Cetoacidose Diabética (CAD) Dra Norma Sueli Marino Alves Programa de Educação e Controle do Diabetes Secretaria de Saúde DF Definição: • Hiperglicemia (glicemia > 300mg/dl) + • Acidose Metabólica (pH< 7,3 e/ou Bic Na < 15mEq/l) + • Cetonúria positiva ou cetonemia > 3 mmol/l + • Desidratação > 5% Epidemiologia: • 25 a 40% dos diagnósticos de Diabetes Mellitus em grandes centros se dão por CAD Fatores Desencadeantes: • • • • Infecção Transgressão Alimentar Subdose ou omissão de dose de insulina Stress Psicossocial Classificação • Leve: Desidratação até 5%, glicemia <400mg/dl, sem acidose e alt hemodinâmica • Moderada:Desidratação até 10%, glicemia < 600mg/dl, Bic <20, pH >7,2, FC ↑, perfusão e PA NL ou ↓ • Grave: Desidratação > 10%, Glicemia >600mg/dl, Bic < 10, pH < 7,2, FC ↑, PA NL ou ↓, perfusão ↓ Fisiopatologia • A deficiência de insulina e ação dos hormônios contrareguladores (hiperglicemiantes) resultam em hiperglicemia com glicopenia intracelular. • A glicemia se eleva acima do limiar de reabsorção renal provocando diurese osmótica (glicosúria, poliúria, desidratação) • Na impossibilidade de utilização de glicose se instala a lipólise com produção de corpos cetônicos (ac. acético, βhidroxibutírico e cetonas) identificáveis com cetonúria ou cetonemia. • Assim, está instalada a acidose metabólica que pode ocasionar vômitos que pioram a desidratação e desencadeia respiração de Kussmaul na tentativa de eliminar o acúmulo de CO2. Fisiopatologia • A desidratação progressiva acaba por diminuir a filtração glomerular diminuindo a perda osmótica de glicose piorando a hiperglicemia • Glicemias mais elevadas levam à desidratação intracelular com produção de osmóis idiogênicos que se associados à queda brusca da osmolaridade favorecem edema cerebral • Hiponatremia dilucional pode ocorrer com sódio 1,6mEq/L menor a cada 100mg de glicose acima de 100mg • Hipernatremia tb pode ocorrer , fator protetor de edema cerebral Alterações Metabólicas na Cetoacidose Diabética Proteólise Glicogenólise •Lipólise Ácidos Graxos livres Hiperglicemia •Glicerol Gliconeogênese •Acetil CoA Limiar Renal Acetoacetato Poliúria Osmótica Glicosúria •Hidroxi-butirato Desidratação Alt da função renal Cetonemia Cetonúria Acidose Metabólica •Acetona Avaliação laboratorial • • • • • Glicemia, cetonúria, glicosúria Gasometria Na, K (P e Mg se possível) Uréia, creatinina Hemograma Tratamento • • • • • • • Reposição Hidroeletrolítica Reposição de K Correção da Acidose Metabólica Insulinoterapia Controle do Paciente Insulinização pós CAD CAD leve em paciente já orientado pode ser tratado em domicílio Indicações para Terapia Intensiva • Pacientes de baixa idade (menores de 2 anos), • Comprometimento do sensório, • Instabilidade hemodinâmica, • Glicemia acima de 700mg/dl • Não atrasar início do tratamento Reposição Hidroeletrolítica • Não ultrapassar 4L/m²/dia , risco de edema cerebral (Superfície corpórea em m²=(pesox4+7)/90+peso). • Iniciar com Sfisiol 20ml/Kg/1ª hora , • Se paciente com sinais de choque iniciar com 30-50ml/Kg/h até restabelecer função cardio respiratória • Manter infusão de 10ml/Kg/hora até hidratação e repor volume de diurese se >4ml/kg/h • Se Na >155mEq/l usar Sfisiol ao meio com Água Destilada (acrescentar ao valor encontrado 2,75 mEq/L de Na para cada 100 mg de glicose acima de 100mg/dl). • Quando glicose ≤ 250mg/dl iniciar SGli 5%: SFisiol 1:1 • Pode-se estimar grau de desidratação e após a fase de expansão repor o restante nas 48hs seguintes Reposição de K • Se diurese presente à admissão e K inicial < 6,5mEq/l iniciar reposição • Máximo de 0,5 mEq/Kg/h (20 a 40 mEq/l de volume prescrito) • Habitualmente não é necessária reposição de fósforo ou magnésio • K normal ou baixo na admissão chama atenção para queda durante a evolução Acidose Metabólica • Infusão de bicarbonato é reservada aos pacientes com pH <6,9 ou acidose persistente hiperclorêmica após hidratação • Habitualmente a hidratação e insulinoterapia revertem a acidose • Raramente é necessária reposição com bicarbonato e deverá ser feita após gasometria colhida após hidratação do paciente • (PaCO2/2 – HCO3) x 0,3 x Peso = Bic Na em mEq • O uso de bicarbonato está relacionado`ao edema cerebral por “atraso” na correção intracelular do pH em relação ao meio intravascular Insulinoterapia • Dose de Ataque: Insulina regular 0,1 a 0,2UI/Kg IM ou EV • Insulina regular 0,1 UI/Kg/h IM ou EV (solução de SFisiol 500ml + 50 Ui insulina regular onde 1ml=0,1 UI insulina) correndo em bomba de infusão e separadamente da hidratação • Insulinoterapia venosa requer vigilância rigorosa com a vantagem de permitir ajustes imediatos e mais precisos na dose utilizada • Quando paciente hidratado e glicemia entre 200 e 250 mg/dl: Insulina regular 0,2 UI/Kg a cada 4 a 6 horas, SFisiol/Gli 1/1 • Insulina ultra rápida tem menor ação na correção da acidose, preferida em crianças menores de cinco anos pelo menor efeito residual Controle do Paciente • Glicemia capilar, glico/cetonúria, espera-se queda de 50 a 100mg/hora da glicemia • volume urinário,PA, FC a cada hora • Gasometria e Eletrólitos na admissão • Rastrear infecção (leucocitose é comum, desvio à E pode significar infecção • ECG sobretudo se K elevado • Repetir gasometria após 6 horas e corrigir acidose se necessário (Bic < 10 ou pH < 7,1) • Controle clínico estado de consciência para intervenção imediata se houver deterioração durante a terapia • Se houver deterioração neurológica diminuir a infusão de líquidos e fazer manitol 1 a 2 g/Kg Fluxograma Tto CAD Proposta de infusão SFisiol/SGli Insulina Lenta ou Intermediária • Iniciar na manhã seguinte à internação, se o paciente estiver consciente, em condições de se alimentar • Se paciente já tinha diagnóstico reiniciar dose habitual com Insulina regular/Ultra-rápida associada (acrescentar 10% se paciente infectado) • Se primodiagnóstico iniciar com 0,5 UI/Kg pela manhã de NPH ou 70/80% se iniciar glargina • Associar insulina regular ou Ultra-rápida antes da refeições de 0,05 a 0,2 / kg conforme glicemia, considerar picos de insulina NPH Conclusão • O primeiro objetivo do tratamento é evitála pelo risco que oferece à vida da criança • A CAD é a complicação aguda muitas vezes responsável pelo diagnóstico do Diabetes Mellitus Obrigada