Autoridade, Responsabilidade e Comprometimento com a

Propaganda
Responsabilidade, Autoridade e
Compromisso com a Educação
Especial
Prof. Msc. Alexandre M. F. de Azevedo
• O desaparecimento da autoridade do mundo moderno:
enfraquecimento do pai no mundo moderno, carência de
balizas para a ação de qualquer educador, que perdeu sua
posição de autoridade
• Resgate do sujeito: perspectiva que diz não à transformação
do aluno em mercadoria, que faz oposição à objetivação do
consumo;
• A-Criança que funciona como credor de uma espécie de
virtuosismo pedagógico
• A destruição da experiência
• A diluição da tradição
A-Criança
• Funciona como uma espécie de virtuosismo pedagógico. “É
nesse altar que as crianças são imoladas como oferenda em
meio aos pequenos detalhes da vida cotidiana” (Lajonquière,
2010)
• A-Criança é desprovida de qualquer marca de desejo
• O sentimento de infância traduz uma forma de nos
endereçarmos às crianças, de educá-las
• Problematização da educação na modernidade
À busca do ponto justo
• “A educação atual - em algumas culturas mais do que em
outras - está totalmente impregnada de certo
fundamentalismo naturalista” (...) A criança como objeto de
saberes especializados de natureza psicomédica (Lajonquière,
2010)
• “A psicanálise “aplicada” à educação consiste em analisar,
dissolver, as ilusões tecnocientificistas que imperam no campo
educativo com vistas à educação para realidade impossível do
desejo”(Lajonquière, 2010). Dito de outro modo, é o que
Hanna Arendt refere como “recolocar o mundo no seu ponto
justo”
A Crise na Educação – entre o passado e o
futuro (Hanna Arendt)
• “Certamente, há aqui mais que a enigmática questão de saber
por que Joãozinho não sabe ler” (Arendt, 2009)
• A fusão de grupos étnicos mais diversos: instrução, educação
e americanização dos filhos de imigrantes
• O desafio de explorar e investigar a essência da educação: a
natalidade
• Uma nova importância dada aos recém-chegados por
nascimento (a educação como instrumento da política)
• Uma nova ordem do mundo. “O significado dessa nova
ordem, dessa fundação de um novo mundo contra o antigo,
foi e é a eliminação da pobreza e da opressão” (Arendt, 2009)
• Qual o papel político que a educação efetivamente representa
para as crianças, no sentido de desfazer um mundo antigo e e
entrar em um mundo novo?
• Um nova ordem política mediante a educação
• O fato importante é que, por causa de determinadas teorias,
boas ou más, todas as regras do juízo humano normal foram
postas de parte
Igualdade e equidade
• “Modalidade
de
educação
escolar,
oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
portadores de necessidades especiais” LDBEN (1996)
• “Processo educacional escolar definido por uma proposta
pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais
especiais, organizados institucionalmente para apoiar,
complementar, suplementar e, alguns casos, substituir os
serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação
escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades
dos educandos que apresentam necessidades educacionais
especiais, em todas as etapas e modalidades da educação
básica” LDBEN (2001)
• Equidade implica educar de acordo com as diferenças e
necessidade individuais, sem que as condições econômicas,
demográficas, geográficas, étnicas ou de gênero acarretem
um impedimento à aprendizagem” UNESCO
• Incluir com equidade significa abrir espaços sociais, como
garantia do direito de que, cada cidadão tenha acesso aos
recursos de sua comunidade
• “O que torna a crise educacional na América tão aguda é o
temperamento político do país, que espontaneamente, peleja
para igualar ou apagar tanto quanto possível as diferenças
entre jovens e velhos, entre dotados e pouco dotados, entre
crianças e adultos e, particularmente, entre alunos e
professores” (Arendt, 2009)
• Oligarquia de talentos: os mais dotados são os melhores
• Portanto, onde está o ponto justo?
• Que sistema de escolas públicas precisamos?
• Que estrutura precisamos para fazer funcioná-lo?
• Que princípios estão implicados nesse funcionamento?
Pressupostos básicos da crise na educação
• Crianças autônomas: a autoridade repousa no próprio grupo
de crianças; o grupo é consideravelmente mais forte e tirânico
do que a mais severa autoridade de um indivíduo isolado (
tirania da maioria). Resultado: conformismo ou delinquência
juvenil
• Negligenciamento extremamente grave, relacionado à
formação generalista dos professores. Nesse caso, os
estudantes são abandonados a seus próprios recursos.
Resultado: a autoridade do professor não é mais eficaz
• Substituição, na medida do possível do aprendizado pelo
fazer. A intenção consciente não era a de ensinar
conhecimentos, mas sim de inculcar uma habilidade.
Resultado: transformação de instituições de ensino em
instituições vocacionais
A destruição da experiência (Agamben, 2008)
• “O homem contemporâneo foi expropriado de sua
experiência”
• “Para a destruição da experiência, uma catástrofe não é de
modo algum necessária (...) a pacífica existência cotidiana em
uma grande cidade é, para esse fim, perfeitamente suficiente”
• A incapacidade de traduzir-se em experiência torna
insuportável, banal, a existência cotidiana
• A experiência tem o seu necessário correlato não no
conhecimento, mas na autoridade
• A experiência é incompatível com a certeza, e uma
experiência que se torna calculável e certa perde
imediatamente a sua autoridade
• O resgate da experiência implica da construção de um
repertório simbólico, de um sistema de relações de
conhecimento que favoreça a autonomia e a formação do
capital social
• O capital social é o conjunto de recursos atuais ou potenciais
que estão ligados à posse de uma rede durável de relações
mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e de
inter-reconhecimento ou, em outros termos, à vinculação a
um grupo, como conjunto de agentes que não somente são
dotados de propriedades comuns (passíveis de serem
percebidas pelo observador, pelos outros ou por eles
mesmos), mas também são unidos por ligaões permanentes e
úteis” (Bourdieu, 2007)
Entre o passado e o futuro
• O brincar era visto como o modo mais vívido e apropriado de
comportamento da criança no mundo, por ser a única forma
de atividade que brota espontaneamente de sua existência
enquanto criança. Somente o que pode ser aprendido
mediante o brinquedo faz justiça a essa vivacidade. A
aprendizagem no sentido antigo, forçando uma atitude de
passividade, obrigava-a a abrir mão de sua própria iniciativa
lúdica (Arendt, 2009)
• Aquilo que, por excelência, deveria preparar a criança para o
mundo dos adultos, o hábito gradualmente adquirido de
trabalhar e de não brincar, é extinto em favor da autonomia
do mundo da infância
Educação e responsabilidade
• Na educação, essa responsabilidade pelo mundo assume a
forma de autoridade. A autoridade do educador e as
qualificações do professor não são a mesma coisa. Embora
certa qualificação seja indispensável para a autoridade, a
qualificação, por maior que seja, nunca engendra, por si só, a
autoridade (...) sua autoridade de assenta na reponsabilidade
que ele assume por este mundo. (Arendt, 2009)
Autoridade e compromisso
• “A crise da autoridade na educação guarda a mais estreita
conexão com a crise da tradição, ou seja, com a crise de nossa
atitude face ao âmbito do passado. É sobremodo difícil para o
educador arcar com esse aspecto da crise moderna, pois é de
seu ofício servir como mediador entre o velho e o novo, de tal
modo que sua própria profissão lhe exige um respeito
extraordianário pelo passado” (Arendt, 2009)
• “O problema da educação no mundo moderno está no fato
de, por sua natureza, não poder esta abrir mão nem da
autoridade, nem da tradição, e ser obrigada, apesar disso, a
caminhar em um mundo que não é estruturado nem pela
autoridade nem tampouco mantido pela coeso pela tradição”
(Arendt, 2009)
• “A educação é o ponto em que decidimos se amamos
o mundo o bastante para assumirmos a
responsabilidade por ele (...) é, também, onde
decidimos se amamos nossas crianças o bastante
para não expulsá-las de nosso mundo e abandonálas a seus próprios recursos” (Arendt, 2009)
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