introdução

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
ELINARA MACÊDO DA COSTA
A NECESSIDADE DO USO DA EMPATIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
SÃO PAULO – SP
2012
ELINARA MACEDO DA COSTA
A NECESSIDADE DO USO DA EMPATIA NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA
Artigo apresentado como requisito parcial
para obtenção do titulo de Mestre
Profissionalizante em Terapia Intensiva pela
Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
Orientador: Dr. Daniel Xavier Salgado
SÃO PAULO – SP
2012
Sumário
1. RESUMO .................................................................................................... 4
2. INTRODUÇÃO ............................................. Error! Bookmark not defined.
3. OBJETIVO ................................................................................................... 6
4. METODOLOGIA .......................................... Error! Bookmark not defined.
5. DESCRIÇÃO .................................................................................................7
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 10
6. CONCLUSÃO ............................................................................................ 11
7.
REFERÊNCIAS BIBLIOFRÁFICAS ..........................................................12
RESUMO
A Unidade de Terapia Intensiva é um ambiente onde existe uma assistência
especializada com objetivo de manter e recuperar a saúde de pessoas que
necessitam de um cuidado mais complexo, ela conta com uma equipe
multiprofissional encarregada de desenvolver essas atividades que visam a
melhoria da sobrevida dos pacientes, logo essa equipe deve promover uma
assistência direta ao paciente de maneira eficaz e humanizada, bem como
desenvolver o trabalho em equipe, e para que isso ocorra cabe a cada
profissional a prática diária do uso da empatia.
Palavras-chave: Unidade de Terapia Intensiva; Empatia; Assistência.
ABSTRACT
The Intensive Care Unit is an environment where there is a specialized
assistance in order to maintain and restore the health of people who require a
more complex care, she has a multidisciplinary team charged with developing
these activities aimed at improving the survival of patients, then this team
should promote direct patient care effectively and humanized, and develop
team work, and for this to happen it is up to each professional to practice daily
use of empathy.
Keywords: Intensive Care Unit; Empathy, Assistance
INTRODUÇÃO
A UTI é uma unidade reservada, complexa, dotada de monitorização
contínua, onde são admitidos pacientes potencialmente graves ou com
descompensação de um ou mais sistemas orgânicos. Fornece-se suporte e
tratamento intensivo, propondo observação por 24 horas, composta por
equipamentos específicos e outras tecnologias destinadas ao diagnóstico e ao
tratamento. O cuidado proposto da unidade, teoricamente, ameniza o sofrimento,
independente do prognóstico do paciente. Dispõe de assistência médica e de
enfermagem especializada, de equipe multiprofissional e interdisciplinar, cujos
profissionais são intitulados intensivistas (ABRHÃO, 2010).
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) apresenta um número reduzido de
leitos e atende a uma parcela da população que precisa de cuidados intensivos
de saúde, sendo monitorados a todo o momento. Caracteriza-se por ter um
espaço físico fechado e limitante, com casos de extrema gravidade que exigem
um atendimento de qualidade (ARAÚJO et al., 2005).
Devido à alta complexidade do trabalho, a equipe multidisciplinar, em
destaque o enfermeiro, em certos momentos acaba deixando a desejar na hora
de prestar assistência de forma humanizada aos clientes, que por vezes resulta
em falhas que podem causar danos emocionais e até mesmo físicos. Danos
esses gerados por um simples motivo: a falta de empatia, que segundo Hoffman
(1981), “empatia é uma resposta afetiva apropriada à situação de outra pessoa,
e não à própria situação”, logo se constata que colocar-se no lugar do outro para
tentar entende-lo e ajuda-lo da melhor maneira possível é imprescindível para o
profissional de saúde (GUIMARÃES, 2009).
Apesar do grande esforço que os enfermeiros possam estar realizando no
sentido de humanizar o cuidado em UTI, esta é uma tarefa difícil, pois
demanda atitudes às vezes individuais contra todo um sistema tecnológico
dominante.
OBJETIVO
Incentivar o uso da empatia pela equipe multidisciplinar da Unidade de
Terapia Intensiva, em especial o enfermeiro para que haja melhoria do trabalho
em equipe e consequentemente da assistência ao paciente.
METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado através de cunho bibliográfico, tendo
como descritores: unidade de terapia intensiva e empatia.
Segundo GIL (2002) a pesquisa bibliográfica é realizada a partir de
material já elaborado, constituído por livros de leitura corrente; livros de
referência informativa e remissiva, como dicionários, enciclopédias, anuários,
almanaques e catálogos, publicações periódicos, como jornais e revistas,
impressos diversos.
DESCRIÇÃO
GUIMARÃES (2009) afirma que o termo empatia deriva da palavra grega
EMPATHÉIA, que significa “entrar no sentimento”. Ou, seja, é a capacidade
que o ser humano tem de se colocar no lugar do outro.
Nos dias atuais vemos que está cada vez mais difícil encontrarmos
profissionais que além de serem altamente gabaritados, sejam também
empáticos, que não hajam apenas mecanicamente e sim com a razão e o
sentimento, pois na U.T.I. acaba-se fazendo com que a complexidade do
serviço e o stress sejam os grandes responsáveis por toda ausência de
humanidade.
ARAÚJO et al., (2005) afirma que para o cuidado constante dos casos
graves é necessário que haja uma equipe multiprofissional, com atuação de
médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas entre outros profissionais,
sendo competência do enfermeiro da UTI assumir o papel de elo entre o ser
cuidado e toda a equipe multiprofissional. Pois o enfermeiro assume, durante
todo o dia, a coordenação da dinâmica da unidade, interagindo com outros
profissionais, criando um consenso comum, que exige o abandono da
individualidade e a prática da ação coletiva.
Na Unidade de Terapia Intensiva existem inúmeros procedimento que
requerem o uso da empatia como: punção periférica ou central, intubação e
extubação, cuidados íntimos e pessoais como curativos, administração de
medicamentos e dietas, e etc., além disso ainda temos a questão da
comunicação,
pois
o
paciente
crítico
necessita
de
compreensão
e
entendimento especialmente na linguagem não verbal. Todos os fatores acima
necessitam apenas que por um instante o profissional esqueça o “eu” e pense
um pouco no “outro” para que haja qualidade da assistência.
Decety e Jackson (2004) afirmam que a tomada de perspectiva requer
uma inter-relação dinâmica entre o "eu" (autoconsciência) e o "outro"
(consciência do outro). A capacidade para representar e relatar os próprios
estados mentais é o que permitirá o conhecimento inferencial do estado mental
dos outros.
A maioria das pesquisas aponta a enfermagem como uma profissão
desgastante, devido à responsabilidade pela vida das pessoas e proximidade
com os pacientes e seus familiares, em que o sofrimento é quase inevitável,
exigindo dedicação no desempenho de suas tarefas, aumentando as chances
de desenvolver um estresse ocupacional (HOGA, 2002).
A
autoconsciência e
a consciência do
outro
se
desenvolvem
simultaneamente nos anos pré-escolares e desempenham um papel importante
na regulação das emoções (auto-regulação) e na flexibilidade cognitiva (Decety
& Jackson, 2004). Elas se articulam de tal maneira que, mesmo havendo
identificação temporária, não há confusão entre o "eu" e o "outro". Além disso,
a flexibilidade e a capacidade de regular a própria perspectiva permitem
modular a emoção envolvida na preocupação com o outro (Decety & Jackson,
2004).
Com base nas informações citadas acima:
Gomes (1988) afirma que o enfermeiro que atua na Unidade de Terapia
Intensiva necessita de:
“conhecimento científico, prático e técnico, a fim
de que possa tomar decisões rápidas e concretas,
transmitindo segurança a toda equipe e
principalmente diminuindo os riscos que ameaçam
a vida do paciente”.(GOMES, 1988).
A humanização do cuidado de enfermagem é uma política de difícil
implementação nas UTI’s, pois se acredita que a rotina diária e complexa que
envolve este ambiente faz com que a enfermagem, na maioria das vezes,
esqueça-se de tocar, conversar e ouvir o paciente que está a sua frente
(VILLA; ROSSI, 2002). Com isso a empatia acaba ficando esquecida, tendo em
vista que, se não há o uso da empatia, logo, não há humanização.
Muitas vezes isso ocorre por conflitos gerados dentro da própria equipe,
ocorrendo discussão e desentendimento, resultando em um clima de stress,
onde o paciente acaba participando como ouvinte de todo esse processo. Notase que não é fácil estar em uma cama e depender do cuidado, da atenção e do
bom humor dos outros, devido a isso o uso da empatia é fundamental na
unidade de terapia intensiva.
A capacidade de se colocar no lugar dos outros (cliente, funcionários ou
amigos) e compreender seus problemas, compartilhar suas alegrias ou se
sensibilizar com suas dificuldades inspira confiança. A empatia faz de você
uma pessoa receptiva, com quem as outras sentem que podem contar. Não se
trata de resolver os problemas delas, mas simplesmente de mostrar que você
se importa com elas. (GUIMARÃES, 2009).
O componente afetivo da empatia não implica necessariamente em
experimentar os mesmos sentimentos da outra pessoa, mas sim em
experimentar um entendimento do que é sentido por esta (Falcone, Gil &
Ferreira, 2007; Greenberg & Elliott, 1997).
Muitos profissionais se atentam e priorizam especializações, cursos,
habilitações, buscando ter cada vez mais aprendizado teórico e prático com o
comprometimento em oferecer aos seus pacientes o melhor tratamento e,
consequentemente, sua recuperação e cura; mas tais formações têm deixado
em segundo plano a singularidade do paciente no que diz respeito aos seus
valores, crenças, sentimentos e emoções. Deste modo, a busca por melhor
qualificação passa a inviabilizar significativamente o atendimento humanizado e
de boa qualidade nas instituições de saúde, sendo que o ideal seria investir
tanto no lado intelectual quanto no psicológico para tratar o paciente (BOLELA;
JERICÓ, 2006).
Entretanto, muitos dos profissionais de saúde, não refletem onde termina
a máquina e onde começa o doente, transformando esta relação com a
máquina e o cuidado de enfermagem num ato mecânico, vendo o paciente em
uma extensão do aparato tecnológico (NIETSCHE, 2000).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo com a atualização de informações e o aperfeiçoamento
dos profissionais de saúde, em especial da Unidade de Terapia Intensiva, o
cuidado com pacientes críticos acaba ficando na mesmice, tendo em vista altos
índices de erros profissionais, causando ao paciente dano emocional e por
vezes físico, porém a solução talvez se encontre na prática diária da empatia,
defendida pela maioria dos autores como instrumento de melhoria das relações
entre interpessoais, uma vez que quando você se dispõe por alguns segundos
ou minutos a sentir o que o outro sente ou pensar em que o outro possa estar
pensando, você acaba contribuindo para o sucesso da comunicação e
consequentemente da assistência prestada.
Com base em um modelo multidimensional, este estudo propõe que a
empatia corresponde à capacidade de compreender, de forma acurada, bem
como de compartilhar ou considerar sentimentos, necessidades e perspectivas
de alguém, expressando este entendimento de tal maneira que a outra pessoa
se sinta compreendida e validada. Esta definição considera a empatia como
uma habilidade social que distingue as espécies humanas e não humanas, na
medida em que somente nas primeiras são identificados aspectos tais como
tomada de perspectiva, autoconsciência, consciência do outro, flexibilidade,
reavaliação da emoção (Decety & Jackson, 2004), além de expressão verbal e
não verbal de entendimento (Falcone, 1998).
CONCLUSÃO
Não se pode negar que a unidade de terapia intensiva é um local
altamente complexo, tanto para os profissionais, quanto aos pacientes, porém
este fato não justifica casos de falta de compromisso com a assistência, uma
vez que basta fazer o uso da prática diária da empatia para que possamos pelo
menos minimizar conflitos e stress no ambiente de trabalho, bem como
melhorar a assistência prestada a pessoas que só querem reestabelecer sua
saúde e levar sua vida normalmente como qualquer ser humano.
Levando em conta tudo que foi abordado, fica claro que se houver o uso
da empatia na unidade de terapia intensiva, seja com o paciente ou até mesmo
com a própria equipe, será possível que se obtenha maior eficiência e eficácia
no serviço de maneira humanizada, a fim de que essa qualidade na assistência
resulte em profissionais e pacientes satisfeitos.
É obvio que as pessoas não almejam ficar internadas em uma U.T.I. ou
mesmo em qualquer área hospitalar, no entanto a cada semestre existem
centenas de novos profissionais almejando uma vaga nos hospitais, e a lógica
de tudo isso é que certamente preferimos ser cuidadores a sermos cuidados,
logo pode-se afirmar que não há dificuldade em sermos empáticos e fazer com
os outros apenas aquilo que gostaríamos que fizessem conosco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ABRAHÃO AL. A Unidade de Terapia Intensiva apud Cheregatti AL,
Amorim CP org. Enfermagem em unidade de terapia intensiva. São
Paulo: Martinari; 2010.
2. ARAÚJO AD, Santos JO, Pereira LV. Trabalho no centro de terapia
intensiva: perspectivas da equipe de enfermagem. REME - Rev
Mineira Enfermagem v.9, n.1, p.20-8, 2005.
3. BOLELA, F.; JERICÓ, M.C. Unidades de terapia intensiva:
considerações da literatura acerca das dificuldades e estratégias
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4. DECETY, J. & Jackson, P. L. (2004). The functional architecture of
human empathy. Behavioral and Cognitive Neuroscience Reviews,
3, 71-100.
5. FALCONE, E. M. O.; Gil, D. B. & Ferreira, M. C. (2007). Um estudo
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psicoterapeutas de diferentes abordagens teóricas. Estudos de
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6. GOMES, A . M. Enfermagem na unidade de terapia intensiva. 2 ed,
São Paulo, EDU, 1988.
7. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. São Paulo:
Editora Atlas, 2002. pg. 48, 114 e 115.
8. GUIMARÃES, Rafhael. Empatia – Uma habilidade preciosa no século
XXI, São Paulo, 2009.
9. HOGA LAK. Causas de estresse e mecanismos de produção do
bem-estar dos profissionais de enfermagem de unidade neonatal.
Acta Paul Enfermagem. v.15, n.2, p. 18-25, 2002.
10. NIETSCHE EA. Tecnologia emancipatória: possibilidade para a
práxis de enfermagem. Ijuí (RS): Universidade de Ijui; 2000.
11. VILA, V. S. C; ROSSI, L. A. O significado cultural do cuidado
humanizado em unidade de terapia intensiva: muito falado e pouco
vivido.
2002.
Disponível
em:
<http://www.scielo.br/pdf/rlae/v10n2/10506.pdf> Acesso em: 10 out.
2012, 20:30.
12. HOFFMAN, M.L. (1981) Is altruism part of nature? Journal of
Personality and Social Psychology.
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