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Prevalência de sintomas depressivos em crianças e adolescentes
do Colégio Dehon de Tubarão. Ciências Médicas e da Saúde.
1
Cunha
Samuel Cargnin
2
Luissaulo Cunha
1Aluno
Bolsista
(PUIC), MEDICINA-TUBARÃO
2Professor Orientador
Introdução
Resultados
Vários fatores estão envolvidos na gênese da depressão; dentre os mais
importantes estão: alterações em nível de neurotransmissores, desregulações
neuroendócrinas, hereditariedade, acontecimentos vitais e estresses ambientais1.
Segundo o DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais),
alguns sintomas deverão ser considerados para o diagnóstico do paciente com
transtorno depressivo maior. Os sintomas são: humor deprimido ou irritável, anedonia,
perda ou ganho significativo de peso, agitação ou retardo psicomotor, insônia ou
hipersonia, fadiga, sentimento de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada,
capacidade diminuída de pensar e concentrar-se e pensamento de morte recorrente
ou ideação suicida. Desses sintomas, cinco deverão estar presentes por um período
maior que duas semanas, e um pelo menos, deverá ser humor irritável e deprimido, ou
anedonia5.
Em crianças e adolescentes, os estudos em relação a essa doença são recentes 6.
Apenas na década de 1970, trabalhos sobre depressão infantil começaram a ser
publicados4. Acreditava-se que esse transtorno fosse raro, ou até mesmo inexistente
na infância6. Além disso, estudos demonstram a similaridade de prevalência de
depressão em crianças, adolescentes e adultos4.
Segundo a Organização Mundial de Saúde 20% das crianças brasileira têm
diagnóstico confirmado de depressão. Em um de seus estudo, Bahs, encontrou uma
prevalência de depressão maior de 0,4 a 3,0% em crianças e de 3,3 a 12,4% em
adolescentes6.
Durante o primeiro semestre de 2008, através da aplicação do Children´s Depression
Inventory(CDI), entre as crianças e adolescentes do Colégio Dehon de Tubarão foi
observado que, das 86 investigadas, 5 apresentaram escore maior ou igual a 18(ponto de
corte) o que corresponde à 5,8% dos alunos de 5a a 8a série conforme ilustrado no gráfico
1. Na amostra populacional do estudo houve predominância do gênero masculino (55,81%)
sobre o feminino (44,18%). Em relação à distribuição da amostra por idades, houve
Baptista et al. Mediram a prevalência de depressão nos estudantes do ensino médio de
uma escola estadual de Mogi Guaçu no interior do Estado de São Paulo. Participaram do
estudo 154 adolescentes com idades entre 14 e 17. Eles observaram que nove adolescentes
ultrapassaram o ponto de corte do CDI, totalizando 5,4% da amostra total com possível
diagnóstico de depressão10.
Dell’anglio realizou um estudo utilizando o questionário do CDI em crianças e
adolescentes de escolas públicas do interior de Porto alegre e Viamão no Estado do Rio
Grande do Sul. O objetivo do estudo foi medir a prevalência de depressão entre os
estudantes. Participaram desse estudo 215 crianças e adolescentes com idades entre 7 e 15
anos. Foram identificados treze participantes com provável diagnóstico de depressão, ou
seja, 6% dos entrevistados11.
Foram encontrados poucos trabalhos a respeito da prevalência de depressão em crianças
e adolescente acometidos por ela. Segundo a OMS, a depressão atinge 20% das crianças
brasileiras7.
Estudos demonstraram que as crianças que sofrem de depressão possuem um baixo
nível intelectual e um baixo rendimento escolar8. Além disso, o suicídio é muito mais comum
entre aqueles que têm depressão. Em um trabalho realizado com famílias norte-americanas,
observou-se que 92% dos suicídios ocorreram em indivíduos com desordem no
temperamento tal como a depressão13.
Achamos importante a realização deste trabalho, pois foram encontrados poucos estudos
em Santa Catarina a respeito da prevalência de depressão em crianças. Além disso, crianças
e adolescentes com depressão possuem índices maiores de repetência escolar e suicídios,
quando comparados com crianças sem essa doença8,13.
Objetivos
Avaliar a prevalência de sintomas depressivos em crianças e adolescentes do colégio
Dehon e relacionar a idade e gênero das crianças e adolescentes com o ponto de corte do
CDI.
Metodologia
Estudo Observacional, de caráter analítico e delineamento transversal. Participaram da
pesquisa os alunos do Colégio Dehon, de 10 a 14 anos de ambos os sexos. Para a coleta de
dados foi utilizado o Chidren´s Depression Inventory (CDI), que é um questionário padrão
utilizado para avaliar a depressão em crianças e adolescentes de 7 a 17 anos de idades.
Este questionário (CDI) é composto de 20 itens. Para cada item é atribuído um escore que
com a soma dos escores de todos os itens, obtém-se o escore total para cada criança ou
adolescente. Após termos feito a soma de todos os itens do questionário para cada um dos
investigados, calculamos o ponto de corte do nosso estudo. O ponto de corte do nosso
estudo foi de 18 pontos. Todas aquelas que igualaram ou ultrapassaram esse valor definido,
foram enquadradas como tendo um possível diagnóstico depressivo.
Foi criado um banco de dados através do programa Epidata versão 3.1 com posterior
análise através do programa Epi-Info 6.04. O termo de consentimento informado e
esclarecido para conhecimento e concordância foi encaminhado aos pais ou responsáveis
através dos alunos anteriormente à aplicação do questionário. Foram encaminhados para
todos os alunos de 5ª a 8ª série estudantes do Colégio Dehon de Tubarão totalizando 255
estudantes. Do total 90 preencheram o questionário. Desses, 4 foram excluídos por incorreto
preenchimento. O projeto foi aprovado pelo CEP-UNISUL.
predominância dos indivíduos de 12 e 13 anos (30,2%).
Gráfico 1.
Tabela 1
Tabela 2
Prevalência de sintomas depressivos em
alunos de 5ª a 8ª série do colégio Dehon,
Tubarão.
Sim
5,8%
Não
Sim
Não
94,2%
A tabela 1 apresenta a distribuição dos sujeitos que, de acordo com o CDI, obtiveram
escore maior que 18 de acordo com a idade. A idade que apresentou maior significância em
relação ao ponto de corte foi a de 13 anos (15,3%) seguida pela idade de 12 anos (4%).
Ao ser feita a análise do gênero das crianças e adolescentes de acordo com o ponto de
corte do CDI, foi notado que houve uma prevalência maior do gênero feminino. Dos sujeitos
que obtiveram escore maior que 18 pontos 8,3% eram do gênero feminino e 2,6% do
masculino. (tabela 2).
Conclusões
O reconhecimento oficial da depressão entre crianças e adolescentes é recente. Sendo
assim, na atualidade não existem dúvidas sobre sua existência e da sua importância como
problema de saúde pública. Sendo inevitável seu reconhecimento e sua especial atenção
por parte de clínicos e de profissionais ingressados na área da saúde para obter-se um
diagnóstico e tratamento precoce.
Em nossa pesquisa, dos 86 submetidos ao questionário 5,8% apresentaram escore
indicativos de sintomatologia depressiva, sendo os alunos entre 12 e 13 anos apresentaram
maior prevalência de sintomas depressivos. Os dados encontrados no nosso estudo estão
em concordância com a literatura e reiteram a importância dos quadros depressivos entre
crianças e adolescentes.
Concluímos, então, que o estudo da manifestação de sintomas depressivos em crianças
e adolescentes pode ser uma importante ferramenta para melhorar a qualidade de vida das
crianças brasileiras, pois trata-se de um tema de saúde pública, visto que essa
sintomatologia está associada a vários problemas de saúde mental.
Bibliografia
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2. Benedete JC, Goldman L. Cecil: Tratado de medicina interna. 21. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. cap 250, p 285-286
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8. Fava R. Pais e professores ignoram sintomas de depressão infantil. Disponível em:
<http://www.unicamp.br/unicamp_hoje/ju/agosto2003/ju224ppg04> Acesso em: 01 out 2005.
9. Barbosa, G.A e cols. Depressão infantil: um estudo de prevalência com o CDI. Infanto-Rev. Neuropisiq. da Inf e Adol. 4(3): 36-40, 1996.
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11. Dell’Aglio DD, Hutz CS. Depressão e desempenho escolar em crianças e adolescentes institucionalizados. Psicologia: reflexão e crítica, 2004,
17(3), p 341-350.
12. Golfeto HJ, Veiga MH, Souza LD, Barbeira C. Propriedades psicométricas do inventário de depressão infantil (CDI) aplicado em uma amostra de
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13. Bueno EP. O suicídio entre adolescentes americanos. Disponível em: 2001-2004
Apoio Financeiro: Unisul
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