ZOO 4310 - Nutrição dos Animais Domésticos Primeiro Semestre de 2004 Prof. João Darós Malaquias Júnior PROCESSO DIGESTIVO COMPARADO RUMINANTES (POLIGÁSTRICOS) 1) OBJETIVO: Estudar a utilização dos nutrientes dos alimentos nas diferentes espécies de animais domésticos (não ruminantes e ruminantes) 2) PROCESSO DIGESTIVO: é o mecanismo através do qual o animal realiza a Digestão, Absorção e Metabolismo dos nutrientes do alimento ingerido. Digestão: degradação das partículas dos alimentos em frações menores para permitir a absorção. Absorção: mecanismo ativo ou passivo de entrada dos nutrientes do lúmen do trato digestivo para dentro do organismo do animal. Metabolismo: processamento dos nutrientes absorvidos para retirada de energia e síntese de substâncias essenciais para a célula. 3) DIGESTÃO: Forças mecânicas (mastigação, contrações musculares); Fermentação microbiana no pré-estômago (rúmen-retículo); Ação química do ácido clorídrico (HCI) e enzimática no estômago (abomaso) e intestino delgado; Atividade fermentativa microbiana no intestino grosso (ceco, cólon) 4) PROCESSO DIGESTIVO EM RUMINANTES: O Sistema digestório dos ruminantes (poligástricos) possui dois compartimentos para a atividade fermentativa microbiana (rúmen-reticulo) e um compartimento de transição (omaso) que antecedem o compartimento gástrico propriamente dito (abomaso) onde ocorre digestão gástrica, isto é, um estômago composto. Ex: bovinos, ovinos e caprinos. Pré-estômagos: rúmen, retículo, omaso. Alguns autores chamam os dois primeiros compartimentos do estômago de bovinos, rúmen e retículo, de proventrículo, considerando o fato que o alimento ingerido circula em ambos indistintamente e que ambos têm função semelhante. Estômago verdadeiro ou glandular: abomaso. Devido à fermentação microbiana dos alimentos ingeridos nos pré-estômagos, os ruminantes são capazes de utilizar eficientemente os alimentos ricos em fibra. 5) PARTES COMPONENTES DO SISTEMA DIGESTÓRIO Boca Ausência de incisivos superiores. Apresentam uma placa acolchoada e cornificada que age em conjunto com os incisivos inferiores. Os lábios e a língua atuam na apreensão dos alimentos. Cortam ou arrancam o alimento por pressão dos incisivos inferiores contra a placa. Mastigação no sentido látero-lateral. SALIVA Produção contínua, com maiores quantidades na Ingestão e ruminação. Produz até cerca de 200 I/d em vacas adultas e mais de 10 I/d em carneiros. Facilita a deglutição, fonte de água para o rúmen que funciona como solvente. Não contém enzimas digestivas. Ocorre a alfa-amilase e a tributirase no bezerro não ruminante. Efeito anti-espumante; Fornece NNP (uréia), P e Na, que são utilizados pelos microoganismos do rúmen. Contém tampões PO4- (NaHPO4) e CO3- (NaHCO3). A saliva é hipotônica e alcalina (pH aproximado = 8) O que determina o poder tampão da saliva é a taxa de consumo. a qual depende do tipo de alimento. A ingestão de concentrado aumenta a velocidade de ingestão de matéria seca e reduz a produção de saliva por grama de MS do alimento ingerido. A ingestão de forragem reduz velocidade de ingestão de MS e aumenta a quantidade de saliva produzida por grama de MS de alimento ingerido. O poder tampão é importante para manter o pH ruminal, permitir boa atuação das bactérias celulolíticas e manter a gordura do leite. Algumas formas de controlar o pH ruminal Parcelar a dieta em várias refeições; Dieta completa (mistura do volumoso com o concentrado). Uso de Tamponantes e alcalinizantes (bicarbonato de sódio, óxido de magnésio...) Estômago: rúmen, retículo, omaso, abomaso Rúmen É o maior compartimento do trato gastrointestinal (TGI) do ruminante, estendendo-se do diafragma à pélvis. As paredes do rúmen plenamente desenvolvido apresentam pequenas vilosidades, as papilas. A mucosa não secreta enzimas. Funções: Armazenamento e embebição do alimento; Mistura e divisão física das partículas ingeridas: Câmara de fermentação: fornece um ambiente ideal para os microrganismos (bactérias e protozoários) sobreviverem e agir: úmido, quente (39°C); anaeróbio (sem ar); pH desejável (em torno de 7); Recebe, de maneira relativamente irregular, novas quantidades de ingesta e, Mais ou menos constantemente. remove o conteúdo fermentado e produtos finais da fermentação. Contagem de 16 a 40 bilhões de bactérias e 200.000 protozoários/ml de fluido ruminal. A extensa fermentação pré-gastrlca (rúmen-retículo) produz: Síntese microbiana de vitaminas do complexo B e K; Síntese de aminoácidos e proteínas; Síntese de ácidos graxos voláteis (AGV); RUMINAÇÃO: cerca de 8h por dia. Regurgitação; Deglutição do líquido regurgitado; Mastigação dos sólidos; Reinsalivação; Redeglutlçao; ERUCTAÇÃO: processo de expulsão dos gases formados durante a fermentação microbiana dos nutrientes ingeridos. Os principais gases formados são: metano (CH4); dióxido de carbono (CO2) a maior parte, e gas sulfidrico (H2S), monóxido de carbono (CO), gás hidrogênio (H2) e gas Nitrogênio (N2) Bovinos adultos produzem 30 a 50 Iitros/h e ovinos 5 Iitros/h. MOVIMENTOS MISTURADORES: Contrações do rúmen-retículo que auxiliam na mistura da digesta com o conteúdo ruminal (rico em microorganismos), na distribuição da saliva, favorecendo a absorção de AGV, evitando que as partículas sólidas flutuem sobre as líquidas, participam da passagem de alimentos para o omaso e abomaso. Retículo É o compartimento de situação mais cranial. A abertura do esôfago (cárdia) é comum ao retículo e ao rúmen. As paredes com membrana mucosa contendo inúmeras pregas. Não secreta enzimas. Funciona na movimentação do alimento ingerido para o rúmen ou para o omaso, na regurgitação da ingesta para a ruminação e na eructação. Omaso Órgão esférico contendo muitas lâminas musculares semelhantes às folhas de um livro, antigamente era chamado folhoso. Localiza-se no lado direito do rúmen-retículo. Não secreta enzimas. Atua na absorção de água e AGV. Abomaso Localizado ventralmente ao Omaso, estendendo-se caudalmente, do lado direito do rúmen. A mucosa secreta o suco gástrico. A região glandular do abomaso geralmente corresponde à do estômago dos monogástricos. Intestino delgado e intestino grosso Similares aos dos suínos em estruturas e funções. 6) PRODUTOS DA DIGESTÃO NO RUMINANTES PROTEÍNAS Rúmen: NH3 e AGV Abomaso e no intestino delgado: aminoácidos e peptídios Intestino Grosso: NH3 e AGV CARBOIORATOS Os carboidratos fibrosos constituem a base da alimentação dos ruminantes. Rúmen: Os CHO fibrosos produzem AGV + CO2 + CH4 Os CHO não fibrosos produzem AGV + CO2 + CH4 Abomaso e Intestino Delgado. Os CHO fibrosos não são digeridos (Não produzem AGV + CO2 + CH4 ) Os CHO não fibrosos produzem glicose Intestino Grosso: Os CHO fibrosos produzem AGV + CO2 + CH4 Os CHO não fibrosos produzem AGV + CO2 + CH4 OBS: Dependendo do local da digestão, um mesmo alimento produz diferentes quantidades de energia (Estudos da partição da digestão) LIPÍDIOS Rúmen: não são utilizados como fonte de energia. Entretanto, os lipídios são modificados pelos microorganismos. Ocorre a hidrólise, hidrogenação, isomerização, ramificação e encurtamento de cadeias. Há sintese de lipídios pelos microorganismos ruminais, normalmente a quantidade que chega ao intestino delgado é maior do que a quantidade ingerida. 7) O BEZERRO NASCE COM O RÚMEN POUCO DESENVOLVIDO Fatores que afetam o desenvolvimento ruminal do bezerro Dieta Líquida Idade Alimento seco Elementos necessários ao desenvolvimento das papilas: Amônia AGV Volumoso Goteira Esofágica Formada por duas fortes pregas musculares ou lábios que, ao se contraírem formam um tubo, dirigindo a digesta líquida diretamente do esôfago ao omaso. O fechamento da goteira é estimulado por reflexos de mamada, por certos íons e sólidos em suspensão no leite.