COMPORTAMENTO VERBAL E LINGUAGEM Comunicação: ocorre

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COMPORTAMENTO VERBAL E LINGUAGEM
Comunicação: ocorre quando o comportamento de um
organismo gera estímulos que afetam o comportamento de outro
organismo (Ex: pássaro emite chamado de alarme a outros
pássaros do bando se escondem do predador).
O pássaro que emite o chamado se comporta – movimenta a
faringe e os pulmões – e isso resulta em um estímulo auditivo que
modifica o comportamento de outros pássaros que estão ao alcance
do som. Porém esse comportamento é um padrão fixo de ação.
Comportamento Verbal: é um tipo de comportamento
operante; depende de suas consequências.
É estabelecido e mantido por reforçamento; ocorre apenas no
contexto em que tem a probabilidade de ser reforçado.
Pessoas que ouvem e reforçam o que uma pessoa diz são
membros da comunidade verbal. O reforçamento é mediado por
outra pessoa ou por um grupo de pessoas – Comunidade Verbal.
O episódio verbal requer um falante e um ouvinte. O
comportamento operante de dirigir um carro não pode ser chamado
de comportamento verbal porque não é necessária a presença de
um ouvinte para reforçá-lo. Portanto, para um comportamento
ser um episódio verbal, seu reforço tem de ser dispensado por
outra pessoa, o ouvinte. (Ver figura da página 138, Baum)
“O comportamento verbal é modelado e mantido por um
ambiente verbal- por pessoas que respondem ao
comportamento de certo modo por causa das práticas do
grupo do qual são parte. Essas práticas e a interação
resultante entre o falante e o ouvinte abarcam o fenômeno
que está sendo considerado aqui sob a rubrica de
comportamento verbal”
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( Skinner, 1957, p. 226 )
Como qualquer outro operante, o comportamento verbal exige
apenas reforço intermitente para ser mantido; exige menos reforço
para se manter do que para ser adquirido e é modelado ao longo de
aproximações sucessivas. (Ex: criança aprendendo a falar)
Crianças do gênero humano são feitas de forma a apresentar
alta probabilidade de imitar sons de fala que ouvem de pessoas
significativas. A partir dessa proposição programada geneticamente
e do reforço dado por essas pessoas na qualidade de ouvintes, o
comportamento verbal é adquirido e modelado.
Cada indivíduo, à medida que cresce e participa da sua
cultura, aprende a ser ouvinte. Nossas ações como ouvintes
provêem reforço para as verbalizações dos falantes a nossa volta;
nosso comportamento como ouvintes é modelado e mantido por
reforço, deriva de uma história de reforço.
Ex: O pai fala “Pegue a bola vermelha” e, quando a criança
pega a bola vermelha, e não outra segue-se satisfação, aplauso e
afeição.
Se uma desconhecida falar com você em russo e você não
entender nenhuma palavra. Não há possibilidade de que esse
comportamento seja reforçado. Trata-se de um comportamento
verbal? Você está sendo ouvinte?
Sim, trata-se de um comportamento verbal porque foi
reforçado, em situações passadas, pela comunidade verbal que ela
pertence. Provém de uma história de reforço por uma
comunidade de falantes e ouvintes (IMPORTÂNCIA DA
HISTÓRIA). Também você está sendo tratado como um membro da
classe de estímulos “ouvinte”. Logo, ela discriminará seu erro de
generalização e este tenderá à extinção em sua presença.
Animais não-humanos: Será o miado do gato próximo do
horário do jantar um comportamento verbal? Miar é um
comportamento operante porque nasceu da história de reforço com
o alimento. Exige a presença de um ouvinte e pressupõe o gato
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como um falante. Porém, podemos não considerar o indivíduo e seu
gato como uma comunidade verbal (não há troca de papéis de
falante e ouvinte), e deste ponto de vista, não consideramos o miar
como um comportamento verbal.
Falar consigo próprio é comportamento verbal? Depende
da aceitação ou não da idéia de que um episódio verbal, falante e
ouvinte possam ser a mesma pessoa. Pode acontecer quando dou
instruções ou ordens a mim mesmo; então o comportamento verbal
do falante será reforçado por uma mudança de comportamento na
mesma pessoa (ouvinte).
Ex: Ao dirigir o carro para uma casa cujo endereço não é
familiar, posso dizer para mim mesmo, ao chegar a um cruzamento,
Aqui eu tenho que virar à esquerda. Se deste modo, eu virar á
esquerda, meu ato verbal (a auto-instrução para virar á esquerda)
terá sido reforçado, especialmente se conseguir chegar ao meu
destino.
A auto-instrução pode ser dita em voz alta, ou poderia ser dita
privada ou encobertamente.
Dentre os analistas do comportamento que rejeitam a idéia de
que falar consigo próprio é um comportamento verbal entendem
esse tipo de fala como parte de uma unidade estendida de ação –
uma atividade. Essas unidades ampliadas ou molares do
comportamento operante de Rachlin, o ato de dirigir o carro até a
casa desconhecida constituiria uma atividade unitária, definida por
sua função. A atividade poderia ocorrer de várias formas, pegando
diferentes caminhos, com ou sem auto-instrução, mas todas as
variações poderiam ser consideradas membros da mesma atividade
funcional. Daí, comportamentos nesses termos molares, uma
atividade só pode ser qualificada como verbal quando falante e
ouvinte forem pessoas diferentes.
Comportamento
Verbal
versus
Linguagem:
Comportamento verbal compreende eventos concretos, enquanto a
linguagem é uma abstração. O que se fala acerca do uso da
linguagem é de caráter mentalista e diversionista, o fato é, quando
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dizemos que uma pessoa está usando a linguagem, o que em geral
ela está fazendo é comportamento verbal.
Comportamento
Verbal
Fala
Uso de
Linguagem
Comportamento
Vocal
A figura ilustra as relações entre comportamento verbal,
comportamento vocal e uso de linguagem. Cada círculo representa
uma das categorias, e pode-se pensar em eventos particulares
como pontos dentro dos círculos. Os círculos se sobrepõem, de
forma que eventos particulares podem estar localizados em mais
de um círculo, o que quer dizer que pertencem à mesma categoria.
O subconjunto central sombreado (fala) indica os eventos que
pertencem a todas as três categorias: pessoas falando com outras
pessoas. As áreas em que os dois círculos se sobrepõem indicam
eventos que pertencem a essas duas categorias, mas não à
terceira: uma pessoa ou animal não-humano pode emitir gritos ou
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outros sons (comportamento vocal) que poderiam ser considerados
comportamento verbal, mas não seriam considerados “uso de
linguagem”. Fazer sinais seria comportamento verbal e poderia ser
chamado uso de linguagem, mas não pode ser considerado vocal.
Recitar um poema para si próprio seria comportamento vocal e uso
de linguagem, mas provavelmente não seria chamado de
comportamento verbal. Finalmente há eventos que só podem ser
categorizados em um dos círculos. Um chamado de alarme que
seja um padrão fixo de ação seria vocal, mas não verbal e nem uso
de linguagem. Gestos como acenar ou apontar, são apenas
comportamentos verbais. Escrever um livro na intimidade do próprio
escritório, um caso de uso de linguagem, não é vocal, e porque
nenhum ouvinte precisa estar presente para que haja reforço,
também não é um comportamento verbal.
UNIDADES FUNCIONAIS E CONTROLE DE ESTÍMULO
O comportamento verbal consiste de atos que pertencem a
classes operantes que são definidas funcionalmente e sujeitas a
controle de estímulo. Cada ação verbal tem uma determinada
estrutura, uma determinada sequência de movimentos de vários
músculos da boca e da garganta.
Uma atividade verbal é uma espécie de ações, que têm todas
o mesmo efeito sobre o ouvinte, e cuja função só pode ser
entendida a partir de circunstâncias e efeitos.
A ocorrência da atividade verbal é mais ou menos provável
dependendo das circunstâncias, dos estímulos discriminativos. Uma
das razões pela qual uma palavra não pode constituir uma unidade
funcional é porque a mesma palavra pode servir a diferentes
funções dependendo das circunstâncias. (Ex: palavra água)
A relação das circunstâncias com a probabilidade do
comportamento verbal é uma relação de controle de estímulo e não
de eliciação. Não existe uma correspondência estrita, ponto a
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ponto, entre um estímulo discriminativo e uma atividade verbal,
como no caso de comportamentos respondentes. Os estímulos
discriminativos apenas modulam e tornam prováveis certas
instâncias de atividades verbais.
Os estímulos discriminativos mais importantes que modulam o
comportamento verbal são os estímulos auditivos e visuais
produzidos pela pessoa que está no lugar de falante. Tendo atuado
como ouvinte para a outra pessoa, posso atuar como falante e
produzir estímulos discriminativos que afetam seu comportamento
Todas as atividades operantes ocorrem dentro de um
contexto, e o efeito habilitador que o contexto tem sobre a atividade
provém da história de reforço associada a esse contexto no
passado (Ex: aprendi que quando estou perdido posso pedir
informação). O contexto pode mudar a estrutura de minhas
perguntas dependendo da comunidade verbal à qual estou
solicitando informação.
PRECISAMOS SEMPRE IDENTIFICAR O CONTEXTO E AS
CONSEQUÊNCIAS, ASSIM COMO EM TODOS OS OUTROS
OPERANTES VERBAIS.
Alguns pensadores sugerem que o uso da linguagem difere
de outros tipos de comportamento porque é gerativo, pode referir-se
a si mesmo, e pode referir-se ao futuro. A natureza gerativa da fala
repousa sobre a regularidade estrutural e sobre a freqüente
originalidade das verbalizações. Visto que são compartilhadas por
todos os outros operantes, essas propriedades não colocam a
linguagem em uma categoria à parte. Também não a coloca à parte
o fato de poder se referir a si própria, pois isso significa que uma
ação verbal pode produzir um estímulo discriminativo para outra. Da
mesma forma, o comportamento verbal não-operante pode também
fornecer estímulos discriminativos, assim como pode ser controlado
por eles. A capacidade da fala de se referir ao futuro se assemelha
à capacidade de outros estímulos discriminativos afetarem o
comportamento após terem ocorrido depois de um lapso de tempo.
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Não há nada de especial sobre a questão, e é possível entendê-la
sem recorrer ao mentalismo.
Como analistas do comportamento, falamos em função do
comportamento e não em significado. (Ex: puxar a corrente
“significa” alimento e pressionar a barra “significa” água).
O USO DO ATO CONSISTE EM SUAS CONSEQUÊNCIAS
DENTRO DO CONTEXTO (significado do comportamento verbal).
As ações verbais servem para diversos fins. Dois dos mais
importantes são pedir e informar. Skinner (1957) denominou essas
verbalizações de MANDO e TACTOS.
Os mandos incluem pedidos, ordens, perguntas,
conselhos. Por serem mais diretivos, os mandos dependem
mais do reforço específico do que do contexto. (Ex: Perguntar
Que horas são?, é um mando, cujo reforçador é ouvir ou ver a hora
correta.)
Os tactos são verbalizações mais informativas (opiniões,
observações, descrições). Dependem mais do contexto
específico do que do reforço. (Ex: uma pessoa dizendo para a
outra, Que dia lindo)
A gramática recebe atenção de lingüistas e de psicólogos por
descrever regularidades na estrutura. Uma gramática é um conjunto
de regras que podem gerar todas as sentenças consideradas
corretas pelos falantes da língua. A gramática descreve a estrutura
desse subconjunto de comportamento verbal, mas não diz nada
sobre o comportamento verbal que contraria as regras da
gramática, ou sobre função. Acreditar que as regras gramaticais
estão dentro da pessoa é mentalismo; as regras residem no
comportamento verbal daqueles que as enunciam.
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