CONCEITUALIZAÇÃO DE BRASIL NA FALA DE ULYSSES GUIMARÃES: POR UMA ANÁLISE LINGUÍSTICO-COGNITIVA DO DISCURSO Vitor Cordeiro Costa (PROMEL/UFSJ) Este trabalho apresenta os resultados parciais de uma investigação sobre a ponte entre discurso e cognição, embasada no estudo de um texto político com o tema da mudança, isto é, o discurso de promulgação da Constituição Federal de 1988. Nossa proposta se justifica pelo fato de que um dos recentes desafios da linguística cognitiva (LC) tem sido estudar a linguagem imbricada nos processos de cooperação na construção de sentido. Com isso, as novas questões nos estudos da cognição adjetivam de modo significativo os passos dados pela análise crítica do discurso (ACD). A partir dos anos 1990, analistas começaram a recorrer à LC para obter ferramentas teóricas para seus estudos, por exemplo, para leitura de metáforas. Entretanto, tentativas de fazer acomodações teóricas entre essas áreas são recentes. Nesse sentido, nossas perguntas específicas são: (a) quais as conceitualizações de BRASIL formuladas na mudança de ordenamento jurídico se podem depreender do discurso?, (b) quais as acomodações teóricas necessárias entre a ACD e a LC?. Para isso, o corpus constitui-se do discurso, transcrito, descrito e interpretado a partir dos elementos linguístico-discursivos e -cognitivos dele dedutíveis. Partindo da ACD proposta por Fairclough (2001) e da teoria da integração conceitual proposta por Fauconnier e Turner (2002), pressupomos que as mesclagens, expressas de modo diverso na materialidade textual, são analisáveis enquanto recurso cognitivo natural (cultural e historicamente contingenciado) para executar uma das funções da política, que não lhe são exclusivas: planejar, imaginar e projetar situações futuras ou diferentes da atual. Além disso, pressupomos que as mesclagens são analisáveis ideológica ou discursivamente com relação aos objetos de discurso. Nesse sentido, é importante verificar como o locutor conceitualiza os governados a partir de sua posição enunciativa de poder. Palavras-chave: discurso; cognição; mesclagem; política