ALINE PAIVA PACHECO TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E METODOLOGIAS DO ENSINO SUPERIOR Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Instituto de Educação Lisboa 2015 ALINE PAIVA PACHECO TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E METODOLOGIAS DO ENSINO SUPERIOR Trabalho apresentado para a obtenção de nota do 1º ano/2º semestre do Doutoramento em Educação, da disciplina Tecnologias Educacionais e Metodologias do Ensino Superior, ministrada pelo profº Doutor Vitor Teodoro. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Instituto de Educação Lisboa 2015 ENSINO SUPERIOR: NOVOS CONTEXTOS Atualmente, as instituições de ensino superior passam por muitas mudanças no fator ensino e aprendizagem, devido as novas tecnologias crescente na sociedade global, o que eleva-se o número de novos paradigmas para o processo educacional. Objetiva-se, no entanto, modificar a função das instituições atuais que são responsável pela educação formal, oferecendo melhores condições de ensino aos alunos, tendo como base, a sua realidade as suas compreensões prévias, de uma forma mais dinâmica que a tradicional. Segundo Nikitiuk (2001): Uma nova concepção de ensino, contudo, está sendo esboçado. Fundamentada principalmente nas teorias de Piaget e Vygotsky, a concepção construtivista ou ativa fornece subsídios para a superação das aulas expositivas como metodologia exclusiva, apontando caminhos para um ensino que estimule o desenvolvimento cognitivo dos alunos em direção a níveis qualitativamente superiores. (p.75) Como forma de focar o ensino na individualidade do indivíduo, surgem as Metodologias Ativas que oferecem para a educação, caminhos para a autonomia, a autodeterminação pessoal e social. Essas metodologias baseiam-se em formas de desenvolver o processo de aprender, utilizando experiências reais ou simuladas, visando às condições de solucionar, com sucesso, desafios advindos das atividades essenciais da prática social, em diferentes contextos (Berbel, 2011). Ela é indispensável para o desenvolvimento da consciência crítica no sentido de transformar a realidade, já que o aluno problematiza e questiona. Desse modo, o interesse do aluno é o centro da aprendizagem. Nela o docente revela-se parceiro, motivador e facilitador desse processo. Entre as Metodologias Ativas de ensino, destaca-se a metodologia de Aprendizagem Baseada em Problemas, também conhecida como Abordagem de Resolução de Problemas ou Problem-Based Learning (PBL), caracterizada pelo uso de problemas como suporte ao desenvolvimento do aprendizado e desenvolvimento de habilidades. Para Bastos (2006), processo interativo de conhecimento, análise, estudos, pesquisas e decisões individuais ou coletivas, com a finalidade de encontrar soluções para um problema. Ainda segundo o autor docente deve atuar como um facilitador, para que o estudante faça pesquisa, reflita e decida por ele mesmo o que fazer para alcançar os objetivos. Aprendizagens Baseada em Problemas – PBL A PBL originou-se, como proposta metodológica, em 1969 na McMaster University, Canadá, para o estudo na área de medicina, mas é possível encontrar exemplos de implementação da PBL em todo o sistema educacional (figura 1). A Universidade do Algarve, Universidade Católica de Moçambique, Universidade de São Carlos, e muitas outras, já adotam este tipo de metodologia ativa, já que obteve bons resultados pelas instituições que adotaram. Figura 1 - Grupo PBL em Sydney Hospital Dental Apesar de ter sido sistematizada há pouco mais de trinta anos, a PBL não é uma abordagem nova. Muitos de seus elementos norteadores já foram contemplados anteriormente por educadores e pesquisadores educacionais do mundo todo, tais como Ausubel, Bruner, Dewey, Piaget e Rogers (Dochy, Segers, Van den Bossche, & Gijbels, 2003). Esta metodologia prioriza como centro da aprendizagem, o aluno, em que estes aprendem sobre um determinado tipo de conteúdo, através da experiência de resolução de problemas. O educando compreende as duas estratégias de pensamento e conhecimento de domínio, ou seja, a forma tradicional e a metodologia ativa, que juntas, fazem com que o discente estabeleça a forma mais rápida de assimilação daqueles conteúdos em questão. Ribeiro, Escrivão Filho e Mizukami (1996, citado por Gijselaers, 1996) acreditam que a PBL contempla três princípios fundamentais sobre a aprendizagem, a saber: (1) a aprendizagem é um processo construtivo e não receptivo – o conhecimento é estruturado em redes de conceitos relacionados entre si e conceitos novos são aprendidos na medida que são relacionados a redes preexistentes, sendo, portanto, importante ativar o conhecimento prévio dos alunos sobre o assunto em questão de modo a conseguir a aprendizagem de novos conceitos relacionados a ele; (2) a metacognição afeta a aprendizagem – habilidades tais como o estabelecimento de objetivos (o que vou fazer?), seleção de estratégias (como vou fazer?) e avaliação dos resultados (funcionou?) são consideradas essenciais à aprendizagem; e (3) fatores contextuais e sociais influenciam a aprendizagem – o contexto em que o ensino se dá favorece ou inibe a aprendizagem. Os maiores objetivos do PBL são para auxiliar os alunos a desenvolverem conhecimentos flexíveis, maior habilidade para resolver problemas eficientes, induzir a autonomia nos estudos, habilidades de colaboração eficazes e motivação interna por parte de cada um. Ao trabalharem em grupos, os alunos demonstram seus conhecimentos iniciais, percebem por si próprio, o que eles precisam aprender, e a forma como internalizarem novas informações que possam levar à resolução do problema. A função do docente, é facilitar a aprendizagem, apoiando, orientando e mediatizando no acompanhamento do processo de aprendizagem. Ele deve fortalecer a confiança e independência dos alunos para enfrentar o problema, e incentivar os alunos para que sua compreensão seja ampliada. Muitas atividades do processo educacional poderiam ser consideradas PBL, tais como projetos e as pesquisas. No entanto, a principal diferença entre a PBL e outros métodos de ensino, é o fato de o problema direcionar e estimular a aprendizagem. Nesta metodologia o conhecimento construído na busca da solução dos problemas e as habilidades e atitudes desenvolvidas neste processo são mais relevantes que a solução per si. É esta uma das características que tornam a PBL motivadoras para instituições de ensino superior: a possibilidade de se atingir também o desenvolvimento de habilidades e atitudes que lhes serão úteis em sua vida profissional futura. Vários estudos afirmam o sucesso desta metodologia, pois descobriu-se que tais estudantes eram melhores em resolver os problemas mais difíceis. Ainda assim, a educação, especificamente as instituições de ensino superior, vê-se assim inibida a responder e a enfrentar os desafios e as situações que emergem, pois essas novas mudanças que se concretizam, transformam o espaço físico e organizacional e mesmo reconhecendo o esforço de muitos docentes em adequar as suas metodologias às novas exigências do processo de ensino-aprendizagem, ainda é necessário reproduzir as boas práticas pedagógicas e generalizar a utilização de metodologias ativas, para a educação ser considerada eficaz e de qualidade. Então, há uma necessidade de conhecer uma melhor atuação na prática em sala de aula através dessas metodologias, que contribua para uma melhor formação crítica do estudante, e que atenda as necessidades educacionais atuais. Referências Bibliográficas Bastos, C. C. (2006). Metodologias ativas. Recuperado em 11 fevereiro, 2015, de http://educacaoemedicina.blogspot.com.br/2006/02/metodologias-ativas.html. Berbel, N. A. N. (2011). As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Ciências Sociais e Humanas, 32(1), 25-40. Dochy, F., Segers, M., Van den Bossche, P., & Gijbels, D. (2003). Learning and Instruction, 13(2003), 533-568. Nikitiuk, S. M. L. (Org.). (2001). Repensando o ensino de história (4a ed.). São Paulo: Cortez. Ribeiro, L. R, C., Escrivão Filho, E., & Mizukami, M. F. N. et al. (2003). Uma experiência com a PBL no ensino de engenharia sob a ótica dos alunos. São Paulo: Cobenge.