NADIA PIZZOLITTO TÍTULO CARACTERES EPIDEMIOLÓGICOS DE SURTOS DE DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS OCORRIDAS EM NÚCLEOS RECEPTORES TURISTICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO DATA DA DEFESA: 26/04/2007 RESUMO A diarréia do viajante é o problema de saúde, mais comum, associado ao turista em termos de freqüência e impacto econômico contribuindo para a perda de rendimentos obtidos pelo turismo, em países em desenvolvimento. O objetivo da presente pesquisa foi identificar os agentes etiológicos mais freqüentes, nos surtos de doença transmitida por alimentos e/ou água em núcleos receptores turísticos, conhecer a sazonalidade e caracterizar a população segundo a idade e os alimentos suspeitos. Baseou-se nas notificações enviadas à Divisão de Doença de Transmissão Hídrica e Alimentar (DDTHA), Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), Secretaria Estadual de Saúde (SES) do Estado de São Paulo, no período 2002 a 2005 e informações das Vigilâncias Sanitárias da Direção Regional de Saúde (DIR). Os núcleos receptores turísticos selecionados foram: cidade de São Paulo e alguns municípios do interior como Águas de São Pedro, Campinas, Campos de Jordão, Franca, Jundiaí, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto, São José dos Campos, São José do Rio Preto e do litoral como Guarujá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e Ubatuba. Os resultados mostraram que o núcleo receptor turístico cidade de São Paulo, notificou 304 surtos, 3382 casos/doentes e dois óbitos. Do interior foram notificados 116 surtos e 8016 casos/doentes e três óbitos. Do litoral foram notificados 11 surtos, 253 casos/doentes e três óbitos, compreendendo um total de 431 surtos, sendo 129.340 comensais, 11.651 casos/doentes e 8 óbitos. Os agentes etiológicos mais freqüentes foram : vírus (58,08%), bactérias (72,72%), protozoários (4,67%), helmintos (0,83%), fungos (0,15%) e produtos químicos (0,12%). A freqüência dos agentes etiológicos foi: Rotavirus 31,86%; coliformes 28,38%; Salmonella sp. 13,55% (Salmonella Enteritidis 5,08% e Salmonella Typhimurium 2,88%); Escherichia coli 10,71% (E. coli enteropatogênica 0,31%, E. coli enteroinvasora 8,70%); Shigella sp. 7,77% (Shigella sonnei 6,99%); Staphylococcus aureus 4,99%; Cryptosporidium 2,91%; Clostridium sp. 2,64% (Clostridium perfringens 1,55%, Clostridium sulfito redutor 1,15%); Bacillus cereus 2,02%; Campylobacter sp. 0,05%. Os alimentos mais freqüentes associados com os surtos foram: alimentos mistos 91,0%, peixe 56,0%; água 50%; carnes de aves 47,0%; maionese-ovos 25,0%; carnes vermelhas 17,0%. Os surtos ocorridos, segundo o local de consumo: domicílio 31%; restaurante/hotel 25%; refeitório 20% e eventos, 4%. No núcleo receptor, cidade de São Paulo, os surtos aumentaram de 59 em 2002 para 86, em 2005. No litoral, as ocorrências foram registradas nos meses de “alta estação” janeiro (29%), dezembro (25%) e julho (11%) e de “média ou baixa estação” outubro (25%) e junho (14%). A faixa etária dos comensais era de 20 a 49 anos. Os dados apresentados sugerem que a doença veiculada por alimentos e/ou água é importante o suficiente para justificar um esquema de vigilância e tentar desenvolver melhores métodos para determinar o número de casos e suas causas.