SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE GERÊNCIA EXECUTIVA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE - GEVS GERÊNCIA OPERACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - GOVE NÚCLEO DE DOENÇAS ENDÊMICAS - NDE PROGRAMA ESTADUAL DE HEPATITES VIRAIS - PEHV NOTA TÉCNICA Nº. 2 HEPATITES VIRAIS B e C: DESAFIOS NO ENFRENTAMENTO PARA O CONTROLE. Hepatite é um processo inflamatório do fígado caracterizado por necrose hepatocelular difusa ou irregular, que pode variar desde uma doença aguda auto-limitada (com duração inferior a seis meses) até uma forma grave, como a insuficiência hepática aguda; ou apresentar um curso crônico com evolução para fibrose, cirrose e insuficiência hepática terminal. Etiologia: • álcool; • toxinas (ervas medicinais); • hepatite autoimune; • hepatites por distúrbios genéticos; • medicamentos (paracetamol, anticoncepcionais, tetraciclina, cetoconazol, isoniazida, rifampicina etc.); • hepatites reacionais (hepatites que acompanham infecções gerais) ; • virus: a. Febre Amarela, Malária, Citomegalovírus, Dengue, outros; b. Grupo de vírus* com tropismo preferencial pelo tecido hepático: HEPATITES VIRAIS. o HAV (virus da hepatite A, descoberto em 1973) - Hepatite A. o HBV (virus da hepatite B, descoberto em 1964,1970) - Hepatite B. o HDV (virus da hepatite D descoberto em 1977) - Hepatite D. o HEV (virus da hepatite E descoberto em 1983) - Hepatite E. o HCV (virus da hepatite C descoberto em 1989) - Hepatite C. *São vírus hepatotrópicos e produzem hepatite como consequência da infecção celular, porém com características morfológicas, moleculares, mecanismos de transmissão e evolução clínica diferentes. As principais causas de hepatite são as hepatites virais. As hepatites virais B e C são responsáveis por mais de 90% dos casos das hepatites crônicas. As hepatites virais B e C por sua magnitude e transcendência são um problema de saúde pública e apresentam vários desafios no enfrentamento para o seu controle. Alguns desses desafios serão comentados a seguir: 1º) NÚMERO DE INDIVÍDUOS INFECTADOS NO MUNDO É ALTO. • Número de portadores em todo mundo (Organização Mundial de Saúde): HBV – 350 milhões de habitantes; HCV – 170-200 milhões de habitantes; HIV – 40 milhões de habitantes. • 1/3 da população mundial apresenta marcadores sorológicos reagentes de contato (HBcTotal) e de imunidade (antiHBs) para hepatite B. • Em todo o mundo ocorrem 50 milhões de novas infecções/ano e 1 milhão de mortes/ano pelo HBV. • Em todo o mundo ocorrem 3 a 4 milhões de novas infecções/ano pelo HCV. • São infectados até 90% dos recém nascidos (RN) de mães portadoras do HBV. A 1ª dose da vacina contra hepatite B associada à imunoglobulina contra hepatite B (HBIg) nas primeiras 12h de vida alcança 85-95% de eficácia na prevenção. A vacina isolada é 70-95% efetiva. • O HCV é responsável por: 70% das hepatites crônicas, 40% dos casos de cirrose hepática e 30% dos transplantes hepáticos. • O HBV é responsável por 60-80% dos carcinomas hepatocelular primário (CHC). • Após o 5º ano de uso, 50-80% dos usuários de drogas injetáveis/inaláveis (UDI) estão infectados com o HCV. • Estudo realizado em São Paulo capital revelou HBsAg (marcador sorológico de presença do HBV) reagente em 27,3% UDI e 3,3% nos demais habitantes. O quadro 1 mostra a prevalência de marcadores sorológicos reagentes para hepatite B e C no Brasil e a projeção na população do estado da Paraíba do ano de 2008 (3.742.606 habitantes, estimativa do IBGE). Quadro 1 – Soro prevalência das Hepatites B e C no Brasil e projeção na população do estado da Paraíba do ano de 2008. Marcadores e Faixa etária antiHCV reagente* HBcTotal reagente ** HBsAg reagente*** 10-19 anos 20-69 anos 10-19 anos 20-69 anos 10-19 anos 20-69 anos % e nºhabitantes % Brasil 0,94 1,87 1,14 11,5 0, 055 0,6 nº habitantes PB 35.181 69.987 42.666 430.397 2.058 22.456 *antiHCV (marcador sorológico de contato com o HCV) ** HBcTotal (marcador sorológico de contato com o HBV) *** HBsAg (marcador sorológico de presença do HBV). FONTE: Estudo de prevalência de base populacional das infecções pelos vírus das hepatites A, B e C no Brasil na população residente nas capitais dos estados, realizado pela Secretaria de Vigilância em Saúde/MS (SVS/MS), Organização Pan-American da Saúde (OPAS), Universidade Estadual de Pernambuco (UEPE) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 1 Co-infecção com HIV A co-infecção HBV ou HCV com o HIV é comum porque partilham as mesmas vias de transmissão. São estimados no mundo: 12 milhões de co-infectados HIV/HCV e 4 milhões de co-infectados HIV/HBV. Co-infecção HIV/HCV: • No Brasil a taxa de co-infecção HIV/HCV situa-se entre 14,8% a 54,7%. • A hepatite C crônica é uma causa crescente de morbimortalidade nos portadores do HIV. • O HIV altera a evolução da hepatite C crônica. Os pacientes co-infectados apresentam: a. Carga Viral (CV) do HCV mais elevada. b. Transmissão perinatal elevada. c. Transmissão sexual elevada ? d. Evolução mais rápida para fibrose, cirrose e insuficiência hepática terminal. e. Incidência maior de CHC. • O HCV afeta a evolução da infecção pelo HIV: a. Aumentando o risco de progressão para SIDA e morte associada a SIDA. b. Diminuindo a recuperação dos linfócitos CD4 em resposta a terapia antiretroviral (TARV). c. Aumentando o risco da toxidade hepática e metabólica. Co-infecção HIV/HBV: • 70-80% dos pacientes infectados pelo HIV, possuem algum marcador sorológico para o HBV. • No Brasil a taxa de co-infecção HIV/HBV situa-se entre 5,3% a 24,3%. • O HIV altera a evolução da Hepatite B. Os pacientes co-infectados apresentam: a. Aumento da replicação do HBV e da carga viral do HBV (HBVDNA). b. Maior risco de evoluir para hepatite crônica (5 a 6 vezes). c. Forma mais grave de hepatite com evolução mais rápida, com progressão acelerada para cirrose e CHC. d. Redução na negativação do HBsAg e na soroconversão espontânea do HBeAg (marcador sorológico de replicação viral). • O HBV acelera a progressão da doença pelo HIV. MEDIDAS URGENTES: Realizar campanhas informativas sobre hepatites virais. Oferecer triagem sorológica para HBV e HCV em grupos de risco acrescido. VACINAR RN, menores de 19 anos e pessoas de grupo de risco acrescido contra hepatite B. 2º) É UMA INFECÇÃO “SILENCIOSA”, COM EVOLUÇÃO ASSINTOMÁTICA EM: • Hepatite C: 70-80% dos casos. • Hepatite B: 95% dos RN/crianças menores de 5 anos e 50-70% dos casos em adultos imunocompetentes. • Hepatite A: 95% dos casos em crianças e em 25-50% dos casos em adultos. Na maioria dos casos, a hepatite B e C evoluem sem evidências clínicas, tanto na forma aguda quanto na forma crônica. Aproximadamente 90% dos portadores do HCV e HBV desconhecem o seu status de portador, o diagnóstico na maioria dos casos é feito por meio da triagem nos bancos de sangue, nos centros de testagem e aconselhamento (CTA) ou numa avaliação de rotina, cujo exame mostra alterações nas provas de função hepática e positividade dos marcadores sorológicos virais. Insuficiência Hepática Aguda - durante a fase aguda poderá ocorrer uma lise maciça imunomediada dos hepatócitos infectados, com desenvolvimento de encefalopatia e coagulopatia até 8 semanas após o início dos sintomas com alta taxa de letalidade (80%). O risco de evolução para Insuficiência Hepática Aguda varia de acordo com a etiologia viral: • HAV: 0,1 - 0,2%. • HDV: menor que 5% na • HEV: 20% em gestante. • HBV: 1 - 4%. co-infecção e 10% na • HCV: raro superinfecção. HBV e HCV – Modo de transmissão: (o vírus está presente no sangue, sêmen, secreções vaginal, exsudado de feridas, líquido. de serosas, líquido amniótico, líquido articular, líquido cefálo raquidiano (LCR), leite materno, suor, saliva, secreções nasais) transfusão de sangue ou derivados; recepção de órgãos ou tecidos transplantados; hemodiálise, procedimentos cirúrgicos e odontológicos; UDI pelo compartilhamento de objetos contaminados; exposição percutânea ou mucosa a sangue ou fluídos corpóreos: HIV= 0,2-0,5%; HBV= 5-40%; HCV= 3-10%; vertical: RN infectados durante o trabalho de parto; contatos sexuais promíscuos ou com parceiros portadores: HIV= 0,1-10%; HBV= 30-80%; HCV= 0-3% e 00,6% ao ano em casais monogâmicos sem coexistência de doenças sexualmente transmissíveis (DST), e 1% ao ano em indivíduos com múltiplos parceiros. material cortante ou perfurante com presença de sangue de portadores de uso coletivo sem esterilização adequada usados em: tatuagem, body piercing; acupuntura; manicura/pedicura (alicate de unha, pau de laranjeira) ; contato social ou familiar com material de uso pessoal (barbeador, escova dental); 2 Transmissão Vertical: mãe-filho Vírus da Hepatite B: a transmissão transplacentária é incomum, a perinatal é muito eficiente, o risco do RN ser infectado é de: a. 70 a 90% se a mãe for HBsAg (+) e HBeAg (+) e 90% destes RN permanecem cronicamente infectados; b. 10 a 40% se a mãe for HBsAg (+) e HBeAg (-) e 40-70% destes RN permanecem cronicamente infectados. O HBV está presente no leite materno. Os RN de mães HBsAg (+) não vacinados nas primeiras 12h de vida não devem ser amamentados, porém se eles receberam pelo menos a 1ª dose de vacina nas primeiras 12h de vida não correm o risco de serem infectados, podendo ser amamentados. Vírus da Hepatite C: a transmissão perinatal não é tão eficiente quanto à do HBV. Em mães com antiHCV (+) o risco de infecção dos RN é de 5-7%. Aumenta o risco nas mães: a. com alta carga viral do HCV. b. co-infectada pelo HIV, onde o risco de infecção no RN aumenta para 19% (o tratamento para HIV com TARV pode reduzir o risco da transmissão do HCV). Não se contra-indica gestação para portadoras do HCV, exceto quando em tratamento. O HCV é encontrado no leite materno e colostro, porém estudos mostram uma média de infecção de 4% em crianças nascidas de mães HCV (+), tanto para as que foram amamentadas quanto para as que não o foram. Até o momento não há evidências conclusivas de que o aleitamento acrescente risco de transmissão do HCV. Quando há fissuras de mamilo na mãe, com possível sangramento, a amamentação não é recomendada. Pacientes coinfectadas HIV/HCV não devem amamentar. O critério para identificar a transmissão vertical da infecção pelo HCV é a detecção do antiHCV e do HCVRNA (ácido nucléico do HCV) no sangue da criança após 18 meses de vida. Estudo que acompanhou 266 crianças com transmissão perinatal do HCV por 4 anos mostrou que 20% das crianças apresentaram clareamento espontâneo do HCV e 80% evoluíram para infecção crônica. O HBV e HCV não se transmitem por: Espirro Tosse Abraço Beijo Alimentos ou água Compartilhar utensílios para comer e vasos sanitários MEDIDA URGENTE: Oferecer triagem sorológica para HBV e HCV em grupos de risco acrescido para poder detectar e encaminhar precocemente os portadores ao serviço de referência. 3º) RISCO DE EVOLUIR PARA INFECÇÃO CRÔNICA: • Tornando-se reservatório do vírus e fonte de infecção do HBV ou HCV para outras pessoas. • Podendo desenvolver no intervalo de 20-30 anos Cirrose, Carcinoma Hepatocelular e Insuficiência Hepática terminal. Hepatite B: evoluem para infecção crônica: Adultos: 5% dos imunocompetentes e 20% dos co-infectados com HIV. RN: 90% dos infectados por transmissão horizontal e vertical. Crianças com 1-5 anos: 20 a 30% dos infectados. Hepatite C: evoluem para infecção crônica: Adultos acima de 45 anos: 75-85% dos infectados. Criança ou adulto jovem: 55-60% dos infectados. Hepatite crônica B/C - é uma doença necroinflamatória não resolvida, que acomete difusamente o fígado, se estende por um período maior que 6 meses e se traduz por alterações bioquímicas, sorológicas e morfológicas (persistente aumento das transaminases -ALT/AST- e marcadores virais reagentes). O tempo de evolução da hepatite crônica nem sempre pode ser estabelecido por causa do curso insidioso, sem evidência clínica de um quadro de hepatite aguda. Acredita-se que o HBV e HCV não exerçam um efeito citopático direto sobre os hepatócitos. O processo necroinflamatório é iniciado pela resposta imune do hospedeiro dirigida contra os antígenos virais específicos, levando ao dano hepático. Os pacientes que apresentam icterícia possuem maior probabilidade de cursarem com uma infecção autolimitada. Hepatite crônica pelo HCV: a eliminação ou persistência da infecção pelo HCV depende do: a. Balanço entre efetividade, especificidade, e rapidez da resposta imunológica inata e adaptativa do paciente. b. Taxa de replicação do HCV. Co-fatores que influenciam a evolução da Hepatite crônica C para formas mais graves: Alcoolismo crônico Sexo Masculino Co-infecção pelo HIV e HBV Idade avançada (> 40anos) Esteato-hepatite 3 A figura 1 mostra os aspectos evolutivos após a infecção pelo HCV. Figura 1. HEPATITE C ASPECTOS EVOLUTIVOS INFECÇÂO AGUDA 70-80 % assintomática Eliminam o HCV 15-25% dos adultos maiores de 45 anos. 40-45% das crianças e adultos jovens 75-85% HCVRNA (+) HEPATITE CRÔNICA 25% Leve Manifestações extra-hepáticas do HCV: • • • • • • • • • Porfiria cutânea tardia. Tireoidite autoimune. Doenças Linfoproliferativa Linfoma de Hodgkin Síndrome de Sjögren Líquen plano Anemia Aplástica Crioglobulinemia mista essencial (CME). Glomerulonefrite membrana proliferativa 60% Moderada / Grave 20% CIRROSE em 10-30 anos 75% Compensada 1-4% CHC/ano 25% Descompensada ÓBITO TRANSPLANTE Hepatite crônica pelo HBV: doença hepática dinâmica, de graus de severidade que pode variar de pessoa a pessoa dependendo da interação entre o HBV e o sistema imunológico do hospedeiro. O paciente com infecção crônica pelo HBV pode transitar entre doença ativa ou inativa, dependendo da interação “vírus x hospedeiro” (Figura 2). Os fatores ligados a esta interação são: a. Hospedeiro: idade na aquisição da infecção e interação entre o sistema imunológico e o HBV (resposta inata, resposta celular e resposta humoral); b. Vírus: genótipo, mutação e carga viral. c. Lesão citopática direta causada pelo HBV???? A infecção crônica pelo HBV pode ser classificada em duas categorias, dependendo do status do antígeno “e”: a. HBeAg (+) (HBV tipo selvagem). b. HBeAg (-) (HBV mutante da região pré core ou core promoter). As duas categorias podem levar a cirrose e insuficiência hepática. Fatores de risco para o desenvolvimento do CHC pelo HBV: História familiar de CHC. Presença de cirrose. Infecção adquirida na infância pelo Consumo crônico de álcool. HBV. Sexo masculino Figura 2 . HEPATITE B - ASPECTOS EVOLUTIVOS Infecção Aguda Não conseguem eliminar o HBV após 6 meses de infecção Menos de 10% dos RN 70% dos menores de 5 anos 95-99% dos adolescentes e adultos 1-4% Insuficiência Hepática Aguda 1-90% dos RN 30% dos menores de 5 anos 5% dos adolescente e adultos Óbito em 80% Fase de Imunotolerância: • • • • RN: aos 30-40 anos 1-5 anos:até o início da adolesc HBeAg (+) HBVDNA > 1bilhão copias/ ml ALT Normal Atividade histológica mínima Décadas (15-35 anos) Fase de Imuno-eliminação (Replicativa): • • • • Raro Hepatite B resolvida: • • • • HBsAg (-) antiHBs (+) HBVDNA níveis muito baixo (soro e tecidos) ALT Normal Histologia hepática sem alteração HBeAg (+) anti HBe (-) HBVDNA 100 mil copias/ ml ALT aumentada Aumento atividade histológica, dano hepático progressivo,evoluindo para: 5-10% CHC mutante Raro Hepatite Leve 24-42% Hepatite Moderada/Severa 44-63% Cirrose ativa 10-24% Meses ou anos (5-15% a cada ano dos adultos infectados) Pouco comum Parte dos pacientes 10-20% Fase não replicativa (Portador Inativo): • • • • HBeAg (-) antiHBe (+) HBVDNA < 10 mil copias/ ml ALT Normal persistentemente Resolução das alterações histológica Fase de Imuno-eliminação(ou Replicativa): • • 20-25% • mutante • HBeAg (-) antiHBe (+) HBVDNA < 100 mil copias/ ml ALT flutuante Aumento atividade histológica, dano hepático progressivo, evoluindo para: Hepatite Leve Moderada/Severa Cirrose 4 4º) SOBREVIVÊNCIA NO MEIO AMBIENTE DO VÍRUS EM SUPERFÍCIES DE OBJETOS CONTAMINADOS (agulha, barbeador, escova dental, tesoura, alicate de unha, “pau de laranjeira”, maçaneta, braçadeira, etc.) favorecendo assim, a inoculação indireta através de picada de agulha, corte, ou contato destes em área de pele não íntegra (machucados, queimaduras) ou em mucosa de pessoas susceptíveis. • HBV: é estável até 7 dias em superfícies a temperatura ambiente. • HCV: é estável por um período de 16 h até 4 dias em superfícies a temperatura ambiente. O risco de infecção através do contato com objetos contaminados é de: 5-40% pelo HBV (pessoas não vacinadas); 3-10% pelo HCV e 0,2-0,5% pelo HIV 5º) IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE: • Permitir o acompanhamento médico com tratamento adequado quando necessário, a fim de reduzir a probabilidade da : a. evolução para Cirrose, Carcinoma Hepatocelular e Insuficiência Hepática terminal melhorando a sobrevida e qualidade de vida do paciente; b. transmissão para outra pessoa. • Como é feito? Com a triagem sorológica: antiHCV e AgHBs + HBcTotal. • Onde? 1. CTA Municipal 2. USF/UBS 3. Bancos de Sangue (triagem obrigatória) Pacientes com alto grau de imunodeficiência pode apresentar resultados falso negativo ao antiHCV ou HBsAg. Paciente infectado pelo HIV com quadro clínico ou laboratorial sugestivo de hepatite viral com sorologia repetidamente negativa, após descartar outros diagnósticos, realizar HCVRNA e HBVDNA. A QUEM OFERECER SOROLOGIA DE TRIAGEM? UDI ou inaláveis; indivíduos transfundidos ou transplantados anteriores ao ano de 1993; hemofílicos,hepatopatas e nefropatas crônicos, imunodeprimidos; vítimas de abuso sexual e de acidente ocupacional com exposição percutânea ou de mucosas; contatos domiciliares de portadores de HCV e HBV; pacientes com HIV; pessoas com contatos sexuais com múltiplos parceiros ou com parceiros sabiamente portadores do HCV e HBV; pessoas que realizaram tatuagem, piercings, acupuntura, procedimentos de manicura, pedicura e odontológicos sem adequada biossegurança; gestantes. assintomático com ALT aumentado e paciente ictérico. pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátrico, instituições de menores, forças armadas,etc.) carcereiros de delegacias e penitenciárias, bombeiros, policiais militares, civis e rodoviários, profissionais envolvidos em atividades de resgate; coletores de lixo hospitalar e domiciliar. 6º) SUBNOTIFICAÇÃO Notificação: É a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes. Objetivo: Desencadear o processo de informação – decisão - ação, aumentando assim a tomada de decisão oportuna + eficiente + eficaz para o controle ou erradicação do agravo. • Todos os casos suspeitos devem ser notificados na Ficha do SINAN. • Para cada doença que necessite de investigação existe uma ficha específica a ser preenchida. • Seu preenchimento deve registrar, com o máximo de exatidão possível, as informações de todos os seus campos (mesmo quando a informação for negativa) inclusive resultado e data da sorologia. • A letra deverá ser legível. • Todos os casos de Hepatites Virais devem ser notificados/investigados na ficha de investigação (FI) do SINAN e encaminhados ao órgão responsável pela Vigilância Epidemiológica. 5 No ano de 2009, 91% das sorologias reagentes ao antiHCV, HBcTotal e HBsAg realizadas no LACEN-PB não foram notificadas.Ver Figura 3. Figura 3. Número e proporção de sorologias reagentes ao antiHCV, HBcTotal e HBsAg realizadas no LACENPB, notificadas (not) e não notificadas (não not). Paraíba 2009. FONTE: RELATÓRIO DE CONSOLIDADOS JAN-DEZ/09 LACEN-PB SETOR-HEPATITE e SINAN-SES-PB. OBS:DADOS RETIRADOS DO SINAN EM 15/01/10, SUJEITO A ALTERAÇÃO. * Não estão incluidos os pacientes com HBsAg (+) + antiHCV (+), estes estão totalizados no antiHCV. **Não estão incluídos os pacientes com HBsAg (+) + antiHBc Total (+), estes estão totalizados em HBsAg. A figura 4 mostra a distribuição proporcional por alguns serviços de saúde e gerencias regionais de saúde onde foram solicitadas as sorologias reagentes não notificadas realizadas no LACEN-PB no ano de 2009. Figura 4. Proporção do Total (n=703) das sorologias reagentes ao HBcTot, HBsAg e antiHCV não notificadas, realizadas no LACEN-PB, por unidade solicitadora. Brasil, PB JAN - MAI/2009. Outras GRS 8% Outros 1ªGRS 23% (n=160) (n=59) Hemoc 19% (n=133) COAS 27% (n=190) C Fraga FONTE: Relatório de Consolidados do LACEN-PB 2009 Setor Hepatite e SINAN-SES-PB. Dados retirados do SINAN-SES –PB em 15/01/10, SUJEITO A ALTERAÇÃO. 23% (n=161) Conclusão: • Os portadores do HBV e HCV somente são descobertos por acaso, pois 69% das sorologias para hepatite B e C foram solicitadas nos serviços de triagem e de referência (CTA/COAS, Hemocentro e Clementino Fraga). ”Silêncio” dos municípios da PB na procura dos portadores do HBV e HCV. • Não conhecemos a verdadeira situação da incidência/prevalência das Hepatites virais B e C, 91% das sorologias reagentes realizadas no LACEN-PB não foram notificadas. Com as técnicas de biologia molecular podem-se detectar seqüências dos genomas virais em amostras de soros e tecidos. Estas técnicas possibilitam o estudo direto da presença do vírus. O exame de biologia molecular realizado na infecção pelo HBV é o HBVDNA. É solicitado no diagnóstico da viremia (em alguns casos), nas decisões terapêuticas e durante o monitoramento da resposta terapêutica e emergência de resistência ao tratamento. Os exames de biologia molecular realizados na infecção pelo HCV são: HCVRNA qualitativo (solicitado no diagnóstico de viremia; no monitoramento de resposta ao tratamento; na avaliação da resposta virológica sustentadaRVS; no diagnóstico precoce de infecção por exposição percutânea ou mucosa e transmissão materno fetal; no diagnóstico de infecção nos imunossuprimidos), Genotipagem (para esclarecer o genótipo do HCV e definir tratamento) e o HCV quantitativo solicitado no pré- tratamento do Genótipo 1 e como fator preditivo no tratamento . Do total dos pacientes (n=157) que realizaram exames de biologia molecular para hepatites virais no ano de 2009 no estado da Paraíba, 88% (n=138) foi para hepatite C e 12% (n=19) para hepatite B. Deste total de pacientes (n=157) que realizaram exames de biologia molecular para hepatites virais no ano de 2009, somente 23% (n=36) foram notificados, 77% (n=121) dos pacientes não foram notificados. Ver figuras 5 e 6. 6 Fig 6 - Nº e % do Toata l(n=157) de pacientes que realizaram Biologia Molecular no LACEN PB* not e não not, 2009. Fig 5 - Nº e % do Total(n=157) de pacientes que realizaram B. Molecular no LACEN-PB*, 2009. Notificado HBVDNA 12% (n=19) HCVQUAL HCVQUAN GENHCV 88% (n=138) 23% (n=36) Não Notificado 77% (n=121) FONTE: Relatório de Biologia Molecular do LACEN-PB 2009 e SINAN-SES-PB. Dados retirados do SINAN-SES-PB em 15/01/10, SUJEITO A ALTERAÇÃO.*Estes exames são coletados no LACEN-PB e realizados no LACEN-BA. Do total dos pacientes (n=174) que receberam medicação para o tratamento de hepatite viral crônica pelo CEDMEX em 2009, 84% eram portadores do HCV e 16% do HBV. Deste total, 84% não foram notificados.Ver figura 7 e 8. Fig 7 - Nº e % do Total (n=174) de pacientes que receberam medicação no CEDMEX-PB por classificação etiológica em 2009. Hep B Crônica 16% (n=27) Fig 8 - Nº e % do Total (n=174) de pacientes que receberam medicação no CEDMEX-PB not e não not, 2009. Notificado 16% (n=28) Não Notificado 84% (n=146) Hep C Crônica 84% (n=147) FONTE: Relatório do CEDEMEX 2009 e SINAN-SES-PB. Dados retirados do SINAN-SES-PB em 15/01/10, SUJEITO A ALTERAÇÃO. 7º) QUALIDADE DO BANCO DE DADOS DO SINAN A maior parte (66,5%) das notificações de hepatites virais da Paraíba no ano 2008 ocorreu na Iª macro regional de saúde onde se localiza o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), o CTA do município de João Pessoa e o Hemocentro, serviços de referência e de triagem para as hepatites virais. A IIª, IIIª e IVª macros apresentaram um percentual baixo de notificações de hepatites virais, demonstrando assim a baixa triagem para hepatites virais realizada pelos municípios da Paraíba em 2008. (Ver Fig 9) Os municípios da Iª macro: Belém (7%), João Pessoa (6%); da IIIª macro Conceição (6%) e da IVª Lastro (7%), se destacaram por ter ocorrido um surto de hepatite A nos referidos municípios no ano de 2008. Figura 9. Distribuição das notificações de hepatites virais por macro regional de saúde e algumas unidades de saúde notificadora, segundo município de notificação da Paraíba, ano 2008. OUTROS MUN 43 - 3% LASTRO 101 - 7% 1ª macro 66,5% % Notificações 2008 por Macro regional de saúde 2ª macro 11,6% 3ª macro 11,6% 4ª macro 10,2% OUTROS MUN 84 - 6% HU JP 221 - 16% CONCEIÇÃO 81 - 6% HEMOC 130 - OUTROS MUN 157 - 11% HU CG 8 - 1% TOTAL NOTIFICAÇÕES 2008 = 1417 OUTROS MUN 252 - 17% CTA/DST 135 - 10% CLEMENT 14 - 1% CTA/COAS 6 - 0% JP BELEM 80 - 6% 105 - 7% FONTE: SINAN SES PB 7 No ano de 2008, 39,9% das notificações de hepatites virais não chegaram a ser investigadas adequadamente, pois 34,4% foram encerradas como inconclusiva e 4,9% como ignorada no item Classificação Final. Ver Figura 10. Figura 10. Distribuição das notificações de hepatites virais por classificação final/ macro regional de saúde, segundo município de residência da Paraíba, ano 2008 % Notificação 2008 por Classificação Final Conf Lab 37,9% Inconc 34,4 4ªmacro 3ªmacro8 -1% 16 -1% 2ªmacro 1 -0% 1ªmacro 44 -3% 4ªmacro 40 -3% Conf ClinEpid 4,0% Cic Sor 7,3% Ign/Br 4,9% Desc 11,4% 3ªmacro 29 -2%4ªmacro 2ªmacro 27 -2% 21 -1% TOTAL NOTIFICAÇÕES 2008 = 1417 1ªmacro 85 -6% 1ªmacro 372 - 26% 3ªmacro 98 -7% 2ªmacro 63 -4% 1ªmacro 287 -20% 2ª ,3 e 4ªmacro 0% 2ªmacro 72 -5% 3ªmacro 4ªmacro 21 -1% 72 -5% 1ªmacro 1ªmacro 103 -7% 43 -3% 2ª,3ª e 4ªmacro 0% FONTE: SINAN SES PB Responsável Técnico: Veronica Maria Soares de Albuquerque. Medicina Preventiva e Social – CRM 4068 [email protected] REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. __________, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Roteiro para uso de SINAN NET, Análise da qualidade da base de dados e Cálculo de indicadores epidemiológicos e operacionais – Hepatites Virais. Brasília, 2008. __________, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Material instrucional para capacitação em vigilância epidemiológica das Hepatites Virais. Brasília, 2008. __________, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de exposição ocupacional: Recomendações para atendimento e acompanhamento de exposição ocupacional a material biológico: HIV e Hepatite B e C. Brasília, 2004. VERONESI. Tratado de Infectologia 3ª ed./ editor cientifico Focaccia. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. __________, Sociedade Brasileira de Infectologia. I Consenso da Sociedade Brasileira de Infectologia para o Manuseio e Terapia da Hepatite C. São Paulo: Office Editora e Publicidade Ltda. 2008. _____, Sociedade Brasileira de Infectologia. The Brazilian Journal of Infectious Diseases. An Official Publication of the Brazilian Society of Infectious Diseases. I Consenso da Sociedade Brasileira de Infectologia para o Diagnóstico e Manuseio da Hepatite B (e Delta). Bahia: Volume 10. Suplemento 1. Agosto 2006 ISSN 1413. SITES CONSULTADOS Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde http://www.saude.gov.br/svs Programa Nacional de DST/AIDS e Hepatites Virais http://www.aids.gov.br Sociedade Brasileira de Hepatologia http://www.sbh.org.br Sociedade Brasileira de Infectologia http://www.sbi.com.br Organização Pan-Americana da Saúde http://www.paho.org Organização Mundial da Saúde http://www.who.int 8