Tecnologias Educacionais e O Professor do Futuro ou O Futuro do Professor? Patrícia Grasel Silveira1 Resumo Considerando a presença e a evolução das tecnologias da informação e comunicação e acreditando que a educação precisa passar por inovações paradigmáticas no âmbito da gestão e exploração das novas tecnologias educacionais, o presente artigo visa abordar a importância de um educador capacitado e formado para atuar na intermediação pedagógica da informática educativa dentro dos laboratórios de informática. Destacam-se algumas das competências necessárias como ter uma visão multidisciplinar, ligando os conteúdos a serem desenvolvidos com as tecnologias educacionais, explorando novas metodologias que contribuam não apenas para processo avaliativo, mas principalmente para a construção das aprendizagens. Palavras-chave: Competências Educacionais, Visão Multidisciplinar, Intermediação Pedagógica, Informática Educativa. Abstract Considering the presence and evolution of the information technologies and communication and believing that the education need to pass for paradigms innovations in the scope of the management and exploration of the new educational technologies, the present article aims at to approach the importance of an educator able and formed to act inside in the pedagogical intermediation of the educative computer science inside computer science laboratories. Some of the necessary abilities are distinguished as to have a multidiscipline vision, binding the contents to be developed with the educational technologies, exploring new methodologies that contribute not only for evaluation process, but mainly for the construction of the learning. Word-key: Educational Abilities, Multidiscipline Vision, Pedagogical Intermediation, Educative Computer Science. 1 Pedagoga Multimeios e Informática Educativa pela PUC-RS Responsável pela Informática Educativa de 5ª série ao Ensino Médio do Colégio João XXIII - POA 2 Para encaminhar esse artigo, foi necessário conceber as inovações e os avanços tecnológicos como ferramentas de grande influência na sociedade, pois existe hoje um desejo de conhecer e se atualizar do “novo”. A prova disso está nos laboratórios de informática das escolas, que já são uma realidade presente em muitas instituições de ensino, mas que, muitas vezes, quase que sempre, não são utilizados de maneira correta e acabam sendo pouco explorados, por falta de uso especificamente pedagógico da tecnologia da informação e comunicação. O que se percebe é que, na maioria dos espaços educativos, principalmente os espaços de educação formal, como a escola, ignora-se essa tendência tecnológica da qual fazemos parte, e em vez de levarem a Informática para os planos de ações pedagógicas, colocam-na “presa” em um horário fixo e sob a responsabilidade de um único professor, que, muitas vezes, é um técnico de informática ou um professor que domina o pacote Office, como se essa fosse a única maneira de exploração do recurso, e como se o laboratório de informática de uma escola fosse o único espaço específico para trabalhar com recursos multimeios e informática educativa. “Os novos tempos – sem fronteiras geográficas e sem limites temporais – que já começaram a fazer sentir suas exigências em vários outros setores da atividade Professional. Impõem também à educação uma revisão crítica de seus pressupostos e paradigmas, exigindo da escola uma nova e arrojada postura de ação educativa face às características contemporâneas, sob pena de ampliar-se ainda mais o fosso que separa do mundo real, impedindo-a de uma intervenção reflexiva e consciente no exercício de seu papel de agência de formação humana e de transformação da realidade.” (CÔRTES, 2006, pág 196) O educador para trabalhar com tecnologias educacionais precisa ter competências e habilidades para, através de suas ações, oferecer à escola a possibilidade de explorar uma visão multidisciplinar na organização de estratégias de intermediação pedagógica, propondo novas metodologias que trabalhe com as tecnologias para dar significados aos conteúdos desenvolvidos, visando preparar o aluno para a vida, a partir da própria vida, desenvolvendo o raciocínio lógico e o pensamento crítico, explorando a diversidade, construindo coletivamente. Para que tal inovação ocorra dentro dos laboratórios de informática, antes é necessário que a escola tenha a consciência de ter em sua equipe pedagógica um educador com competências para fazer a intermediação pedagógica entre homem e máquina, pois na sociedade da contemporaneidade faz-se necessário não simplesmente “dar aula” e, sim, “construir” diversas possibilidades para que ocorram os processos de aprendizagens, levando em consideração o “tempo”, a “forma” e a “individualidade” de cada ser humano envolvido. “A ação didática deste profissional se desenvolve junto ao professor, no planejamento e execução de projetos de ensino produzidos por ambos: se a um cabe definir a área/conteúdo a ser abordado, ao outro compete auxiliar a organização metodológica mais apropriada para que a construção deste saber se concretize pela exploração pedagógica dos multimeios de comunicação e informação disponíveis. A ação docente é, assim, compartilhada, permitindo a troca de saberes, experiências e competências, com a intenção de mediar/favorecer uma aprendizagem afetiva, articulada à vida e aos recursos tecnológicos existentes no espaço educativo.” (CÔRTES, 2001, pág 201) Para se tornar um educador capacitado na intermediação pedagógica não basta ter freqüentando algumas disciplinas de Didática, não que essa disciplina não seja fundamental, mas o que faz o educador ser bom e seu trabalho eficaz é um conjunto de 3 atitudes, visões e reações que trabalham contra fatos que geralmente dificultam o processo de ensino, na educação atual. As tecnologias educacionais já estão presentes no dia-a-dia da sociedade e afetam a educação das novas gerações. Para isso, é preciso enfrentar o inusitado e preparar os futuros professores de modo que estejam em sintonia com os tempos atuais. As escolas precisam introduzir as tecnologias na sala de aula, no seu dia-a-dia, da mesma forma que um professor que um dia introduziu o primeiro livro numa escola e teve de começar a lidar de modo diferente com o conhecimento, sem deixar as outras tecnologias de comunicação de lado. O processo de ensino e aprendizagem deve continuar a ocorrer pela palavra, pelo gesto, pela emoção, pela afetividade, pelos textos lidos e escritos, pela televisão, mas agora também e principalmente pelo computador, pela informação em tempo real, pela tela em camadas, em janelas que vão se aprofundando às nossas vistas, pelo universo de hipertextos, pela ligação dos mapas conceituais. Existem mudanças no processo de construção de conhecimento, o papel do professor mudou, no entanto, as ações didáticas, muitas vezes, permanecem as mesmas. Não há dúvidas de que as tecnologias estão presentes no dia-a-dia dos alunos, e juntamente com as novas mídias, surgem novas linguagens e formas de aprender, trabalhando com o lado visual e auditivo, assim contribuindo para uma maior estimulação e percepção do sujeito. “Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das comunicações e da Informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizagem são capturados por uma Informática cada vez mais avançada”. Considerando as mudanças nos processos de ensino e aprendizagem, hoje, mais do que nunca, as instituições de ensino precisam preocupar-se em equipar seus ambientes educacionais de acordo com a evolução da sociedade. No entanto, essas instituições de ensino precisam contar com a contribuição pedagógica de um profissional que tenha as competências necessárias para a exploração das tecnologias educacionais. Trabalhar com educação exige inovação e, para propor novas práticas docentes, é importante estar aberto às novas tecnologias educacionais. O professor do futuro deverá ser capacitado para assumir o papel de facilitador da construção do conhecimento, pelo aluno, deixando de ser um mero transmissor de informações. No entanto, a mudança no perfil do professor não acontecerá por si só, mas precisará da contribuição e intermediação pedagógica de um profissional que constantemente estimulará a mudança nas práticas docentes. O papel desse profissional será de estar constantemente sugerindo, incentivando e mobilizando os professores a exploração das novas tecnologias educacionais, contagiando e envolvendo o professor a utilização dos recursos multimeios. Para a intermediação pedagógica das tecnologias educacionais não basta haver um laboratório equipado à disposição do professor, precisa haver também um profissional que gerencie o processo pedagógico propondo novas metodologias. Cabe à escola oportunizar todas as situações possíveis de descobertas experimentações e colaborar para que os alunos transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem, construindo sua identidade, seu caminho pessoal e profissional, desenvolvendo plenamente suas habilidades de compreensão e comunicação para que se tornem cidadãos realizados e produtivos. 4 O prazer no que se faz deve ser a mola propulsora que confere tanto ao professor quanto ao aluno a possibilidade de realizar diferentes descobertas a cada dia, de fazer novas leituras do mundo, descobrir novos modos de pensar e agir. Acredita-se que, para a educação do futuro, certamente a gestão, estrutura e organização dos espaços educativos estarão bem diversificados, com novas ferramentas e metodologias. Dessa forma, as escolas que estiverem atentas às novidades tecnológicas, certamente montarão salas de aulas com aparatos de multimídia, laboratórios de tecnologias educativas e bibliotecas totalmente informatizadas, em que os alunos acessam pela internet o acervo. Mas para a boa e adequada exploração e utilização desses espaços totalmente informatizados, será cada vez mais necessária a presença de um educador competente e capacitado, tendo o papel de um gestor de tecnologias, auxiliando na exploração metodológica desses novos recursos em novos ambientes. Com a adoção de novos recursos tecnológicos, os diferentes espaços e ambientes educacionais ficarão mais interativos, e o os educadores estarão “obrigados” a modificar suas posturas e seu planejamento de aulas. Para a exploração das tecnologias educacionais em um futuro bem próximo, acredita-se na presença de um laboratório de tecnologias educacionais que terá em sua estrutura e organização salas com computadores em rede, ligados à máquina do professor, software educacional, infinidade de programas, jogos, exercícios, animações, lousa digital que substituirá o quadro verde, o giz dará lugar à caneta eletrônica; ambiente de educação a distância, com fóruns de discussão, chat e materiais de apoio; sala multimídia, com data show e DVD, ilha de edição de vídeo, sala de multimeios, com armários, tapetes, almofadas, cadeiras, mesas redondas, mural, revistas, jornais, matérias diversos... Ao construir o futuro do professor o professor também é construído, tal como quando o educador ensina, também é ensinado. As tecnologias educacionais e o futuro do professor ou o professor do futuro é a metáfora de um hipertexto: muda, surpreende e cria. Assim como no hipertexto não existe uma lógica e sim várias concepções, assim também é o papel da escola, que pode e deve proporcionar diferentes espaços de aprendizagem, explorando diversas metodologias. Conforme CARLOTTO (2005) “A hipertextualidade é a possibilidade de trânsito. Quanto mais se promove a integração, mais se abre possibilidades. Nada fica fechado, tudo esta por vir e esta por ser construído”. Da mesma, forma os conhecimentos multidisciplinares de educadores, capacitados para atuarem na intermediação pedagógica das tecnologias educacionais, criarão possibilidades de trânsito nos espaços educativos, através da integração que esse educador fará entre homem e máquina, nunca estando fechado a novas possibilidades, sabendo que suas ações contribuirão o enriquecimento dos processos de ensino e aprendizagens. Referências CÔRTES, Helena Sporleder - Antecipando uma nova pedagogia: a articulação interdisciplinar da proposta de formação do Pedagogo Multimeios e Informática Educativa da FACED/PUCRS. Educação, Porto Alegre, ano XXIV, n° 44, p.189-199, agosto 2001. ________, Helena Sporleder - A sala de aula como espaço de vida: Educação e Mídia. In: FERREIRA, Lenira Weil (org). Leituras: significações plurais: educação e mídia: o visível, o ilusório, a imagem. Porto Alegre, RS, EDIPUCRS, 2003. p. 27-42 5 ________, Helena Sporleder - Educação para um novo tempo: a proposta de formação do curso de pedagogia multimeios e informática educativa, da faced/pucrs. In: FARIA, Elaine Turk (org). Educação presencial e virtual: espaços complementares essenciais na escola e na empresa. Porto Alegre, RS, EDIPUCRS, 2006. p. 189-206 CARLOTTO, Fabiane – Internet: oceanos de informações. In: FERREIRA, Lenira Weil (org). Leituras: significações plurais: educação e mídia: o visível, o ilusório, a imagem. Porto Alegre, RS, EDIPUCRS, 2003. p. 91- 102. LÉVY, Pierre - A inteligência Coletiva - por uma antropologia do ciberespaço, Edições Loyola, São Paulo, 1998. _______, Pierre. As Tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.