Slide 1 - RExLab

Propaganda
Alterações radiográficas em pacientes com a co-infecção
vírus da imunodeficiência humana/tuberculose: relação
+
com a contagem de células TCD4 e celularidade do
escarro. (Medicina)
Profa. Dra. Rosemeri Maurici Silva, Acadêmica Paula Luz Stocco, PIBIC,
Medicina, Tubarão.
Introdução
A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um dos maiores fatores de risco
para o desenvolvimento da tuberculose em indivíduos previamente infectados pelo bacilo. Ela
é uma das primeiras e principais complicações entre os infectados pelo HIV, surgindo antes
de outras infecções freqüentes.
A contagem de células TCD4+ no sangue periférico tem implicações prognósticas na evolução
da infecção pelo HIV, e sua diminuição provoca uma grande susceptibilidade para a
primoinfecção ou reativação de uma infecção tuberculosa prévia.
As alterações radiológicas dos pacientes com co-infecção tuberculose/HIV dependem da
contagem de células TCD4+. Quando a contagem dessas células está abaixo de 200
células/mm3, as apresentações são, em sua grande maioria, atípicas. No início da infecção
pelo HIV, ou seja, quando a contagem de células TDC4+ está acima de 200 células/mm3, a
tuberculose apresenta-se de forma radiológica semelhante àquela presente nos pacientes
imunocompetentes
Alterações da celularidade do escarro ocorrem concomitantemente às alterações das células
TCD4+ no sangue periférico, repercutindo sobre as manifestações das doenças respiratórias
neste grupo específico de pacientes, inclusive as manifestações radiológicas.
A ausência de estudos que avaliam o comportamento da tuberculose pulmonar relacionado
às alterações da celularidade de escarro motivou esta proposta de estudo.
Objetivo
Avaliar a relação das manifestações radiológicas da tuberculose pulmonar com as contagens
de células TCD4+ no sangue periférico e com a celularidade do escarro.
Metodologia
Foi realizado um estudo transversal no Hospital Nereu Ramos, em Florianópolis (SC), no qual
foram analisados todos os pacientes acima de 14 anos, admitidos entre agosto de 2007 a
abril de 2008, co-infectados com HIV e tuberculose pulmonar. Foram considerados pacientes
portadores do HIV aqueles que apresentaram sorologia positiva para o vírus, e portadores de
tuberculose pulmonar aqueles com identificação do Mycobacterium tuberculosis em amostras
de origem respiratória (escarro, lavado broncoalveolar e/ou biópsias pulmonares e pleurais).
As radiografias de tórax foram classificadas de acordo com os padrões de alteração em
consolidação alveolar, intersticial, derrame pleural, cavitação, linfonodomegalia mediastinal
e/ou hilar, e suas respectivas associações.
Foram coletadas amostras sanguíneas para a contagem de células TCD4+ e amostras de
escarro para a realização da celularidade, com os procedimentos de coleta seguindo as
normas do Ministério da Saúde.1
Foram consideradas viáveis as amostras de escarro que apresentaram 40% de células vivas.
A presença de macrófagos alveolares foi determinada pela contagem diferencial dos
leucócitos presentes no filtrado da amostra de escarro. Foi determinada a percentagem e
contagem absoluta de células epiteliais escamosas, eosinófilos, linfócitos, leucócitos
polimorfonucleares, células viáveis e células totais.2
As freqüências das alterações radiológicas entre os intervalos de contagem de células TCD4+
e da celularidade de escarro foram comparadas pelo teste do qui-quadrado e pelo teste de
Fisher, em um nível de significância de 95% (p<0,05).
Resultados
Foram avaliados 31 indivíduos, 23(74,2%) do gênero masculino e 8(25,8%) do gênero
feminino. A prevalência de caucasianos foi de 64,5% e de não caucasianos de 35,5%. A
média de idade foi de 39,97 anos (DP±10,97), sendo a idade mínima de 22 anos e a idade
máxima de 68 anos. Dos participantes, 15(48,39%) eram HIV positivos, e 16(51,61%) eram
HIV negativos. Dos indivíduos HIV positivos, três foram excluídos por não apresentarem
expectoração espontânea. A amostra então ficou constituída de 12 indivíduos com idade
média de 34,75 anos (DP±6,6), sendo 7(58,3%) do gênero masculino e 5(41,7%) do gênero
feminino. A prevalência de caucasianos foi de 8(66,7%) e 4(33,3%) de não caucasianos.
Com relação às alterações radiológicas, a associação de padrões estava presente em
8(66,7%) e ausente em 4(33,3%). A lesão intersticial estava presente em 6(50%), a lesão
alveolar em 10(83,3%), cavitação em 4(33,3%), derrame pleural em 2(16,7%), e atelectasia
em 1(8,3%). Os valores médios encontrados nas células do escarro foram viabilidade(V) de
73.83 x 106, células escamosas(CE) de 137.58, neutrófilos(N) de 0.67 x 106, eosinófilos(E) de
0.04 x 106, macrófagos(M) de 0.38 x 106, linfócitos(L) de 0.18 x 106, e células totais(CT) de
1.28 x 106. A média da contagem de células TCD4+ foi de 101,33 células/mm3 (DP±71,81).
O coeficiente de correlação de Pearson entre as células CD4+ e as células encontradas no
escarro foi respectivamente: viabilidade de – 0.29, células escamosas de 0.197, neutrófilos
de – 0.196, eosinófilos de – 0.128, macrófagos de – 0.21, linfócitos de – 0.126 e células totais
de – 0.25.
Tabela 1 – Distribuição das alterações radiológicas de acordo com as
médias de células do escarro e células TCD4+.
Rx
n
V
CE
N
E
M
L
CT
TCD4+
Associação
de padrões
presente
Associação
de padrões
ausente
Lesão
Alveolar
Presente
Lesão
Alveolar
Ausente
Lesão
Intersticial
Presente
Lesão
Intersticial
Ausente
Cavitação
Presente
8
46.1
169.13
0.44
0.03
0.23
0.14
0.85
88.65
4
129.5
74.5
1.14
0.05
0.69
0.25
2.14
126.75
10
76.9
149.3
0.53
0.02
0.41
0.11
1.08
110.8
2
58.5
79
1.4
0.1
0.22
0.51
2.26
54
6
26.3
243.5
0.93
0.07
0.09
0.34
1.44
96
6
121.3
31.7
0.42
0.0004
0.67
0.02
1.11
106.67
4
83
54.5
0.18
0.007
0.42
0.04
0.67
51.25
Cavitação
Ausente
8
69.25
179.13
0.91
0.05
0.36
0.25
1.59
126.38
Derrame
Pleural
Presente
Derrame
Pleural
Ausente
2
46
10
0.02
0.0007
0.31
0.014
0.38
97.5
10
79.4
163.1
0.8
0.04
0.39
0.21
1.46
102.1
Conclusão
Não houve diferença estatisticamente significativa (p>0,05) entre as médias encontradas na
celularidade de escarro e nos níveis sangüíneos de células TCD4+, e a presença ou ausência dos
diferentes padrões radiológicos.
Bibliografia
1. Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Centro de Referência Prof. Hélio
Fraga. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Controle da Tuberculose: uma
proposta de integração ensino-serviço. 5a Ed. Rio de Janeiro; 2002.
2. Pizzichini E, Pizzichini MMM, Efhtimiadis A, Hargreave FE, Dolovich J. Measurement of
inflammatory indices in induced sputum: effects of selection of sputum to minimize salivary
contamination. Eur Respir J 1996;9:1174-80.
Apoio Financeiro: Unisul – CNPq
PEGASUS – Grupo de Pesquisa em Pneumologia e
Semiologia da Unisul
Download