CONAE 2010: a Educação como eixo central de um projeto de nação Maria Raquel Caetano é professora da FACCAT e acadêmica do PPGEDU-UFRGS. A Conferência Nacional de Educação – CONAE é um espaço democrático importante para a construção da política nacional de educação e de seus marcos regulatórios, na perspectiva da inclusão, da igualdade e da diversidade. A importância do tema revela-se nas condições para assegurar com qualidade a função social da educação e da instituição educativa. Constitui-se num espaço aberto pelo Poder Público para que todos possam participar do desenvolvimento da educação nacional. A Conferencia foi organizada para tematizar a educação escolar, da educação infantil à pós-graduação, e realizada em diferentes territórios e espaços institucionais. A CONAE estrutura-se em seis eixos temáticos: I – Papel do Estado na Garantia do Direito à Educação de Qualidade: Organização e Regulação da Educação Nacional; II – Qualidade da Educação, Gestão Democrática e Avaliação; III – Democratização do Acesso, Permanência e Sucesso Escolar. IV – Formação e Valorização dos Trabalhadores em Educação. V – Financiamento da Educação e Controle Social. VI – Justiça Social, Educação e Trabalho: Inclusão, Diversidade e Igualdade. Esses temas foram discutidos nas escolas, municípios, estados, Distrito Federal, e país. Estudantes, pais, profissionais da educação, gestores, agentes públicos e sociedade civil organizada, de modo geral, tiveram e ainda terão em suas mãos a oportunidade de participar dos rumos da educação brasileira. Em abril de 2010, haverá a Conferência Nacional em Brasília, que definirá os rumos da educação brasileira para os próximos 10 anos, com uma ampla mobilização e participação dos movimentos em prol da educação de qualidade social. Conforme o documento referência, historicamente, o Brasil tem se caracterizado como um país com frágeis políticas sociais, o que lhe imprimiu dois traços marcantes: uma das maiores desigualdades sociais em convívio com uma das mais altas concentrações de renda do mundo. Portanto, é fácil constatar sua condição de país injusto por excelência. (2008,p.9) O debate nacional público e democrático sobre educação envolvendo a sociedade civil deve se pautar por alguns princípios norteadores, com o propósito de consolidar a visão de que a educação precisa ser concebida de forma sistêmica, sem hierarquias ou fragmentações entre os níveis de ensino. Para tanto, é necessária a mobilização dos segmentos sociais para um amplo debate educacional em uma perspectiva inclusiva e de desenvolvimento social; a definição de diretrizes e estratégias para o Plano Nacional de Educação; a criação de uma pauta social geradora de referências para um projeto de educação e de parâmetros para a ação programática do Estado no setor e a eleição da educação como eixo central de um projeto de nação. Nesse sentido, é fundamental pensar políticas de Estado para a educação nacional, em que, de maneira articulada, níveis (educação básica e superior), etapas e modalidades, em sintonia com os marcos legais e ordenamentos jurídicos (Constituição Federal de 1988, PNE/2001, LDB/1996, dentre outros), expressem a efetivação do direito social à educação, com qualidade para todos. Tal perspectiva implica, ainda, a garantia de interfaces das políticas educacionais com outras políticas sociais.(2008,p.6) Há de se considerar ainda o momento histórico do Brasil, que avança na promoção do desenvolvimento com inclusão social e inserção soberana do país no cenário global. Na medida em que a CONAE visa à mobilização social em prol da educação – demanda histórica da sociedade civil organizada, especialmente das entidades representativas do setor educacional, o documento referência inspira-se na necessidade de enfrentamento dos grandes desafios para o Estado e para a sociedade brasileira. Nesse sentido, a construção de um Sistema Nacional de Educação, responsável pela institucionalização de orientação política comum e de trabalho permanente do Estado e da sociedade na garantia do direito à educação, visa à consolidação de uma educação efetivamente democrática. Também é necessário que a construção do Plano Nacional de Educação para os próximos dez anos (2011-2021) tenha fundamentos alicerçados na garantia da universalização e da qualidade social da educação básica e superior, bem como da democratização de sua gestão. Para tanto, há a necessidade de o Estado e a sociedade enfrentarem esse desafio na garantia e efetivação dessas proposições, tendo em vista os diferentes projetos, alguns muito distantes das concepções ora apresentadas. A Conferência Nacional em 2010 certamente será repleta de grandes desafios na disputa pela construção de um projeto de nação, em especial para a educação. Para saber mais: Documento Referência. Conferência Nacional de Educação.Brasília: 2008. Acesse http://conae.mec.gov.br