Hal R. Varian Intermediate Microeconomics, 8th edition Capítulo 31 Tradução: Sergio Da Silva Equilíbrio Geral: Troca Troca Dois consumidores, A e B. Suas dotações dos bens 1 e 2 são A A A e B ( B , B ). ( 1 , 2 ) 1 2 Por exemplo: A ( 6,4 ) e B ( 2, 2). As quantidades totais disponíveis A B são 1 1 6 2 8 unidades do bem 1 e 2A 2B 4 2 6 unidades do bem 2 Troca Edgeworth e Bowley inventaram um diagrama, chamado de caixa de Edgeworth, para mostrar todas as possíveis alocações das quantidades disponíveis dos bens 1 e 2 entre os dois consumidores. Montando uma Caixa de Edgeworth Montando uma Caixa de Edgeworth A B Largura = 1 1 6 2 8 Montando uma Caixa de Edgeworth Altura = A B 2 2 4 2 6 A B Largura = 1 1 6 2 8 Montando uma Caixa de Edgeworth Altura = A B 2 2 4 2 6 As dimensões da caixa são as quantidades disponíveis dos bens A B Largura = 1 1 6 2 8 Alocações Factíveis Que alocações das 8 unidades do bem 1 e das 6 unidades do bem 2 são factíveis? Como podemos representar todas as alocações factíveis no diagrama da caixa de Edgeworth? Alocações Factíveis Que alocações das 8 unidades do bem 1 e das 6 unidades do bem 2 são factíveis? Como podemos representar todas as alocações factíveis no diagrama da caixa de Edgeworth? Uma alocação factível é a alocação de antes da troca, i.e. a alocação da dotação. A Alocação da Dotação Altura = A B 2 2 4 2 6 A alocação da dotação é A ( 6,4 ) e B ( 2, 2). A B Largura = 1 1 6 2 8 A Alocação da Dotação Altura = A B 2 2 4 2 6 A ( 6,4 ) B A B Largura = 1 1 6 2 8 ( 2, 2) A Alocação da Dotação OB 6 OA 8 A ( 6,4 ) B ( 2, 2) A Alocação da Dotação OB 6 4 OA A ( 6,4 ) 6 8 A Alocação da Dotação 2 OB 2 6 4 OA 6 8 B ( 2, 2) A Alocação da Dotação 2 OB 2 6 Alocação da dotação 4 OA 6 8 A ( 6,4 ) B ( 2, 2) A Alocação da Dotação De modo mais geral, … A Alocação da Dotação B 1 OB B 2 A 2 B 2 A 2 OA Alocação da dotação A 1 1A 1B Outras Alocações Factíveis A A ( x1 , x 2 ) denota uma alocação do consumidor A. B B ( x1 , x 2 ) denota uma alocação do consumidor B. Uma alocação é factível se e somente se A B A B x1 x1 1 1 e A B A B x2 x2 2 2 . Realocações Factíveis xB 1 A 2 xB 2 B 2 OB A x2 OA x1A A B 1 1 Realocações Factíveis xB 1 B x2 A 2 B 2 OB A x2 OA x1A 1A 1B Realocações Factíveis Todos os pontos da caixa, incluindo a fronteira, representam alocações factíveis das dotações combinadas. Realocações Factíveis Todos os pontos da caixa, incluindo a fronteira, representam alocações factíveis das dotações combinadas. Que alocações serão vetadas por um ou por ambos os consumidores? Que alocações tornam a situação dos dois consumidores melhor? Adicionando Preferências à Caixa A x2 Para o consumidor A. A 2 OA 1A x1A Adicionando Preferências à Caixa A x2 Para o consumidor A. A 2 OA 1A x1A Adicionando Preferências à Caixa B x2 Para o consumidor B. B 2 OB 1B xB 1 Adicionando Preferências à Caixa B x2 Para o consumidor B. B 2 OB 1B xB 1 Adicionando Preferências à B Caixa 1 B x1 Para o consumidor B. OB B 2 xB 2 Adicionando Preferências à Caixa A x2 Para o consumidor A. A 2 OA 1A x1A Adicionando Preferências à Caixa A x2 B x1 1B OB B 2 A 2 OA 1A x1A B x2 A x2 Caixa de Edgeworth B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Melhoramento de Pareto Uma realocação da dotação que aumenta o bem-estar de um consumidor sem reduzir o bem-estar do outro é uma alocação de melhoramento de Pareto. Onde se encontram as alocações de melhoramento de Pareto? A x2 Caixa de Edgeworth B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Melhoramentos de Pareto A x2 B 1 xB 1 2B 2A OA Conjunto de alocações de melhoramento de Pareto OB A 1 A x1 xB 2 Melhoramentos de Pareto Já que cada consumidor pode se recusar a trocar, os únicos possíveis resultados da troca são alocações de melhoramento de Pareto. Mas que alocação de melhoramento de Pareto particular será o resultado da troca? Melhoramentos de Pareto A x2 B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 Conjunto de realocações de melhoramento de Pareto A x1 xB 2 Melhoramentos de Pareto Melhoramentos de Pareto Melhoramentos de Pareto A troca aumenta tanto o bem-estar de A como o de B. Isto é um melhoramento de Pareto em relação à alocação da dotação. Melhoramentos de Pareto A região de novos ganhos mútuos da troca é o conjunto de todas as realocações adicionais de melhoramento de Pareto. A troca aumenta tanto o bem-estar de A como o de B. Isto é um melhoramento de Pareto em relação à alocação da dotação. Melhoramentos de Pareto Agora a troca adicional não pode aumentar o bemestar de ambos, A e B. Otimalidade de Pareto Melhor para o consumidor A Melhor para o consumidor B Otimalidade de Pareto A estritamente melhora, mas B estritamente piora Otimalidade de Pareto A estritamente melhora mas B estritamente piora B estritamente melhora, mas A estritamente piora Otimalidade de Pareto AeB pioram A estritamente melhora mas B estritamente piora B estritamente melhora mas A estritamente piora Otimalidade de Pareto AeB pioram A estritamente melhora mas B estritamente piora B estritamente melhora mas A estritamente piora AeB pioram Otimalidade de Pareto A alocação é um ótimo de Pareto porque a única maneira de aumentar o bemestar de um consumidor é reduzindo o do outro. Otimalidade de Pareto Uma alocação onde curvas de indiferença convexas se tangenciam é Pareto-ótima. A alocação é um ótimo de Pareto porque a única maneira de aumentar o bemestar de um consumidor é reduzindo o do outro. Otimalidade de Pareto Onde se encontram todas as alocações ótimas de Pareto da dotação? Otimalidade de Pareto A x2 B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Otimalidade de Pareto A x2 Todas as alocações marcadas com são Pareto-ótimas. B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Otimalidade de Pareto A curva de contrato é o conjunto de todas as alocações ótimas de Pareto. Otimalidade de Pareto A x2 Todas as alocações marcadas com um são Pareto-ótimas. B 1 xB 1 2B 2A OA Curva de contrato OB A 1 A x1 xB 2 Otimalidade de Pareto Mas para qual das muitas alocações sobre a curva de contrato os consumidores vão se dirigir através da troca? Isto depende de como a troca é conduzida. Em mercados perfeitamente competitivos? Através da barganha individualizada? A x2 O Core B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 Conjunto de realocações de melhoramento de Pareto A x1 xB 2 A x2 O Core B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 O Core A x 2 Trocas Pareto-ótimas vetadas por B xB 1 B 1 2B 2A OA OB A 1 Trocas Pareto-ótimas vetadas por A A x1 xB 2 A x2 O Core Trocas Pareto-ótimas não vetadas por A ou B B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 A x2 O Core Trocas Pareto-ótimas não vetadas por A ou B são o core. B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 O Core O core é o conjunto de todas as alocações ótimas de Pareto que aumentam o bem-estar de ambos os consumidores em relação a suas próprias dotações. A troca racional deve atingir uma alocação do core. O Core Mas qual alocação do core? De novo, isto depende da maneira como a troca é conduzida. Troca em Mercados Competitivos Considere a troca em mercados perfeitamente competitivos. Cada consumidor é um tomador de preço tentando maximizar sua própria utilidade dados p1, p2 e sua própria dotação. Isto significa que... xA 2 Troca em Mercados Competitivos Para o consumidor A. A A p1x1A p2x A p p 2 1 1 2 2 *A x2 A 2 OA x*1A 1A x1A Troca em Mercados Competitivos Assim, dados p1 e p2, as demandas líquidas do consumidor A pelas mercadorias 1 e 2 são *A A x1 1 e *A A x2 2 . Troca em Mercados Competitivos E, analogamente, para o consumidor B… xB 2 Troca em Mercados Competitivos Para o consumidor B. B B B p1xB p x p p 1 2 2 1 1 2 2 B 2 x*2B OB 1B x*1B xB 1 Troca em Mercados Competitivos Assim, dados p1 e p2, as demandas líquidas do consumidor B pelas mercadorias 1 e 2 são *B B *B B e x x1 1 2 2. Troca em Mercados Competitivos O equilíbrio geral ocorre quando os preços p1 e p2 equilibram ambos os mercados pelas mercadorias 1 e 2: *A *B A B x1 x1 1 1 e *A *B A B x2 x2 2 2 . A x2 Troca em Mercados Competitivos B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 A x2 Troca em Mercados Competitivos xB 1 Esta alocação Pareto-ótima pode ser obtida? B 1 OB 2B 2A OA A 1 A x1 xB 2 A x2 Troca em Mercados Competitivos xB 1 Restrição orçamentária para o consumidor A B 1 OB 2B 2A OA A 1 A x1 xB 2 A x2 Troca em Mercados Competitivos xB 1 *A x2 Restrição orçamentária para o consumidor A B 1 OB 2B 2A OA *A x1 A 1 A x1 xB 2 A x2 Troca em Mercados Competitivos B 1 xB 1 *A x2 2B 2A OA OB *A x1 A 1 Restrição orçamentária para o consumidor B A x1 xB 2 A x2 Troca em Mercados Competitivos *B x1 B 1 xB 1 OB *B x2 *A x2 2B 2A OA *A x1 A 1 Restrição orçamentária para o consumidor B A x1 xB 2 A x2 Troca em Mercados Competitivos *B x1 B 1 xB 1 OB *B x2 *A x2 2B 2A OA *A x1 Mas x*1A x*1B 1A 1B A 1 A x1 xB 2 A x2 Troca em Mercados Competitivos *B x1 B 1 xB 1 OB *B x2 *A x2 OA e 2B 2A *A x1 *A *B A B x2 x2 2 2 A 1 A x1 xB 2 Troca em Mercados Competitivos Assim, aos preços dados p1 e p2, existe um – excesso de oferta da mercadoria 1 – excesso de demanda da mercadoria 2. Nenhum mercado se equilibra, de modo que os preços p1 e p2 não levam ao equilíbrio geral. Troca em Mercados Competitivos A x2 Assim, esta alocação Pareto-ótima não pode ser atingida pela troca competitiva. B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Troca em Mercados Competitivos A x2 Que alocações Pareto-ótimas podem ser alcançadas pela troca competitiva? B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Troca em Mercados Competitivos Como há um excesso de demanda pela mercadoria 2, p2 aumentará. Como há um excesso de oferta da mercadoria 1, p1 se reduzirá. Como a inclinação das restrições orçamentárias é - p1/p2, elas girarão em torno do ponto de dotação e ficarão menos inclinadas. Troca em Mercados Competitivos A x2 Que alocações Pareto-ótimas podem ser alcançadas pela troca competitiva? B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Troca em Mercados Competitivos A x2 Que alocações Pareto-ótimas podem ser alcançadas pela troca competitiva? B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Troca em Mercados Competitivos A x2 Que alocações Pareto-ótimas podem ser alcançadas pela troca competitiva? B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Troca em Mercados Competitivos A x2 Restrição orçamentária para o consumidor A B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Troca em Mercados Competitivos A x2 Restrição orçamentária para o consumidor A B 1 xB 1 x*2A OB 2B 2A OA *A x1 A 1 A x1 xB 2 A x2 Troca em Mercados Competitivos B 1 xB 1 x*2A OB 2B 2A OA *A x1 A 1 Restrição orçamentária para o consumidor B A x1 xB 2 A x2 Troca em Mercados Competitivos *B x1 B 1 xB 1 OB x*2B x*2A 2B 2A OA *A x1 A 1 Restrição orçamentária para o consumidor B A x1 xB 2 A x2 Troca em Mercados Competitivos *B x1 B 1 xB 1 OB x*2B x*2A 2B 2A OA *A x1 *A *B A B Assim, x1 x1 1 1 A 1 A x1 xB 2 A x2 Troca em Mercados Competitivos *B x1 B 1 xB 1 OB x*2B x*2A 2B 2A OA *A x1 *A *B A B e x2 x2 2 2 A 1 A x1 xB 2 Troca em Mercados Competitivos Aos novos preços p1 e p2, ambos os mercados se equilibram: há equilíbrio geral. A troca através de mercados competitivos atinge uma particular alocação Pareto-ótima das dotações. Este é um exemplo do Primeiro Teorema Fundamental da Economia do Bem-Estar. Primeiro Teorema Fundamental da Economia do Bem-Estar Se as preferências dos consumidores forem bem comportadas, a troca em mercados perfeitamente competitivos leva a uma alocação Pareto-ótima da dotação da economia. Segundo Teorema Fundamental da Economia do Bem-Estar O Primeiro Teorema é seguido de um segundo que afirma que qualquer alocação Pareto-ótima (i.e. qualquer ponto da curva de contrato) pode ser alcançada pela troca em mercados competitivos, desde que as dotações sejam, de início, apropriadamente rearranjadas entre os consumidores. Segundo Teorema Fundamental da Economia do Bem-Estar Se as preferências dos consumidores forem bem comportadas, para qualquer alocação Pareto-ótima existem preços e uma alocação da dotação total que tornam a alocação Pareto-ótima implementável pela troca em mercados competitivos. Segundo Teorema Fundamental A x2 B 1 xB 1 2B 2A OA Curva de contrato OB A 1 A x1 xB 2 Segundo Teorema Fundamental A x2 *B x1 xB 1 B 1 *A x2 2A OA OB *B x2 2B *A x1 A 1 A x1 xB 2 Segundo Teorema Fundamental A x2 Implementada pela troca competitiva da dotação . *B x1 xB 1 B 1 *A x2 2A OA OB *B x2 2B *A x1 A 1 A x1 xB 2 Segundo Teorema Fundamental A x2 Esta alocação pode ser implementada por uma troca competitiva a partir de ? B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Segundo Teorema Fundamental A x2 Esta alocação pode ser implementada por uma troca competitiva a partir de ? Não. B 1 xB 1 2B 2A OA OB A 1 A x1 xB 2 Segundo Teorema Fundamental A x2 Mas esta alocação pode ser implementada pela troca competitiva a partir de q. B q1 xB 1 A q2 OA OB B q2 A q1 A x1 xB 2 Lei de Walras A lei de Walras é uma identidade, uma afirmação que é verdadeira para quaisquer preços positivos (p1,p2), quer estes sejam ou não de equilíbrio. Lei de Walras As preferências de todos os consumidores são bem comportadas e, então, para quaisquer preços positivos (p1,p2), cada consumidor gasta todo o seu orçamento. Para o consumidor A: p1x*1A p2x*2A p1 1A p2 2A Para o consumidor B: p1x*1B p2x*2B p1 1B p2 2B Lei de Walras p1x*1A p2x*2A p1 1A p2 2A p1x*1B p2x*2B p1 1B p2 2B Resumindo, temos p1 ( x*1A x*1B ) p 2 ( x*2A x*2B ) p1 ( 1A 1B ) p2 ( 2B 2B ). Lei de Walras p1 ( x*1A x*1B ) p 2 ( x*2A x*2B ) p1 ( 1A 1B ) p2 ( 2B 2B ). Rearranjando: p1 ( x*1A x*1B 1A 1B ) p 2 ( x*2A x*2B 2A 2B ) 0. Ou seja, ... Lei de Walras *A *B A B p1 ( x1 x1 1 1 ) *A *B A B p 2 ( x 2 x 2 2 2 ) 0. Isto diz que a soma dos valores de mercado dos excessos de demanda é zero para quaisquer preços positivos p1 e p2: esta é a lei de Walras. Implicações da Lei de Walras Suponha que o mercado da mercadoria A esteja em equilíbrio: *A x1 *B x1 A 1 B 1 0. Então *A *B A B p1 ( x1 x1 1 1 ) *A *B A B p 2 ( x 2 x 2 2 2 ) implica *A x2 *B x2 A 2 B 2 0. 0 Implicações da Lei de Walras Assim, uma implicação da lei de Walras para uma economia de troca de duas mercadorias é que, se um mercado estiver em equilíbrio, então o outro mercado também deve estar em equilíbrio. Implicações da Lei de Walras E se, para alguns preços positivos p1 e p2, houver uma quantidade oferecida em excesso da mercadoria 1? Ou seja, *A x1 Então *B x1 A 1 B 1 0. *A *B A B p1 ( x1 x1 1 1 ) *A *B A B p 2 ( x 2 x 2 2 2 ) implica *A x2 *B x2 A 2 B 2 0. 0 Implicações da Lei de Walras Assim, uma segunda implicação da lei de Walras, para uma economia de troca de duas mercadorias, é que um excesso de oferta em um mercado implica um excesso de demanda no outro mercado.