Farmacodinâmica I – Receptores Vimos que os fármacos agonistas e antagonistas atuam nos receptores farmacológicos e esses receptores farmacológicos são um dos 3 tipos de alvos protéicos (enzima, canal iônico e molécula transportadora) que os fármacos podem se ligar. Os fármacos podem se ligar nos receptores farmacológicos que são aquelas proteínas funcionalmente silenciosas que respondem a ligantes endógenos. Quando um fármaco se liga nesse tipo de receptor, ele pode sofrer uma ação agonista ou sofrer uma ação antagonista nesse receptor. O agonista é o fármaco que se liga e induz uma resposta do receptor (se a resposta é abrir um canal iônico, quando ativado vai acontecer isso. Se a resposta do receptor é ativar uma proteína G, isso vai acontecer). O antagonista se liga no receptor e, simplesmente, não deixa o antagonista se ligar. Dizemos que a eficácia do antagonista no receptor é zero, ele não faz efeito, ele só bloqueia o receptor. Não faz resposta no receptor, porém me dá um efeito farmacológico pela ausência da ação do agonista naquele receptor. Desenhamos semana passada, a ligação da acetilcolina no receptor M2 do coração e a atropina como antagonista. Qual é a resposta farmacológica quando uso acetilcolina? Posso usá-la terapêuticamente, ela faz bradicardia. Qual é a resposta farmacológica quando uso atropina? Taquicardia. Mas a atropina causa taquicardia no receptor? Não, ela só impede a bradicardia da acetilcolina, pois vou ver a taquicardia da adrenalina e noradrenalina que continuam fazendo ação. Um fármaco pode ser agonista e antagonista do receptor. Se ele for agonista, ele vai desencadear qualquer mecanismo de transdução de sinal desse receptor. E se for antagonista, simplesmente bloqueia a resposta. O mesmo fármaco pode ser agonista e antagonista, dependendo do receptor que ele atua. Um bom exemplo é o álcool que ora é agonista do receptor GABA A que aumenta a inibição da célula, ora é antagonista do receptor GLUTAMATO, ele inibe a atividade excitatória do glutamato no seu receptor, aí no final eu tenho uma resposta depressora do SNC. Um fármaco pode ser agonista total ou agonista parcial de determinado receptor. Mas o que é um agonista total? É um fármaco que se liga no receptor e produz a resposta máxima que aquele receptor é capaz de dar. O que é um agonista parcial? É um fármaco que se liga no receptor e produz uma resposta menor que a máxima que aquele receptor é capaz de dar. Qual é a diferença entre esses dois fármacos? A diferença está na eficácia. Consideramos que os agonistas totais têm eficácia máxima, são drogas de grande eficácia, não precisa aumentar muito a dose do fármaco para ter efeito máximo. Os agonistas parciais são drogas de baixa eficácia, por mais que eu aumente a dose, nunca consigo ter uma resposta máxima daquele receptor porque ele é justamente um agonista parcial, vai dar uma resposta sempre menor que a máxima. Conforme vou aumentando a dose do agonista total na solução, conforme ele chega em uma certa concentração, eu consigo a resposta máxima. Já o agonista parcial, por mais que aumente a concentração dele na solução, eu nunca vou ter uma resposta máxima, sempre a resposta será menor que a máxima. Se eu relacionar resposta por ocupação de receptor ao invés de estar dosando a quantidade de droga na solução (eu coloquei um marcador que meça para mim quantos receptores foram ocupados naquele tecido); o agonista total, mesmo que ele ocupe menos de 50% dos receptores de um tecido, ele me dá a resposta máxima. Já o agonista parcial, mesmo que ocupe 100% dos receptores daquele tecido, eu não consigo a resposta máxima. Qual é a diferença entre esses fármacos? Usamos agonistas parciais na prática? Sim, existem muitos fármacos que na verdade são agonistas parciais. Exemplos: os beta bloqueadores, na maioria das vezes eles são bloqueadores dos receptores Beta1 no coração, mas isso não é verdade, tem alguns que são na verdade agonistas parciais do receptor Beta1 no coração. Concorda comigo que tanto um beta bloqueador quanto um agonista parcial dá bradicardia!? Sabemos que receptor beta1 no coração quando ativado, ele dá taquicardia, se eu bloquear ele e não deixar a noradrenalina se ligar, eu vou ter bradicardia – isso é o que faz o beta bloqueador. Se eu der um agonista parcial desse receptor beta1 no coração, eu também vou ter bradicardia porque ele vai ativar o receptor menos que o meu ligante endógeno, e se eu ativar menos, o coração bate menos e vou ter o efeito de bradicardia. Então, nem sempre eu preciso usar um antagonista de receptor para ter o efeito contrário do ligante endógeno. Se eu usar um agonista parcial, eu também vou ter um efeito contrário do ligante endógeno. Existem fármacos que usamos que são antagonistas e existem fármacos que usamos que são agonistas parciais de receptor e existem fármacos que são agonistas totais. Adrenalina(+) Receptor Beta1 Receptor M2 Propanolol (-) 100bat/min Atenolol(+/-) Bradicardia (90bat/min) 180 bat/min Tenho 3 tipos de fármacos que se ligam no receptor Beta1: se eu der um agonista total que é a adrenalina (ela me dá a resposta máxima de taquicardia que o receptor pode me dar, por exemplo 180 bat/min, porque ela é agonista total). Se eu der o beta bloqueador que é o propanolol, ele é antagonista desse receptor, vou ter uma bradicardia, por exemplo 90 bat/min, porque o propanolol impediu a ligação da adrenalina nesse receptor. Se eu usar um outro fármaco que seja agonista parcial, o atenolol (não tenho certeza se ele é agonista parcial), ele vai ativar esse receptor de uma maneira menor que a adrenalina, por exemplo 100 bat/min, porque ele é uma agonista parcial, então por mais que eu aumente a dose de atenolol e ele ocupe todos os receptores do tecido, nunca vou conseguir que ele tenha os mesmos 180bat/min que a adrenalina faz. Bom, tenho que perceber que o atenolol (agonista parcial) reduziu os batimentos cardíacos em relação ao agonista total (adrenalina). A adrenalina que se liga o tempo todo no coração e me daria esse batimento (180 bat/min), vou ter um batimento menor usando o propanolol (100 bat/min). Então, se eu comparar o propanolol com a adrenalina, eu tenho um efeito de bradicardia; claro que o efeito de bradicardia do antagonista é maior, mas sempre quando eu comparo o agonista parcial com o agonista total, eu vou ter uma bradicardia, sempre vai diminuir o batimento. Ou seja, às vezes eu uso um beta bloqueador que é um agonista parcial, ele vai dá bradicardia, talvez não tanto como o antagonista, mas também me dá bradicardia. Eu posso usar essa estratégia para ter o efeito de bradicardia também. {Quando dou esse agonista parcial (atenolol), ele ocupa mais receptores que a adrenalina (agonista total), o que significa que ela também, ao mesmo tempo continua ocupando receptores, só que ocupa bem menos receptores que o atenolol. Eu não consigo ter a mesma ligação que a adrenalina teria se eu não estivesse dando esse agonista parcial, porque agora tenho outra droga para competir, então eu não tenho o efeito total da adrenalina}. Tenho afinidade tanto quando comparo o agonista total como o parcial. O a gonista parcial chega a ter até mais afinidade pelo receptor do que o agonista total, pois ele pode ocupar todos os receptores, apesar de não ter uma resposta máxima, já o agonista total, com 50%de afinidade pelo receptor já pode proporcionar uma resposta máxima. Ou seja, ambos têm afinidade pelo receptor, a diferença está na eficácia da droga, na capacidade de produzir resposta. Existem fármacos com uma afinidade maior do que outros fármacos, mas todos precisam ter afinidade para poderem se ligar. O agonista parcial causa o mesmo efeito farmacológico que o antagonista, porém o causa em intensidade diferente. O que é afinidade? É a capacidade do fármaco se ligar ao receptor. Tanto agonistas, seja total ou parcial, como antagonistas têm afinidade pelo receptor, todos têm que ter afinidade. O que é eficácia? É a capacidade do fármaco, uma vez ligado, induzir uma resposta no receptor. Eficácia no receptor é diferente de eficácia clínica, estamos falando sobre a eficácia no receptor (ou seja, ligou, logo induz um mecanismo de resposta nesse receptor). Tanto agonista total como o parcial tem eficácia, mas o antagonista não tem eficácia, pois para o antagonista a eficácia é zero, não induz nenhuma resposta no receptor. A eficácia clínica é diferente, é o efeito farmacológico resultante dessa interação fármaco-receptor, é o efeito farmacológico que eu vejo no paciente. Então, na eficácia clínica tanto agonistas, seja total ou parcial, como antagonistas têm eficácia clínica, porque se o antagonista não tivesse eficácia clínica, não serviria para nada, não adiantaria eu estar usando ele. O que é potência? É a quantidade de droga necessária para produzir 50% da resposta máxima do receptor. Então, agonistas totais e parciais têm potência. Antagonista, nessa definição, não tem potência. O que é uma droga agonista inversa? São drogas com eficácia negativa, é diferente dos agonistas que têm eficácia positiva e é diferente dos antagonistas que têm eficácia zero. Temos em abundância no SNC o receptor GABA A (receptor do aminoácido GABA e do cloro), ele é um receptor de membrana, está numa membrana celular, é uma proteína que tem 4 ou 5 subunidades que se arranja de forma oligomérica, forma um poro no seu interior. O receptor GABA A tem um domínio de ligação, onde o GABA (aminoácido) e o cloro se ligam. O GABA quando se liga, ele é um tipo de agonista dessa reação e provoca abertura desse poro, promove a entrada de íons cloreto no neurônio (se eu aumentar a quantidade de entrada de carga negativa no neurônio, eu vou hiperpolarizar, vou diminuir a excitação desse neurônio), por isso que o GABA é um aminoácido inibitório, inibe o neurotransmissor. Nesse receptor GABA A existem outros sítios de ligação, ele se liga a 3 tipos de fármacos: o diazepam (benzodiazepínico), é agonista de um dos 3 sítios do GABA A, na verdade é o mesmo receptor do GABA, só que o GABA se liga em um sítio e o diazepam se liga em outro sítio de ligação. {Pesquisadores tentam descobrir como a dor endógena que nós produzimos se liga no sítio de ligação dessa proteína. Praticamente para todos os sítios de ligação onde o fármaco se liga nos receptores, nós temos um efeito endógeno. Eles tentam descobrir qual seria o nosso benzodiazepínico endógeno}. Para esse mesmo sítio de ligação do diazepam, nós temos outro fármaco muito utilizado na clínica, chamado de Flumazenil (ele é antagonista desse receptor. Eu uso flumazenil para casos de intoxicação por diazepam. Quando uma pessoa toma uma dose cavalar desse agonista – diazepam – eu administro um antagonista para ocupar esse receptor e para competir com o diazepam na ligação em outros receptores. Eu vou inibir a depressão maior no SNC). O que o diazepam faz quando ele se liga como agonista, qual o mecanismo de transdução de sinal dessa proteína? Ele aumenta ainda mais a abertura do canal de cloreto. Quando o diazepam se liga, por ele ser agonista, ele vai fazer com que o GABA tenha uma ação maior como depressor porque vai entrar muito mais íon cloreto dentro da célula, ou seja, quando eu administro diazepam, ele favorece a abertura do canal iônico, ele hiperpolariza, por isso é uma droga depressora do SNC. Então, quando usamos diazepam, o que temos como efeito depressor? Sedação, inibição da ansiedade, perda da coordenação motora, relaxamento muscular e até amnésia, tudo isso é efeito do diazepam porque ele é depressor. O Flumazenil, então se liga e não deixa o diazepam se ligar, ele é antagonista do receptor. {Um grupo de pesquisadores pensou: se eu tenho um fármaco que é agonista desse receptor e abre canais de íons cloreto, faz com que mais íons cloreto entrem na célula e isso faz perda de memória, por que eu não posso ter um fármaco que feche o canal de cloreto, pois assim melhoraria a memória? Eles desenvolveram um agonista inverso para esse depressor, a Beta carbonila, porque como ela é um agonista inverso, quando ela se liga no mesmo sítio de ligação do benzodiazepínico, ao invés dela promover a abertura do canal, ela faz o fechamento do canal. Só que essa droga não passou dos testes préclínicos porque apesar dela realmente melhorar a memória, ela causava um efeito ansiogênico e levava a convulsão}. Então, hoje, as beta carbonilas são usadas apenas como meio de pesquisas farmacológicas. São um ótimo exemplo de fármaco agonista inverso. A beta carbonila é droga de eficácia negativa; se a resposta do receptor que o agonista dá, ela promove a abertura do canal, e eu faço um fármaco que atua no mesmo lugar promovendo o fechamento do canal, ele é um agonista inverso. Qual é a importância disso? Não sabemos muito bem, pois só pensavam em se desenvolver fármacos que fossem agonistas e antagonistas dos receptores, mas agora se sabe da possibilidade da criação de agonistas inversos, eu posso ativar um receptor inversamente, ele pode dar uma resposta contrária a que um agonista é capaz de dar, é mais uma estratégia para o desenvolvimento de fármacos. Existem fármacos que tomamos há anos e anos, e que só depois disso se descobriu que eles são agonistas inversos e não antagonistas dos receptores como se pensava. Um exemplo: antihistamínicos. Falávamos que eles são antagonistas de receptores H1 da histamina, usados para a alergia, enjôo; mas na verdade se descobriu que vários deles são agonistas inversos dos receptores de histamina. O efeito anti-alérgico deles, não se dá por impedir que a histamina entre e se ligue, daí eu não tenho vasodilatação; eles ativam o receptor inversamente de forma que diminui esses processos alégicos. Qual é a diferença de um agonista inverso e de um antagonista se eles me dão o mesmo efeito anti-alérgico? Na eficácia clínica não tem diferença, porém é uma nova estratégia para o desenvolvimento de fármacos. ClGABA(+) (+)DIAZEPAM (-)FLUMAZENIL BETA CARBONILA (agonista inverso) GABA A Cl- Cl- Cl- hiperpolariza ( excitação) Tem como eu saber se o fármaco é agonista inverso ou antagonista se eu realizar experimentos em órgão isolados. Quando eu ativo um receptor, posso detectar que mecanismo de transdução de sinal foram ativados naquele receptor, vejo se abri canal iônico, se ativei proteína G, vejo o que aconteceu. Verificando se o canal iônico foi aberto ou fechado, tem como saber. Se ele foi fechado se ligando nesse mesmo sítio de ligação, se eu diminuí a entrada de cloro na célula, ele é agonista inverso. É só eu medir a entrada de cloro na célula. O agonista inverso ativa o receptor inversamente. Eu sei que quando o agonista diazepam se liga, eu tenho a abertura do canal de cloro, entra mais cloro. Eu sei que quando o flumazemil se liga, não acontece nada, só não deixa o agonista ligar, então ele é antagonista. Agora, a beta carbonila se liga no mesmo local que o diazepam e o flumazemil se ligam, e ela promove o fechamento desse canal, ela ativa o receptor de uma maneira inversa do que o ligante endógeno que é o GABA ativa, do que o diazepam que é um fármaco ativa. Ela faz efeito contrário, então ela é agonista inverso. O agonista, conforme eu vou aumentando a dose, ele vai ativando positivamente o receptor. O agonista inverso, conforme eu vou aumentando a dose, eu vou ativando negativamente o receptor. Para os antagonistas a eficácia é zero, embora eu tenha uma afinidade. Agonista tem afinidade (capacidade de ligar), eficácia (capacidade de produzir resposta no receptor) e potência (quantidade de droga necessária para produzir 50% da resposta máxima do receptor). Atividade intrínseca e eficácia é a mesma coisa? Depende do autor, alguns consideram eficácia e atividade intrínseca como sinônimos, capacidade de produzir resposta no receptor. Tem alguns autores que dizem que é diferente, dizem que a eficácia não é possível de se quantificar, a atividade intrínseca sim. Como assim? A eficácia da adrenalina para ativar esse receptor é estimular uma proteína G ligada a ele que vai produzir segundos mensageiros na célula, que vai fazer essa célula contrair mais forte; ou seja, é difícil de quantificar essa eficácia. A atividade intrínseca é quando eu ativo esse receptor, e é capacidade que ele tem de contrair a célula, ou seja, eu consigo medir a contração. Os dois desencadeiam um mecanismo de resposta da célula, mas a diferença é que um eu consigo quantificar e o outro não. Eu uso como sinônimo eficácia e atividade intrínseca. Porcentagem de 100 A B C D Resposta [ ] Agonistas Nesse gráfico estou relacionando a concentração de diferentes agonistas e a porcentagem resposta (no receptor). Qual é o agonista total desse gráfico? Agonista total é o fármaco que produz 100% da resposta do receptor e nesse gráfico todos produzem a resposta máxima, todos são agonistas totais (A,B,C,D). A diferença entre eles é a concentração para chegar a resposta, está na potência. O A, numa menor concentração, eu consigo a resposta máxima. O D, eu preciso de uma maior concentração para uma resposta máxima. Então, todos são agonistas totais, só que o A é o mais potente e o D é o menos potente. Porcentagem de Resposta A 100 50 B C 25 X [ ] Agonistas Nesse outro gráfico, qual é o agonista total? O agonista total é o A porque é o único que eu consigo uma resposta máxima. O B e o C são agonistas parciais. Não tem nenhum antagonista representado porque não daria para ver a resposta. Qual é o mais potente? Todos são igualmente potente porque têm a mesma concentração para atingir 50% da sua resposta máxima. Cada um tem uma resposta máxima diferente. O A a resposta máxima é 100, o B a resposta máxima é 50 e o C a resposta máxima é 25. Todos eles, na concentração x conseguem 50% da resposta máxima. Então, A, B e C são igualmente potentes, embora A seja agonista total, B e C agonistas parciais. A resposta máxima de A é 100, com a concentração de X, eu tenho 50% da resposta máxima. Em B a resposta máxima é 50, com a concentração X, tenho 25% da resposta máxima e em C a resposta máxima é 25, com a concentração X, tenho 12,5% da resposta máxima. Farmacodinâmica II – Receptores Farmacológicos Esse alvo protéico é o alvo protéico mais importante porque eles são o número muito grande. Precisamos entender o que acontece num receptor farmacológico para eu ter a resposta do fármaco. No caso da enzima, o fármaco pode inibir uma enzima, pode enganar a enzima para ter uma resposta. No canal iônico, o fármaco bloqueia o canal e não deixa entrar sódio. Na molécula transportadora, o fármaco bloqueia o transporte e eu vou ter uma resposta. Vimos que o fármaco pode ser um agonista, um antagonista ou um agonista inverso para ter uma resposta do receptor, mas o que acontece dentro da célula para o receptor me dá essa resposta? Quais os mecanismos que podem ser desencadeados dentro da célula para os receptores farmacológicos me darem a resposta? Vamos estudar então detalhadamente esses receptores. Eles são muito mais complexos do que as enzimas, os canais iônicos ou as moléculas transportadoras. Vimos que um agonista é total quando se liga ao receptor e dá a resposta máxima, é parcial quando não consegue me dar uma resposta máxima e é inverso quando ativa o receptor inversamente (drogas de eficácia positiva e drogas de eficácia negativa). Os antagonistas se ligam aos receptores e bloqueiam a resposta, são as drogas de eficácia zero. Vamos ver que um antagonista é um antagonista competitivo, vai competir com o agonista, porém, ele pode fazer uma ligação reversível ou irreversível nesse receptor. Vamos ver os tipos de receptores, pois do mesmo modo que esses receptores se dividem em enzimas, canais iônicos, moléculas transportadoras e receptores farmacológicos; os receptores farmacológicos se subdividem em 4 grandes famílias de receptores. E como eles são diferenciados nessas famílias? Primeiro, através da estrutura molecular de cada um que é diferente, segundo, através do mecanismo de transdução de sinal, o mecanismo que desencadeia a resposta na célula é diferente para cada um deles. Receptores tipo I: são conhecidos como receptores acoplados a canais iônicos Receptores tipo II: são conhecidos como receptores acoplados a proteína G, conhecidos também como a sigla GPCR Receptores tipo III: são conhecidos como receptores ligados a proteína quinase Receptores tipo IV: são conhecidos como receptores nucleares ou intracelulares Vamos estudar o que acontece quando um agonista se liga em qualquer um desses 4 receptores. Vamos começar vendo os receptores em termos de estruturas moleculares, como eles são diferentes: Os receptores tipo I são receptores ligados a canais iônicos, eles são constituídos de 4 ou 5 subunidades, são subunidades que se arranjam de forma oligomérica na célula e formam um poro no interior da proteína. Cada subunidade atravessa a membrana 4 vezes para formar um poro. Ele tem um domínio de ligação sempre do lado externo da membrana e ele vai fazer com que o poro seja aberto quando um fármaco ou um agonista se liga nesse receptor. Esse poro aberto vai fazer com que entre ou saia íons. Esses receptores estão localizados sempre na membrana celular. Os receptores tipo II, mais importantes de todos os 4 porque compreendem a maior família de receptores são conhecidos como receptores metabotrópicos porque são acoplados a uma proteína G. Ele tem uma única subunidade que atravessa a membrana 7 vezes, por isso eles também são conhecidos como receptores heptaelicoidais, quer dizer que 7 alfas hélices atravessam a membrana. Eles têm um domínio de ligação do lado externo da membrana e no lado interno, existe uma alça citoplasmática dessa proteína que tem acoplamento com a proteína G. Os receptores tipo III são os receptores ligados a quinase, têm atividade enzimática. Temos uma única alfa hélice atravessando a membrana, eles estão sempre na membrana. Temos um domínio de ligação na parte externa da membrana e também temos um domínio catalítico, quer dizer, um domínio com atividade enzimática. Os receptores tipo IV são conhecidos como nucleares ou intracelulares, pois eles estão totalmente dentro da célula, tanto seu domínio de ligação quanto seu domínio de interação com o DNA está dentro da célula. O fármaco para se ligar nesse receptor tem que atravessar a membrana e penetrar na célula, ele tem que ser altamente lipossolúvel. RECEPTOR TIPO I: são também conhecidos como receptores ionotrópicos. São canais iônicos regulados por ligantes e classificados como receptores. Quando um fármaco atua nesse canal, falamos que seu alvo protéico é receptor farmacológico tipo I. Quem são eles? São os receptores para os neurotransmissores natos. São receptores para a acetilcolina, receptor GABA A, o receptor 5-HT3 da serotonina (único receptor da serotonina que é ligado a canal), os receptores tipo aminoácidos, aminoácidos excitatórios, o receptor NMDA. Esses receptores respondem a uma velocidade de milisegundos. O ligante endógeno se ligou, abriu o canal, entrou íon, acabou a ação dele. Quando ocorre a entrada de íon dentro de uma célula, uma célula excitatória, o íon pode estimular essa célula fazendo polarização ou pode inibir essa célula fazendo hiperpolarização, vai depender da carga do íon se for negativa ou se for positiva. Temos alguns fármacos importantes que atuam em receptores como esses. O mais conhecido de todos é o receptor da acetilcolina. É constituído de 5 subunidades: 2 subunidades alfa, 1 beta, 1 gama e 1 sigma. Receptor Nicotínico da Acetilcolina Hélices formando a comporta Cada subunidade atravessa 4 vezes a membrana e forma um poro no seu interior. Quando a acetilcolina se liga num receptor como esse, ela vai se ligar nas subunidades alfa que vai promover mudança na conformação dessa proteína, vai fazer com que esse poro se abra. O interior do receptor nicotínico tem uma negatividade, essa carga negativa atrai íons de carga positiva. Então, o íon sódio que tem uma carga positiva vai entrar por esse canal, atraído pela negatividade que vai fazer com que eu despolarize o interior da célula. Despolarizando o interior da célula, vou ter excitação. A acetilcolina é um ligante endógeno desse receptor. Temos um sítio de ligação específico para o GABA, os benzodiazepínicos e os barbitúricos também atuam aí, o álcool também, e mais um monte de fármacos. Quando o GABA se liga no seu sítio de ligação, vai abrir os poros e o interior desse receptor se torna positivo e quando o poro se abre, vai ocorrer a atração de íons de cargas negativas, vai aumentar a negatividade da célula, vai hiperpolarizar e vamos ter uma inibição. Tenho em milisegundos a ligação da acetilcolina nas junções neuromusculares e o músculo contrai e relaxa conforme a concentração da acetilcolina em relação aos receptores nicotínicos. Nessa estrutura tridimensional está mostrando o plano da membrana, com essas proteínas, aqui mostra o receptor nicotínico da acetilcolina e só onde a acetilcolina está ligada, o poro está aberto e temos os íons entrando. Vamos mostrar esse receptor nicotínico na junção neuromuscular. Quando a acetilcolina se liga na junção neuromuscular, eu tenho um neurônio motor fazendo conexão com uma fibra muscular estriada esquelética. Na sinapse tenho um neurônio motor liberando acetilcolina e a acetilcolina se ligando nos seus receptores nicotínicos que estão na célula da musculatura esquelética. Essa acetilcolina é liberada quando chega um potencial de ação na fibra muscular e vai atuar nos receptores nicotínicos (molécula ligada a canal), são liberadas 2 acetilcolina para abrir o canal. O poro aberto faz entrar sódio e desse modo, a célula fica despolarizada e se contrai. Existem fármacos que também se ligam nesse receptor nicotínico. Então, quando a acetilcolina é liberada ela vai funcionar como agonista nesse receptor nicotínico, ela promove a contração através da entrada de íons sódio. Os índios colocam veneno na ponta das lanças para caçar animais, usam Curari que é uma mistura de alcalóides. O principio ativo do curari que causa a paralisia é uma substância conhecida como tubocurarina, ela é um antagonista do receptor nicotínico na junção neuromuscular, não deixa a acetilcolina se ligar, o núcleo paralisa e ai eles aproveitam para matar o animal. Na prática clínica, usamos drogas como essa em anestesias. Quando o cirurgião necessita fazer uma cirurgia que precise da paralisia total do músculo, por exemplo no músculo abdominal, ele administra atracúrio, tecurônio, pancurônio, ou seja, drogas que sejam antagonistas do receptor nicotínico na junção neuromuscular. Ach Receptor nicotínico Tubocurarina Atracúrio Todos os antagonistas são antagonistas competitivos do receptor nicotínico, eles ligam e se desligam. Se eu aumentar a dose de acetilcolina eu consigo desligá-los. Por exemplo, no caso dessas drogas tubocurarina, atracúrio, se eu aumentar os níveis de acetilcolina na fenda sináptica, eu consigo reverter o bloqueio, ou seja, isso mostra que é um antagonista competitivo reversível. Mas como eu posso aumentar os níveis de acetilcolina na fenda sináptica? Inibindo sua degradação, dando um anticolinesterásico. Então, a neosignina é usada para reverter o efeito desses bloqueadores neuromusculares. Por exemplo, quando acaba a cirurgia e o anestesista quer que termine o efeito da anestesia, ele pode dar neosignina para acabar o efeito. Por que esses anestésicos só são usados em cirurgias, em hospitais, em ambientes totalmente monitorados? Porque eles causam a paralisia de toda a musculatura esquelética, inclusive a do músculo respiratório, então, para a pessoa receber uma droga como essa, ela precisa estar sendo ventilada artificialmente. RECEPTOR TIPO II: São os mais importantes, são os receptores ligados a proteína G, também conhecidos como GPCR. Esses receptores recebem vários nomes, receptores metabotrópicos, receptores helicoidais. Constituem a maior família e eles sempre têm acoplamento com uma proteína G. Mas o que é essa proteína G? A proteína G é como um “carteiro”, ela pega a informação do remetente e leva para o destinatário, ela é o elemento de comunicação entre o receptor e o efetor daquele mecanismo de transdução. A proteína G faz interação com o nucleotídeo de guanina, GDP e GTP. Existem inúmeros de exemplos de receptor como esse, coloquei apenas 3 exemplos aqui: o receptor muscarínico da acetilcolina (aquele que está no coração e faz bradicardia), o receptor M2, todos os receptores das catecolaminas (são neurotransmissores que tem o agrupamento catecol: adrenalina, noradrenalina, dopamina, todos eles são ligados à proteína G). Quantos receptores têm a adrenalina e a noroadrenalina? Têm 2, alfa e beta, só que eles têm vários subtipos de receptores. A dopamina tem 4 tipos de receptores B1, B2, B3 e B4 (todos são ligados a proteína G). Todos os receptores de serotonina, o receptor da angiotensina, da histamina. Na estrutura, temos 7 alfa hélices atravessando a membrana, temos uma alça citoplasmática mais longa do lado interno da membrana que faz interação com a proteína G. Esses receptores são receptores de resposta rápida, não tão rápida como os receptores tipo 1 que têm resposta em milisegundos, mas esses receptores ligados à proteína G tem uma resposta em segundos. Como eu disse, a proteína G é o carteiro, leva a informação do receptor para o efetor. Ela é uma proteína constituída por 3 subunidades: alfa, beta e gama e essas subunidades estão ancoradas na membrana. A subunidade alfa é a subunidade que tem atividade enzimática, ela faz a hidrólise do GTP para o GDP quando ela é ativada. A amplificação do sinal se dá porque a proteína G consegue se difundir pelo plano da membrana quando ela está ativada e depois volta a ficar em repouso quando o receptor não está mais ativado. Esse desenho mostra um receptor metabotrópico ligado a sua proteína G (constituída de 3 subunidades), ele está em fase de repouso. Aqui eu tenho 2 outros alvos nessa célula, pode ser uma enzima, pode ser um canal iônico. Quando esse receptor é ativado por um fármaco ou por um ligante endógeno qualquer, a subunidade alfa que tem atividade enzimática, ela troca sua molécula de GDP por GTP e se torna ativada. A subunidade beta e gama se difundem pela membrana junto com a subunidade alfa, elas têm a capacidade de se amplificar pelo plano da membrana. A subunidade alfa pode atingir um alvo qualquer que pode ser uma enzima que esteja na membrana da célula e essa subunidade alfa ativada pode ativar ou inibir essa enzima. As subunidades beta e gama podem ativar um alvo qualquer na célula que pode ser uma outra enzima ou canal iônico. Uma vez que elas mandaram a informação e ativaram seus alvos, a subunidade alfa hidrolisa o seu GTP e volta a ficar GDP e o receptor volta em estado de repouso. Mas e o que acontece com os alvos? Vamos entender melhor vendo cada tipo de receptor. Função da proteína G. A proteína G consiste em 3 subunidades (alfa, beta, gama), que estão ancoradas à membrana através de resíduos de lipídios. O acoplamento da subunidade alfa a um receptor ocupado por agonista induz a troca do GDP ligado pelo GTP intracelular; a seguir, o complexo alfa-GTP dissocia-se do receptor e do complexo de subunidades py (beta e gama unidas) e interage com uma proteína-alvo (alvo 1, que pode ser uma enzima, como a adenilato ciclase, ou um canal iônico). O complexo beta e gama também pode ativar uma proteína alvo (alvo 2). A atividade de GTPase da subunidade alfa é aumentada quando ocorre ligação da proteína alvo, resultando em hidrólise do GTP ligado a GDP, quando ocorre a união da subunidade alfa com o complexo py (beta e gama unidas). EXEMPLO: Aqui mostra o receptor, a proteína G, o alvo dessa proteína G que aqui é uma enzima e o que pode acontecer quando a proteína G ativa esse alvo: vamos supor que o fármaco ou o ligante endógeno ativou o receptor, a proteína G foi ativada e ativou uma enzima e essa enzima aumentou a produção de segundos mensageiros. Quando isso acontece, eu posso ter vários efeitos na célula, posso ter uma contração celular, posso ter uma despolarização ou hiperpolarização da célula ou eu posso ter uma secreção, vai depender em que tipo de célula isso está acontecendo. Se for uma célula contrátil, ela pode se contrair ou relaxar, se for uma célula secretora, ela pode secretar o seu conteúdo, se for uma célula excitável ela pode ser excitada ou inibida. Se vários receptores são ligados à proteína G, por que eu tenho tantas respostas diferentes dependendo do tipo de receptor que está sendo ativado? Porque eu tenho proteína G diferentes, cada receptor é acoplado a um tipo de proteína G. Vou mostrar 3 tipos de proteína G que são mais importantes: a proteína G S que estimula a adenilato ciclase, a proteína G I que é essa enzima adenilato ciclase e a proteína G Q que tem seletividade. Se o receptor for acoplado a uma proteína G S, sempre que ele for ativado, ele vai estimular a adenilato ciclase que vai aumentar a produção de segundos mensageiros na célula. Se o receptor for acoplado a uma proteína G I que é inibitória, ele vai inibir a enzima adenilato ciclase e vai diminuir a produção de segundos mensageiros na célula. Se o receptor for ligado a uma proteína G Q, vai sempre ativar uma enzima conhecida como proteinoquinase. Vamos dar exemplos de receptores que atuam em cada uma dessas subunidades: então os alvos da proteína G podem ser a enzima adenilato ciclase, a fosfolipase, os canais iônicos de cálcio e potássio (só na 6ed do Rang e Dale saiu esse quarto alvo protéico) e o sistema Hho A/Hho quinase (não vamos estudar nenhum fármaco que tenha esse alvo). O que acontece quando o receptor é acoplado a uma proteína G S que vai estimular uma adenilato ciclase? A adenilato ciclase é uma enzima que está ligada a membrana celular, quando ela é ativada, sempre vai acontecer: a enzima adenilato ciclase vai utilizar o substrato ATP para produzir AMPcíclico dentro da célula e o AMPcíclico aumentado vai causar vários efeitos dentro da célula. O AMPcíclico também é degradado por enzimas conhecidas como fosfodiesterases que transformam ele em 5´AMP e ele perde sua atividade. Curiosidade: existem fármacos que são inibidores dessa enzima fosfodiesterase dentro da célula, exemplo da cafeína e o fármaco Silbenacil (Viagra, ele é inibidor de fosfodiesterases nas células de musculatura lisa dos vasos). Quando eu inibo essa enzima, eu aumento a quantidade de AMPcíclico dentro da célula e tenho um relaxamento dessa musculatura lisa, por isso que o vaso dilata, por isso que o viagra é vasodilatador. Quando eu aumento a quantidade de AMPcíclico dentro da célula, eu peço regular várias funções dessa célula: ele pode ativar ou inibir enzimas envolvidas no metabolismo energético, ele pode ativar ou relaxar proteínas contráteis, e ele pode estar envolvido no transporte de íons, abrir ou fechar canais de sódio. Mas como ele faz isso? Através de um único mecanismo dentro da célula que é ativação de proteína quinase naquela célula. Sempre quando AMPcíclico é formado, eu ter ativação da PKA que é uma proteína quinase. E o que essas proteínas quinases regulam? Elas regulam a função de várias proteínas dentro da célula, catalisando, fazendo fosforilação de resíduos dessas proteínas. Olha o desenho: aqui é o receptor ligado a uma proteína G S, quando esse receptor é ativado, eu vou ter a ativação dessa proteína, a subunidade alfa vai ativar a enzima adenilato ciclase que estava quietinha, ela vai transformar o ATP em AMPcíclico. O aumento do AMPcíclico no citoplasma da célula vai ativar uma proteína quinase que estava quietinha. Ela ativada, vai fosforilar outras proteínas. Vamos entender o porquê quando usamos um fármaco broncodilatador, eu tenho a broncodilatação. Temos receptor beta2 no pulmão e quando a adrenalina se liga nesse receptor, eu tenho broncodilatação. Vamos entender como essa broncodilatação acontece: esse receptor beta2 adrenérgico, ele está presente na verdade na musculatura lisa que envolve o brônquio. Quando a adrenalina se liga nesse receptor Beta2, em questão de segundos, (ele está acoplado na proteína G S) ele vai ter efeito estimulatório. Ele vai ativar uma enzima, dentro dessa célula, chamada adenilato ciclase. A adenilato ciclase vai aumentar a produção de AMPcíclico dentro da célula. O AMPcíclico aumentado vai ativar a proteína quinase que estava quietinha no citoplasma. As proteínas quinases vão fosforilar uma outra proteína na célula chamada miosina de cadeia leve que são as proteínas responsáveis pela contração da célula. Quando fosforila essa proteína, ela não consegue mais contrair, ela relaxa e eu vou ter relaxamento da musculatura lisa que envolve o brônquio e vou ter broncodilatação. Isso tudo acontece em 1 segundo, a adrenalina se ligou, ativou proteína G S, ativou adenilato ciclase, produziu AMPcíclico, ativou PKA, fosforilou a miosina de cadeia leve, relaxou a célula e o brônquio dilatou. Existem fármacos muito famosos que fazem isso: Berotec que é o Fenoterol, o Aerolin que é o Sanol, eles são todos agonistas de receptor Beta2, como a adrenalina usada no tratamento da asma, o Berotec na inalação. Explicação para os “pais”: o Berotec é o fenoterol, é um agonista beta2, ele se liga num receptor ligado a proteína GS que estimula a adenilato ciclase, que aumenta a produção de AMPcíclico dentro da célula, que vai ativar a proteína quinase, que vai fosforilar a miosina de cadeia leve, que vai relaxar a célula e o brônquio vai dilatar. Isso é o mecanismo de transdução de sinal que é ativado simplesmente quando um fármaco se liga como agonista do receptor. E se o fármaco for antagonista desse receptor, o que acontece? O propanolol é antagonista do receptor beta2, tanto que asmático não pode usar propanolol porque vai bloquear esse receptor no brônquio e vai impedir a broncodilatação natural, aí eu vou ter broncoconstrição e posso ter uma crise asmática. O Atroven é usado junto com o Berotec (para ter uma broncodilatação maior porque você usa um fármaco que estimula a broncodilatação com um fármaco que bloqueia o receptor que faz broncoconstrição. Você dá doses menores de cada um para ter um efeito maior.), só que o atroven se liga em outro receptor, se liga em um receptor muscarínico M1 que é o Ipratrópio, o nome comercial. O Ipratrópio é antagonista desse receptor muscarínico M1, então ele se liga a esse receptor muscarínico M1 e não deixa a acetilcolina (agonista natural desse receptor) se ligar. A acetilcolina faz broncoconstrição e quando eu utilizo o antagonista, eu não deixo a acetilcolina se ligar, eu vou ver só a adrenalina no pulmão, por isso que dá brônquiodilatação. M1 Adrenalina Beta 2 Broncodilatação O segundo alvo da proteína G.....próxima aula!