SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA MESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA MARISTELA CUCHI HUMANIZAÇÃO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL DE UM HOSPITAL PÚBLICO EM MATO GROSSO SORRISO-MT 2009. MARISTELA CUCHI HUMANIZAÇÃO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL DE UM HOSPITAL PÚBLICO EM MATO GROSSO Tese de Mestrado apresentada à Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva-SOBRATI, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. Orientação Professor: Dr. Douglas Ferrari SORRISO-MT 2009 CUCHI, Maristela. Humanização em Unidades de Terapia Intensiva: avaliação da percepção do profissional de um hospital público em Mato Grosso. Maristela Cuchi. Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva-SOBRATI, 2009.. 72p. Orientador Professor: Dr. Douglas Ferrari. Tese de Mestrado do Curso de Medicina Intensiva. Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva-SOBRATI, 2009. 1. HUMANIZAÇÃO; 2. UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA; 3. PROFISSIONAIS DE SAÚDE. I. Título. SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA MESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA MARISTELA CUCHI HUMANIZAÇÃO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL DE UM HOSPITAL PÚBLICO EM MATO GROSSO COMISSÃO EXAMINADORA _________________________________________ Orientação Professor: Dr. DOUGLAS FERRARI ___________________________________ Professor ___________________________________ Professor SORRISO-MT 2009. DEDICATÓRIA Dedico a felicidade deste momento a todos que amo. Aos anjos do céu pela paz e proteção. Em especial à toda minha família, pe lo amor, carinho e apoio. AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus, pela vida e tudo de bom que ela nos oferece. À minha família, pelo amor. A todo corpo docente da SOBRATI, pelos ensinamentos indispensáveis. Aos colegas e amigos de curso, pelo companheirismo. A todos que colaboraram de alguma forma para mais esta caminhada. Muito obrigada!! “Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado” (Roberto Shinyashiki) LISTA DE TABELAS Tabela 1. Leitos de UTI credenciados no período de 2003 a 2009 ......................................................................... 21 Tabela 2. Leitos de UTI habilitados pelo SUS ............................. 22 Tabela 3. Propostas de ação para a humanização das relações na equipe .................................................................. 31 Tabela 4. Diretrizes da Política Nacional de Humanização relacionadas ao atendimento em Unidades de Terapia Intensiva ................................................................... 33 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Fachada do Hospital Regional de Sorriso ............................... 38 Figura 2. Proporção dos participantes da pesquis a, em relação ao gênero ............................................................................................... 40 Figura 3. Distribuição da idade dos participantes da pesquisa ................ 40 Figura 4. Distribuição do estado civil dos participantes da pesquisa ........ 41 Figura 5. Distribuição da escolaridade dos participantes da pesquisa ...... 42 Figura 6. Distribuição da renda familiar dos participantes da pesquisa ..... 42 Figura 7. Distribuição das atividades e funções dos participantes da pesquisa ............................................................................................ 43 Figura 8. Distribuição do tempo em que exerce a profissão dos participantes da pesquisa .................................................................... 44 Figura 9. Distribuição da opinião dos participantes se considera o trabalhar em UTI um fator estressante .................................................. 44 Figura 10. Distribuição do conhecimento da existência de um Programa de Humanização da Assistência Hospitalar no Hospital Regional de Sorriso entre os participantes .............................................................. 45 Figura 11. Distribuição da opinião dos participantes se recebeu formação profissional adequada e suficiente para a atuação junto a pacientes de UTI .................................................................................................... 46 Figura 12. Distribuição da opinião dos participantes referente ao que é assistência humanizada ...................................................................... 47 Figura 13. Distribuição da opinião dos participantes referente à classificação como sendo mais importante na assistência dentro de uma unidade de terapia intensiva ................................................................ 48 Figura 14. Distribuição da opinião dos participantes referente as dificuldades encontradas pelo profissional, em relação a permanência dos familiares junto ao paciente em UTI ............................................... 49 Figura 15, Distribuição da opinião dos participantes se o ambiente da UTI do hospital pode proporcionar conforto ao paciente ......................... 50 Figura 16. Distribuição da opinião dos participantes referente aos fatores quem possam preocupar durante o horário de visita familiar .................. 51 LISTA DE ABREVIATURAS % - Porcentagem ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde COFEN – Conselho Federal de Enfermagem et al. – entre outros EUA – Estados Unidos da América ISS: Inventário de sintomas de estresse MS – Ministério da Saúde Nº - número º - grau p. ex. – por exemplo PNH: Política Nacional de Humanização PNHAH: Programa de Humanização da Assistência Hospitalar SUS – Sistema Único de saúde UTI: Unidade de Terapia Intensiva RESUMO Introdução: Humanização na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) tem sido uma grande preocupação por parte dos profissionais da saúde com intuito de oferecer uma assistência com qualidade. Objetivos: Assim, este estudo consiste de uma pesquisa que buscou explorar a humanização na Unidade de Terapia Intensiva, com o objetivo de identificar as dificuldades do profissional que trabalha neste ambiente em relação ao estresse da rotina, à permanência de familiares junto ao paciente hospitalizado, as dificuldades enfrentadas, e em especial, avaliar o grau de percepção dos funcionários sobre a assistência humanizada no atendimento de pacientes na Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Público na cidade de Sorriso, Estado do Mato Grosso. Método: Para a coleta e análise dos dados utilizou-se como método o estudo descritivo e qualitativo exploratório, através de questionário semiaberto como instrumento que foi aplicado a 243 profissionais de saúde que trabalham na UTI em um hospital público do município de Sorriso em Mato Grosso, contendo 18 leitos, no período de janeiro a março de 2012. Resultado: para a maioria dos profissionais que participaram da pesquisa – 40,0% há incompreensão da equipe multiprofissional nas diferentes situações que envolvem a dinâmica da assistência prestada, porém 12,0% não vê nenhuma dificuldade, desde que bem orientado (a) e esclarecida a importância da família na recuperação do paciente. Conclusão: Considera-se relativamente satisfatório o conhecimento dos profissionais em relação à assistência humanizada dentro da UTI, pois a maioria referiu ter conhecimento e empregabilidade da assistência humanizada. Porém, sugere-se haver necessidade de uma proposta educativa e continuada que repense a formação e capacitação dos profissionais da área da saúde, sobre os limites humanos, a fim de prestar uma assistência qualificada, integral e humanizada aos pacientes em processo de internação em UTI. Palavras-chave: Humanização; Unidade Profissionais de Saúde. de Terapia Intensiva; ABSTRACT Introduction: Humanizes in the Unit of Therapy Intensive (UTI) has been a great concern on the part of the professionals of the health with intention offering assistance with quality. Objectives: Thus, this study it consists of a research that it searched to explore the humanizes in the Unit of Intensive Therapy, with the objective to identify the difficulties of the professional who works in this environment in relation stresses to it of the routine, to the permanence of familiar next to the hospitalized patient, the faced difficulties, and in special, to evaluate the degree of perception of the employees on the assistance humanized in the attendance of patients in the Unit of Intensive Therapy of a Hospital Public in the city of Smile, State of the Mato Grosso. Method: For the collection and analysis of the data it was used as method the descriptive study and qualitative exploratory, through half-open questionnaire as instrument that was applied the 243 professionals of health whom they work in the UTI in a public hospital of the city of Smile in Mato Grosso, contends 18 stream beds, in the p eriod of January the March of 2012. Result: for the majority of the professionals who had participated of research - 40.0%, it has incomprehension of the multi professional team in the different situations that involve the dynamics of the given assistance , however 12.0% do not see no difficulty, since that guided well and clarified the importance of the family in the recovery of the patient. Conclusion: The knowledge of the professionals in relation to the humanized assistance of the UTI is considered inside relatively satisfactory, therefore the majority related to have knowledge and job of the humanized assistance. However, it is suggested to have necessity of a proposal educative and continued that rethink the formation and qualification of the professionals of the area of the health, on the human limits, in order to give a qualified assistance, integral and humanized to the patients in process of internment in UTI. Keywords: Humanizes; Unit of Intensive Therapy; Professionals of Health. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................... 13 2 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ........................................ 16 2.1 Histórico da UTI ......................................................... 17 2.2 Alguns Números de UTIs no Brasil .............................. 19 2.3 A estressante rotina em UTI ........................................ 21 2.4 O paciente e o Familiar ............................................... 23 2.5 A equipe multidisciplinar ............................................. 24 2.5.1 A interação da equipe ..................................... 27 2.6 Normativas generalistas existentes em nível nacional quanto as rotinas de UTI .................................................. 30 2.7 Humanização em Terapia Intensiva ............................. 33 3 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................ 37 3.1 Dados do Local de Estudo .......................................... 37 3.2 Análise dos resultados ................................................ 38 4 DISCUSSÃO.......................................................................... 52 5 PROPOSTAS E SUGESTÕES ................................................. 57 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 60 REFERÊNCIAS ........................................................................ 62 APÊNDICE ............................................................................... 69 1 INTRODUÇÃO Humanização na unidade de terapia intensiva (UTI) tem sido uma grande preocupação por parte dos profissionais da saúde com intuito de oferecer uma assistência com qualidade. A “humanização” não é apenas um conceito, é uma ação solidária, uma mão estendida, o silêncio que comunica, a lágr ima enxugada, o sorriso que alegra, a dúvida desfeita, a confiança restabelecida, a informação que esclarece. Segundo Ferreira (2001), humanização é o ato ou efeito de humanizar, é dar condições humanas, civilizar-se, é assegurar o máximo conforto material e moral ao paciente, e respeitar os seus desejos, inquietações e suas lembranças. Nas ações da humanização procuramos resgatar o respeito à vida humana, a nossa e a do paciente, criando assim um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado. Humanização na unidade de terapia intensiva está além de cuidar de sinais e sintomas físicos apresentados pelo paciente, mas é identificar os problemas e assistir o indivíduo em sua plenitude, visando suprir suas necessidades básicas, procurando avaliar a assistência prestada para garantir a eficácia do trabalho e o contato mais próximo com os familiares (RODRIGUES; CARLOS; SOUZA, 2004). Unidade de Terapia Intensiva é um ambiente estressante, tanto para o paciente, quanto para os familiares, bem como para os profissionais que ali atuam. Fatores como baixa luminosidade natural, temperatura controlada, a eminência de procedimentos de reanimação e ainda os incessantes ruídos dos diversos aparelhos monitores e mantenedores vitais, mesclados à rotina também 14 estressante de todos que compõem a equipe da unidade, podem proporcionar ambientes de estresse (BARBOSA; SAMPAIO, 2003). Toda alteração das rotinas normais de qualquer indivíduo leva-o a apresentar alguma alteração emocional. Quanto maior o número de mudanças, maior a probabilidade de o paciente e também profissional apresentar estresse, considerando então o imaginário coletivo das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são vistas por muitos como a ante-sala da morte, é esperado que desde o paciente, ou de seus familiares ap resentem alguma manifestação de estresse (MARTINS et al., 2003). Não obstante a isto, temos ainda os profissionais que vivem as maçantes rotinas neste ambiente insalubre, além de não ser possível fugir do fato de que o convívio com a morte é relativamente constate. Percebendo o estresse como conseqüência da resposta dos indivíduos às alterações em suas vidas, busca -se levantar as diferentes possibilidades de fatores estressantes ao paciente, ao familiar e aos funcionários das salas de UTI, de forma à demonstrar a possibilidade de convívio, e por que não, da superação. Identificar as dificuldades do profissional que trabalha na Unidade de Terapia Intensiva junto ao paciente hospitalizado, e avaliar o conhecimento destes profissionais sobre assistência humanizada e sua empregabilidade dentro deste ambiente proporciona melhorar a qualidade do atendimento, bem como maior conforto e confiança ao paciente. No presente estudo delineou-se avaliar o grau de percepção dos funcionários sobre a humanização no atend imento de pacientes em Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Público na cidade de Sorriso, Estado do Mato Grosso , bem como investigou-se o atendimento humanizado em Unidade de Terapia Intensiva e suas dificuldades, descrevendo as normativas 15 generalistas existentes em nível nacional quanto as rotinas de UTI, levantando bibliografias descritoras de melhoria no quadro clínico de pacientes a partir da presença familiar no ambiente terapêutico, e por fim buscou-se conhecer, através da análise do questionár io aplicado, a percepção dos funcionários do hospital estudado para o tratamento humanizado aos pacientes em UTI, a presentando os resultados e socializando-os à comunidade interessada. 2 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA A UTI é a Unidade de Terapia Intensiva existente nos hospitais e destinada ao acolhimento de pacientes em estado grave com chances de sobrevida, que requerem monitoramento constante (24 horas) e cuidados muito mais complexos que o de outros pacientes. O percentual de leitos de UTI nos hospitais varia de 7% a 15% dependendo das características de cada hospital (por exemplo, hospitais de grandes centros costumam ter mais leitos de UTI por receberem pacientes de diversos lugares) e a necessidade por mais leitos tende a crescer conf orme aumenta a expectativa de vida da população expondo-a a maiores chances de complicações e traumas relacionados a doenças degenerativas e acidentes, além do aumento de índices como a criminalidade (PEREIRA JUNIOR et al., 1999). A observação contínua dos pacientes em um local próprio e afastado dos demais doentes, que se fazia necessária em decorrência da gravidade da saúde dos pacientes é um dos princípios do cuidado ao paciente crítico, estabelecido quase um século antes por Florence Nightingale (SILVA; ARAÚJO; PUGINA, 2009). O objetivo básico das UTI é recuperar ou dar suporte às funções vitais dos pacientes enquanto eles se recuperam. Assim, as Unidades de Terapia Intensiva são equipadas com aparelhos capazes de reproduzir as funções vitais dos inte rnados como respiradores artificiais (por exemplo, a criação e uso destes aparelhos reduziu de 70% para 10% a morte de recém -nascidos 17 (PESSINI, 2004), aparelhos de hemodiálise que substituem a função dos rins e diversos outros. A criação das UTIs represent ou um grande marco na história da medicina uma vez que possibilitou o atendimento adequado dos pacientes garantindo -lhes melhores condições de recuperação e reduzindo os óbitos em cerca de 70% (ARONE; CUNHA, 2007). 2.1 Histórico da UTI A história do surgimento das UTIs remete ao início do século XX quando foram criadas as chamadas “salas de recuperação” para onde os pacientes eram levados após alguma neurocirurgia no Hospital Johns Hopkins (EUA). Já no Brasil elas só começaram a ser implantadas na décad a de 70, primeiramente no hospital Sírio Libanês em São Paulo com apenas dez leitos (1971) (BERTHELSEN; CRONQVIST, 2003). Em 1854, a Inglaterra, a França e a Turquia declararam guerra à Rússia, a chamada Guerra da Crim éia. Visto que muitos soldados feridos estavam morrendo no Hospital Barrack, na Turquia, Florence foi convocada pelo governo inglês para liderar um grupo de voluntárias que atenderia os soldados feridos. Ao deparar-se com as condições precárias de atendimento e higiene, Florence institui um dos princípios básicos da moderna terapia intensiva, separando os pacientes mais graves e colocando -os em uma situação que favorecia o cuidado por meio da observação constante (NIGHTINGALE, 1946; LINO; SILVA, 2003). Embora a intervenção baseada na observa ção contínua do paciente tenha iniciado com Florence, as UTIs, como são 18 conhecidas atualmente, tiveram origem na década de 1950, com a evolução dos avanços tecnológicos na área da saúde. Outro fator a ser destacado é a instrumentalização da assistência: uso de raio X para o diagnóstico de injúria pulmonar, suporte de oxigênio em concentrações elevadas, inicialmente de modo não invasivo e em seguida, invasivo, uso de sonda gástrica para hidratação descobrimento e de alimentação fármacos e antibioticoterapia. anestésicos e Com o antibióticos, o aprimoramento de técnicas cirúrgicas e o desenvolvimento de equipamentos que permitiam oferecer um suporte ventilatório aos pacientes com insuficiência no sistema respiratório, surgiram as primeiras unidades de atenção aos pacientes graves, como as unidades de choque, de queimados e neurocirúrgicas nos Estados Unidos e as salas de observação na Dinamarca (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009). No Brasil, as primeiras UTIs foram estabelecidas no início do ano de 1960, no Rio de Janeiro e em São Paulo, que se aprimoraram e expandiram por todo o país na década seguinte (PESSINI, 2004). As UTIs foram concebidas com a finalidade de oferecer atenção contínua e suporte avançado aos pacientes críticos, com risco de morte, lançando mão de recursos de alta tecnologia que auxiliam ou substituem a função de órgãos vitais. Na presença de falência pulmonar, os ventiladores substituem os pulmões; os cardiotônicos, conseguem os manter antiarrítmicos o e funcionamento os fármacos vasoativos cardiocirculatório; e os dializadores fazem o trabalho renal (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009). Alguns dos equipamentos encontrados nas Unidades de Terapia Intensiva: termômetro, oxímetro de pulso (mede a oxigenação nos tecidos do paciente), eletrocardiográ fico (mede a 19 frequência cardíaca e a pressão arterial), monitor de pressão arterial, monitor cardíaco, sonda naso-enteral (para alimentar o paciente), sonda vesical (para coletar a urina); máscara e cateter de oxigênio (auxiliam a respiração), cateter (dis positivo que auxilia a circulação sanguínea), tubo orotraqueal (auxilia a respiração do paciente), ventilador mecânico (injeta e retira ar dos pulmões do paciente quando este não consegue respirar sozinho) (PESSINI, 2004). No entanto, os avanços tecnológicos e os aparelhos sofisticados não são capazes de aliviar a dor dos pacientes, identificada como o maior estressor e a pior lembrança da UTI (JONES, 1979; STANIK-HUTT, 1998). São inegáveis os benefícios advindos do progresso da ciência. Sem a utilização da tecnologia na recuperação da saúde e manutenção da vida, provavelmente a expectativa de vida não teria crescido tanto nas últimas décadas. Os recém-nascidos em idade gestacional precoce não sobreviveriam, as crianças ainda morreriam em decorrência de crises asmáticas e adultos com rins que não exercem mais suas funções também morreriam (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009). 2.2 Alguns Números de UTIs no Brasil Atualmente, hospitais de médio e grande portes vêm cada vez mais investindo na criação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva. O Ministério da Saúde, entre o período de 2003 e 2010 credenciou 6.399 novos leitos de UTI e reclassificou , em todo o país, 1.668 leitos de UTI Tipo I para Tipo II e/ou III (com maior exigência técnica) (BRASIL, 2009). A portaria GM/MS 3432 de 12 20 de agosto de 1998 possivelmente colaborou com este aumento, vez que determina algumas situações em que os hospitais obrigatoriamente têm de oferecer leitos de UTI. Tabela 1. Leitos de UTI credenciados no período de 2003 a 2010. Ano Ampliação de Leitos de UTI Total ampliado 2003 Adulto 822 Pediátrico 168 Neonatal 312 2004 519 152 270 941 2005 331 78 245 654 2006 361 85 159 605 2007 594 97 217 908 2008 483 142 193 818 2009 354 69 171 594 2010 365 62 150 577 3829 853 1717 Total ....... 1302 6399 Fonte: BRASIL, 2011. Em consulta ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES, 2011), o Brasil possui um total de 27.737 leitos de UTI, sendo 17.357 leitos (62,57%) disponibilizados aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), assim classificados: 21 Tabela 2. Leitos de UTI habilitados pelo SUS Tipo Adulto Neonatal Pediátrico Adulto Neonatal Pediátrico Tipo II II II III III III I de leito Qtde. Total geral 7358 2912 1398 1718 635 564 2772 17357 Fonte: BRASIL, 2009. Utilizando os parâmetros recomendados pela Portaria GM/MS nº 1101/2002, de 12 de junho de 2002 (BRASIL, 2002), considerando que 80% da população brasileira é usuária do Sistema Único de Saúde, o que equivale a atualmente a aproximadamente 155 milhões de habitantes, seriam necessários atualmente 15.498 leitos de UTI para atender ao mínimo preconizado pela referida portaria, que é de 4% do número de leitos hospitalares necessários. Nesse sentido, conforme os números apresentados, o Brasil possui atualmente uma cobertura hospitalar, no que se refere a leitos de UTI de 4,5% (BRASIL, 2009). No entanto, se considerarmos a população total brasileira, que é de aproximadamente 200 milhões de habitantes, bem como considerando o total de leitos de UTI exist entes, que atualmente é de 27.737 leitos de UTI (SUS e não SUS), a cobertura assistencial é de 5,72% (ANVISA, 2011). 2.3 A estressante rotina em UTI O aumento de número entre outras possíveis observações, também nos leva a imaginar o crescente número de profissionais 22 de saúde que passam a atuar neste ambiente hospitalar com características tão peculiares. Características essas que podem gerar estresse em todos os envolvidos. Conforme afirmam Stacciarini e Trócolli: “A UTI é percebida pela equipe que nela atua, assim como por pacientes e familiares, como um dos ambientes mais agressivos, tensos e traumatizantes do hospital. Dentre os fatores, presentes no ambiente de terapia intensiva que geram estresse na equipe, encontram -se: o pouco preparo para lidar com a constante presença de mortes, as freqüentes situações de emergência, a falta de pessoal e material, o ruído constante das aparelhagens; o despreparo para lidar com as freqüentes mudanças do arsenal tecnológico, o sofrimento dos familiares, o conflito no relacionamento entre os profissionais; dentre outros. Em estudo realizado com 1.800 enfermeiros, 93% afirmaram sentirem -se estressados no trabalho.” (2001). As características dos pacientes remetidos ao tratamento intensivo remetem ao imaginário coletivo, a imagem de que a UTI é uma espécie de "ante-sala da morte". Uirizzi e Corrêa (2007) assim descreveram: “O medo da morte no contexto da hospitalização na UTI relaciona-se ao estigma que esse local imprime. Para a família e o paciente, a UTI sign ifica estar entre a vida e a morte, com a possibilidade de uma ida sem volta ”. Apesar de todo esse estigma, “a finalidade da UTI é tratar pacientes graves com chance de recuperação; pacientes que precisam de cuidados intensivos” (ALELUIA, 2008). Esta necessidade de cuidados intensivos unida ao desenvolvimento tecnológico do atendimento em saúde, levam para dentro das UTI’s, cada vez mais aparelhos tecnológicos, com 23 funções cada vez mais importantes para a manutenção da vida, e que favorecem o aumento da permanência dos pacientes em UTI. Em paralelo a este, o aumento dos conhecimentos relacionados à contaminação, infecção e disseminação de doenças e patógenos, fazem da UTI um setor isolado, onde há a necessidade de manutenção de cuidados específicos, c omo uso de vestimentas apropriadas, odores característicos, relativa constância na realização de procedimentos de ressuscitação, e em alguns casos com a morte, são fatores determinantes para o estresse do funcionário de UTI (SILVA et al., 2008). Percebendo o estresse como “uma situação tensa, fisiológica ou psicológica; que pode afetar as pessoas em todas as suas dimensões. A resposta ao estresse é influenciada pela intensidade, duração e âmbito do agente estressor e pelo seu número presente no momento” (BITTENCOURT et al., 2007). Ainda para estes autores “a identificação destes estressores é importante para a implementação de medidas que, atuando nesses fatores, possam facilitar a humanização do ambiente da UTI. ” (BITTENCOURT et al., 2007). 2.4 O paciente e o Familiar Como cita Carvalho et al.: “Apesar da UTI ser um local ideal para o atendimento aos pacientes agudos recuperáveis, é um ambiente extremamente agressivo, tenso e traumatizante e além da situação crítica em que o paciente se encontra existem outros fatores prejudiciais a sua estrutura psicológica, como falta de condições favoráveis ao sono, intercorrências terapêuticas freqüentes, isolamento da 24 família, suposição da gravidade da doença e do risco de vida.” ( CARVALHO; TUERLINCKX; LUNARDI, 2008). Alteração normalmente abrupta do ambiente natural de convívio do paciente leva-o a apresentar algum nível de estresse. E uma das formas de reduzir essa alteração tão severa, é a presença do familiar. Conforme Uirizi e Corrêa (2007): “Cabe salientar, também, que diante do enfrentamento das incertezas da vida no período de internação, a família, ao vivenciar o presente, em algumas ocasiões, vislumbra o futuro permeado também por inseguranças e incertezas expressas pelo medo da morte. ” Desta forma: “a restrição do horário de visitas, que impossibilita um maior contato com os familiares (…); são apontados como pontos negativos para a educação em saúde durante o período de internação na UTI” (CARVALHO et al., 2008). 2.5 A equipe multidisciplinar O profissional que trabalha nas UTIs é chamado de intensivista e a equipe é sempre formada por diversos profissionais como fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, enfermeiros e outros, além dos médicos. Outra função dos intensivistas, principalmente dos enfermeiros e assistentes sociais, é dar conforto e suporte aos familiares dos pacientes uma vez que a situação de internação de algum parente em UTI é sempre delicada para estes (DESLANDES, 2004). É fundamental no processo de humanização, entender a equipe, de maneira interdisciplinar, atuando e potencializando as 25 ações entre si, respeitando o potencial de cada um. Os profissionais da saúde que trabalham em UTI são confrontados diariamente com questões relativas a morte; o qu e pode ser relacionado as causas geradoras de estresse. Vários estudos Chiattonne (1997), Souza et al. (1985), Sebastian (1998), assinalam a violenta gama de estímulos emocionais nocivos aos quais os profissionais de saúde estão intermitentemente expostos entre eles: A atitude (muitas vezes interpretada como agressiva e/ou invasiva) de lidar com a intimidade emocional e corporal do paciente; Conviver com limitações técnicas, pessoais e materiais em contraponto ao alto grau de expectativas e cobranças lançad as sobre este profissional pelos pacientes, familiares, instituição hospitalar e até mesmo do próprio profissional; A solicitação intermitente de decisões rápidas e precisas, a cruel e desumana tarefa de “selecionar” quem usa este ou aquele equipamento, po is o número de urgências graves é quase sempre superior aos recursos; Nos berçários de alto risco, estas equipes têm que optar em atender uma superpopulação de bebês gravemente enfermos, expondo-os a riscos de contaminação e infecção hospitalar e, conseqüentemente, à morte ou dizer não a pais desesperados, que sabem que as chances de encontrar um outro hospital com recursos necessários é pequena. Diante destes questionamentos espera -se que as equipes estejam treinadas e experimentadas para lidar com essas situações. Molter (1979) diz que lidar com o corpo do paciente, suas excreções e dores, na prestação de cuidados de enfermagem revela sobremaneira a quantidade de ansiedade suportável, desencadeando nos enfermeiros defesas rigidamente estruturadas. Hudak et al. (1994) aponta que o sofrimento psíquico da equipe hospitalar pode ser identificada pelas jornadas prolongadas e ritmo acelerado de trabalho, a quase inexistência de pausas para 26 descanso ao longo do dia, a intensa responsabilidade por cada tarefa a ser executada com a pressão de ter “uma vida nas mãos”. As intercorrências inesperadas como mudanças repentinas no estado clínico de um paciente que estava bem, aumentam a tensão e a ansiedade. Estas situações geram inquietude na equipe como um todo e os faz avaliar as capacidades pessoais de conviver no ambiente da UTI. Estes sentimentos podem levar a frustração, raiva, depressão e falta de confiança em si próprio, diminuindo a satisfação com o trabalho (CHIATTONE, 1997). É importante que a equipe esteja atenta e colabore para o trabalho interativo, contribuindo para o saber multidisciplinar, facilitando sempre o processo comunicacional. Uma equipe coesa facilitará o trabalho interacional, podendo estruturar grupos para reuniões científicas, discussão de casos clínicos, buscando aperfeiçoar o atendimento aos pacientes, através da estruturação de condutas discutidas em equipe. Muitas vezes, há necessidade de esclarecimentos, trocas de informações e conhecimentos, que permitirão aos profissionais preparar m elhor o paciente com informações esclarecedoras. O trabalho em equipe como nos fala Sebastian (1998), além de acrescentar conhecimentos e dividir ansiedades, favorece o surgimento de soluções (PESSINI, 2004). Vale lembrar que o cuidado emocional é de responsabilidade de toda a equipe de saúde, que precisa estar em condições emocionais de trabalhar com os pacientes, seus familiares e comunidades. Ser saudável é uma conquista que deve ser buscada não só para os pacientes, mas também para a vida dos profissionais que atuam em UTI. Sebastian (1998) comenta ainda que: o bom senso, as trocas de conhecimentos entre os profissionais, o autoconhecimento, a interajuda, o apoio entre os membros da equipe facilitarão a atuação de cada um em benefício próprio, do paciente e da instituição. Pequenas atitudes dos profissionais podem indicar o processo da humanização, e resgatar 27 a dignidade do ser humano, muitas vezes abalada pela situação de internação. 2.5.1 A interação da equipe A dificuldade em trabalhar em equipe em decorrência da desumanização das relações é um fato comum que traz muitas aflições aos membros que fazem parte do cuidado intensivo. A impessoalidade e os conflitos que ocorrem nas relações entre os profissionais na UTI estão diretamente relacionados ao cuidando do paciente crítico. Algumas características são do próprio cotidiano de trabalho. A sobrecarga física e emocional, as perdas e as mortes constantes, a não liberação das emoções, a autonomia e os limites do trabalho da equipe são, indubitavelmente, fatores que interferem na relação interpessoal entre os membros da equipe e entre o profissional e o paciente (SILVA; ARAÚJO, FUGGINO, 2009). A integração do trabalho da equipe nas UTIs é marcado por inúmeras contradições. É necessário provocar dor em intervalos de tempo regulares para que se possa manter a vida e cuidar de pessoas que “não dão sinais” de que continuam vivas. Para o profissional, parece ainda não haver relação de troca na interação com alguns pacientes, em razão da imobilidade e impossibilidade de verbalização (PINHO; SANTOS, 2008). Convive-se com sentimentos dicotômicos oriundos desses paradoxos, por vezes desejando algo contrário a seus princípios, tal como a morte de alguém a quem se dedica o cuidado. Além desses paradoxos, há a sobrecarga física e emocional. É fisicamente extenuante cuidar de pacientes com o dobro do seu 28 peso corpóreo e que são totalmente dependentes da equipe para a higienização e mobilização freqüentes (VILA; ROSSI, 2002). A sobrecarga emocional da equipe de saúde como um todo na UTI tem sido amplamente discutida na literatura (VILA; ROSSI, 2002; LEITE; VILA, 2005; ESSLINGER, 2004), que identifica diversos fatores que contribuem para o esgotamento psíquico do trabalhador. Pela natureza de seu trabalho, o con tato da equipe com o paciente e sua família é maior e mais estreito, o que possibilita a escuta e a identificação de necessidades. Porém, também é um fator que causa estresse e ansiedade para o profissional, à medida que não é possível suprir todas as demandas identificadas, seja pelo limite de atuação profissional, seja pela sobrecarga de atividades (SILVA; ARAÚJO, FUGGINO, 2009). A própria equipe multidisciplinar também é um fator que gera estresse ao profissional, sobretudo no que tange à falta de compromisso e coleguismo de alguns membros da equipe (LEITE; VILA, 2005). O clima de trabalho exaustivo e tenso provoca desmotivação e conflitos, produzindo relações de trabalho inadequadas, em um contexto que muitas vezes não possui um bom delineamento dos limites de atuação profissional de cada um dos envolvidos. Outro fator agravante da sobrecarga emocional dos trabalhadores em UTI é a instabilidade clínica e a gravidade dos pacientes atendidos que gera uma expectativa constante de ter de lidar com situações de emergência em que há risco de morte. Lidar constantemente com o sofrimento do paciente e de seus familiares, a dor física e emocional do outro, o inesperado, o limite e as perdas e mortes freqüentes contribuem para o esgotamento psíquico dos profissionais (PEREIRA; BUENO, 1997). 29 À medida que os profissionais são incentivados a priorizar os aspectos técnicos de sua prática profissional, negam com frequência, suas emoções, reprimindo-as por trás de uma aparente frieza. Essa “neutralidade” em relação ao sofrimento causa um distanciamento que empobrece o relacionamento com os pacientes e familiares. Esse é o mecanismo de enfrentamento mais utilizado pelo profissional que trabalha em UTI e paradoxalmente, também um dos fatores que mais contribuem para a desumanização do cuidado em um ciclo vicioso (SILVA; ARAÚJO, FUGGINO, 2009). Diante desses fatores, os profissionais buscam, compulsivamente, alternativas para melhorar seu estado emocional e suas condições de trabalho. Há a necessidade de bate -papos informais, diversas pausas para o “café” no turno de trabalho e horários de almoço e de descanso noturno estendidos, não apenas para o repouso, mas para ouvir música, assistir televisão e conversar (PEREIRA; BUENO, 1997). Para exercer a profissão com honra e dignidade, respeitando o outro e sua condição humana, os profissionais de saúde também precisam ser tratados com dignidade, com melhores condições de trabalho, melhores remunerações e reconhecimento e valorização de suas atividades e iniciativas, além do reconhecimento de seus limites profissionais (BACKES et al., 2006). Para humanizar o cuidado, também é necessário cuidar do cuidador. É importante resgatar a realização pessoal, a alegria e o prazer no trabalho, ter espaço para falar e ser ouvido e reflet ir sobre o fazer. É necessário que cada um saiba o que é esperado de seu trabalho, encorajando a responsabilidade do profissional pelos próprios atos. Também é necessário deixar claro o impacto que o trabalho de um membro tem sobre o trabalho da equipe com o um todo (SILVA; ARAÚJO, FUGGINO, 2009). 30 A tabela abaixo apresenta algumas propostas concretas de ação para a humanização das relações na equipe de enfermagem nas UTIs. Tabela 3. Propostas de ação para a humanização das relações na equipe Cuidar de si mesmo: ter uma atividade de lazer prazerosa, expor sentimentos, chorar as perdas, vivenciar os lutos e buscar acompanhamento psicológico, quando necessário Utilizar, de forma adequada, técnicas de comunicação interpessoal (p. ex., comportamento empático e escuta ativa): melhora o relacionamento com pacientes, familiares e demais membros da equipe Ser solidário e cooperar com os colegas no trabalho Criar um grupo de discussão, com encontros regulares com os colegas de trabalho, para compartilhar situações vivenciadas e criar estratégias para ancorar os princípios bioéticos de autonomia, beneficência e justiça Promover atividades integradoras entre a equipe, como happy hours, confraternizações, gincanas, entre outras Investir na educação continuada: aprimorar as habilidades relacionais com leituras, cursos, palestras, dinâmicas e discussões de casos . Fonte: SILVA; ARAÚJO, FUGGINO, 2009. 2.6 Normativas generalistas existentes em nível nacional quanto as rotinas de UTI Para atender a essas necessidades, o governo federal, em maio de 2000, regulamentou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), com a finalidade de criar uma cultura de humanização. Com o objetivo de melhorar o atendimento à população, essa iniciativa resgata e incentiva o bom 31 relacionamento entre profissionais de saúde e pacientes. O programa destaca claramente a importância da associação entre os aspectos tecnológicos da assistência e as habilidades de relacionamento dos profissionais de saúde para a melhora da qualidade assistencial. Assim, considera a comunicação adequada como o fator estratégico para um atendimento mais humano e solidário (BRASIL, 2000; DESLANDES, 2004; OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006). As propostas do PNHAH abrangeram alguns hospitais da rede pública, capacitando os trabalhadores e estimulando o trabalho em equipe multiprofissional e a gestão de indivíduos como cuidadores (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009). Em 2004, com o objetivo de estabelecer um caráter transversal à cultura de humanização, para atingir todos os níveis de atenção à saúde, o Ministério da Saúde estabeleceu a Política Nacional de Humanização (PNH), conhecida como Humaniza SUS (BRASIL, 2004). A PNH complementa e aprimora o programa anterior, agregando a necessidade de melhora dos aspectos organizacionais do atendimento à população, além de estabelecer estratégias e diretrizes para a implementação da cultura de humanização nas instituições, por nível de atenção (FORTES, 2004; HENNINGTON, 2008). Nos níveis de atenção hospitalar e especializada, em que se incluem as UTIs, algumas diretrizes da PNH (BRASIL, 2004) podem ser visualizadas na tabela abaixo. 32 Tabela 4. Diretrizes da Política Nacional de Humanização relacionadas ao atendimento em Unidades de Terapia Intensiva Garantia de visita aberta, por meio da presença do acompanhante e sua rede social, respeitando a dinâmica de cada unidade hospitalar e as peculiaridades das necessidades do acompanhante Mecanismo de recepção com acolhimento dos usuários Mecanismos de escuta para a população e os trabalhadores Garantia de continuidade da assistência Definição de protocolos clínicos, garantindo a eliminação de intervenções desnecessárias e respeitando as diferenças e as necessidades do sujeito Equipe multiprofissional de atenção à saúde, com horário pactuado para atendimento à família e/ou à sua rede social Existência de Grupos de Trabalho de Humanização, com um plano de trabalho definido Fonte: BRASIL, 2004. Vale destacar que a humanização das UTIs é um dever moral, ético e legal dos profissionais de saúde. Além da PNH, diversas leis federais e estaduais garantem o direito a um atendimento à saúde mais digno (FORTES, 2004; BACKES et al., 2006; HENNINGTON, 2008). A própria Constituição Brasileira oferece o amparo legal à humanização em seu art. 1º, inc. 3º, ao afirmar a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito (BRASIL, 2008). Em relação aos enfermeiros, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, quanto aos princípios fundamentais da profissão, em seu art. 3º, norteia a prática profissional para o respeito à vida, à dignidade e aos direitos do ser humano, em todas as suas dimensões (COFEN, 2007). Visto que existem um Código de Ética Profissional, um Programa Nacional e uma Constituição Federal que asseguram e 33 estimulam o respeito à dignidade do ser humano, por que ainda precisamos falar para os profissionais de todas as especialidades em saúde acerca da humanização? Isso ocorre porque, além da responsabilidade ética, o comportamento dos profissionais depende, em principal, do compromisso individual de cada pessoa (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009). Sem mudança de atitude na relação com o outro, é impossível humanizar o cuidado e a assistência. Não é possível sustentar o discurso do humanismo se não tomarmos cuidado com as palavras que utilizamos na conversa, se nos esquecermos da importância de prestar atenção ao outro, de ouvir o que o outro está falando sem deixar o pensamento divagar e de cumprimentar o outro com um sorriso ou aperto de mãos e se fingirmos não perceber os sentimentos e as necessidades do outro. Para humanizar a assistência em UTI, é necessário atentar para todas as dimensões do cuidado: o ambiente, o paciente, a família e a equipe, em seus aspectos biológico, emocional, espiritual e social. 2.7 Humanização em Terapia Intensiva As UTIs oferecem monitoração hemodinâmica invasiva, mas nem sempre permitem que uma esposa visite seu marido fora de horários visualização preestabelecidos. de pequenas Os alterações tomógrafos permitem morfológicas dentro a do organismo, mas os pacientes ficam sem seus óculos. Há a preocupação em informar à família que, em decorrência da bactéria multirresistente X, o antibiótico Y foi substituído pelo Z e que por essa razão eles precisam usar luvas e avental ao entrar no quarto, mas esquecem o nome do paciente. Contudo, de que adianta ter ciência e tecnologia sofisticadas ao alcance se esquecem-se que o 34 objetivo do trabalho em saúde é assistir o ser humano, em sua totalidade e complexidade? (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009). Se a assistência não for empregada levando -se em conta os valores humanos e éticos, ela perde seu sentido de existência. Um valor produzido pelo conhecimento deve derivar -se do valor pela vida. Se o uso da tecnologia e dos processos de trabalho é decorrente do conhecimento humano, mas obscurece o próprio ser humano, pode-se concluir que o homem se perdeu em alguma etapa do processo ou deixou-se dominar pela máquina (PESSINI, 2004). Pode-se afirmar que, na atualidade, todo o sistema de saúde está passando por uma crise de valores e identidade, na qual o processo e a tecnociência parecem ser valorizados em detrimento do indivíduo. De acordo com Pessini (2004), com frequência, são observados ambientes tecnicamente perfeitos, mas sem alma e ternura humana. Essa desumanização do cuidado é ainda mais notória nas UTIs, em que, por conta do domínio operacional dos aparelhos e a realização de procedimentos técnicos, o cuidador e o ser cuidado parecem estar afastados. Para Barnard (1997), os profissionais de saúde, envolvidos na ciência do cuidar, são norteados por conceitos humanísticos, mas de modo pouco crítico, t êm adotado valores mecanicistas, que modificaram profundamente sua prática nas últimas décadas. Essa mudança paradigmática tem revelado cuidadores altamente especializados e capacitados para o domínio de equipamentos, relacionamento no mas pouco trabalho afetivos, em com equipe e problemas de dificuldades no atendimento às necessidades humanas básicas dos pacientes. No contexto da terapia intensiva, a tecnologia e a humanização devem ser indissociáveis e complementares em prol da integralidade da assistência. Sem dúvida, trata-se de um grande desafio a ser gerenciado por todos (ARONE; CUNHA, 2007). 35 O descontentamento com esse cenário que coisifica e desvaloriza o ser humano, por enfocar o aspecto técnico do cuidado, tem levado os profissionais a repensar sua prática e resgatar os valores humanísticos que embasam a profissão. Nas UTIs, observam-se movimentos de humanização, na tentativa de aliar a competência técnico-científica ao humanismo, que prega a compaixão e o respeito à dignidade humana (PESSINI, 2004). Humanizar conhecimento a assistência nas técnico-científico, UTIs a é integrar ao responsabilidade, a sensibilidade, a ética e a solidariedade no cuidado ao paciente e seus familiares e na interação com a equipe. Pressupõe aliviar a dor e o sofrimento do outro; compaixão, ou seja, empatia traduzida em ação solidária concreta; respeito à dignidade e autonomia do outro; compreensão do significado da vida, em seus aspectos éticos, culturais, econômicos, sociais e educacionais; e valorização da dimensão humana do paciente em detrimento de sua patologia (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009). O movimento de humanização não é restrito às UTIs, mas a todo o sistema de saúde brasileiro: “(...) Na avaliação do público, a forma de atendimento, a capacidade demonstrada pelos profissionais de saúde para compreender suas demandas e suas expectativas são fatores que chegam a ser mais valorizados que a falta de médicos, a falta de espaço nos hospitais e a falta de medicamentos. (...) As tecnologias e os dispositivos organizacionais não funcionam sozinhos – sua eficácia é fortemente influenciada pela qualidade do fator humano e do relacionamento que se estabelece entre profissionais e usuários atendimento.” (BRASIL, 2000). no processo de 36 A experiência de estar internado em uma UTI e de passar pelo estado de coma é um processo complexo, que pode deixar marcas profundas nos indivíduos que vivenciam essa situação. Muitas dessas marcas não estão somente ligadas ao coma em si, mas às experiências de ter sido “descuidado” durante esse processo, levando muitos doentes a precisar se recuperar não apenas da doença, mas também do fato de terem se tornado “pacientes”. Isso ocorre porque, apesar dos avanços teóricos acerca do cuidado, a prática ainda está baseada, quase exclusivamente, em ações profissionais despersonalizadas, em que o ser se torna a doença, o objeto passivo da investigaç ão e do tratamento (SILVA; SCHLICKNANN; FARIA, 2002). O cuidado do profissional de saúde, com certeza é um dos itens mais difíceis de ser implementado. Em decorrência da rotina diária e complexa que envolve o ambiente da UTI, os membros da equipe esquecem de tocar e conversar com o ser humano que está à sua frente (VILA; ROSSI, 2002). Ao realizar uma atividade técnica, sem estar presente de profissional não está realmente corpo, mente e espírito, o cuidando, realizando um procedimento (WALDOW, 2001). mas tão somente 3 ANÁLISE DOS RESULTADOS 3.1 Dados do Local de Estudo O Hospital Regional de Sorriso foi inaugurado em 18 de maio de 1989 e está localizado na Av. Porto Alegre, 2984, no Centro do município de Sorriso em Mato Grosso. É uma procedimentos de unidade pública média alta e com atendimento complexidade, de ambulatorial, internação, emergencial e de acordo com a demanda da clientela espontânea e referenciada, que atende a população de mais de 15 cidades no norte do Estado, com convênio da Secretaria Estadual de Saúde e a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Atualmente disponibiliza 120 leitos no total, distribuídos nas mais diversas especialidades, entre eles 9 leitos de UTI adulto e 9 de neonatal somente não tem leito de pediátrica. 38 Figura 1. Fachada do Hospital Regional de Sorriso. Fonte: CUCHI, 2009.. 3.2 Análise dos resultados Participaram da pesquisa um total de 25 funcionários do Hospital Regional de Sorriso, que voluntariamente, responderam ao questionário proposto, sendo destes participantes 18 mulheres e 7 homens (figura 2). 39 72,0% Gênero 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 28,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Fem Mas Figura 2. Proporção dos participantes da pesquisa, em relação ao gênero. Fonte: CUCHI, 2009.. A idade dos entrevistados ficou distribuída entre 18 e acima de 50 anos, sendo que 24,0% estão na faixa etária entre 18 e 25 anos, 16,0% encontram-se entre 26 e 33 anos, seguidos de 28,0% entre 34 e 41 anos, 20,0% entre 42 e 49 anos e 12,0% acima de 50 anos de idade (figura 3). 30,0% 28,0% Idade 24,0% 25,0% 20,0% 20,0% 16,0% 15,0% 12,0% 10,0% 5,0% 0,0% 18-25 anos 26-33 anos 34-41 anos 42-49 anos > 50 anos Figura 3. Distribuição da idade dos participantes da pesquisa. Fonte: CUCHI, 2009.. 40 Entre os participantes da pesquisa, 56,0% são solteiros, 20,0% estão casados, seguidos de 16,0% que são divorciados e 8,0% amasiados (figura 4). 56,0% 60,0% Estado civil 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 20,0% 16,0% 10,0% 8,0% 0,0% Solteiro Casado Divorciado Amasiado Figura 4. Distribuição do estado civil dos participantes da pesquisa. Fonte: CUCHI, 2009. A Escolaridade dos participantes ficou assim distribuída: 48,0% ensino médio, especialistas (figura 5). 32,0% ensino superior e 20,0% são 41 50,0% 48,0% Escolaridade 45,0% 40,0% 32,0% 35,0% 30,0% 25,0% 20,0% 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% Ensino Médio Ensio Superior Especialista Figura 5. Distribuição da escolaridade dos participantes da pesquisa. Fonte: CUCHI, 2009. A renda familiar refere 48,0% entre 1-3 salários mínimos, seguidos de 32,0% entre 7-10 SM e 20,0% com renda superior a 11 SM (figura 6). 50,0% 48,0% Renda familiar 45,0% 40,0% 32,0% 35,0% 30,0% 25,0% 20,0% 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% 1-3 SM 7-10 SM > 11 SM Figura 6. Distribuição da renda familiar dos participantes da pesquisa. Fonte: CUCHI, 2009. 42 A atividade ou função exercida pelo s funcionários participantes da pesquisa, 16,0% são enfermeiros, 20,0% são médicos, 60,0% são auxiliares técnicos e 4,0% são membros da atividade administrativa do hospital (figura 7). Atividade/função 60,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 16,0% 20,0% 20,0% 10,0% 0,0% 4,0% Enfermeiro Médico Auxiliar técnico Administrativo Figura 7. Distribuição das atividades e funções dos participantes da pesquisa. Fonte: CUCHI, 2009.. Quanto ao tempo em que exerce a profissão, 8,0% está entre 1-3 anos, 48,0% tem entre 4 e 6 anos de profissão, seguidos de 24,0% que possui entre 7-10 anos e 20,0% possui mais de 11 anos exerce a mesma profissão (figura 8). 43 48,0% 50,0% Tempo que exerce a profissão 45,0% 40,0% 35,0% 30,0% 24,0% 25,0% 20,0% 20,0% 15,0% 8,0% 10,0% 5,0% 0,0% 1-3 anos 4-6 anos 7-10 anos > 11 anos Figura 8. Distribuição do tempo em que exerce a profissão dos participantes da pesquisa. Fonte: CUCHI, 2009. Questionados se considera o trabalhar em UTI um fator estressante para sua vida pessoal ou profissional , obteve-se que 20,0% considera sim o trabalho em UTI um fator estressante, seguidos de 56,0% que não considera e 24,0% referem que nem sempre é estressante o trabalho em UTI (figura 9). 60,0% 56,0% Considera estressante trabalhar em UTI 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 24,0% 20,0% 10,0% 0,0% Sim Não Nem sempre Figura 9. Distribuição da opinião dos participantes se considera o trabalhar em UTI um fator estressante. Fonte: CUCHI, 2009. 44 Se o Hospital tem um Programa de Humanização da Assistência Hospitalar, 76,0% dos entrevistados responderam que sim, seguidos de 24,0% que refere não saber da existência do programa (figura 10). 76,0% 80,0% O Hospital tem um Programa de Humanização da Assistência Hospitalar 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 24,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Sim Não sei Figura 10. Distribuição do conhecimento da existência de um Programa de Humanização da Assistência Hospitalar no Hospital Regional de Sorris o entre os participantes. Fonte: CUCHI, 2009. Buscou-se ainda, conhecer se o funcionário recebeu uma formação profissional adequada e suficiente para a atuação junto a pacientes de UTI, sendo que 76,0% informa que recebeu, seguidos de 8,0% que afirma não ter recebido formação adequada e 16,0% acredita que poderia ser melhor capacitado para trabalhar em UTI (figura 11). 45 80,0% 76,0% 70,0% Recebeu formação adequada para atuar em UTI 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 16,0% 8,0% 10,0% 0,0% Sim Não Eu poderia ser melhor capacitado Figura 11. Distribuição da opinião dos participantes se recebeu formação profissional adequada e suficiente para a atuação junto a pacientes de UTI. Fonte: CUCHI, 2009. Assistência humanizada para 60,0% é recolher o paciente também como ser digno de amor e livre biológica e psicologicamente, sendo capaz de determinar -se por si próprio nas suas ações e com liberdade de escolha, de opção, além de prestação de cuidado, e para 8,0% é ter como ponto final do seu trabalho apenas o cuidado de atendimento/procedimentos, não a manutenção da vida a qualquer custo e para 32,0% é Colocando-se no lugar do próximo, utilizando palavras simples co mo bom-dia, obrigada, posso ajudar? (figura 12). 46 60,0% Assistência humanizada é 60,0% 50,0% 40,0% 32,0% 30,0% 20,0% 8,0% 10,0% 0,0% Recolher o paciente também como ser digno de amor e livre Ter como ponto final do seu biológica e psicologicamente, trabalho apenas o cuidado de sendo capaz de determinar-seatendimento/procedimentos, não Colocando-se no lugar do por si próprio nas suas ações ae manutenção da vida a qualquer próximo, utilizando palavras simples como bom-dia, com liberdade de escolha, de custo obrigada, posso ajudar? opção, além de prestação de cuidado Figura 12. Distribuição da opinião dos participantes referente ao que é assistência humanizada . Fonte: CUCHI, 2009. O participante classifica como sendo mais importante na assistência dentro de uma unidade de terapia intensiva, para 12,0% é um cuidado tecnológico de alta complexidade, sendo que para 12,0% um cuidado voltado à patologia do paciente, para 44,0% um cuidado com calor humano e 32,0% considera um cuidado holístico, com calor humano e de qualidade (figura 13). 47 45,0% 40,0% Mais importante na assistência em UTI 44,0% 35,0% 32,0% 30,0% 25,0% 20,0% 15,0% 12,0% 12,0% 10,0% 5,0% 0,0% Um cuidado tecnológico de Um cuidado voltado à alta patologia do complexidade paciente Um cuidado com calor humano Um cuidado holístico, com calor humano e de qualidade Figura 13. Distribuição da opinião dos participantes referente à classificação como sendo mais importante na assistência dentro de uma unidade de terapia intensiva. Fonte: CUCHI, 2009. As dificuldades encontradas pelo profissional, em relação à permanência dos familiares junto ao paciente em UTI. Para 32,0% ocorre a falta de espaço, área física, sendo que para 16,0% há uma incompreensão dos familiares relacionada aos horários de procedimentos, visitas e passagem de plantão , para 40,0% há i ncompreensão da equipe multiprofissional nas diferentes situações que envolvem a dinâmica da assistência prestada e 12,0% não vê nenhuma dificuldade, desde que bem orientado da importância da família na recuperação do paciente (figura 14) . 48 40,0% 40,0% 32,0% 35,0% Permanência de familiares junto ao paciente em UTI 30,0% 25,0% 20,0% 16,0% 15,0% 12,0% 10,0% 5,0% 0,0% Falta de espaço, área física Incompreensão dos familiares relacionada aos Incompreensão da equipe horários de multiprofissional nas procedimentos, visitas e diferentes situações que passagem de plantão envolvem a dinâmica da assistência prestada Nenhuma dificuldade, desde que bem orientado(a) da importância da família na recuperação do paciente Figura 14. Distribuição da opinião dos participantes referente as dificuldades encontradas pelo profissional, em relação a permanência dos familiares junto ao paciente em UTI. Fonte: CUCHI, 2009. A questão do ambiente da UTI do hospital proporciona r conforto ao paciente é entendida por 40,0% que sim, 24,0% acredita que não, sendo que 36,0% refere que o mais importante é o tratamento adequado do paciente (figura 15). 49 40,0% 40,0% O ambiente da UTI do hospital proporciona conforto ao paciente 36,0% 35,0% 30,0% 24,0% 25,0% 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% Sim Não Mais importante é o tratamento Figura 15. Distribuição da opinião dos participantes se o ambiente da UTI do hospital pode proporcionar conforto ao paciente . Fonte: CUCHI, 2009. Determinados fatores são referidos pelos participantes como preocupantes durante o horário de visita dos familiares , assim para 40,0% referem ter medo de alguém da família destratar (tratar mal) à você ou à alguém da equipe, seguido de 32,0% dizer ter medo que o familiar visitante, por ser um desconhecedor das normas de biossegurança, traga para dentro da unidade contaminação externa, sendo que 16,0% tem medo que o familiar acuse a equipe de ser culpada pelo estado de seu ente internado, para 4,0% a visita impede que o profissional desenvolva todas as obrigações dentro dos prazos estipulados, atrapalhando os procedimentos e para 8,0% tem receio que aconteça imprevistos durante a visita, tais como óbito, PCT, entre outros que levem à quebra da rotina normal da visita. Os participantes ainda alegam outros fatores que preocupam, tais como: o sofrimento da família, o médico quase não explica nada para família, não poder ajudar a família, entre outros (figura 16). 50 40,0% Fatores preocupantes durante o horário de visita familiar 40,0% 35,0% 32,0% 30,0% 25,0% 20,0% 16,0% 15,0% 10,0% 8,0% 5,0% 4,0% 0,0% Medo de alguém Medo que o da família Medo que o destratar (tratar familiar visitante, familiar acuse a A visita impede por ser um Receio que mal) à vc ou à que eu equipe de ser aconteça alguém da equipedesconhecedor culpada pelo desenvolva todas das normas de imprevistos as minhas estado de seu biossegurança, obrigações dentro durante a visita, traga para dentro ente internado tais como óbito, dos prazos da unidade estipulados, PCT, entre outros contaminação que levem à atrapalhando os externa procedimentos quebra da rotina normal da visita Figura 16. Distribuição da opinião dos participantes referente aos fatores quem possam preocupar durante o horário de visita familiar . Fonte: CUCHI, 2009. Quanto às dificuldades que os profissionais encontram para trabalhar em UTI, algo que os incomode, tais como condições de trabalho, organização, interações socioprofissionais, ambiente, entre outros, os participantes relatam que são necessários mais técnicos para ajudar, tem muito barulho no ambiente, são necessários mais médicos para dar mais atenção ao paciente, a circulação de crianças na UTI adulto, são fatores que dificultam o bom desenvolvimento do trabalho de toda a equipe. Foi solicitando, ainda, que os participantes indicassem o que precisa melhorar na UTI do hospital, sendo que, de forma sucinta, foi sugerido: que o atendimento seja mais humano, que os médicos devem atender e dar atenção também à família, mais 51 funcionários para ajudar nos procedimentos e rotinas da UTI, acabar com os contratos de trabalho e fazer concurso público, mais interesse de alguns profissionais, humanizar como, por exemplo, em homenagem colocar o nome do Dr. Jardel que ajudou muito para a UTI ficar 100% e morreu aqui. 4 DISCUSSÃO A humanização na unidade de terapia intensiva (UTI) tem sido uma grande preocupação por parte dos profissionais da saúde com intuito de oferecer uma assistência com qualidade. Segundo Ferreira (2001), humanização é o ato ou efeito de humanizar, é dar condições humanas, civilizar -se, é assegurar o máximo conforto material e moral ao paciente, e respeitar os seus desejos, inquietações e suas lembranças. Nas ações da humanização procura-se resgatar o respeito à vida humana, a do profissional e a do paciente, criando, assim, um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado. Para Carlos, Rodrigues e Souza (2005), Humanização na unidade de terapia intensiva significa estar envolvido com o paciente e a família, pois além de cuidar de sinais e sintomas físicos apresentados pelo paciente, busca-se identificar os problemas e assistir o indivíduo em sua plenitude, visando suprir suas necessidades básicas, procurando avaliar a assistência prestada para garantir a eficácia do trabalho e o contato mais próximo com os familiares. Segundo Tânia (2003), a competência do profissional que atua em UTI, independentemente da faixa etária, ocupa espaço social para o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a prática das rotinas e procedimentos, possibilitando ao profissional de agora os instrumentos simbólicos necessários à compreensão do seu posicionamento da sociedade e assegurando a sua identidade profissional e ética. 53 Martins et al. (2003) refere haver hoje um número mínimo significativo de profissionais que se especializam cada vez mais para atender às expectativas médico-hospitalares. Segundo Santos (1999), para que se possa conhecer a realidade do cuidado de UTI é necessário compreender como o trabalho acontece neste ambiente, e o significado cultural que os profissionais dessa área atribuem à humanização. Segundo Santos (1999), assistência humanizada é aquela que visa qualificar o indivíduo em sua totalidade, buscando suprir as necessidades do paciente internado. Sobre conhecimento da assistência humanizada, segundo Barbosa (2003), é imprescindível a participação dos profissionais envolvidos com educação continuada, fazendo com que desenvolvam suas atividades de maneira eficiente, planejada e contínua. Neste sentido, para Caccarro (1997), é durante a prestação dos cuidados que a arte pode emergir. A obra de arte surge quando o profissional e o seu cliente se aproximam, estabelecendo laços afetivos e intuitivos, concretos e imaginários, que se reforçam a partir do cuidado do “espírito” de ambos. Também para Watson (1985), o cuidado da enfermagem e a ação da equipe multiprofissional são primordiais no atendimento dos pacientes que leva à dignidade humana. O mais importante no cuidado em UTI, segundo Martins; Optz; Évora; Fávero e Trevizan (2003), cabe à equipe estar construindo o trabalho passo a passo, criar novos processos de rotinas, inovar, buscar, não ter medo de errar, vencer o conformismo e a submissão, não esquecendo nunca que o profissional que atua nessa área é “gente que cuida de gente”, e o trabalho deve incessantemente buscar a humanização nos 54 aspectos éticos, dentre outros, obtendo, assim, a realização profissional. Em trabalho realizado por Neman e Souza (2003) confirmam que a presença da família é importante no tratamento de forma a investir nas possibilidades de recuperação do paciente. Segundo Gomes (1988), não é suficiente deixar a família entrar na UTI. É necessário “trabalhá -la” para potencializar o trabalho do profissional; é preciso questioná-la sobre as dúvidas, observar-lhe as reações e os comportamentos, entender -lhe as emoções. Para Silva (2001), o profissional que atua em UTI sente-se preparado para lidar com os pacientes na presença dos familiares, porém acredita que os mesmos dão trabalho devido a suas expectativas, e por querer que alguém lhes dê alguma certeza. Por isso, ainda para Neman e Souza (2003), complementam que a família é uma parte da equipe de saúde, atuando como recurso na promoção do conforto e bem-estar do paciente. Santos, profissionais que Toledo e trabalham Silva na (1999) UTI afirmam devem criar que um os bom relacionamento com a família, buscando facilitar sua participação no tratamento do paciente, e elaborar um plano de visita que possa atender, na medida do possível, as necessidades do paciente, da família e equipe. Os profissionais da saúde que trabalham em UTI são confrontados diariamente com questões relativas a morte; o que pode ser relacionado com as causas geradoras de estresse. Vários estudos de Chiattonne (1997), Sebastian (1997), Salício (2006), assinalam a violenta gama de estímulos emocionais nocivos aos quais os profissionais de saúde estão intermitentemente expostos, 55 onde espera-se que as equipes estejam treinadas e experimentadas para lidar com essas situações. Gaiva (2006) diz que lidar com o corpo do paciente, suas excreções e dores, na prestação de cuidados de UTI revela sobremaneira desencadeando a quantidade nos de ansiedade suportável, defesas rigidamente profissionais estruturadas. Deslandes (2004) aponta que o sofrimento psíquico da equipe hospitalar pode ser identificada pelas jornadas prolongadas e ritmo acelerado de trabalho, a quase inexistência de pausas para descanso ao longo do dia, a intensa responsabilidade por cada tarefa a ser executada com a pressão de ter “uma vida nas mãos”. As intercorrências inesperadas como mudanças repe ntinas no estado clínico de um paciente que estava bem, aumentam a tensão e a ansiedade. Estas situações geram inquietude na equipe como um todo e os faz avaliar as capacidades pessoais de conviver no ambiente da UTI. Estes sentimentos podem levar a frustração, raiva, depressão e falta de confiança em si próprio, diminuindo a satisfação com o trabalho (SALÍCIO, 2006). É importante que a equipe esteja atenta e colabore para o trabalho interativo, contribuindo para o saber multidisciplinar, facilitando sempre o processo comunicacional. Uma equipe coesa facilitará o trabalho interacional, podendo estruturar grupos para reuniões científicas, discussão de casos clínicos, buscando aperfeiçoar o atendimento aos pacientes, através da estruturação de condutas discutidas em equipe. Muitas vezes, há necessidade de esclarecimentos, trocas de informações e conhecimentos, que permitirão aos profissionais preparar melhor o paciente com informações esclarecedoras. O trabalho em equipe como nos fala Oliveira (2006), além de acrescentar conhecimentos e dividir ansiedades, favorece o surgimento de soluções. 56 Vale lembrar que o cuidado emocional é de responsabilidade de toda a equipe de saúde, que precisa estar em condições emocionais de trabalhar com os pacientes, seus familiares e comunidades. Ser saudável é uma conquista que deve ser buscada não só para os pacientes, mas também para a vida dos profissionais que atuam em UTI. Oliveira (2006) comenta ainda que o bom senso, as trocas de conhecimentos entre os profissionais, o autoconhecimento, a interajuda, o apoio entre os membros da equipe facilitarão a atuação de cada um em benefício próprio, do paciente e da instituição. Pequenas atitudes dos profissionais podem indicar o processo da humanização, e resgatar a dignidade do ser humano, muitas vezes abalada pela situação de internação. 5 PROPOSTAS E SUGESTÕES Para a promoção de ações que visam a humanização do paciente crítico, o grande desafio é mudar comportamentos, uma vez que o comportamento humano é modificado ape nas com motivação própria. Como resultado de nossa pesquisa, considera-se relativamente satisfatório o conhecimento dos profissionais em relação à assistência humanizada dentro da UTI, pois a maioria referiu ter humanizada conhecimento na rotina do e empregabilidade trabalho. Porém, da assistênc ia sugere-se haver necessidade de uma proposta educativa e continuada que repense a formação e capacitação dos profissionais da área da saúde, sobre os limites humanos, a fim de prestar uma assistência qualificada, integral e humanizada aos pacientes em processo de internação em UTI. Para humanizar é preciso, antes de tudo, humanizar -se. Assim, apresentam-se algumas propostas de ação para a humanização do paciente de UTI, contemplando o paciente em si. Orientar a equipe a tratar o paciente pelo nome. Nesse sentido, é útil colocar pequenas identificações na cabeceira, no pé da cama ou próximo à entrada do boxe/quarto; Colocar um painel do lado do leito do paciente para que ele possa afixar fotos de amigos e familiares, recadinhos, mensagens, entre outros; 58 Explicar, com antecedência, os procedimentos que serão realizados, independentemente do nível de consciência do paciente; Estar atento aos sinais não verbais emitidos pelos pacientes: desenvolver a percepção de quando algo agrada ou incomoda. Cuidar para não invadir seu espaço pessoal sem pedir licença; Proporcionar orientação temporal ao paciente, disponibilizando relógio e calendários, posicionados de forma que sejam facilmente visualizados pelo paciente; Oferecer jornais, revistas, livros, televisão ou música. Caso o paciente utilize óculos, aparelhos auditivos e/ou próteses dentárias, devolvê-los assim que possível; Reconhecer o paciente como parte integrante de uma família, com funções e necessidades específicas. Facilitar a aproximação; Incluir a dor como o quinto sinal vital, promovendo avalia ção frequente e alívio adequado; Preservar a privacidade e a confiança do paciente, evitando comentários pessoais sobre ele ou outro paciente em voz alta na UTI ou nos elevadores; Usar um tom de voz adequado para questionar o paciente sobre aspectos de sua intimidade (p. ex., evacuação); Mexer nos pertences pessoais do paciente, por exemplo, escova de dente, chinelos, pente, e outros, somente com a sua autorização. Cuidar para não invadir seu território sem pedir licença; Olhar o paciente nos olhos antes de iniciar os procedimentos ; Informar aos familiares sobre o que acontece, mantendo a comunicação clara, honesta e freqüente, é o elemento essencial que permite uma vivência mais serena e tranquila, sem gerar expectativas que não podem ser atendidas . 59 O que o paciente solicita é não ser abandonado, é ser cuidado até o final e não sofrer sem necessidade, princípios básicos da humanização na assistência, porque a dor e o sofrimento são, para os pacientes críticos, piores que a própria morte. CONSIDERAÇÕES FINAIS No Brasil ainda é pequena a discussão de políticas de intervenção considerando os aspectos de humanização, assim como ainda não está no rol das prioridades da maioria dos gestores. A dimensão subjetiva da qualidade da atenção, como o conforto, o acolhimento e a satisfação dos usuários é algo que parece ainda um discurso ideal e distante do real. Apesar das discussões e posições teóricas sobre a humanização em UTI, ainda hoje é impressionante a flagrante violação dos direitos e da dignidade dos usuários desses serviços. Ninguém questiona a importância da existência da tecnologia porque ela em si mesma não é benéfica nem maléfica, tudo depende do uso que fazemos dela. Diante de fatos concretos e importantes vimos a necessidade da equipe multiprofissional que atua em UTI que está assistindo nas 24 horas o paciente, a responsabilidade por prestar um cuidado que valorize a intersubjetividade dos sujeitos, os direitos e a cidadania. Finalmente, que busque melhores condições de trabalho, valorizando assim sua categoria e ocupando seu espaço no contexto dos serviços de saúde. Das considerações feitas até aqui, vale ressaltar a necessidade de que seja dada a necessária ênfase às relações humanas. Dessa forma, será possível a concretização de ações primordiais: assegurar a reintegração da equipe multiprofissional, possibilitar a discussão e a reflexão sobre os dilemas da prática profissional e viabilizar o desenvolvimento de mecanismos de adaptação que tornem a equipe apta para lidar com a morte e com a família, no contexto da terapia intensiva. 61 Em nosso trabalho, no discurso dos entrevistados aparece claro o que é humanização, e por outro lado, a realidade do cotidiano das UTIs está longe de oferecer uma assistência humanizada, tendo entre os principais elementos dificultadores a ausência de um filosofia assistencial nas instituições e falta de comprometimento da equipe de saúde. Ainda como resultado de nossa pesquisa, considera-se relativamente satisfatório o conhecimento dos profissionais em relação à assistência humanizada dentro da UTI, pois a maioria dos profissionais referiu ter conhecimento e empregabilidade da assistência humanizada. Porém, sugere-se a educação continuada e elucidativa que repense a formação e capacitação dos profissionais da área da saúde sobre os limites humanos, a fim de prestar uma assistência qualificada, integral e humanizada aos pacientes em processo de internação em UTI. REFERÊNCIAS ALELUIA, Ieda. Morte na UTI: uma Tentativa de Humanizar. Publicado em 14 ago 2008. Disponível em: http://www.hsf.org.br/dicas/medicas&id=6 . Acesso: 22 mar 2012. ALVES, Alessandra. A Família na UTI. Publicado em 15 ago 2008. Disponível em: www.clinicasaovicente.com.br/.pdf. Acesso: 22 mar 2012. ANDRADE, Maria M. de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 8ed. São Paulo: Atlas, 2007. ARONE, E.M.; CUNHA, I.C.K.O. Tecnologia e humanização: desafios gerenciados pelo enfermeiro em prol da integralidade da assistência. Rev Bras Enferm 2007;60(6):721-3. BACKES, D.S.; LUNARDI, V.L.; FILHO, W.D.L. A humanização hospitalar como expressão da ética. 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Human science and humam care. Norwalk. CT: Appleton-Century Crofts, 1985. APÊNDICE QUESTIONÁRIO 1. Sexo ( ) fem ( ) masc 2. Idade ( ) 18-25 anos ( ) >50 anos ( ) 26-33 anos ( ) 34-41 anos ( ) 42-49 anos 3. Estado Civil ( ) solteiro ( ) casado ( ) divorciado ( ) amasiado 4. Escolaridade ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) Especialista 5. Renda familiar ( ) 1-3 SM ( ) 4-6 SM ( ) 7-10 SM ( ) >11 SM 6. Atividade/função ( ) Enfermeiro ( ( ) Administrativo ) Médico ( ( ) auxiliar técnico ) outro _______ 7. Quanto tempo exerce a profissão ( ) 1-3 anos ( ) >11 anos ( ) 4-6 anos ( ) 7-10 anos 8. Considera o trabalhar em UTI um fator estressante para sua vida pessoal ou profissional? ( ) sim ( ) não ( ) Nem sempre 9. O Hospital tem um Programa de Humanização da Assistência Hospitalar? ( ) sim ( ) não ( ) não sei 10. Voce recebeu uma formação profissional adequada e suficiente para a atuação junto a pacientes de UTI? ( ) sim ( ) não ( ) eu poderia ser melhor capacitado 11. Para você assistência humanizada é: 71 ( ) Estar preparado e atento apenas para as necessidades fisi ológicas básicas do paciente. ( ) Recolher o paciente também como ser digno de amor e livre biológica e psicologicamente, sendo capaz de determinar-se por si próprio nas suas ações e com liberdade de escolha, de opção, além de prestação de cuidado. ( ) Ter como ponto final do seu trabalho apenas o cuidado de atendimento/procedimentos, não a manutenção da vida a qualquer custo. ( ) Colocando-se no lugar do próximo, utilizando palavras simples como bom-dia, obrigada, posso ajudar? 12. O que você classifica como sendo mais importante na assistência dentro de uma unidade de terapia intensiva? ( ) Um cuidado tecnológico de alta complexidade. ( ) Um cuidado voltado à patologia do paciente. ( ) Um cuidado com calor humano. ( ) Um cuidado holístico, com calor humano e de qualidade. 13. Quais as dificuldades encontradas por você, em relação à permanência dos familiares junto ao paciente? ( ) Falta de espaço, área física. ( ) Incompreensão dos familiares relacionada aos horários de procedimentos, visitas e passagem de plantão. ( ) Incompreensão da equipe multiprofissional que nas diferentes situações que envolvem a dinâmica da assistência prestada. ( ) Nenhuma dificuldade, desde que bem orientado(a) da importância da família na recuperação do paciente. 14. Na sua opinião, o ambiente da UTI do hospital proporciona conforto ao paciente? ( ) sim ( ) não ( ) o mais importante é o tratamento 15. Que fatores abaixo relacionados lhe preocupa durante o horário de visita familiar? ( ) Medo de alguém da família destratar (tratar mal) à vc ou à alguém da equipe. ( ) Medo que o familiar visitante, por ser um desconhecedor das normas de biossegurança, traga para dentro da unidade contaminação externa. 72 ( ) Medo que o familiar acuse a equipe de ser culpada pel o estado de seu ente internado. ( ) A visita impede que eu desenvolva todas as minhas obrigações dentro dos prazos estipulados, atrapalhando os procedimentos ( ) Receio que aconteça imprevistos durante a visita, tais como óbito, PCT, entre outros que levem à quebra da rotina normal da visita. Outro(s) fator(es): ___________________________________________ 16. Cite alguma dificuldade que voce encontra ao trabalhar em UTI, algo que lhe incomode (tipo: condições de trabalho, organização do trabalho, interações socioprofissionais, ambiente, etc). __________________________________________________________ __________________________________________________________ 17. O que precisa melhorar na UTI do hospital __________________________________________________________ __________________________________________________________