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Propaganda
Currículos da Educação
Profissional
Elvira Godiva Junqueira
FATEC
Aula 01 e 02
17 e 24/09/2011
Função social do ensino: que finalidade
deve ter o sistema educativo?
Por
trás
de
qualquer
proposta
metodológica se esconde uma concepção
do valor que se atribui ao
ensino
 Assim como certas idéias mais ou menos
formalizadas e explícitas em relação aos
processos de ensinar e aprender

O papel dos objetivos educacionais



Um modo de determinar os objetivos ou
finalidades da educação consiste em fazê-lo em
relação às capacidades que se pretende
desenvolver nos alunos
Determinar qualquer atuação educacional, já
que, explicite-se ou não, sempre será o
resultado de uma maneira determinada de
entender a sociedade e o papel que as pessoas
têm nela
Educar quer dizer formar cidadãos e cidadãs,
que não estão parcelados em compartimentos
estanques, em capacidades isoladas



Quando se tenta potencializar certo tipo de
capacidades cognitivas, ao mesmo tempo esta
influindo nas demais capacidades, mesmo que
negativamente a capacidade de uma pessoa
para se relacionar depende das experiências que
vivem
E as instituições educacionais são um dos
lugares preferenciais
Nesta época, para se estabelecer vínculos e
relações que condicionam e definem as próprias
concepções pessoais sobre si mesmo e sobre os
demais


É preciso insistir que tudo quanto fazemos
em aula, por menor que seja, incide em
maior ou menor grau na formação de
nossos alunos
A maneira de organizar a aula, o tipo de
incentivos,
as
expectativas
que
depositamos, os materiais que utilizamos,
cada uma destas decisões está vinculada a
determinadas
experiências
com
o
pensamento que temos a respeito do
sentido e do papel que hoje em dia tem a
educação
Os conteúdos de aprendizagens:
instrumentos de explicitação das
intenções educativas

Os grandes propósitos estabelecidos nos
objetivos educacionais são imprescindíveis
e também úteis para
realizar a análise global do processo
educacional ao longo de toda uma série e,
sem dúvida, durante todo
um ciclo ou etapa




Mas quando nos situamos no âmbito
da aula, e concretamente, numa unidade
de análise válida para entender a prática
que nela acontece
Temos que buscar alguns instrumentos
mais definidos a resposta sobre a pergunta
“por que ensinar?”
Devemos acrescentar a resposta “o que
ensinamos?”
Como questão mais acessível neste âmbito
concreto de intervenção



Assim, pois, se diz que uma matéria está muito
carregada de conteúdos ou que um livro não
tem muito conteúdos
Este sentido, estritamente disciplinar e de
caráter cognitivo, geralmente também tem sido
utilizado na avaliação do papel que os
conteúdos devem ter no ensino
De forma que as concepções que entendem a
educação como formação integral se tem
criticado o uso dos conteúdos como única forma
de definir as intenções educacionais


Devemos nos desprender desta leitura restrita
do termo “conteúdo” e entendê-lo como tudo
quanto se tem que aprender
para alcançar determinados objetivos que não
apenas abrangem as capacidades cognitivas,
como também incluem as demais capacidades
Serão conteúdos de aprendizagens todos
aqueles que possibilitam o desenvolvimento das
capacidades motoras, afetivas, de relação
interpessoal e de inserção social


A resposta tradicional sobre o papel do ensino e
de seus diferentes tipos de conteúdos como
instrumentos
descritivos
do
modelo
propedêutico que propõe, poderemos ver que é
fácil efetuar uma descrição bastante precisa e
que vai além das definições genéricas
As perguntas para defini-lo se resumiriam no
que é preciso saber, saber fazer e ser
Teorias do currículo

Procuram justificar a escola
de determinados
conhecimentos e saberes
em detrimento de outros,
considerados menos
importantes
Currículo:
Para além de si mesmo, é a
expressão de uma concepção de
mundo, de homem, e de sociedade
Currículo


"O currículo aparece, assim, como o conjunto de
objetivos de aprendizagem selecionados que devem dar
lugar à criação de experiências apropriadas que tenham
efeitos cumulativos avaliáveis, de modo que se possa
manter o sistema numa revisão constante, para que nele
se operem as oportunas reacomodações" (Sacristán,
2000:46) - Teorias Curriculares Tradicionais
"O currículo oculto é constituído por todos aqueles
aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte do
currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita
para aprendizagens sociais relevantes (...) o que se
aprende no currículo oculto são fundamentalmente
atitudes, comportamentos, valores e orientações..."
(Silva, 2001:78) - Teorias Curriculares Críticas
Currículo


"...o conhecimento não é exterior ao poder, o conhecimento não se opõe
ao poder. O conhecimento não é aquilo que põe em xeque o poder: o
conhecimento é parte inerente do poder (...), o mapa do poder é ampliado
para incluir os processos de dominação centrados na raça, na etnia, no
gênero e na sexualidade " (Silva, 2001:148-1149) -Teorias Curriculares
Pós-críticas
" ... uma abordagem global dos fenômenos educativos, uma maneira de
pensar a educação que consiste em privilegiar a questão dos conteúdos e
a forma como estes conteúdos se organizam nos cursos.
Um currículo escolar é primeiramente, no vocabulário pedagógico anglosaxão, um percurso educacional, um conjunto contínuo de situações de
aprendizagem (learning experiences) às quais um indivíduo vê-se exposto
ao longo de um dado período, no contexto de uma instituição de educação
formal. (...)
O currículo, escreve por seu lado P. W. Misgrave (1972), constitui na
verdade 'um dos meios essenciais pelos quais se acham estabelecidos os
traços dominantes do sistema cultural de uma sociedade', no mínimo pelo
papel que ele desempenha na gestão do estoque de conhecimentos de
que dispõe a sociedade, sua conservação, sua transmissão, sua
distribuição, sua legitimação, sua avaliação" (Forquin, 1993:22)
Teorias tradicionais de
currículo



O currículo deveria conceber uma escola que
funcionasse de forma semelhante a qualquer
empresa comercial ou industrial.
Ênfase voltada para a eficiência,
produtividade, organização e
desenvolvimento.
Deve ser essencialmente técnico e a
educação vista como um processo de
moldagem
Teorias tradicionais de
currículo







Bobbit – 1918: The currículum: escolarização da massas
Princípios da administração científica: Taylorismo
aplicado à escola
Princípios da administração, da racionalidade técnica.
Cientificismo e padronização nos processos pedagógicos
Tyler (1949)– preocupação com organização e
desenvolvimento do currículo
Objetivos educacionais
Tecnocratismo - escola como via de adaptação aos
preceitos mercadológicos – base no controle de
resultados e na explicitação de objetivos com base na
formação para a base mercantil.
TEORIAS CRÍTICAS



Surgem na década de 1960
Questionam o status quo visto como
responsável pelas injustiças sociais e procura
construir uma análise que permite conhecer
não como se faz o currículo, mas
compreender o que o currículo faz
A escola é compreendida como aparelho
ideológico do Estado, que produz e dissemina
a ideologia dominante através dos conteúdos
TEORIAS CRÍTICAS –
principais fundamentos




Crítica aos processos de
convencimento, adaptação
e repressão da hegemonia
dominante
Contraposição ao
empiricismo e ao
pragmatismo das teorias
tradicionais
crítica à razão iluminista e
racionalidade técnica
Busca da ruptura do status
quo


Materialismo Histórico Dialético crítica da organização social
pautada na propriedade privada
dos
meios
de
produção.
(Fundamentos
em
Marx
e
Gramsci)
Crítica à escola como reprodutora
da hegemonia dominante e das
desigualdades sociais.
(Michael
Apple)
TEORIAS CRÍTICAS- principais
fundamentos
Escola francesa: teoria da “reprodução cultural” e
“capital cultural”. O currículo da escola está baseado
na cultura dominante, na linguagem dominante,
transmitido através do código cultural (Bourdieu e
Passeron)
Escola de Frankfurt – crítica à racionalidade técnica
da escola “pedagogia da possibilidade”- da
resistência: Currículo como emancipação e libertação
(Giroux e Freire)
TEORIAS CRÍTICAS:
O currículo oculto
Crítica à reprodução não expressa no currículo
oficial, mas manifestada pelas relações sociais na e
da escola (currículo oculto)
Bowles e Gintis:
- as relações sociais na escola mais que o conteúdo
eram responsáveis pela socialização necessárias para
boa adaptação às exigências do trabalho capitalista
- Dão ênfse à apreendizagem por meio da vivência e
das relações sociais na escola que irão repercutir na
formação de atitudes necessárias no mercado de
trabalho capitalista
TEORIAS CRÍTICAS NA
FORMULAÇÃO DAS TENDÊNCIAS
PEDAGÓGICAS
Concepção Dialética de educação
Pedagogia Histórico-Crítica em 1980.

sistematizada
Educação como via de emancipação
transformação das bases sociais.

humana
na
e
Currículo como conjunto das atividades nucleares da
escola – recuperação da especificidade da função social da
escola e do papel do conteúdo historicamente
sistematizado e construído pelo conjunto da humanidade.

TEORIAS PÓS CRÍTICAS
FUNDAMENTADAS NO PÓS ESTRUTURALISMO
Multiculturalismo : movimento ambíguo de
adaptação e resistência
NO CONTEXTO DA PÓS
MODERNIDADE
Idéia de “mudança de paradigmas”
Crítica aos padrões considerados “rígidos” da
modernidade – rompimento à lógica, positivista,
tecnocrática e racionalista.
Fim das metanarrativas
Tentativa de dar voz aos subalternos excluídos
de uma sistema totalizante e padronizado.
PÓS MODERNIDADE
Superação das verdades absolutas
Primazia do discurso sobre a realidade explicada
em sua concretude.
Currículo multiculturalista.
( Foucault, Derrida, Lyotard, Deleuze,
Cheryholmes )
CONTEXTO DA PÓS
MODERNIDADE



Busca de superação da visão de mundo
positivista, tecnocrática e racionalista de
conhecimentos padronizados e verdades,
A vida cultural é vista sob a pós-modernidade
“como uma série de textos em intersecção
com outros textos, produzindo mais textos [...]
O impulso destrucionista é procurar dentro de
um texto por outro, dissolver um texto em
outro ou embutir um texto em outro”.
Harvey
TEORIAS PÓS-CRÍTICAS
(Nos fundamentos do PÓS ESTRUTURALISMO:
O significado não é centrado ou fixo por que está
preso num jogo de referências ou de palavras. Os
significados estão dispersos indo da palavra à
definição e vice versa, assim por diante ..
Cheryholmes 1993)
“A existência do objeto é inseparável da
trama lingüística que supostamente o
descreve”
Silva, 2007
superação de verdades totalizantes e “absolutas”
“democratização cultural”
volatilidade de discursos
diversidades culturais
pulverização social.
...Como se as classes não mais existissem....
O CURRÍCULO NA
PERSPECTIVA DO PÓS
ESTRUTURALISMO
As asserções argumentativas e afirmativas
sobre o conhecimento e sobre a política
não devem ser postas nas verdades,
certezas, metateorias.
A definição de currículo depende menos
das metanarrativas do que dos interesses
que estão sendo atendidos.
CURRÍCULO COMO DISCURSO
Não toma a realidade tal como ela é e sim
como o que os discursos sobre elas dizem
como ela deveria ser:
a realidade não pode ser concebida fora dos
processos lnguisticos de significação.




os pós-estruturalistas reivindicam conhecer
impossibilidade do conhecimento sistemático
Não existe um significado transcendental e sim o
relativismo determinado pelo contexto “o
significado não é centrado ou fixo por que está
preso num jogo de referencias entre as palavras e
definições.
Os significados estão dispersos, indo da palavra
para a definição, para as definições de palavras na
definição e assim por diante” (_1993, p.152) Estas
definições Cheryholmes trás de autores pósestruturalistas como Foucault, Derrida, Lyotard,
Saussure e Deleuze. Cheryholmes (1993)
As políticas públicas e o Estado, não passariam
da compreensão de poder situado no contexto da
perspectiva, do ponto de vista do discurso.
UMA ANÁLISE COMPARATIVA
TEORIAS CRÍTICAS
 conceitos e conhecimentos
históricos e científicos
 concepções
 teoria de currículo – conceitos
 trabalho
 materialidade/ objetividade
 realidade
 classes sociais
 emancipação e libertação
 desigualdade social
 currículo como resistência
 currículo oculto
 definição do “o quê” e “por quê”
se ensina
 noção de sujeito
TEORIAS PÓS CRÍTICAS
 fim das metanarrativas
 hibridismo
 currículo como discurso-
representações
 cultura
 identidade/ subjetividade
 discurso
 gênero, raça, etnia, sexualidade
 representação e incertezas
 multiculturalismo
 currículo como construção de
identidades
 Relativismo
 compreensão do “para quem” se
constrói o currículo – formação
de identidades
INSUFICIÊNCIAS DAS TEORIAS PÓS
CRITICAS segundo Harvey e Eagleton
Fragmentação das relações sociais
Relativização dos conhecimentos
Primazia da ambiguidade e da indeterminação –
insuficiente para se captar o real
Hibridismo de concepções relativizam as
possibilidades de compreender o real em sua
totalidade
Não há o real para se fazer a critica, não há
conhecimento para ser sistematizado
Insuficiente para ser “transformador”
Pode contraditoriamente ser emancipador e
reacionário.

Não haverá burguesia nem proletariado numa sociedade
emancipada, mas certamente haverá mulheres e celtas.
Pode haver mulheres liberadas, isto é, indivíduos do sexo
feminino que são ao mesmo tempo emancipados, mas
não podem existir assalariados liberados dada a
impossibilidade de ser as duas coisas ao mesmo tempo.
[...] Masculino e feminino, como caucasiano e afroamericano são categorias bem mais reciprocamente
definidoras. Ninguém, entretanto tem um tipo de
pigmentação da pele porque outra pessoa tem
outra, nem é homem porque alguém é mais
mulher, mas certas pessoas só são trabalhadores
sem terra por que outros são senhores
fazendeiros. (g.n.) Eagleton (1998 p. 63).
Referências Bibliográficas
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ALONSO, Luisa G. e outros. A Construção do currículo na escola: uma proposta de
desenvolvimento curricular para o 1º ciclo básico. Porto, Porto Editora,1994.
FORQUIN, Jean-Claude. Escola e cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento
escolar. Porto Alegre, ARTMED, 1993.
GOODSON, Ivor F.. As políticas de currículo e de escolarização: abordagens históricas.
Petrópolis: Vozes,2008.
HARGREAVES, Andy. O ensino na sociedade de conhecimento: educação na era de
insegurança. Porto Alegre: Artmed, 2004
MOREIRA, Antonio Flávio B.Currículos e programas no Brasil. Campinas:Papirus, 1990.
MOREIRA Antonio Flávio. Didática e Currículo: questionando fronteiras. In Oliveira MRS.
Confluências e divergências entre a didática e currículo. Campinas: Papirus. 1998
SACRISTÁN, J. Gimeno e Gómez, A. I. Perez. O currículo: os conteúdos do ensino ou uma
análise prática? Compreeender e Transformar o Ensino. Porto Alegre, Armed, 2000:119-148.
SACRISTÁN, J. G. O currículo como confluência de práticas. In: O currículo uma reflexão
sobre a prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
SACRISTÁN, J. G. A política curricular e o currículo prescrito. IN: O currículo: uma reflexão
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SILVA, Tomaz Tadeu da. Quem escondeu o currículo oculto. In Documento de identidade:
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SILVA, Tomás Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo.
Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
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