intervenções.Rev Rene, Fortaleza, 2011 jul/set;
12(3):540-7.
5-Pedroso RA, Celich KLS. Dor: quinto sinal vital, um desafio para cuidar em Enfermagem.
Texto e Contexto Enferm. 2006; 15(2): 270-6.
6-Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 19, de 03 Janeiro 2002. Acesso em Fev/2012
Disponível em:
http://www.saude.mg.gov.br/atos_normativos/legislacao-sanitaria/estabelecimentos-desaude/dor-cronica/portaria_019.pdf.
7- Waterkemper R, Reibnitz KS. Cuidados Paliativos: a avaliação da dor na percepção de
enfermeiras. Ver. Gaúcha Enfermagem, Porto Alegre (RS), 2010. Mar;31(1):84-91
8- Fontes KB, Jaques AE. O papel da enfermagem frente ao monitoramento da dor como 5º
sinal vital. Rev. Ciências da Saúde, 2007;6(Suplem. 2):481-487
9-Eler GJ, Jaques AE. O enfermeiro e as terapias complementares para o alívio da dor. Arq.
Ciências da Saúde Unipar Umuarama.2006 set/dez; 10(3):185-90
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