DESVENDANDO O ENIGMA DAS CÉLULAS TRONCO Qual a Contribuição das Células Tronca na Medicna Regenerativa, e na melhoria no processo de doação de órgãos? Certezas Provisórias 1) Seria viável fazer o transplante de célula tronco em pessoas em estado terminal para prolongar a vida. 2) Existe uma lei que regulamenta a doação de órgãos. 3) Além da célula embrionária, existem outras células tronco. 4) O tratamento do paciente através da célula tronco e realizado com transplantes. Dúvidas Temporárias 1) Qual a contribuição das células tronco na medicina regenerativa? 2) Quais órgãos que podem ser regenerados com a célula tronco? 3) De onde provém as células tronco? 4) O câncer é uma doença que pode ser curada com a utilização da célula tronco? 5) Quais estados que fazem pesquisa com células tronco? Equipe do Projeto - Celia Maria Dirschnabel Cardoso - Eliane Aparecida Netto Mohr - Luciana Maria da Silva - Sandra Regina Engelke Célula-tronco Em embriologia, chamam-se células estaminais ou células tronco às células não-diferenciadas dos embriões dos animais que se podem diferenciar, durante o processo de ontogénese em células de vários tecidos, tem características pluripotentes, ou seja, podem se transformar em qualquer um dos 216 tecidos que compõem nosso corpo. células indiferenciadas células totipotentes células tronco células embrionárias Devido a essa característica única, as células-tronco são de grande importância para a medicina, principalmente na aplicação terapêutica, podendo ser usadas no combate de doenças crônicas (doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, nefropatias, diabetes tipo 1), acidentes vasculares cerebrais, doenças hematológicas, imunodeficiências e traumas da medula espinhal, sendo que, o principal objetivo seria recuperar os tecidos danificados pelas doenças. Tipos As células-tronco podem ser de dois tipos: adultas e embrionárias. As células-tronco adultas podem ser encontradas nos mais variados tecidos do corpo, sendo as da medula óssea, placenta e cordão umbilical as mais utilizadas. São de grande aplicação na medicina, já estando em estágio de ampla utilização. Além disso, como as células-tronco adultas são geralmente retiradas do próprio paciente, o risco de rejeição em sua utilização é muito baixo. As células-tronco embrionárias são extraídas dos embriões e acredita-se que as CT embrionárias podem se transformar em qualquer outra célula. As CT adultas são mais limitadas, podendo apenas gerar tecidos específicos. Devido a essa limitação acredita-se que as células-tronco embrionárias sejam mais eficientes. Contudo, as pesquisas com esse tipo de células ainda é incipiente e elas têm uma chance muito maior de causar rejeição ou até tumores em relação às CT adultas. E outro motivo para não ir fundo em pesquisas é por motivos principalmente religiosos. Praticamente todas as religiões condenam o seu uso. 1. Totipotentes - podem produzir todas as células embrionárias e extra embrionárias; 2. Pluripotentes - podem produzir todos os tipos celulares do embrião; 3. Multipotentes - podem produzir células de várias linhagens; 4. Oligopotentes - podem produzir células dentro de uma única linhagem; 5. Unipotentes - produzem somente um único tipo celular maduro. Doenças e a clonagem terapêutica As células-tronco representam uma das grandes esperanças dos cientistas do século XXI e têm sido usada em países da Europa, nos E.U.A, Canadá e Austrália. São considerados 'mestras' por terem a capacidade de se transformar em outros tipos de tecido, incluindo os do cérebro, ossos, músculos e pele. Uma pessoa vítima de enfarte, por exemplo, poderia utilizar essas células para recompor a região do coração afetada. Células-tronco no tratamento do Diabetes tipo 1 O que é Diabetes tipo 1: Diabetes mellitus tipo 1, normalmente se inicia na infância ou adolescência, e se caracteriza por um déficit de insulina, devido à destruição das células beta do pâncreas por processos auto-imunes (em que os linfócitos são responsáveis pela destruição parcial ou total do pâncreas). Só cerca de 1 em 20 pessoas diabéticas tem diabetes tipo 1, a qual se apresenta mais freqüentemente entre em jovens e crianças. Tratamento experimental: Uma equipe de pesquisadores do Hospital das Clínicas na Universidade de São Paulo - O Tratamento consiste no desligamento do sistema imunológico através de um processo quimioterápico e imunossupressor, após a imunodeficiência total são implantadas células-tronco do próprio paciente (colhidas e congeladas previamente). A diferenciação das células-tronco ocorre na médula óssea que produzirá um novo sistema imune, por sua vez esse novo sistema perde sua "memória" cessando a inflamação no pâncreas que volta a funcionar normalmente. Revista da Associação Médica Brasileira Print ISSN 0104-4230 Rev. Assoc. Med. Bras. vol.49 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2003 download article in PDF format How to cite this article doi: 10.1590/S0104-42302003000100001 EDITORIAL Transplantes de órgãos no Brasil O programa de transplantes no Brasil se destaca pelo crescimento no número de transplantes realizados nos últimos anos e pelo investimento público na especialização das suas equipes com conseqüente aumento do número de equipes habilitadas, hoje superior a 200. O número de transplantes de órgãos sólidos realizados em 1997 foi de 2.127 e cresceu para 3.916 em 2001, sendo a maioria realizados por equipes lideradas por profissionais que tiveram sua pósgraduação médica complementada na Europa ou nos Estados Unidos, financiados por agências governamentais brasileiras. A porcentagem de transplantes renais com doador vivo ainda é alta, mas para transplantes com doador cadáver é projetado um incremento de até cinco vezes nos próximos anos, na dependência do aprimoramento do programa de procura de órgãos. O Sistema Público de Saúde financia mais de 95% dos transplantes realizados no Brasil e também subsidia todos os medicamentos imunossupressores para todos os pacientes, incluindo azatioprina; ciclosporina; tacrolimus; micofenolato-mofetil; rapamicina e anticorpos contra receptores de linfócitos (OKT3, antiIL-2R). Esse sistema subsidiado de medicamentos é similar ao programa de tratamento da Aids, que tem colocado o Brasil entre os países com maior efetividade no controle desta síndrome, como publicado por Rosenberg em artigo do New York Times em 28 de junho de 2001. A lei para doação de órgãos (Lei n° 9.434 de fevereiro de 1997) reflete nossos valores culturais, prevalecendo a necessidade de consentimento baseado em autorização da família por escrito. O diagnóstico de morte encefálica é legalmente reconhecido como morte sendo baseado no exame clínico e em um exame complementar comprovando a ausência de atividades elétricas, ou de fluxo sangüíneo cerebral. O transplante entre doadores vivos é também regulado pelo Estado, requerendo uma autorização judicial em caso de doação entre pessoas sem parentesco. Todo este sistema é centralizado nas Secretarias Estaduais de Saúde com listas únicas regionais, supervisionada pelo Ministério Público. Graças a essa rede pública, os resultados alcançados pelo programa de transplantes no Brasil têm superado as expectativas, levando em consideração o escasso recurso financeiro. O Brasil é o segundo em número absoluto de transplantes renais no mundo, só perdendo para os Estados Unidos. Quando esse número de transplantes é apresentado em relação a uma fração do PIB, o Brasil é aquele com melhor desempenho no mundo. O número de transplantes de fígado e de pâncreas vem crescendo entre 20% e 30% ao ano. Uma exceção ocorre com relação aos transplantes cardíacos. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), Prof. Dr. José Osmar Medina Pestana, os transplantes cardíacos não apresentam o desenvolvimento esperado, possivelmente em decorrência da ausência de equipe de cardiologistas e cirurgiões cardíacos prioritariamente dedicados a este procedimento. Não existem grandes obstáculos à doação de órgãos no Brasil, visto que todo o processo está regulamentado. A melhor forma de um indivíduo se tornar doador após a morte é avisar os familiares, manifestando, em vida, este desejo. Quando isto ocorre, a família sempre concorda com a doação para satisfazer o "último desejo" deste indivíduo. Embora 60% da população concorde com a doação de órgãos, os profissionais de saúde de terapia intensiva e setores de emergência notificam apenas um em cada oito potenciais doadores. Desta forma, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos realiza uma campanha em que todos os profissionais de saúde receberam, através do Jornal do Conselho Federal de Medicina, a orientação logística e legal sobre o processo de doação. Com esta medida, e contando com a participação destes profissionais, o número de transplantes deve ser acelerado, e o Brasil poderá se manter como centro de destaque mundial na área de transplantes de órgãos. © 2006 Associação Médica Brasileira R. São Carlos do Pinhal, 324 01333-903 São Paulo SP - Brazil Tel: +55 11 3178-6800 Fax: +55 11 3178-6816 [email protected] TRANSPLANTES E DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS 1- O QUE É TRANSPLANTE? Transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na troca de um órgão (coração, rim, pulmão e outros) de um paciente doente (Receptor) por outro órgão normal de alguém que morreu (Doador). Os transplantes inter-vivos são realizados com menos freqüência Os transplantes são realizados, somente, quando outras terapias já não dão mais resultados. Para alguns, portanto, é o único tratamento possível que possibilite continuar vivendo. 2- O QUE É DOAÇÃO DE ORGÃOS E TECIDOS? A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento de sua morte, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas. 3- QUEM PODE SER DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS? Cerca de 1% de todas as pessoas que morrem são doadores em potencial. Entretanto, a doação pressupõe certas circunstâncias especiais que permitam a preservação do corpo para o adequado aproveitamento dos órgãos para doação. É possível também a doação entre vivos no caso de órgãos duplos. É possível a doação entre parentes de órgãos como o Rim, por exemplo. No caso do Fígado, também é possível o transplante intervivos. Neste caso apenas uma parte do Fígado do doador é transplantado para o receptor. Este tipo de transplante é possível por causa da particular qualidade do Fígado de se regenerar, voltando ao tamanho normal em dois ou três meses. No caso da doação inter-vivos, é necessária uma autorização especial e diferente do caso de doador cadáver. Não existe limite de idade para a doação de córneas. Para os demais órgãos, a idade e história médica são consideradas. 4- QUEM NÃO PODE SER DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS? Não podem ser considerados doadores pessoas portadoras de doenças infecciosas incuráveis, câncer ou doenças que pela sua evolução tenham comprometido o estado do órgão. Os portadores de neoplasias primárias do sistema nervoso central podem ser doadores de órgãos. Também não podem ser doadores: pessoas sem documentos de identidade e menores de 21 anos sem a expressa autorização dos responsáveis. 5- QUANDO PODEMOS DOAR? A doação de órgãos como Rim e parte do Fígado pode ser feita em vida. Mas em geral nos tornamos doadores quando ocorre a MORTE ENCEFÁLICA. Tipicamente são pessoas que sofreram um acidente que provocou um dano na cabeça (acidente com carro, moto, quedas, etc). 6- QUERO SER DOADOR(A), A MINHA RELIGIÃO PERMITE? Todas as religiões encorajam a doação de órgãos e tecidos como uma atitude de preservação da vida e um ato caridoso de amor ao próximo. A maioria das religiões, contudo, consideram este ato uma decisão individual de seus seguidores. As Testemunhas de Jeová, para quem a transfusão de sangue, por exemplo, não é admissível, a doação de órgãos e tecidos "limpas" de sangue é permitida. 7- SOU DOADOR(A), MAS QUANDO CHEGUEI AO HOSPITAL NÃO ENCONTRARAM MEUS DOCUMENTOS NEM OS MEUS FAMILIARES. OS MEUS ÓRGÃOS SERÃO RETIRADOS PARA TRANSPLANTES? Não. Pessoas sem identidade, indigentes e menores de 21 anos sem autorização dos responsáveis, não são consideradas doadoras. 8- O QUE É MORTE ENCEFÁLICA? Morte encefálica significa a morte da pessoa. É uma lesão irrecuperável do cérebro após traumatismo craniano grave, tumor intracraniano ou derrame cerebral. É a interrupção definitiva e irreversível de todas as atividades cerebrais. Como o cérebro comanda todas as atividades do corpo, quando morre, os demais órgãos e tecidos também morrem. Alguns resistem mais tempo, como as córneas e a pele. Outros, como o coração, pulmão, rim e fígado sobrevivem por muito pouco tempo. A morte encefálica pode ser claramente diagnosticada e documentada através do exame da circulação cerebral por técnicas extremamente seguras, embora existam opiniões contrárias a esta afirmativa. Por algum tempo, as condições de circulação sangüínea e de respiração da pessoa acidentada poderão ser mantidas por meios artificiais, ou seja, atendimento intensivo (em UTI, com medicamentos que aumentam a pressão arterial, respiradores artificiais, etc), até que seja viabilizada a remoção dos órgãos para transplante. É importante que não se confunda morte encefálica com COMA. O estado de coma é um processo reversível. A morte encefálica não. Do ponto de vista médico e legal, o paciente em coma está vivo. Para que a morte encefálica seja confirmada é necessário o diagnóstico de, pelo menos, dois médicos, sendo um deles neurologista. Estes médicos não podem fazer parte da equipe que realizam o transplante. Os exames complementares, ou seja, além do exame clínico, para confirmar a morte encefálica, que inclui eletroencefalograma e arteriografia cerebral, são realizados, pelo menos duas vezes, com intervalo de seis horas. Só então a morte encefálica pode ser confirmada. 9- A MORTE ENCEFÁLICA PODE SER DIAGNOSTICADA EM QUALQUER HOSPITAL? Em princípio sim, desde que o hospital conte em seu quadro de profissionais com um neurologista e os equipamentos necessários para a realização dos exames. Contudo, no Brasil as coisas ainda não são assim. Mas, excepcionalmente, ao suspeitar-se de ocorrência de morte encefálica, uma equipe e equipamentos podem ser deslocados de um hospital para outro. 10- QUANTO TEMPO APÓS A MORTE ENCEFÁLICA PODE-SE ESPERAR PARA O TRANSPLANTE? O Coração e pulmão são os órgão que menos tempo podem esperar. O intervalo máximo entre a retirada e a doação não deve exceder quatro horas. O ideal é que as duas cirurgias ocorram simultaneamente. O Fígado resiste até 24 horas fora do organismo. O Rim é bastante resistente, se comparado a outros. A espera pode ser de 24 a 48 horas. O Pâncreas, como no caso do coração e do pulmão, as cirurgias de retirada e doação, tem de ser feitas quase que simultaneamente. A Córnea pode permanecer até sete dias fora do organismo, desde que mantida em condições apropriadas de conservação. 11- QUEM RETIRA OS ÓRGÃOS DE UM DOADOR? Desde que haja um receptor compatível, a retirada dos órgãos para transplante é realizada em um centro cirúrgico, por uma equipe de cirurgiões com treinamento específico para este tipo de ocorrência. Após o procedimento o corpo é devidamente recomposto e liberado para os familiares. 12- COMO FUNCIONA O SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS? Se existe um doador em potencial (vítima de acidente com traumatismo craniano, derrame cerebral, etc..) a função vital dos órgãos deve ser mantida pelo hospital. É realizado o diagnóstico de morte encefálica e a Central de Transplantes é notificada. A Central localiza e entra em entendimento com a família do doador e pede o seu consentimento mesmo que a pessoa tenha manifestado em vida o desejo de doar. Após isso, o doador é submetido a uma bateria de exames para verificar se não possui doenças que possam comprometer o tranplante (hepatite, AIDS, etc.,,) Com tudo OK, a Central de Transplantes faz um cruzamento de compatibilidade com os pacientes em lista de espera, identifica um receptor e aciona as equipes de captação e de transplante. 13- QUEM SÃO BENEFICIADOS COM OS TRANSPLANTES? Atualmente milhares de pessoas, inclusive crianças, contraem doenças cujo único tratamento é a implantação de um órgão novo. A espera por um doador, que as vezes não aparece, é angustiante. A lista de candidatos a um transplante de pulmão, por exemplo, é renovada a cada ano porque, simplesmente, a maioria dos candidatos morre sem conseguir um doador. 14- QUEM RECEBERÁ OS ÓRGÃOS DOADOS? Os receptores são escolhidos com base em testes laboratoriais que confirmam a compatibilidade entre o doador e o receptor. Quando existe mais de um receptor compatível, a decisão de quem receberá, passa por critérios tais como tempo de espera e urgência do procedimento. Em princípio, a família do doador não escolhe o receptor. Na escolha do receptor, os médicos, o candidato a transplante e sua família levam em conta fundamentalmente os seguintes aspectos para considerar o transplante: Todas as terapias foram consideradas ou excluídas? O paciente não sobreviverá sem o transplante? O candidato a receptor não tem outros problemas de saúde que inviabilizem o transplante? O candidato tem condições para assumir um estilo de vida que inclui o uso contínuo de medicamentos e freqüentes exames laboratoriais/hospitalares após o transplante? 15- TENHO UM FAMILIAR EM LISTA DE ESPERA PARA UM TRANSPLANTE DE CORAÇÃO. SOU TOTALMENTE COMPATÍVEL COM ELE. SE EU MORRER O MEU CORAÇÃO PODE SER DOADO PARA ELE? Em princípio não. Nem o doador, nem seus familiares, podem escolher o receptor. A não ser no caso de órgãos duplos e doação em vida. Caso contrário, o receptor será sempre indicado pela Central de Transplantes com base em uma série de critérios que incluem: 1) compatibilidade sangüínea; 2) histocompatibilidade; 3) peso e tamanho do órgão. Encontrado(s) o(s) paciente(s) que apresentam o perfil adequado para receber o órgão, será escolhido aquele em estado mais grave. Este poderá ser (ou não) o seu familiar. Em resumo: nós não podemos escolher quem receberá os órgãos de um familiar com morte encefálica. Isso evita a comercialização de órgãos. 16- TENHO UM FAMILIAR ESPERANDO UM TRANSPLANTE. MATEMATICAMENTE FALANDO, QUAL A CHANCE DELE ENCONTRAR UM DOADOR? É muito difícil responder a esta questão do ponto de vista de probabilidade. Mas considere inicialmente que ele seja do grupo sangüíneo A+. Na população brasileira, a chance de encontrar outro indivíduo A+ é algo em torno de 35%, ou seja, 35 em 100 ou 0,35. Mas o doador e o receptor devem ser também compatíveis em termos de tecido. Para a histocompatibilidade a chance de encontrar indivíduos semelhantes é menor. A probalidade de que você tenha um irmão histocompatível é de 25% (0,25) mas entre não parentes esta chance diminui para um valor entre 1 em 10.000 e 1 em 100.000 (ou entre 0,0001 e 0,00001). Para os matemáticos, neste caso, a probabilidade de se encontrar um indivíduo compatível (considerando a maior chance) para o grupo sangüíneo e para tecidos é o produto, 0,25 x 0,0001 x ? x ? = 0,00035 Ou de 3 a 4 em 100.000. Mas não é só isso. Considere, ainda, que o doador dever ser uma pessoa cujo órgão a ser doador tenha peso e tamanho semelhante ao do receptor e tenha sofrido um acidente cerebral e tenha boas condições de saúde e tenha chegado vivo a um hospital e cuja equipe médica tenha tido a boa vontade de entrar em contato com uma Central de Transplante. Estas variáveis são de difícil mensuração. Elas são representadas pelas interrogações acima e são números menores do que um. Logo, matematicamente falando, a chance de alguém encontrar um doador plenamente compatível é pequena. Contudo, existe e muitas pessoas recebem um órgão por transplante, vive muito tempo para a sua felicidade e a de seus familiares. Agora pense no seguinte: se você opta em ser NÃO DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS, você realmente está contribuindo para diminuir a chance de sobrevivência de outra pessoa e a felicidade de muitos. 16- AS PESSOAS TÊM VIDA NORMAL APÓS UM TRANSPLANTE? Após o transplante, os receptores devem tomar diversos medicamentos. Os mais importantes são para evitar a rejeição. Estes medicamentos, que devem ser usados pelo resto da vida, podem causar uma série de efeitos não desejáveis. Para combater estes paraefeitos outras drogas devem ser administradas. As estatísticas mundiais mostram que a maioria (mais de 80%) das pessoas que receberam um coração por transplante, por exemplo, retornam as suas atividades anteriores. Alguns praticam esportes, existindo até federações de transplantados. 17- QUAL O RISCO DOS TRANSPLANTES? Existe os riscos inerentes a uma cirurgia de grande porte em si. Superada esta fase, os principais problemas após o transplante de órgão são infecção e REJEIÇÃO. Para prevenir estes efeitos a pessoa usa medicamentos que debilitam o sistema imunológico. Por esta razão, estão mais sujeitos a infecções e a outras doenças "oportunistas". 18- O QUE SIGNIFICA REJEIÇÃO? O nosso sistema imunológico nos protege de infecções em geral. As células deste sistema percorrem cada parte de nosso corpo procurando e conferindo se algo difere do que elas estão acostumadas a encontrar. Estas células identificam um órgão transplantado como sendo algo diferente do resto do corpo e ameaçam destruí-lo. Numa linguagem figurada, isto é REJEIÇÃO. É, ao lado da DISPONIBILIDADE DE DOADORES, uma das grandes barreiras ao sucesso dos programas de transplantes. Em 1983, a barreira da REJEIÇÃO foi parcialmente superada com o advento de uma poderosa droga - a Ciclosporina - que, combinada com outras, inibe as células do sistema imunológico na sua tentativa de destruir o órgão transplantado. Como a rejeição pode ocorrer em qualquer tempo após o transplante, a maioria dos transplantados usa medicamentos imunossupressores pelo o resto de suas vidas. Os principais medicamentos utilizados são aqueles do grupo da Ciclosporina, Azatioprina e da Prednisona e são administrados de forma balanceada pelos médicos para cada caso. A rejeição ocorre na maioria dos casos de transplantes e pode ser mais facilmente controlada quanto maior for a compatibilidade entre o doador e o receptor. Em primeiro lugar, eles devem ter o mesmo tipo sangüíneo, ou seja, os mesmos fatores do sistema ABO e Rh. Em segundo, devem ter, ainda, a maior semelhança possível em relação ao sistema genético HLA. No momento do transplante, o objetivo da Central de Transplante é compatibilizar os doadores e receptores para o HLA, procurando os idênticos ou os mais próximos possíveis, em especial quanto estes não tem qualquer grau de parentesco. É uma questão de sorte: a chance de se encontrar um doador compatível varia entre um para 10 mil e um para 100 mil entre pessoas não aparentadas. 19- QUEM FAZ TRANSPLANTE NO BRASIL? Segundo o Ministério da Saúde, existe no Brasil cerca de 117 instituições cadastradas para realizar transplante de órgãos: Rim (111), Medula óssea (13), Fígado (6), Coração (9) e Pulmão (3). Deste total, 40 estão localizados na Região Sul (PR, SC, RS) dos quais, 20 são Hospitais do Rio Grande do Sul. 20- QUEM PAGA A CONTA DOS TRANSPLANTES? Em geral, os transplantes são pagos pelo Serviço Único de Saúde (SUS). A maioria dos planos privados de saúde não cobre este tipo de atendimento. À propósito, a grande maioria destes planos somente funcionam adequadamente enquanto você não precisa deles. No ano de 1996, foram realizados pelo SUS, segundo o Ministério da Saúde, 1954 transplantes de órgãos: Rim (1501), Coração (65), Fígado (115), Pulmão (6), Medula óssea (267), além de 1551 de Córnea. No primeiro quadrimestre de 1997 foram realizados 569 transplantes de órgãos no Brasil, sendo 420 de Rim, 15 de Coração, 40 de Fígado, 01 de Pulmão e 93 de Medula óssea. ano 1 abr-jun Os transplantes no Brasil funcionam? Francisco Bicudo Seu nome de registro é José Osmar de Abreu Pestana. No Complexo Unifesp/ SPDM, porém, se tentar encontrá-lo por esse nome, poderá ter dificuldades. É melhor procurar o professor Medina. "Essa história começou como brincadeira, ainda na época do cursinho. Eu tinha um professor de português que se chamava Medina. Os colegas me achavam muito parecido com ele. A associação foi inevitável, e o apelido pegou. Ficou mais famoso do que o próprio nome", conta. Medina diz que, já na faculdade, até tentou se desvincular do apelido, mas sem sucesso. "Os pacientes vinham José Medina Pestana, presidente da ABTO: a entidade deve incentivar as campanhas de conscientização, tanto para leigos quanto para médicos procurar o doutor Medina e saíam com uma receita assinada por um médico que, supostamente, tinha outro nome. Então eu tive que me render e passar a assinar Medina!". Formado em 1979 pela Unifesp, com doutorado também feito na universidade e pós-doutorado desenvolvido na Inglaterra, José Medina Pestana é professor da Nefrologia. Com participação em mais de 2.600 transplantes, ele assumiu em junho a presidência da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), entidade que se responsabiliza pela articulação das diversas atividades relacionadas a transplantes no Brasil. Sobre esse tema, que ainda parece assustar a população, ele é enfático: "O Brasil tem um sistema organizado de maneira equacionada e transparente", afirma. *** O senhor acaba de tomar posse para um mandato de dois anos na presidência da ABTO. Quais serão as prioridades de sua gestão? Pretendo manter os programas de divulgação e campanhas que a ABTO já desenvolve, tanto para o público leigo quanto para os médicos, reforçando a importância da doação. Outra meta prioritária é inserir o transplante brasileiro no contexto internacional, por meio do intercâmbio, troca de idéias e de informações e da participação mais efetiva em seminários, cursos e debates. Voltando um pouco ao começo de sua carreira: por que o senhor escolheu a medicina? Não houve uma razão muito definida. Eu nasci em Ipauçu, cidade de 10 mil habitantes, no interior de São Paulo. Lá havia um médico que cuidava da família e, de certa forma, a gente o admirava e queria imitá-lo. Numa cidade como aquela, não tinha muito jeito: as referências eram o padre, o professor e o médico. Eu acabei optando pelo último, mas não fazia a menor idéia do que era ser médico. E a área de transplantes, como o senhor chegou até ela? Eu vinha de uma família humilde, tinha trabalhado como torneiro mecânico para conseguir juntar dinheiro, fazer cursinho e prestar a faculdade. Quando entrei na Escola Paulista (de Medicina), em 1974, tinha de continuar trabalhando. E fui para a Nefrologia porque tinha um amigo da família que era da disciplina e estava precisando de gente para trabalhar no laboratório. Fiquei lá por seis anos. Quando terminei a residência, fui convidado a organizar o programa de transplantes da Escola. Assumi essa responsabilidade e foi assim, quase que por acaso, que eu também comecei nessa área. O senhor se lembra de quantos transplantes já participou ao longo de sua carreira? Eu já liderei a realização de cer ca de 2.600 transplantes, não necessariamente dentro da sala de cirurgia. Qual foi o mais marcante deles? Foi o primeiro de que participei, em 1982, ainda como residente. Era uma paciente que estava em coma. Ela fez um transplante de rim, teve dois filhos e está viva até hoje. Foi o transplante mais marcante. No Brasil, existem 30 mil pessoas na fila de espera por um transplante. É falta de solidariedade ou falta de capacidade para realizar as cirurgias? É bom lembrar que, apesar dessa realidade, o Brasil é o segundo país do mundo em número de transplantes realizados. Um programa desse tipo não nasce pronto, o crescimento é gradativo e precisa de planejamento. O transplante de órgãos no Brasil se consolidou como prática terapêutica efetiva há 10 ou 15 anos. O número de instituições capacitadas a realizar o procedimento já é relativamente grande. O número de profissionais treinados e qualificados também já atende à demanda. A população, em sua maioria, já sabe o que é um transplante. Com isso, no Brasil, o número de transplantes cresce em torno de 20 a 30% ao ano. Esse é o crescimento possível. Apesar do crescimento, há pessoas que esperam anos por um transplante. O que se pode fazer com essa fila de espera? A pergunta que devemos fazer é: será que essa fila vai desaparecer algum dia? Esse é um conceito errado. A fila sempre vai existir e, quanto melhor o sistema de saúde e as condições socioeconômicas da população, maior ela será. A relação é a seguinte: se você aumenta a perspectiva de vida, a chance de uma pessoa ficar doente de um órgão só e precisar de um transplante também é maior, pois ela está vivendo mais. Por outro lado, nesse contexto de melhores condições de vida, o número de pessoas que podem doar um órgão também vai diminuir, porque elas morrem mais tarde. Isso é o que está acontecendo nos países desenvolvidos. Não é mais necessário declarar-se doador nos documentos de identidade? Não é mais preciso escrever isso na identidade. Se a pessoa quer ser doadora, ela precisa avisar a família. No momento da morte, vale o que a família disser e algum familiar assina o documento. Esse é o aspecto importante: manifestar em vida o desejo de doar e avisar a família. O sistema de doação e transplante de órgãos no Brasil funciona? Todas as etapas do processo estão muito bem regulamentadas e equacionadas pelo Ministério da Saúde. Em cada Estado, existem as centrais de captação de órgãos, vinculadas às secretarias estaduais de Saúde. Existe também uma coordenação nacional, que é o Sistema Nacional de Transplantes. Quando a central de captação recebe a notícia da existência de um potencial doador, com morte encefálica, ela aciona as equipes que fazem a retirada dos órgãos. Eles serão transplantados seguindo a fila única. A oportunidade é de fato igual para ricos e pobres? Ou quem pode pagar passa na frente? Como existe uma organização e estruturação adequada, é muito difícil alguém fazer um transplante fora do sistema público. Por que ele não faz? Porque não tem grande vantagem. Só seria vantajoso pagar se houvesse benefícios para isso. O que acontece é que as pessoas de melhor nível socioeconômico têm um tratamento clínico melhor, uma sustentação familiar melhor, e freqüentemente já estão estruturadas com doadores dentro da própria família. Agora, quando ele entra na fila única, vai seguir o caminho legal. Esse sistema é eficiente para impedir que ocorra tráfico de órgãos? Sim, é eficiente. O tráfico de órgãos com doador cadáver não existe no Brasil. Todo sistema de captação e distribuição dos órgãos é feito pela Secretaria de Saúde. Eu não tenho autonomia para decidir quem vai ser transplantado. Para qualquer irregularidade que cometa, a secretaria vai me acionar, o Ministério Público vai se posicionar a respeito. Existe inclusive pena de prisão para a comercialização ilegal de órgãos. A ABTO já recebeu alguma denúncia de tráfico de órgãos? Não, nós nunca recebemos nenhuma denúncia de irregularidade. Isso deve ser feito para o Ministério Público e para a secretaria de Saúde. Toda vez que acontece esse tipo de denúncia, eles investigam. Quem paga o transplante no Brasil? Cerca de 95% dos transplantes realizados no país são pagos pelo sistema público de saúde e 5% são de convênios privados. Não existe transplante particular, alguém que pague do próprio bolso. Isso é muito raro. O brasileiro tem medo de doar? Na verdade, eu acho que as pessoas não têm medo de doar. Até pouco tempo, o que acontecia era que a família, naquele momento de dúvida e angústia, ficava se perguntando "será que ele está vivo, pois o coração está batendo?" Mas logo o conceito de morte encefálica foi aceito de maneira muito rápida pela população. Ela confia nesse diagnóstico médico. Hoje, o medo da família está em saber se o órgão vai mesmo beneficiar as pessoas da fila. Que tipos de transplantes são feitos no Complexo Unifesp/SPDM? O Hospital São Paulo começou o programa de transplantes em 1976, e desde então a capacidade de atendimento vem crescendo. Começamos com rim, coração, depois fígado, e agora o duplo de rim e pâncreas, feito no começo de dezembro de 2000. No ano passado, o Hospital São Paulo e o Hospital do Rim e Hipertensão também receberam, pela segunda vez consecutiva, o título informal de campeões mundiais de transplantes de rins, com 507 procedimentos realizados, de acordo com dados da ABTO. Existe um levantamento do perfil do paciente que é atendido pelo Complexo, na área de transplantes? Nós fizemos um levantamento recente sobre os pacientes atendidos e verificamos que 40% não completaram a oitava série e apenas 5% concluíram o curso superior. Eles vêm de todas as regiões do Brasil e a maior parte ganha menos de dois salários-mínimos. Isso confirma a vocação do Hospital São Paulo e do Hospital do Rim e Hipertensão, que atendem a população de baixa renda, que depende do sistema público de saúde. O senhor acha que ainda falta informação? A ampliação dos doadores no Brasil poderá ser conseguida com campanhas de conscientização? Não tenho dúvidas sobre isso. É preciso orientar os profissionais de saúde a respeito dos centros de transplante, como notificar a central de captação e sobre os critérios utilizados para o diagnóstico de morte encefálica. Essa será, repito, uma das prioridades da nova diretoria da ABTO. E para a população de um modo geral? A campanha deve tirar as dúvidas sobre a lei. Deve também orientar como a pessoa pode manifestar o desejo de ser doadora. O foco é a relação com a família. Estamos envolvidos em uma campanha que orienta o doador a avisar a família a respeito dessa condição. Tem até um selinho que diz: "Sou doador. Minha família já sabe e vai confirmar". Atalhos sites da UFSC Destaques do Governo Federal Domingo, 01/10 27-09-2006 17:59:35 - Hospital Universitário se prepara para realizar transplantes de órgãos Nesta Semana Nacional da Doação de Órgãos o Hospital Universitário da UFSC tem um bom motivo para comemorar: está se preparando para realizar transplantes, por meio do projeto “Escola de Transplante de Órgãos”. A partir dessa iniciativa serão contratados profissionais especializados na área para promover a qualificação de funcionários do HU por um período de três anos. Serão cerca de 20 novos profissionais que vão capacitar aproximadamente dez médicos do HU, além de enfermeiros e fisioterapeutas, totalizando cerca de 60 pessoas beneficiadas com a qualificação. A escola está prevista para ser implantada no início de 2007. Bus UFS C Inter et Semana UFS 25/9 a 29/9/2006 Se Ter Qua Q g Se Sá Do S x b m Semana Completa agecom@edug De acordo com o gerente da Central de f.ufsc.br Transplantes de Santa Catarina (SC Transplantes), Joel de Andrade, existem 1500 pessoas cadastradas na central, a espera de algum órgão. “A doação de órgãos é crescente, mas ela não acompanha a demanda, que também tem aumentado”, afirma. Andrade, que é também servidor do HU, ministra cursos de capacitação para a doação de órgãos aos funcionários do hospital. As aulas, que começaram no início de agosto, se estenderão até que atendam a todos os 1400 funcionários. O hospital da UFSC pretende fazer transplantes de córnea, rins, pâncreas, rim e pâncreas conjugados, fígado e pulmões. Atualmente existem 12 instituições no estado, entre hospitais e clínicas, que realizam algum tipo de transplante de órgãos. Segundo Andrade, Santa Catarina é líder, ao lado do Rio Grande do Sul, na captação de órgãos no país, sendo 13 por milhão de habitantes a cada ano no estado. “Com a ‘Escola de Transplante de Órgãos’, pretende-se transformar o HU em um núcleo de educação para formação de transplantadores para Santa Catarina. Além disso, integrar o HU a uma rede de pesquisas de tecnologia relacionada ao transplante”, afirma Andrade. Para realizar a iniciativa, estão em elaboração convênios com instituições como a Santa Casa, de Porto Alegre (RS), e o hospital Santa Isabel, de Blumenau (SC). Para mais informações ligue: Seção de capacitação do HU - 3331 91 19 Por Ingrid Cristina dos Santos / bolsista em Jornalismo da Agecom ARQUIVO DE NOTÍCIAS » Pessoa física Pessoa física Pessoa jurídica Pessoa jurídica Entidade Entidade • 1 de Outubro de 2006 O Brasil precisa da sua ajuda! Escolha uma entidade: • Login: • Senha: Por que doar? Como funciona o sistema de captação de órgãos » Passo a passo Quem pode ser doador de órgãos em vida? » Restrições legais » Restrições de idade Busca por perfil: Escolha causa » Restrições de saúde Quais órgãos podem ser doados? » De doador vivo » De doador com morte encefálica Escolha Região Quem pode se beneficiar de um transplante? Dúvidas mais freqüentes Endereço das Coordenadorias Estaduais de Transplante Links relacionados Veja tiras em quadrinhos sobre doação de órgãos esqueci login esqueci senha Quem somos? Apoiadores Divulgue o AjudaBrasil POR QUE DOAR? A carência de doadores de órgãos é ainda um grande obstáculo para a efetivação de transplantes no Brasil. Mesmo nos casos em que o órgão pode ser obtido de um doador vivo, a quantidade de transplantes é pequena diante da demanda de pacientes que esperam pela cirurgia. A falta de informação e o preconceito também acabam limitando o número de doações obtidas de pacientes com morte cerebral. Com a conscientização efetiva da população, o número de doações pode aumentar de forma significativa. Para muitos pacientes, o transplante de órgãos é a única forma de salvar suas vidas. Imprensa Newsletter Dúvidas COMO FUNCIONA O SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS? Passo a passo: Passo 1: identificação do potencial doador Um doador em potencial é um paciente com morte encefálica, internado em hospital sob cuidados intensivos. Por algum tempo, suas condições de circulação sangüínea e de respiração poderão ser mantidas por meios artificiais. Nesse período, é informada à família a possibilidade de doação dos órgãos. Caso a família concorde com a doação, viabiliza-se a remoção dos órgãos depois que o diagnóstico de morte encefálica se confirmar. A notificação deste diagnóstico é OBRIGATÓRIA POR LEI. O diagnóstico de morte encefálica passa por algumas etapas: o primeiro passo é o diagnóstico clínico, que deve ser repetido após seis horas de observação, sendo pelo menos uma destas avaliações realizada por médico neurologista. Em seguida, deve ser documentado através de um exame complementar: eletroencefalograma, angiografia cerebral, entre outros. Cabe ressaltar que nenhum dos médicos responsáveis pelo diagnóstico de morte encefálica pode fazer parte de equipe que realiza transplante. Passo 2: notificação O hospital notifica a Central de Transplantes sobre um paciente com suspeita de morte encefálica (potencial doador). No Estado de São Paulo a captação se faz de forma regionalizada - a Central de Transplantes repassa a notificação para uma OPO (Organização de Procura de Órgão) que cobre a região do hospital notificador. Passo 3: avaliação A OPO se dirige ao Hospital e avalia o doador com base na sua história clínica, antecedentes médicos e exames laboratoriais. Avalia-se a viabilidade dos órgãos, bem como a sorologia para afastar doenças infecciosas e teste de compatibilidade com prováveis receptores. A família é abordada sobre a doação e também pode autorizar a remoção do paciente para o hospital da OPO, que muitas vezes tem mais condições para uma melhor manutenção. Passo 4: informação do doador efetivo A OPO informa a Central de Transplantes quando o doador já tem toda a sua avaliação completada e o mesmo é viável. São passadas todas as informações colhidas, resultados de exames, peso, altura, medicações em uso, condições hemodinâmicas atuais, bem como local e hora marcada para a extração dos órgãos. Passo 5: seleção dos receptores Todo paciente que precisa de transplante é inscrito na Lista Única de Receptores do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde (cuja ordem é seguida com rigor, sob supervisão do Ministério Público), por uma equipe responsável pelo procedimento do transplante. A partir desse cadastro, a Central de Transplantes emite uma lista de receptores inscritos, compatíveis para o doador; no caso dos rins deve-se fazer ainda uma nova seleção por compatibilidade imunológica ou histológica. Passo 6: identificação das equipes transplantadoras A Central de Transplantes informa a equipe de transplante (aquela equipe específica que inscreveu o paciente na Lista Única de Receptores do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde controlada pelo Ministério Publico) sobre a existência do doador e qual paciente receptor foi nomeado. Cabe à equipe decidir sobre a utilização ou não deste órgão, uma vez que é o médico o conhecedor do estado atual e condições clínicas de seu paciente. Passo 7: os órgãos As equipes fazem a extração no hospital (OPO) onde se encontra o doador, em centro cirúrgico, respeitando todas as técnicas de assepsia e preservação dos órgãos. Terminado o procedimento, as equipes se dirigem para seus hospitais de origem para procederem à transplantação. Passo 8: liberação do corpo O corpo é entregue à família condignamente recomposto, sendo fornecida toda orientação necessária para a família. QUEM PODE SER DOADOR DE ÓRGÃOS EM VIDA? Restrições legais Pode ser doador em vida toda pessoa que tiver parentesco consangüíneo de até quarto grau com o indivíduo que receberá o órgão transplantado. Isso significa pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos. Além desses casos, cônjuges podem fazer doações e toda pessoa que apresentar autorização judicial. Essa autorização é dispensada no caso de transplante de medula óssea. A doação por menores de idade é permitida somente com autorização de ambos os pais ou responsáveis. Pessoas não identificadas e deficientes mentais não podem ser doadores. Restrições de idade Em geral, o doador deve ter até 60 anos. Para o caso de transplante de fígado, a idade do doador pode chegar até 80. Restrições de saúde O doador precisa fazer exames de HIV e de hepatites B e C. Deve fazer também provas de função hepática, de função renal e de função pulmonar. QUAIS ÓRGÃOS PODEM SER DOADOS? • De doador vivo Rim: por ser um órgão duplo, pode ser doado em vida. Doa-se um dos rins, e tanto o doador quanto o transplantado podem levar uma vida perfeitamente normal. Medula óssea: pode ser obtida por meio da aspiração óssea direta ou pela coleta de sangue. Parte do fígado ou do pulmão: podem ser doados. • De doador com morte encefálica Órgãos: coração, pulmões, fígado, rins, pâncreas e intestino. Tecidos: córneas, partes da pele não visíveis, ossos, tendões e veias QUEM PODE SE BENEFICIAR DE UM TRANSPLANTE? Principais indicações: Coração: portadores de cardiomiopatia grave de diferentes etiologias (Doença de Chagas, isquêmica, reumática, idiopática, miocardites); Pulmão: portadores de doenças pulmonares crônicas por fibrose ou enfisema; Fígado: portadores de cirrose hepática por hepatite; álcool ou outras causas; Rim: portadores de insuficiência renal crônica por nefrite, hipertensão, diabetes e outras doenças renais; Pâncreas: diabéticos que tomam insulina (diabetes tipol) em geral, quando estão com doença renal associada; Córneas: portadores de ceratocone, ceratopatia bolhosa, infecção ou trauma de córnea; Medula óssea: portadores de leucemia, linfoma e aplasia de medula; Osso: pacientes com perda óssea por certos tumores ósseos ou trauma Pele: pacientes com grandes queimaduras. DÚVIDAS MAIS FREQÜENTES: 1) Quem é o potencial doador não vivo? São pacientes em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com morte encefálica, geralmente vítimas de traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). A retirada dos órgãos é realizada em centro cirúrgico, como qualquer outra cirurgia. Após uma série de exames que excluam doenças transmissíveis, a família será consultada sobre seu desejo pela doação de órgãos. Somente com a autorização dos familiares o paciente será um doador de órgãos. 2) Como é feito o diagnóstico de morte encefálica? O diagnóstico de morte encefálica passa por algumas etapas: o primeiro passo é o diagnóstico clínico, que deve ser repetido após seis horas de observação, sendo pelo menos uma destas avaliações realizada por médico neurologista. Em seguida, deve ser documentado através de um exame complementar: eletroencefalograma, angiografia cerebral, entre outros. Cabe ressaltar que nenhum dos médicos responsáveis pelo diagnóstico de morte encefálica pode fazer parte de equipe que realiza transplante. 3) O que é morte encefálica? O encéfalo é a parte do corpo geralmente confundida com o cérebro. Na verdade, é quase a mesma coisa, mas além do cérebro, o encéfalo inclui o tronco cerebral. O encéfalo controla todas as funções essenciais do organismo do homem: a respiração, a temperatura do corpo, o funcionamento dos pulmões etc. Apenas o coração pode continuar funcionando sem o comando do encéfalo, por causa do seu marcapasso. Se o encéfalo morre, depois de certos acidentes ou derrame cerebral, os demais órgãos do corpo param de funcionar. Se o marcapasso do coração ainda estiver vivo para fazê-lo bombear o sangue, os outros órgãos podem continuar funcionando por mais algum tempo com ajuda de aparelhos. Nas poucas horas em que os órgãos ainda funcionam por causa dos aparelhos é que é possível aproveitá-los para transplante. 4) Qual é a diferença entre morte encefálica e coma? Ao contrário do que muita gente pensa, morte encefálica e coma não são a mesma coisa. No estado de coma, o encéfalo ainda está vivo e executando suas funções rotineiras, ainda que com dificuldade. Com a morte encefálica, essas funções não podem mais ser executadas. 5) Quais são os principais pontos da nova Lei de Transplantes? • A Lei determinou ao Conselho Federal de Medicina que definisse os critérios clínicos e exames necessários para o diagnóstico de morte encefálica (morte do paciente), resultando na Resolução CFM 1480/97. • Sistema Nacional de Transplantes - criado para dar controle e organização à atividade. Agora, o transplante de órgãos e tecidos só pode ser realizado por equipes e hospitais autorizados e fiscalizados pelo Ministério da Saúde. • Lista Única de Receptores - a ordem da Lista é seguida com rigor, sob supervisão do Ministério Público. O cadastro é separado por órgãos, tipos sangüíneos e outras especificações técnicas. • Consulta obrigatória à família - a decisão final sobre a doação é tomada pela família após a morte. A consulta é obrigatória mesmo que você tenha autorizado a doação em vida. Assim, se a família não for localizada, não ocorre a doação. 6) Quem pode doar em vida? • O "Doador Vivo" é considerado uma pessoa em boas condições de saúde (sempre avaliada por médico), capaz juridicamente e que concorde com a doação. A decisão deve ser orientada por médico; • Por lei, pais, irmãos, filhos, avós, tios, primos e cônjuges podem ser doadores. Não parentes podem ser doadores somente com autorização judicial; • Antes da doação é feito um check-up completo para certificar que a pessoa pode doar com segurança; • A compatibilidade sangüínea é primordial. Existem também testes especiais (Prova Cruzada e HLA) para selecionar o melhor doador, ou seja, aquele com maior chance de sucesso do transplante. 7) Quais órgãos podem ser obtidos de um doador vivo? Rim: por ser um órgão duplo, pode ser doado em vida. Doa-se um dos rins, e tanto o doador quanto o transplantado podem levar uma vida perfeitamente normal. Medula Óssea: pode ser obtida por meio da aspiração óssea direta ou pela coleta de sangue Parte do fígado ou do pulmão: podem ser doados. 8) O que é a Central de Transplantes? O nome mais adequado é Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO). É o setor da Secretaria de Saúde de cada Estado responsável por organizar e coordenar todos os assuntos relacionados com a notificação dos potenciais doadores, a captação dos órgãos, a locação dos órgãos doados e a realização dos transplantes. 9) Como se inicia a doação de órgãos? Após o diagnóstico de morte encefálica (sempre realizado por equipe especializada), a Central de Transplantes é comunicada. Profissionais da Equipe de Captação de Órgãos avaliarão o potencial doador e conversarão com os familiares para saber do desejo da doação. 10) O que acontece com os órgãos após sua retirada? Após a cirurgia de retirada, os órgãos precisam ser transportados, em recipientes estéreis, para o centro que realizará o transplante no paciente definido pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada Estado. Há uma equipe de profissionais responsável pelo procedimento do transplante a ser realizado. Desde a notificação do potencial doador até a realização do transplante, mais de 30 profissionais altamente especializados estão envolvidos. 11) Quais órgãos e tecidos podem ser doados após a morte? Podem ser doados os seguintes órgãos: coração, pulmões, fígado, rins, pâncreas, e intestino. E os tecidos: córneas, partes da pele não visíveis, ossos, tendões e veias. A doação pode ser de todos ou apenas de alguns desses órgãos e tecidos. 12) Como a família pode doar os órgãos? Os familiares serão entrevistados por uma Equipe de Captação de Órgãos, a qual solicitará a doação. Somente após a assinatura do Termo de Doação de Órgãos e Tecidos, pelos familiares, ocorrerá a doação. 13) Como é a cirurgia para a retirada dos órgãos? A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra, sendo realizada com todos os cuidados de reconstituição do corpo, obrigatório por lei. 14) E o corpo após a doação? Após a retirada dos órgãos o corpo fica como antes, sem qualquer deformidade. Não há necessidade de sepultamentos especiais. O doador poderá ser velado e sepultado normalmente. 15) Quem recebe os órgãos e tecidos doados? Com a nova Lei dos Transplantes foi instituída a Lista Única de receptores (regional) pelas Secretarias Estaduais de Saúde. Os órgãos do potencial doador serão transplantados nos pacientes, obedecendo-se os critérios da lista Única. 16) A família do doador tem alguma despesa com a doação? NÃO. A família não é responsável por qualquer despesa com exames, cirurgias ou outro procedimento envolvido com a doação dos órgãos. O Sistema Único de Saúde (SUS) cobre todas as despesas. 17) Como devo expressar meu interesse em ser doador? Informe sua família sobre seu desejo de ser doador de órgãos. Não é necessário qualquer registro em nenhum documento. O mais importante é comunicar em vida sua vontade pela doação. ENDEREÇO DAS COORDENADORIAS ESTADUAIS DE TRANSPLANTE Santa Catarina Dr. Ivan Moritz da Silva Rua Irmã Benwarda , 297 - Hosp.Celso Ramos - Centro Florianópolis/SC - CEP 88015-270 Tel. 0800-643-7474 48-251-7299 Fax: 48-251-7215 E-Mail: [email protected]