 
                                O hegelianismo Prof. Ms. Juan Pablo Sena Pera 1 – Introdução  Após a morte de Hegel em fins de 1831, seus diversos discípulos se dividiram em dois grandes grupos, em forte oposição entre si.  David Strauss os chamou de direita e esquerda hegelianas.  1) 2)  Principais pontos de divergência: Política: o status do Estado prussiano; Religião (representação) X filosofia (conceito) “ A religião é o lugar onde um povo se dá a definição daquilo que considera como o verdadeiro.” Hegel A direita hegeliana, ou escolástica hegeliana    Tentou provar a íntima compatibilidade entre o hegelianismo e os dogmas cristãos clássicos a fim de tornar a fé cristã ortodoxa compreensível para o homem culto moderno. Alguns dos principais expoentes: Karl Friedrich Göschel: Sobre a imortalidade da alma à luz da filosofia especulativa;  Kasimir Conradi: Imortalidade e vida eterna;  Kuno Fischer: História da filosofia moderna. A esquerda hegeliana David Friedrich Strauss (1808 – 1874).  Estudou na Universidade de Tübingen;  Publicou a Vida de Jesus em 1835;  Predecessor: Hermann Samuel Reimarus (16941768) – Os objetivos de Jesus e Seus Discípulos;  Strauss foi o primeiro a demonstrar que nenhum dos Evangelhos foi escrito por testemunhas oculares da vida de Jesus;  Foi também o primeiro a interpretar a vida de Jesus pela categoria do “mito” de forma coerente e a separar o “Jesus histórico” do “Cristo da fé”.  “Mito” para Strauss, segundo Schweitzer, são “idéias religiosas em uma forma histórica, modeladas pelo inconsciente poder inventivo da lenda, e corporificado numa personalidade histórica.”  A humanidade seria as mediação entre o finito e o infinito.  Jesus é a concretização histórica da idéia de união do divino com o humano. A síntese de Strauss  Tese: as explicações sobrenaturalistas da vida de Jesus;  Antítese: as explicações naturalistas (racionalistas) da vida de Jesus;  Síntese: a explicação mitológica. Crítica  Acerto: a tentativa de recuperar o sentido religioso por trás de toda a vida de Jesus, não apenas das narrativas da concepção e ressureição.  Erro básico: a falha em detectar a conexão entre os diversos elementos narrativos. Supervalorização do mito como chave hermenêutica.  Bruno Bauer (1809 – 1882).  Inicialmente alinhado com a direita hegeliana;  Foi Privat-Dozent (“Pós-Doutor”) em Berlim entre 1834-39 e Bonn de 1839-41, quando foi impedido de dar aulas pelo ministro Eichorn;  “Crítica da história do Evangelho de João”  Estudo do 4º Evangelho pelo método da crítica literária.  Após estudar os 4 Evangelhos, e baseado nos estudos de Wisse e Wilke, chega à conclusão que Marcos é a única fonte literária do Evangelho.  Entre 1838 e 1841, Bauer passa da direita à esquerda hegeliana. A religião como “desventura do mundo” “ A religião é a passividade do homem que é fixada, vista, feita e querida elevada à sua essência: é a suprema dor que ele poderia infligir a si mesmo(...). Para refletir... “ Quem é o egoísta? É o crente, que deixa de lado Estado, história e humanidade, e sobre as ruínas da razão e da humanidade, ocupa-se somente de sua alma miserável e desinteressante? Ou é o homem que vive e trabalha junto com os outros homens e, em família, Estado, arte e ciência, satisfaz a sua paixão pelo progresso da humanidade? Quem é o egoísta? O cristão que se isola si mesmo e se compraz nesse isolamento, ou o homem que se lança nas lutas da história, mesmo a custo de perecer, para fazer avançar afrente de comabte da humanidade, satisfazendo o seu ódio pela estupidez e a maldade e dando fõlego pelo entusiasmo pelo direito e a verdade?” Ludwig Feuerbach e aredução da teologia à antropologia  Ludwig Feuerbach (1804 – 1872);  Estudou teologia em Heidelberg e filosofia em Berlim, onde foi aluno de Hegel;  Principais obras: Pensamentos sobre a morte e a imortalidade (1830), obra que impediu sua carreira acadêmica;   A essência do cristianismo (1841);  Lições obre aessência das religiões (1852). “ Meu primeiro pensamento foi Deus, meu segundo pensamento foi a razão, meu terceiro e último pensamento foi o homem.” “ Assim como o homem pensa e quais sejam seus princípios, tal é o seu Deus: quanto o homem vale, tanto e não mais vale o seu Deus (...) Tu conheces o homem pelo seu Deus e, reciprocamente, Deus pelo homem: um e outro se identificam.” “o núcleo secreto da teologia é a antropologia”