O PROFESSOR E AS NOVAS TECNOLOGIAS Maria Olivia de Matos Oliveira A difusão das Tecnologias de Informação e Comunicação trouxe profundas alterações tecnológicas e sociais, modificando a dinâmica das sociedades atuais. A velocidade das informações, o aperfeiçoamento das telecomunicações, trazendo a substituição da antiga visão antropocêntrica do mundo por uma visão que tem na globalidade e na integração seus elementos mais significativos, fazem com que as instituições educativas tradicionais não consigam acompanhar todas essas mudanças As tecnologias passam a exercer papel essencial na emergência das redes digitais no mercado global, desinstalando velhas qualificações, criando novos perfis profissionais, gerando habilidades e competências que trazem novas exigências para a inserção dos indivíduos no mercado. Na esteira dos avanços tecnológicos dessa sociedade global em que nos situamos, as tecnologias podem representar como nos diz com muita propriedade, Lévy um remédio ou um veneno, a depender do uso que delas se faça, pois estas servem a propósitos diversos, desde propiciar às pessoas a ampliação das suas potencialidades cognitivas, até a 1 exploração, isolacionismo ou dependência tecnológica. Diante disso, os desafios postos às instituições tradicionais que não têm condições de assumir com rapidez e eficiência o papel que lhes cabe na sociedade são imensos. Neste particular, a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei n° 9394/96, apresenta exigências para a Educação a Distância, exigências essas intrinsecamente ligadas a alterações nos processos comunicacionais e educacionais de aprendizagem. Tudo isto sinaliza que a inserção da cultura tecnológica nas práticas pedagógicas das instituições educacionais é necessária sob pena dessas não darem conta das suas responsabilidades sociais. Esse fato mostra também a necessidade de se formar adequadamente recursos humanos dentro das instituições, com uma nova concepção de EAD, pois o importante nesta modalidade de educação não deve ser apenas o acesso dos alunos às informações, mas a sua participação na produção e apropriação dos valores que as tecnologias agregam. Como o desenvolvimento da Educação a Distância está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento tecnológico das sociedades, é importante que as instituições educacionais tradicionais mudem sua visão paradigmática em relação a EAD. Urge, portanto, a necessidade das referidas Instituições Educacionais substituírem os velhos paradigmas transmissivos, pelo paradigma emergente e 2 libertário que favorece a produção coletiva do conhecimento, como condição para que as vozes minoritárias sejam escutadas. Nesta perspectiva, a Educação a Distância vem, colaborar para dar suporte à inovação pedagógica e desafiar a educação tradicional a repensar seus modelos de formação docente e de gestão educacional. Quando falamos em EAD estamos nos referindo a espaços bem distintos das quatro paredes das salas de aula, estamos tratando de espaços virtuais de aprendizagem que, postos em confronto com os espaços presencias, têm dado alguns problemas conceituais e interpretações divergentes sobretudo por parte dos professores mais tradicionais . Numa primeira tentativa de definição clássica, a distinção entre a educação presencial e a Educação a Distância seria a de que a Educação a Distância rompe as limitações do ambiente físico, (dês) constrói a ideia da presença física do professor e coloca o uso das tecnologias como o divisor de águas entre as duas formas distintas de educação. Essa modalidade de ensino nos mostra, no entanto que, mais que um obstáculo, a distância física pode ser percebida como uma oportunidade a ser explorada e aproveitada através de um conjunto de técnicas e abordagens metodológicas. O que importa não é o sentido físico/geográfico da distância mas fundamentalmente, o relacional e o comunicativo. Pelo exposto, não estamos lidando com novas tecnologias mas com novos conceitos, o que está no 3 centro da questão, a essência substantiva do nosso problema é a educação, onde os aspectos mais importantes a serem observados são a qualidade da comunicação entre os alunos e professores para possibilitar a construção do conhecimento e do espírito crítico. A verdadeira aprendizagem necessita mais que uma simples interação possibilitada pelo uso da tecnologia. O desafio que está sendo posto vai muito além, exigindo mudanças paradigmáticas que se constróem superando os paradigmas mecanicistas e as visões lineares que ainda perduram no conceito de interatividade em ambientes informáticos. Para isto se faz necessário uma equipe interdisciplinar que tenha como ponto de partida a consideração pelo perfil e expectativas da clientela envolvida, um Projeto Pedagógico consistente com uma visão muito clara sobre as diferentes abordagens do processo de aprendizagem e de seus pressupostos e uma gestão de sistema eficaz. A Educação a Distância e os ambientes virtuais de aprendizagem, hoje, se constituem no grande desafio para os educadores, neste início de século. O desafio está em não se adotar a inovação tecnológica para dar apoio aos anacronismos da educação tradicional, mas para romper com o monopólio das tecnologias expositivas, buscando uma educação que favoreça a construção do pensamento crítico e reflexivo do alunado e o repensar de novos valores. Pelo exposto, a Educação a Distância só terá possibilidade de explorar 4 o espaço virtual como um espaço de construção de aprendizagem, cooperativo, de discussão coletiva e diálogo, se a examinarmos sob outra visão paradigmática. Isto implica em nos (des)vestirmos de atitudes individualistas, apagarmos as nossas fogueiras de vaidades, para buscarmos na articulação e na parceria a construção de projetos coletivos de melhoria de qualidade de ensino e de vida . 5