O SER HUMANO O ser humano não necessita apenas garantir suas necessidades físicas, de alimentação e de segurança. Necessita de laços com a cultura, com o seu semelhante e com a natureza, mantendo com estes domínios, relações complexas. É um ser de consciência e de ação. Cria e recria a si mesmo e ao mundo do qual é protagonista. É um ser que deseja, conhece, realiza e transforma. É um ser de possibilidades geradas nas relações com o outro, com a natureza e com a cultura. Detém a capacidade de simbolizar. Pela linguagem, emergiu do mundo puramente natural, instituindo o mundo da cultura. Ao falar e ao escrever, o homem pode transcender as coordenadas do seu tempo e do espaço. Como criador de símbolos, transcende os limites da sua condição animal, abrindo-se ao mundo e nele intervindo. É múltiplo em seus interesses, inquieto no seu caminhar, insatisfeito em suas conquistas. Comporta-se de maneira significativa, dando sentidos aos seus atos, refletindo sobre sua ação, relembrando o passado e planejando o futuro. O Ato Moral é exclusivo do Ser Humano porque ele é dotado de consciência: • Reflete sobre o seu agir e orienta conscientemente suas ações para o que lhe é útil e significativo; • Formula objetivos e direciona suas ações no sentido de alcançá-los; • Tende sempre a um crescimento. Cada ação humana torna-se fundamental e preparatória para outra, que lhe permite uma compreensão de mundo cada vez mais ampliada; • Além de conhecer e explorar o mundo, necessita conhecer a si mesmo, a fim de encontrar sentido para a sua existência; • Possui liberdade nas condições concretas de um ser situado e submetido a condicionamentos. Tem poder para coordenar suas ações e decidir acerca de como deve agir. Estes requisitos o capacitam a ser agente da moral. MORAL Etimologia: vem do latim mores, que significa costume, conduta, modo de agir. Norma de conduta e prática de vida que direciona as ações humanas nas situações cotidianas, atendo-se ao plano vivencial. Atributos da Moral: Caráter Social - não existe uma moral individual. Ela é sempre social, pois envolve relações entre os sujeitos. As normas morais se fundamentam em uma concepção teórica em vigor na sociedade, que é, quase sempre, a concepção dominante. Caráter Dialético – os valores morais refletem o modelo sóciopolítico-econômico-cultural no qual o ser humano se abriga, convive e sobrevive, colocando possibilidades e limites às ambições humanas, dirigindo-as para uma relação equilibrada, de acordo com as necessidades sociais. Mesmo que os valores morais se manifestem no agir das pessoas como atos individuais, produtos de uma escolha livre, representam as circunstâncias históricas do agente, sua herança familiar e cultural, suas relações sociais, o que não isenta o ser humano de responsabilizarse individualmente por seus atos e escolhas. VALOR Etimologia: vem do latim valore; é a qualidade pela qual nós escolhemos alguma coisa em detrimento de outra, ou a estimamos mais ou menos. Considerando que a nossa escolha pressupõe um aprendizado cultural o valor que conferimos a algo além de ser parte do objeto, também é parte do sujeito, pressupõe uma escolha orientada pela experiência vivida pelo sujeito, pelas circunstâncias históricas, pelas formas de produção, que alimentam desejos, interesses, ideologias e compromissos políticos e éticos. Valores não morais: possuem substrato material. Ex: a água, o ar que respiramos, o alimento, um imóvel..., elementos que só assumem valor real na relação com o ser humano que em sua articulação cultural dirá se determinada coisa é útil, valiosa, imprescindível à vida. Valores morais: não possuem substrato material. Só existem como produto da ação humana. São comportamentos, atitudes, interações sociais, decisões e posturas. Ex: a justiça, a liberdade, o respeito, a integridade, a honestidade, a lealdade, a responsabilidade... São exclusivos do ser humano pelo fato de se pressupor que ele seja responsável pelos seus atos, e, para isto, que seus atos tenham se dado de forma consciente e livre. Aos valores morais dominantes não são decididos por sujeitos individuais. Emergem da experiência vivencial coletiva e se tornam consensuais. Ao serem teorizados, explicitam-se em preceitos veiculados, legitimados e propagados por todas as instituições sociais, em especial, pela família e pela escola. ÉTICA Etimologia: vem do grego ethos; que significa lugar faz-se da cultura que se volta para o horizonte do dever ser ou do bem. A ética se apresenta como uma reflexão crítica sobre a moralidade; reflexão, investigação e teorização sobre as condutas, galgando status de ciência examinadora da moral. Ciência que estuda o comportamento moral dos seres humanos na sociedade. No plano da ética realiza-se um juízo crítico, próprio da filosofia, cuja missão é fundamentar ou criticar a moral, buscando os ideais de justiça e de felicidade como bens aos quais todos aspiram. REFERÊNCIAS DORTIER, Jean-François (Dir.). Dicionário de Ciências Humanas. Revisão e coordenação da tradução Márcia Valéria Martinez de Aguiar. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010. JALES, Carlos Alberto; JALES Otaviana Maroja. O que é Psicologia? João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2003. PASSOS, Elizete. Ética nas Organizações. 1ed. 9ª reimpressão. São Paulo: Atlas, 2013. RIOS, Terezinha Azerêdo. Ética e Competência. 15 ed. São Paulo: Cortez, 2005. (Coleção Questões da Nossa Época); v. 16.