Transtornos Fóbicos Ansiosos - (LTC) de NUTES

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Transtornos Fóbicos e Ansiosos
PSICOPATOLOGIA
ESPECIAL I
Iraneide Castro de
Oliveira
IPUB/UFRJ
INTRODUÇÃO:
Os sentimentos de ansiedade que experimentamos em
situações como: um exame importante, uma entrevista para
emprego, um seminário em classe, um 1 ºencontro, etc. são
considerados como perfeitamente naturais. Eles são respostas
adaptativas essenciais para que possamos ter performances
efetivas quando as circunstâncias nos desafiam. Entretanto, a
ansiedade pode se tornar tão intensa ou até mesmo surgir em
situações inapropriadas que se torna problemática e um sinal
de dificuldade adaptativa para o indivíduo (Lepine 2002). É
quando podem se desenvolver os
Transtornos Ansiosos
Um transtorno ansioso é um estado
caracterizado por sentimentos de apreensão,
incertezas e medo. No indivíduo que
experimenta este transtorno, a resposta
ansiosa pode ser:
1. desproporcional à situação ou evento
desencadeante.
2. um estado constante em que o indivíduo não
consegue facilmente atribuí-lo a um fator
desencadeante específico (ex: transtorno de
ansiedade generalizada, algumas formas da
síndrome de pânico, etc.).
3. um estado crônico que provoca um estresse
emocional persistente no indivíduo que se
torna incapaz de fazer planos e de conduzir
sua vida cotidiana normalmente.
Os transtornos decorrentes de estados
ansiosos são relativamente comuns. Em
torno de 30 a 40 % dos indivíduos nas
sociedades ocidentais desenvolverão um
problema relacionado à ansiedade em
algum momento de suas vidas
(Shepherd, Cooper, Brown & Kalton, 1996)
Transtornos Neuróticos
X
Neuroses
Neuroses:
"Afecção psicogênica em que os sintomas são a
expressão simbólica de um conflito psíquico que
tem suas raízes na história infantil do indivíduo e
constitui compromissos entre o desejo e a defesa"
(Laplanche e Pontalis)
Nos Sistemas de Classificação:
CID -9: Transtornos neuróticos
• Estados de ansiedade
•
•
•
Histeria
Estado fóbico
Transtornos obsessivo-compulsivos
CID – 10: Transtornos neuróticos, relacionados ao
estresse e somatoformes F40 – F48
• F40 Transtornos fóbico-ansiosos
•
•
•
•
•
•
F41 Outros transtornos de ansiedade
F42 Transtorno obsessivo-compulsivo
F43 Reação a estresse grave e transtornos de ajustamento
F44 Transtornos dissociativos (ou conversivos)
F 45 Transtornos somatomorfes
F48 Outros transtornos neuróticos
Na CID - 10
F 40 Transtornos fóbico-ansiosos
F40.0 Agorafobia
.00 Sem transtorno de pânico
.01 Com transtorno de pânico
F
F
F
F
40.1
40.2
40.8
40.9
Fobias sociais
Fobias específicas (isoladas)
Outros transtornos fóbico-ansiosos
Transtorno fóbico-ansioso, não especificado
Na CID - 10
F 41 Outros transtornos de ansiedade
F41.0 Transtorno de pânico (ansiedade paroxística
episódica)
F41.1 Transtorno de ansiedade generalizada
F41.2 Transtorno misto de ansiedade e depressão
F41.3 Outros transtornos mistos de ansiedade
F41.8 Outros transtornos de ansiedade especificados
F 41.9Transtorno de ansiedade, não especificado
Na CID - 10
F 43 Reação a estresse grave e transtornos de
ajustamento
F43.0 Reação aguda a estresse
F43.1 Transtorno de estresse pós-traumático
F43.2 Transtornos de ajustamento
.20 Reação depressiva breve
.21 Reação depressiva prolongada
.22 Reação mista depressiva e ansiosa
.23 Com perturbação predominantes de outras emoç
.24 Com perturbação predominante de conduta
.25 Com perturbações mista de emoções e conduta
.28 Outros sintomas predominantes especificados
F43.8 Outras reações a estresse grave
F43.9 Reação a estresse grave, não especificada
DSM – IV - TR
•
•
•
•
Transtornos
Transtornos
Transtornos
Transtornos
de Ansiedade
Somatomorfes
Factícios
Dissociativos
Transtornos de Ansiedade:
•Transtorno de pânico com e sem
agorafobia
• Agorafobia com e sem transtorno
de pânico
• Fobia específica
• Fobia social
• Transtorno obsessivo-compulsivo
• Transtorno de estresse pós-traumático
• Transtorno de estresse agudo
• Transtorno de ansiedade generalizada
F 40 -Transtornos Fóbico-Ansiosos
Nesse grupo de transtornos, a ansiedade é evocada
apenas, ou predominantemente, por certas situações
ou objetos (externos ao indivíduo) bem definidos, os
quais não são correntemente perigosos. Tais objetos
ou situações são caracteristicamente evitados ou
suportados com pavor. A ansiedade fóbica é subjetiva,
psicológica e do ponto de vista comportamental,
indistinguível de outros tipos de ansiedade e pode
variar em gravidade desde leve desconforto até terror.
F 40 - Transtornos Fóbico-Ansiosos
A preocupação do paciente pode estar focalizada em
sintomas individuais, tais como palpitações ou sensação
de desmaio e está freqüentemente associada a medos
secundários de morrer, perder o controle ou
enlouquecer.
F 40.0 Agorafobia
Inclui medos de espaços abertos e
também de multidões e a
dificuldade de um escape fácil e
imediato para um local seguro.
Refere-se a um grupamento
inter-relacionado e freqüentemente
sobreposto de fobias que abrangem
medos de sair de casa, de entrar em lojas, multidões e
lugares públicos ou de viajar sozinho em trens, ônibus
ou aviões.
“Enfrentar medos específicos, como medo de um
animal, do escuro é diferente do medo de dirigir
sozinho longe de casa. Alguém pode aprender a ter
medo do escuro … mas o medo vem de fora.
Agorafobia é diferente, o medo "vem de dentro'… Se
você tem medo de aranha é o temor da picada, da
aparência dela, o nojo. Em agorafobia você não tem
medo do restaurante, da estrada, da mesma
maneira. Você não está realmente com medo do
lugar, mas do sentimento de pânico do temor do que
acontece dentro de você, medo de não lidar com as
sensações e o que elas podem te levar a fazer…”
F 40.0 Agorafobia
Embora a gravidade da ansiedade e a extensão do
comportamento de evitação sejam variáveis, esse é o
mais incapacitante dos transtornos fóbicos e alguns
pacientes tornam-se completamente confinados ao lar.
A falta de uma saída disponível em caráter imediato
é um dos aspectos-chave de muita das situações
agorafóbicas
A maioria dos pacientes é do sexo feminino e o início
é usualmente no começo da vida adulta.
F 40.0 Agorafobia
F 40.1 Fobias Sociais
Prevalência:
7% - 13%
Definição:
Medo severo e persistente de situações
ou performances sociais.
Principais características:
Medo persistente em situações sociais. A exposição
(social) provoca ansiedade. O indivíduo reconhece
que o medo é desproporcional. A ansiedade e a
evitação social interferem de forma significa no
funcionamento do cotidiano.
F 40.1 Fobias Sociais
Outras características:
Início na adolescência; igualmente comum em
homens e mulheres.
As Fobia Sociais podem estar associadas com
ataques de pânico.
Geralmente estão associadas a baixa estima e medo
de críticas.
Negativismo por antecipação para eventos sociais
futuros.
F 40. 1 - Fobias Específicas (isoladas)
São fobias restritas a situações altamente específicas
tais como proximidade a determinados animais, altura,
trovão, escuridão, voar, espaços fechados, urinar ou
evacuar em banheiros públicos, comer certos alimentos,
dentistas, visão de sangue ou ferimentos, e medo de
exposição a doenças específicas.
Geralmente surgem na infância ou
cedo na vida adulta e podem
persistir por décadas se não
forem tratadas.
F 40. 1 - Fobias Específicas (isoladas)
Acrofobia
Claustrofobia
F 40. 1 - Fobias Específicas (isoladas)
F 40. 1 - Fobias Específicas (isoladas)
F 41 – Outros transtornos de ansiedade
As manifestações de ansiedade são os sintomas
principais desses transtornos e não estão restritas
a qualquer situação ambiental em particular.
Sintomas depressivos e obsessivos e mesmo alguns
elementos de ansiedade fóbica também podem estar
presentes, desde que sejam claramente secundários
ou menos graves
F41. 0 Transtorno de Pânico (ansiedade paroxística
episódica)
Prevalência : 1,5% - 3,5%
Aspecto essencial: Ataques recorrentes de ansiedade
grave (pânico) não restritos a qualquer situação ou
conjunto de circunstâncias em particular e que são,
portanto, imprevisíveis.
Início geralmente no fim da adolescência, começo da
vida adulta.
Curso flutuante, com exacerbações e remissões.
F41. 0 Transtorno de Pânico (ansiedade paroxística episódica)
Sintomas:
Os sintomas dominantes variam de pessoa para pessoa: início
súbito de palpitações, dor no peito, sensações de choque,
náuseas ou desconforto abdominal, tontura , parestesias e
sentimentos de irrealidade(despersonalização ou desrealização)
são comuns. Quase sempre há um medo secundário de morrer,
perder o controle ou ficar louco.
A duração de cada ataque é de alguns minutos, (geralmente
menos do que 10 -15 minutos) e a sua freqüência variável.
50% dos pacientes se recuperam espontaneamente após um
longo período de transtorno.
F41. 0 Transtorno de Pânico (ansiedade paroxística episódica)
Característica –chave para diagnóstico: vários ataques
graves de ansiedade autonômica devem ter ocorrido num
período de cerca de1 mês.
O Transtorno de Pânico deve ser distinguido de um ataque
de pânico que pode acontecer como parte de um quadro de
transtorno fóbico estabelecido.
Podem ser secundários a transtornos depressivos,
particularmente em homens.
F41. 0 Transtorno de Pânico (ansiedade paroxística episódica)
Diagnóstico Diferencial:
Hipo e hipertireoidismo - Hiperparatireoidismo
Feocromocitoma
Hipoglicemia
Epilepsia
Labirintite
Medicamentos
Arritmias cardíacas
Asma.
F41. 1 Transtorno de Ansiedade Generalizada
Prevalência: 5%
Duas vezes mais comum em mulheres do que em homens.
É a experiência de apreensão contínua e de ansiedade sobre
eventos futuros , levando a preocupação crônica e patológica.
O aspecto essencial é ansiedade, generalizada e persistente,
mas não restrita ou mesmo predominante em quaisquer
circunstâncias ambientais em particular. Os sintomas são
altamente variáveis, mas queixas de sentimentos contínuos de
nervosismo, tremores, tensão muscular, sudorese, sensação
de cabeça leve, palpitações, tonturas e desconforto
epigástrico são comuns.
F41. 1 Transtorno de Ansiedade Generalizada
A característica diagnóstica cardinal é a preocupação
patológica .
Apresenta um alto grau de comorbidade com outros
transtornos ansiosos e com o transtorno depressivo
maior
F43 - Reação a Estresse Grave e Transtornos de
Ajustamento
Essa categoria difere das outras por incluir transtornos
identificáveis não somente pela sintomatologia em curso, mas
também em uma ou outra de duas influências um evento de vida
excepcionalmente estressante produzindo uma reação aguda de
estresse ou uma mudança de vida significativa levando a
circunstâncias desagradáveis continuadas que resultam em um
transtorno de ajustamento.
F43.1 – Transtornos de Estresse Pós-traumático
Prevalência: 3% - 8%
Surge como uma resposta tardia e/ou protraída a
um evento ou situação estressante (de curta ou longa
duração) de natureza excepcionalmente ameaçadora
ou catastrófica, a qual causa angústia invasiva em
quase todas as pessoas (desastres naturais, combate,
acidente sério, testemunhar morte violenta de outros
ou ser vítima de tortura, terrorismo, estupro ou outro
crime, diagnóstico de uma doença potencialmente
letal, etc.).
F43.1 – Transtornos de Estresse Pós-traumático
Sintomas típicos:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Episódios de repetidas revivescências do trauma sob a
forma de memórias intrusas (flashbacks) ou sonhos,
Afastamento de outras pessoas,
Falta de responsividade ao ambiente,
Anedonia,
Evitação de atividades e situações que relembrem o
trauma,
Excitabilidade autonômica aumentada.
F43.1 – Transtornos de Estresse Pós-traumático
Ansiedade e depressão estão comumente associadas aos
sintomas e sinais acima e ideação suicida não é infreqüente.
Uso excessivo de álcool ou drogas pode ser um fator de
complicação.
O início segue o trauma com um período de latência que pode
variar de semanas a meses (raramente excede 6 meses). O
curso é flutuante, mas a recuperação pode ser esperada na
maioria dos casos.
A probabilidade de desenvolver sintomas, o grau de severidade e
a duração dos sintomas são proporcionais à proximidade, duração
e intensidade do trauma.
Bibliografia:
• Classificação de Transtornos Mentais
e de Comportamento da CID – 10
Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas
Artmed – Porto Alegre 2003
• Graham Davey
Psychopathology – Research, Assessment
and Treatment in Clinical Psychology
BPS - Blackwell – UK 2008
• Kaplan & Sadock’s
Synopsis of Psychiatry – Behavioral
Sciences/Clinical Psychiatry 9th Edition,
Lippincott Williams & Wilkins, 2003
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