Efeitos Biológicos Associados à Telefonia Celular: Impactos sobre a Saúde e Recomendações. Francisco de Assis F. Tejo (UFPB/CCT/DEE) Audiência Pública na Câmara dos Deputados Brasília, DF, 08 de novembro de 2001 1 Conteúdo do curso 1. Parte I • Introdução • O espectro eletromagnético • Radiação ionizante X não ionizante • A natureza dos campos eletromagnéticos • Campos EMNI naturais X artificiais • Polarização dielétrica 2 Introdução •Há importantes considerações biomédicas associadas com exposição a longo prazo, a qualquer fator ambiental passível de interação com sistemas biológicos (corpo, órgão, tecido e célula). •No caso de campos EM, elas incluem efeitos especificamente devidos a: intermitência da exposição, periodicidade da exposição recorrente, exposição simultânea a múltiplos campos, idade no começo da exposição e até mesmo considerações de natureza étnica e geo-patológicas, que podem determinar a susceptibilidade de um indivíduo ao fator ambiental considerado. 3 O Espectro Eletromagnético Freqüência de um campo eletromagnético (EM) variável no tempo, é o número de oscilações por segundo. É medida em Hz (1 Hz = 1 ciclo por segundo). Radiações ionizantes: •UV,Raios X, Raios γ e radiação nuclear •1016 - 1022 Hz (ou 300 - 0.0003 Å) Radiações não-ionizantes: •Luz visível: 1014 - 1016 Hz (300 - 0.0003 Å) •MW: 0,3 - 300 GHz •VHF: 30 - 300 MHz •HF: 3 - 30 MHz •MF: 300 - 3000 kHz •LF: 30 - 300 kHz •VLF: 3 - 30 kHz •VF: 300 - 3000 Hz (voz) •ELF: 30 - 300 Hz 4 Radiação Ionizante X Não Ionizante •Uma radiação eletromagnética de freW=hν qüência ν, tem associado com ela um fóton de energia W=hν (eV), onde h=6.626 x 10-34 Js é a constante de Planck. •Microondas: 300 MHz ν 300 GHz 1.24 x 10-6 eV W 1.24 x 10-3 eV •Energia de ionização: W=eφ, onde φ é o primeiro potencial de ionização. • Carbono: eφ = 11,26 eV • Hidrogênio: eφ = 13,59 eV • Oxigênio: eφ = 13,62 eV • Nitrogênio: eφ = 14,53 eV Limiar biológico: 13.6 eV ν 3,3x1015 Hz λ 912 Å (UV) 5 A Natureza dos Campos EM (#1) Uma partícula eletricamente carregada em movimento (corrente elétrica), cria um campo elétrico e um campo magnético, ambos variáveis com o tempo. 6 A Natureza dos Campos EM (#2) Campo magnético B ou H B Relações Campo Elétrico Constitutivas D ou E D B J E H E E Onda eletromagnética E, H e k Equações de Maxwell E B / t E H k H J D / t 7 Campos EMNI Naturais X Artificiais (#1) ELF MW ELF MW ELF/MW • Por mais de um século, a civilização tem sido exposta a campos EM de ELF e a campos naturais. • Explosão das estações de difusão de rádio e TV, redes rádio-telefônicas, telefones sem fio e celulares produziu uma densidade de energia de RF e MW, no ambiente, milhões de vezes mais elevada do que os níveis naturais (energia solar, tempestades, etc.), na mesma região do espectro. •Previsão: 1,3 bilhões de celulares no mundo, em 2004 e 32 milhões, no Brasil, atualmente ! 8 Campos EMNI Naturais X Artificiais (#2) • Dado o tempo relativamente curto de exposição aos CEMs de origem tecnológica, não temos imunidade evolucionária, nem contra seus efeitos adversos diretos contra nosso corpo, nem contra interferências com processos EM naturais, tais como a Ressonância de Schumann. [Polk, 1982], [König, 1974]. • O cérebro dos mamíferos contém uma rede PLL capaz de detectar e reagir a sinais ELF [Ahissar et al., 1997] e, portanto, se comporta como um receptor FM sintonizado. [Motluk, 1997] Ressonância de Shumann diária. EEG (estado de alerta) típico, com superposição dos picos de ressonância de Schumann. 9 Polarização Dielétrica (#1) Material dielétrico: capacidade de armazenar energia elétrica, devido ao deslocamento (polarização) de cargas positivas e negativas, sob o efeito de um campo elétrico aplicado e contra as forças de atração atômica e molecular. A polarização, função do tipo de dielétrico e da freqüência do campo aplicado, é classificada como: • De carga espacial (ELF,VLF,LF): ocorre quando o material contém eletrons livres, cujos deslocamentos são restringidos por heterogeneidades. Quando um campo elétrico é aplicado, eletrons se acumulam nas interfaces e a separação das cargas resulta na polarização do material. Este tipo de polarização é característico dos materiais semicondutores, entre eles os materiais biológicos. 10 Polarização Dielétrica (#2) • Dipolar ou rotacional: ocorre nas freqüências mais altas (RF,MW) e também no nível molecular. Característica dos materiais polares, é a base dos efeitos térmicos. As diretrizes da ICNIRP são estritamente baseadas neste mecanismo. • Iônica (IR): ocorre nas freqüências do infra-vermelho, devido à separação de íons positivos e negativos na molécula. • Eletrônica: ocorre nas freqüências próximas da região UV, devido à separação entre o núcleo atômico positivo (fixado na matriz do dielétrico) e a nuvem eletrônica, a qual é deslocada na direção oposta ao campo elétrico aplicado. 11 Parte II • • • • • Conceitos biológicos e biofísicos Células e membranas celulares Circuito linear equivalente a uma célula Circuito fractal equivalente a uma célula Relaxação dielétrica de tecidos biológicos 12 Conceitos Biológicos e Biofísicos (#1) • Organismo vivo: complexo heterogêneo de tecidos biológicos, com propriedades condutivas, dielétricas e térmicas bastante dissimilares. • Efeitos térmicos, localmente contrabalançados pelos mecanismos passivo e ativo de termo-regulação. • Interações não térmicas, em freqüências específicas, têm sido verificadas nos níveis celular e molecular. amino-ácidos peptídeos Células protídeos heteroproteídeos proteídeos DNA e RNA proteínas 13 Conceitos Biológicos e Biofísicos (#2) • Peptídeos e proteínas: formados por ligações de aminoácidos, que incorporam grupos carboxilas (-COOH) e aminas (-NH2) • Peptídeos e amino-ácidos(<< proteínas): ressoam na faixa de microondas. Glicina, di-, tri- e alanil-glicina, @ 25° C e pH=6, ressoam em 3.2 GHz, 1.2 GHz, 770 MHz e 960 MHz, respectivamente ( fress invers. proporc. tamanho da molécula !) [Aaron et al., 1966] •DNA e RNA: relaxação de LF, devido aos deslocamentos iônicos, induzidos na superfície das moléculas pelo campo elétrico. 14 Células e Membranas Celulares (#1) Suspensão celular: partículas condutoras dispersas em um meio dielétrico. Ex.: sangue r' 56, r'' 15.9 a 3 GHz e 35° C. • Dimensões celulares: 10 a 100 µm, diversas formas. • Constituintes: proteínas+DNA/RNA+lipídios+glucídeos. • Componentes: MC+LIC+mitocôndrias+núcleo. • Membrana: dupla camada de fosfolipídeos semifluidos, espess. aprox. 10 nm, c/ molécs. de proteína engastadas. Função: proteção/controle ativo das trocas iônicas e moleculares entre o LIC e o LEC, através dos canais iônicos. LIC LEC dupla camada de cargas superficiais, isto é, 2 C 1 F / cm m a MC equivale a um capacitor em || com um resistor de fuga Rm 100 / cm 2 (fluxo de íons cruzando a MC). 15 Células e Membranas Celulares (#2) Diagrama esquemático da membrana celular, mostrando a hélice- do aparelho transdutor de sinal, com seus receptores em forma de “Y”. A superfície externa da MC e seus receptores e canais iônicos, tem carga negativa, enquanto que o interior é positivamente carregado, estabelecendo um potencial de membrana. Um mensageiro positivo, penetrando por um receptor “Y” da hélice- , inicia um processo de amplificação, com um ganho da ordem de 105 a 106 , dando lugar a uma avalanche de mensageiros secundários para o interior da célula. 16 Células e Membranas Celulares (#3) Uma estrutura que auxilia a regular a atividade celular, é o canal iônico gatilhado a tensão, que atua como um verdadeiro transistor, regulando as correntes iônicas para os diversos tipos de ions da célula [Catterall, 1992]. O principal destes é o Ca , onipresente, e que desempenha uma série de funções de comunicação e regulação celular. Ele atua primeiro como transdutor de sinal e, em seguida, como mensageiro. [Bawin and Adey, 1976]. 17 Células e Membranas Celulares (#4) Junções de hiato são pontes de seis proteínas entre células contíguas, fundamentais para a comunicação intercelular, necessária para coordenar a sua regulação. A sua abertura e fechamento é controlada pelo ion cálcio. Como os sinais de RF/MW têm um maior acoplamento do que os campos ELF, então é mais provável que eles alterem as funções da junção de hiato, em intensidades muito menores do que com ELF. A alteração do ion cálcio na glândula pineal é, então, um mecanismo plausível para redução da melatonina. Assim,estes dois efeitos sugerem fortemente o caráter genotóxico da REM ! 18 Circuito (linear) equivalente a uma célula Modelo clássico: um modelo simplificado, representado pelo circuito equivalente linear, abaixo, para descrever o comportamento EM da célula e dos tecidos biológicos, em função da freqüência. [Schwan, 1985] 19 Circuito (fractal) equivalente a uma célula Modelo fractal: um novo modelo, representado pelo circuito equivalente não linear, abaixo, para descrever o comportamento EM da célula e dos tecidos biológicos, levando em consideração todos os mecanismos envolvidos nos processos de condução e polarização dielétrica. [Tejo et al., 1997]. 20 Relaxação Dielétrica de Tecidos Biológicos Relaxação dielétrica: tempo (τ) necessário para que o material retorne à sua desordem molecular. ( frel=1/τ) •Diagramas de dispersão: variação de e com a freqüência. : variação de Cext com f. : variação de Cm com f. : rotação de moléculas polares como água e proteínas. : rotação de amino-ácidos, rotação parcial de grupos laterais de proteínas e relaxação de água ligada à proteína. 21 Parte III •Formulação eletromagnética •Formulação termodinâmica •Atual cenário científico 22 Formulação Eletromagnética p u q u 0 q u 0 in , in , onde =k 02 e n y = i i 1 p = r-1 r-1 , q = r r , ij Condições de contorno sobre ~ nˆ ( p u ) 0 n ij i para u = H E nˆ u u0 n z sobre j x = = Onde M (E ) , E (M ) , para u H (E ) 23 Formulação Termodinâmica (#1) O modelo de transferência de calor usado em uma simulação, é a equação de transferência de calor biológico (TCB) c Tt . T cbW T Tb Qem , onde e c são a densidade e o calor específico do tecido; é o calor específico do sangue; é a condutividade térbc mica do tecido; Tb é a temperatura do sangue arterial; W é a taxa de escoamento do sangue por volume unitário do tecido 2 (perfusão); Qem 12 E é a densidade de potência eletromagnética depositada no tecido; é a condutividade elétrica do tecido e E é o campo elétrico local no tecido. 24 Formulação Termodinâmica (#2) Num modelo mais realístico, a perfusão (W) é uma função não-linear da temperatura do tecido: verifica-se um aumento significativo de W até 41-43° C em tecidos normais (pele e músculo) e um decréscimo com a temperatura, na zona do tumor. Perfusão do sangue no músculo normal: Wmus 0.45 3.55exp T 45.02 , T 45.0 12 4.0, T 45.0 25 Formulação Termodinâmica (#3) Perfusão do sangue na gordura: W fat 0.36 0.36exp T 45.02 , T 45.0 12.0 0.72, T 45.0 Perfusão no tumor: Wtum 0.833, T 37.0 0.833 (T 37.0) 4.8 / 5438,37.0 T 42.0 0.416, T 42.0 26 Formulação Termodinâmica (#4) • Resultados recentes da literatura [Deuflhard et al., 1998] mostram diferenças qualitativas significativas entre as distribuições de temperatura previstas pelos modelos linear (W constante com T) e não-linear (W função de T). Em linhas gerais, a auto-regulação do tecido sadio, refletida pelo modelo não-linear, reduz os hot spots causados por máximos locais do campo eletromagnético absorvido. Em conseqüência, pode haver um aumento de cerca de 0.5°C, no tumor, também previsto pelo modelo não-linear. • Devido à analogia com a hipertermia, este fenômeno pode ocorrer na região do cérebro próxima à antena do telefone celular, quando em operação, isto é, espera-se uma temperatura significativamente mais elevada naquela região. 27 Atual Cenário Científico (#1) • Em resposta a uma base crescente de evidências científicas, a existência de efeitos biológicos e de saúde pública, associados com exposições a campos EMs, está se tornando mais largamente difundida e aceita. • Um número cada vez maior de cientistas acredita, agora, na existência de efeitos biológicos atérmicos significativos, induzidos por campos EMs não-ionizantes de baixa intensidade, ELF ou RF/MW, não modulados ou com modulação (AM, FM ou pulsada). 28 Atual Cenário Científico (#2) • No dia 24 de julho de 1998, 28 cientistas, convocados pelo “National Institute of Environmental Health Sciences” (NIEHS), decidiram, por 19 a 9 votos, que os campos eletromagnéticos ELF são possíveis carcinogênicos. Esta conclusão se deu após um ano de estudos, incluindo três simpósios e uma reunião final intensiva de 10 dias, para revisão e debate da literatura científica e médica disponível. 29 Atual Cenário Científico (#3) •Em outubro de 1998, o “Workshop on Possible Biological and Health Effects of Radio Frequency (RF/MW) Electromagnetic Fields”, na Universidade de Viena, aprovou a seguinte resolução: Resolução de Viena: “Os participantes concordaram que os efeitos biológicos de exposições de baixas intensidades estão cientificamente estabelecidos. Entretanto, o atual estado de consenso científico é insuficiente para estabelecer padrões de exposição confiáveis. A evidência existente demanda um aumento no esforço de pesquisa sobre possíveis impactos sanitários e sobre o estabelecimento adequado de exposição e dose.” [Hyland, 2001] 30 Atual Cenário Científico (#4) Em suma, os cientistas do campo do bioeletromagnetismo estão convencidos que os campos EM artificiais induzem efeitos biológicos. Alguns deles, verificados em laboratórios, são similares aos mecanismos bioquímicos reputados como responsáveis por efeitos neurológicos como perda da memória recente, enquanto que outros estão envolvidos no desenvolvimento de doenças sérias como câncer, mal de Alzheimer e mal de Parkinson. 31 Atual Cenário Científico (#5) Descobertas científicas sobre efeitos biológicos induzidos por Campos EMs, relacionados com uma seqüência de eventos, acreditada como significativa no desenvolvimento do câncer. Fonte:http://www.emf.com/emrsolution/emfissues/emfissuessummary.h 32 tml Atual Cenário Científico (#6) Dr. Neil Cherry (Lincoln University, NZ), em um recente relatório, concluiu: “Scientific studies at the cellular level, whole animal level and involving human populations, show compelling and comprehensive evidence that RF/MW exposure down to very low levels, ... a minute fraction of present “safety standards”, result in altered brain functions, sleep disruption, depression, chronic fatigue, headache, impaired memory and learning, adverse reproductive outcomes including miscarriage, still birth, cot death, prematurely and birth deformities. Many other adverse health effects ... predominately cancer of many organs, especially brain cancer, leukemia, breast cancer and testicular cancer. ...” 33 Atual Cenário Científico (#7) “ ... Hence, there is a strong evidence that ELF and RF/MW is associated with accelerated aging (enhanced cell death and cancer) and moods, depression, suicide, anger, rage and violence, primarily through alteration of cellular calcium ions and the melatonin/serotonin balance.” Fonte:http://www.emf.com/emrsolution/emfissues/emfissuessummary. html 34 Parte IV •Efeitos do telefone móvel •Sumário de descobertas científicas •Necessidades e desafios •Conclusões •Recomendações •Referências bibliográficas 35 Efeitos do Telefone Móvel (#1) •Além da exposição a campos ELF, os usuários de MT de todo o mundo estão agora expostos, diariamente, a campos de ELF/RF/MW, sob condições de campo próximo (junto ao crâneo). •Pode-se antever que o recente cenário de evolução comportamental será vitalício: as emissões intermitentes na cabeça do usuário de MT contribuirão para aumentar ainda mais a sua exposição a um campo EM de fundo, já bastante complexo, produzido por um agregado de múltiplas e distintas fontes de campo EM, mesmo que seja em regime compartilhado ! 36 Efeitos do Telefone Móvel (#2) •Os telefones móveis celulares emitem radiação de MW e ELF, respectivamente, na antena e no corpo do aparelho. Ambos os tipos de emissão têm sido, repetida e consistentemente, associadas com a indução de efeitos biológicos importantes. •A seguir, um sumário, extraído da literatura, dos efeitos biológicos e como eles podem levar a condições fisiológicas e potenciais doenças. •O sumário não é exaustivo, sendo necessário muito mais pesquisas no futuro, para expandir e refinar o atual cenário científico. 37 Sumário de Descobertas Científicas (#1) 38 Sumário de Descobertas Científicas (#2) Fonte:http://www.emf.com/emrsolution/emfissues/emfissuessummary. html 39 Princípio do Espectro Eletromagnético Tem sido observado que os efeitos biológicos e epidemiológicos, induzidos por ELF ou RF/MW são bastante similares: efluxo do Ca++, redução de melatonina, ruptura das fitas do DNA, aberrações cromossômicas, leucemia, câncer de mama e cerebral, distúrbios neurológicos e abortamentos. Vignati e Giuliani (1997) mostram que, para uma exposição a um campo unitário, Icap >> Icond, como mostrado abaixo. 40 Junção de hiato e aberrações cromossômicas 1. Fluxo da junção de hiato, em função da intensidade de campo magnético de 50 Hz [Li et al., 1999]. 2. Aberrações cromossômicas em células de hamster chinês V79, expostas a 30 mW/ cm 2 , em 7.7 GHz, sob condições isotérmicas (22 0.4 °C) sendo, portanto, um efeito atérmico. [Garaj-Vrhovac, Horvat and Koren, 1991]. (1) (2) 41 Morte celular Quando os cromossomos são danificados, as células assassinas naturais do SI eliminam as células defeituosas. Alternativamente, as células podem entrar em apoptose (suicídio programado). Garaj-Vrhovac, Horvat e Koren encontraram uma diminuição na taxa de sobrevivência e um aumento na mortalidade, segundo uma relação de dose-resposta bem definida. A diretriz ICNIRP para f>2 GHz é de 1mW / cm 2 e de 5mW / cm 2 , respectivamente, para o público em geral e para os trabalhadores. Mesmo um nível 100 vezes menor do que o primeiro, durante 60 minutos, mata 28% das células e 8% delas, durante 30 minutos! 42 Necessidades e Desafios (#1) • Modelagem precisa das fontes de energia EM (de estações rádio-base ou de telefones celulares) exógenas. • Modelagem precisa dos mecanismos de ação do campo exógeno sobre biossistemas, em três escalas físicas: Macroescala: sistema biológico considerado como um todo continuum, exposto a um campo EM exógeno (dosimetria tradicional); Mesoescala: interação no nível do tecido biológico; Microescala: determinação da distribuição de campo EM induzido localmente na célula e seus compartimentos e as conseqüentes modificações na atividade celular. [D’Inzeo, 2000] 43 Necessidades e Desafios (#2) • Modelagem precisa do aquecimento de tecidos in vivo, sob excitação eletrodinâmica em nível térmico, levando em conta os mecanismos passivos e ativos de termoregulação do organismo, utilizando modelo não-linear da equação de Transferência de Calor Biológico. • Proposição, adaptação e revisão de normas e padrões, visando o uso correto das tecnologias de RF/MW, assegurando, em primeiro lugar, a proteção à saúde dos usuários! 44 Conclusões (#1) •As Diretrizes de Segurança atuais, baseadas apenas na consideração da SAR, não oferecem proteção contra os efeitos especificamente atribuídos à freqüência da REM, uma vez que elas limitam apenas a sua intensidade, em um nível suficiente para garantir que o aquecimento do tecido, pela absorção de energia EM, não exceda a capacidade termoregulatória do corpo, de tal modo que não venha a comprometer a sua homeostasia térmica. 45 Conclusões (#2) •Ao justificar a exclusão de qualquer efeito não-térmico na formulação de suas Diretrizes de Segurança, a ICNIRP conclui:[ICNIRP, 1998] .... ‘Overall, the literature on athermal effects of amplitude modulated electromagnetic fields is so complex, the validity of the reported effects so poorly established, and the relevance of the effects to human health is so uncertain, that is impossible to use this body of information as a basis for setting limits on human exposure to these fields.’ 46 Conclusões (#3) •Deve-se ressaltar que isto não é equivalente a denegar a existência de influências não-térmicas deste tipo de radiação, ou seu potencial de induzir reações sanitárias adversas – como é freqüentemente apregoado pela Indústria de Telefonia Móvel – mas simplesmente que, na visão da ICNIRP, tais efeitos não podem ser usados como uma base para estabelecer limites de exposição. • Com relação à complexidade dos efeitos atérmicos, a seguinte afirmação aparece no parágrafo que precede aquele do qual foi extraída a citação acima: .... ‘Interpretation of several observed biological effects (of this kind of radiation) is complicated by the apparent existence of ‘windows’ of response in both power and frequency domains. There are no accepted models that adequately 47 Conclusões (#4) explain this phenomenon, which challenges the traditional concept of a monotonic relationship between the field intensity and the severity of the resulting biological effects.’ Ora, uma ausência de uma tal relação (de dose-resposta) monotônica é esperada, pois tratam-se de organismos vivos, o que significa que eles estão longe do equilíbrio térmico e, portanto, longe do regime onde uma tal relação monotônica se justificasse. Mantendo-se longe do equilíbrio térmico, sua resposta a um campo EM externo depende, necessariamente, do estado do organismo no instante da exposição – isto é, tratam-se de sistemas não-lineares, para os quais a exposição a um baixo nível de REM não impõe, necessariamente, uma resposta fraca, ou vice-versa e para os quais os fenômenos de ‘janelas’ são esperados! [Hyland, 1998] 48 Conclusões (#5) •A REM dos telefones celulares, provavelmente, aumentará a incidência de doenças neurológicas e tumores cerebrais, nos próximos 10 a 20 anos. •A REM de ERBs, provavelmente, aumentará a incidência de abortamentos, câncer, doenças neurológicas, cardíacas e morte. •Os problemas apontados continuarão a se agravar, a menos que sejam tomadas as medidas necessárias para reverter esta tendência, tal como reduzir a potência (ou aumentar a distância) a níveis tecnicamente possíveis e só instalar novas ERBs em locais que produzam exposições residenciais extremamente reduzidas. 49 Recomendações (#1) Fazer um esforço nacional para uniformização de procedimentos e métodos para estudos experimentais e epidemiológicos. •Fazer gestões junto aos ministérios da Saúde, da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente, no sentido de se estabelecer um Programa Nacional de Bioeletromagnetismo, congregando profissionais das diversas áreas envolvidas com o assunto. •Assessorar os Poderes Públicos municipal, estadual e federal, visando a bio-compatibilidade eletromagnética entre o homem e a tecnologia. 50 Recomendações (#2) •Propor às autoridades governamentais a adoção do Princípio da Precaução, até que se disponha de informação científica mais robusta sobre o assunto. •Propor revisões periódicas sobre as normas e padrões em vigor, sempre que indicado por novos estudos. •A indústria deve reprojetar os aparelhos celulares, de tal modo a minimizar a exposição na cabeça do usuário. •A indústria deve fornecer informações detalhadas sobre os riscos à saúde e possíveis soluções, por meio da distribuição de brochuras, manuais e publicidade na Internet, de tal modo que o consumidor possa tomar sua própria decisão a respeito de tais riscos. •As novas tecnologias de comunicação pessoal devem ser testadas, antes da sua comercialização, com relação a possíveis efeitos biológicos adversos à saúde, de tal modo que produtos perigosos não possam ser comercializados. 51 Recomendações (#3) •Realizar inspeções periódicas, pós-comercialização, dos usuários de aparelhos analógicos e digitais, a fim de determinar se eles experimentam algum efeito adverso à saúde, mantendo um banco de dados onde as pessoas possam se reportar quanto a quaisquer efeitos sanitários que possam ser atribuídos ao uso desses aparelhos. •O governo deve criar uma agência federal específica, que coordene as ações com vistas à proteção da saúde dos usuários de aparelhos de comunicação pessoal sem fio. •O governo deve estabelecer um padrão de segurança adequado, que sirva de base para futuras decisões regulatórias, já que a métrica de SAR, apenas, não é suficiente para avaliar os efeitos biológicos em seres humanos. 52 Referências Bibliográficas (#1) • • • • • • • Polk, C., 1982: "Schumann Resonances". In: CRC Handbook of Atmospherics, Ed: Hans Volland. Boca Raton, Florida: CRC Press, 111-177. König HL. 1974, Behavioural changes in human subjects associated with ELF electric fields. In Persinger MA, editor. ELF and VLF electromagnetic field effects. New York, Plenum Press. Ahissar, E., Haidarliu, S. and Zacksenhouse, M., 1997: "Decoding temporally encoded sensory input by cortical oscillations and thalamic phase comparators". Proc Nat Acad Sci USA 94:11633-11638. Motluk, A., 1997: "Radio head: The brain has its own FM receiver". New Scientist, 25 October 1997, p17. Catterall, W.A., 1992: "Cellular and molecular biology of voltage-gated sodium channels". Physiological Reviews 72(4): S15-S48. Bawin, S.M. and Adey, W.R., 1976: "Sensitivity of calcium binding in cerebral tissue to weak electric fields oscillating at low frequency". Proc. Natl. Acad. Sci. USA, 73: 1999-2003. Schwan, H.P., 1985: "Biophysical principles of the interaction of ELF fields with living matter". Publ. Plenum Press, New York. 53 Referências Bibliográficas (#2) • Tejo, F. A. F., da Rocha, B. R. P. and do Valle, R. R. M., Fractal Modeling of Electromagnetic Constitutive Parameters of Biological Media, COMPUMAG 97, Rio, RJ, Nov. 1997. • Deuflhard, P. and Seebass, M., 1998, Adaptive multilevel FEM as decisive tools in the clinical cancer therapy hyperthermia, KonradZuze-Zentrum für Informationstechnik Berlin. • • Li, C.M., Chiang, H., Fu, Y.D., Shao, B.J., Shi, J.R. and Yao, G.D., 1999: "Effects of 50Hz magnetic fields on gap junction intercellular communication". Bioelectromagnetics 20(5):290-294. Garaj-Vrhovac, V., Horvat, D. and Koren, Z., 1991: "The relationship between colony-forming ability, chromosome aberrations and incidence of micronuclei in V79 Chinese Hamster cells exposed to microwave radiation". Mutat Res 263: 143-149. • Hasted, J., Biomolecules and tissue. In: Hasted, J., Aqueous Dielectrics, London, Chapman and Hall, 1973, pp. 204-233. 54 Referências Bibliográficas (#3) • • • Aaron, M., Grant, E., Young, S., The dielectric properties of some aminoacids, peptides, and proteins at decimetric wavelengths. In: Molecular relaxation processes. Proceedings of the Chemical Society Symposium. Aberrystwyth, 79 July, 1965. London, Academic Press, 1966, pp. 77-82. Relyveld, E., Chermann, J., Herve, G., Les proteines. Paris, P.U.F., 2ème éd., nº 679, 1980, p. 127. Adey, W. R., 1981, Tissue interactions with non-ionizing electromagnetic fields, Physiological Reviews, 61, pp. 435-514. • Lai, H., 1992, Research on the neurological effects of nonionizing radiation at the University of Washington, Bioelectromagnetics, 13, pp. 513-526. • Lai, H. and Singh, N. P., 1995, Acute low intensity microwave exposure increases DNA single-strand breaks in rat brain cells, Bioelectromagnetics, 16, pp. 207-210. • Cherry, N., 1998, Actual or potential effects of ELF and RF/MW radiation on accelerating aging of human, animal or plant cells, Lincoln University, Auckland, New Zealand. 55 Referências Bibliográficas (#4) • • • • • Chiabrera, A. and D’Inzeo, G., EM field interaction mechanisms, EBC Project, 1992. D’Inzeo, G. et al., Integrated models for the analysis of biological effects of EM fields used for mobile communications, IEEE Trans. Microwave Theory Tech., vol. MTT-48,pp. 2082-2093, Nov. 2000. Hyland, G.J., Non-thermal bioeffects by low intensity irradiation of living systems.,Eng. Science and Eduacational Journal, 1998; 7(6):261-269. Hyland, G., The physiological and environmental effects of non-ionizing electromagnetic radiation: Final Study, Working Document for the STOA Panel, European Parliament, Directorate General for Research, Mar. 2001. Anon., Guidelines for limiting exposure to time-varying electric, magnetic, and electromagnetic fields (up to 300 GHz), Health Physics, 1998; 74(4): 494-522. 56