A MANIFESTAÇÃO DO DESEJO NA CONSCIÊNCIA DE SI DE HEGEL Tarcísio Vilton Meneghetti1, Josemar Sidinei Soares2. 1 2 Curso de Direito da UNIVALI, SC Programa de Doutorado em Filosofia da UFRGS, RS; 1. Objetivos Este trabalho pretende apresentar a estrutura da dialética do desejo em Hegel, em seus vários momentos, como o desejo do objeto, o desejo da vida em geral, e o de outra consciência de si. Tais momentos denotam a conotação prática que possui a filosofia hegeliana. 2. Material e Métodos O método utilizado é o indutivo, através de pesquisa bibliográfica, tomando como referência tanto as obras de Hegel como de seus comentadores. 3. Resultados e Discussão O Desejo (Begierde) surge na quarta seção da Fenomenologia do Espírito (Phänomenologie des Geistes) como um dos momentos essenciais do desenvolvimento da consciência de si (Selbstbewusstsein) na formação do homem. Este sentido existencial é delineado principalmente por Alexander Kojèvè, um dos principais comentadores. Antes da manifestação do desejo, a consciência (Bewusstsein) aparecia como uma observação distante do mundo, uma tentativa de captar o objeto (Gegenstand) somente Em si (Ansich). Deste saber de um outro a consciência passará ao saber de si, um Para si (Fürsich). Ao trazer o saber para si mesmo, o Eu (Ich) passa a ser a verdade (Warheit) do Ser (Sein), e não o objeto. No entanto, isto somente ocorre quando a consciência deseja esta condição, isto é, procura envolver-se com o objeto, negá-lo O homem, então, apropria-se do objeto, da própria natureza. Ainda assim, esta análise não deve ser reduzida a somente uma interpretação cognitiva do desejo, pois após apreender o objeto, a consciência passará a desejar uma outra consciência. Um desejo por reconhecimento (Anerkennung). Hyypolite ressalta, ainda, a presença da Vida (Leben) no desejo da consciência de si. O homem deseja o objeto e a outra consciência porque deseja viver, deseja a própria Vida. O desejo, portanto, simboliza a verdadeira manifestação do homem ao tentar fundar seu mundo, à sua vontade. 4. Conclusões O que se compreende, portanto, é que o Desejo cumpre uma função essencial no desenvolvimento de toda a filosofia hegeliana, sendo a força-motriz que impulsiona o percurso fenomenológico da consciência de si. É pela força do Desejo que a consciência aspira sair de si mesma para firmar sua vontade livre e apropriar-se de todo o mundo dado. Através do Desejo, a consciência pode exercer no mundo sua vontade concreta de transformação. 5. Referências Bibliográficas HYPPOLITE, Jean. Gênese e estrutura da Fenomenologia do espírito de Hegel. 19 ed. São Paulo: Discurso Editorial, 1999. HEGEL, G. W. F. Fenomenologia do Espírito. Tradução de Paulo Meneses. 3 ed. Petrópolis : Editora Vozes, 2005. HEGEL, G. W. F. Lineamenti di Filosofia del Diritto. Tradução de Vincenzo Cicero. Milão : Rusconi Libri, 1996. KOJEVE, Alexandre. Introdução à Leitura de Hegel. Tradução de Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Editora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2002. ROSENFIELD, Denis L. Política e liberdade em Hegel. São Paulo: Brasiliense, 1983.