TESTES IN VITRO NA SUPERFÍCIE BIOATIVA DO TITÂNIO PRODUZIDA POR OXIDAÇÃO ANÓDICA Saico, K.Y.C¹ ; Pereira, B.L.¹ ; S. Blunk.¹ ; Kuromoto, N. K.¹; Soares, P.² 1 Departamento de Física, Universidade Federal do Paraná, Curitiba(PR),Brasil Departamento de Engenharia Mecânica, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba(PR),Brasil. 2 E-mail: [email protected] Resumo. A bioatividade das superfícies podem ser avaliadas por meio de testes in vitro e in vivo. Testes de bioatividade in vitro podem ser realizados através de cultura de células ou usando soluções que simulam o fluido corpóreo (SBF). A resposta obtida na superfície que estava submersa na solução de SBF, durante vários dias, é a formação de uma camada de apatita. De acordo com Kokubo, essa camada produzida é semelhante à camada de apatita que é a responsável pela integração entre a superfície do implante e o tecido ósseo. Assim, neste trabalho, as superfícies bioativas de titânio foram produzidas usando a técnica de micro-arco oxidação e sua bioatividade foi avaliada usando a solução de SBF. Foi utilizada uma chapa de titânio comercialmente puro com 2 mm de espessura e os filmes de óxido anódicos foram obtidos utilizando o ácido fosfórico 1M e um eletrodo de titânio, com a aplicação de uma tensão de 200V/60s à temperatura ambiente. Depois as amostras foram tratadas termicamente a 600ºC/1h e submersas em SBF, durante 7, 15 e 30 dias a 37 º C. A morfologia da superfície e as mudanças estruturais foram analisadas usando microscopia eletrônica de varredura e difração de raios X, respectivamente. Foi observado que a superfície oxidada apresenta -se rugosa com poros arredondados e as fases presentes são de anatasio e de rutilo. Após sete dias em SBF a superfície mostra a presença de pequenos núcleos que contém P e Ca. Esses núcleos aumentam com o tempo de imersão em SBF e após 30 dias, observou-se uma camada de apatita cobrindo toda a superfície do titânio. Estes resultados indicam que a superfície de titânio oxidada é bioativa. Palavras-chave: Bioatividade, Oxidação Anódica, Titânio e Ácido Fosfórico. 1. INTRODUÇÃO. Um biomaterial pode ser definido como qualquer material, natural ou sintético, e que não seja droga ou fármaco, que é inserido no corpo humano, e que tem como principal função substituir, em parte ou de todo, órgãos ou tecidos vivos(SEPÚLVEDA et al., 1999). Para isto, é necessário que apresente algumas propriedades químicas, físicas e biológicas compatíveis com os tecidos vivos em questão. O titânio é um dos materiais mais empregados em implantes e próteses ortopédicas, devido ao fato de ser um metal com alta biocompatibilidade, baixa tendência à corrosão e boas propriedades mecânicas. A sua biocompatibilidade é originada pelo seu poder de oxidação. Estando o titânio em contato com o oxigênio, ocorre uma reação com a sua superfície, formando uma camada muito fina e protetora de óxido de titânio. A camada funciona como uma barreira impedindo que íons metálicos oriundos do interior do metal sejam liberados para o meio, e também previne a corrosão do metal (VELTEN et al., 2002). Desta forma, esta camada protege seu interior do meio em que o titânio está imerso e portanto, os tecidos vivos não entram em contato com o metal, mas sim com a camada de óxido de titânio formada. O melhoramento das características superficiais do titânio pode ser feito com o intuito de torná-lo bioativo e induzir o crescimento da hidroxiapatita sobre sua superfície. A hidroxiapatita, Ca10 (PO4)6(OH)2, é um dos principais componentes do material ósseo, representando de 30 a 70% da massa dos dentes e ossos. Suas características químicas e estruturais possibilitam seu uso na área médica como material biocompatível em implantes e próteses (EANES et al., 1980). Na ortopedia existe um particular interesse em usá-la como revestimento de próteses metálicas para promover a ligação interfacial estável entre o tecido vivo e o material implantado. (FULMER et al., 1992). Desta forma, o crescimento ósseo nos locais em que ela se encontra é favorecido, já que é estabelecido ligações entre a hidroxiapatita e o tecido ósseo, permitindo assim a proliferação de osteoblastos, fibroblastos e outras células ósseas responsáveis pela produção do tecido ósseo. Ao se proliferarem, estas se diferenciam produzindo apatita e colágeno sobre a camada de hidroxiapatita formada anteriormente, favorecendo a união do osso com o implante. (KOKUBO et al., 2003). Dentre os tratamentos utilizados para melhorar a bioatividade do titânio destaca-se a oxidação anódica. Existem diferentes modos de se realizar uma oxidação anódica em uma célula eletrolítica: galvanostático, onde a densidade de corrente é constante e potenciostático, onde a tensão aplicada é constante. Vários trabalhos na literatura indicam que a superfície do titânio oxidada em diferentes eletrólitos ácidos (YANG, 2004, CHEN et al., 2009) e básicos (SUL et al., 2001, CUI et al., 2009) tornaram-se bioativas em função das condições de anodização utilizadas. Entretanto existem poucos resultados que associam boas propriedades mecânicas com bioatividade (SOARES JR et al., 2008; de SOUZA, et al., 2011). Uma maneira simples de testar a bioatividade in vitro das superfícies modificadas é usar uma solução que simula a parte inorgânica do fluído corpóreo. Em 1991, KOKUBO desenvolveu uma solução simuladora do fluido corpóreo, SBF (Solution Body Fluid), cuja função é reproduzir a concentração iônica do plasma sanguíneo, ou seja, a porção acelular do tecido sanguíneo. Atualmente são utilizadas também soluções de SBF modificadas (ANDRADE, 1999; JONÁSOVÁ et al., 2004) , MULLER, 2006). Uma superfície é considerada bioativa, se após dias imersas na solução SBF, apresentar uma camada de hidroxiapatita sobre a sua superfície (Kokubo et al., 2004). A sua formação se deve à alta energia de ativação para sua nucleação no fluido corpóreo, o qual é supersaturado quando em condições normais. Quando um material tem um grupo funcional que poderia ser um local efetivo de nucleação de hidroxiapatita, facilmente haverá sua nucleação sobre a superfície. Considerando o exposto acima de que para o material ser utilizado como implante, ele precisa ter boas propriedades mecânicas e ser bioativo, o objetivo deste trabalho é produzir filmes de óxido de titânio, usando a técnica de oxidação anódica, sobre as superfícies das amostras lixadas e testar sua bioatividade. 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL O material utilizado neste trabalho foi uma chapa de titânio (Ti) comercialmente puro (Ti-cp), de grau 2, com as dimensões de (10x10 x 2) mm . As amostras foram lixadas com lixas de papel de SiC de granulometria de 360, 400 e 600, respectivamente. Em seguida, foram lavadas em um banho de ultrassom divididas em três etapas, onde cada etapa teve duração de 15 minutos, e foi realizada na seguinte sequência: Acetona, Álcool Etílico e Água Destilada. Após a lavagem, estas amostras ficaram armazenadas em uma câmara climática a 40ºC por 24 horas. Para a realização das oxidações anódicas utilizou-se uma cuba de acrílico, uma fonte de tensão, um osciloscópio, um agitador magnético, uma haste titânio como contraeletrodo e o eletrólito de H3PO4 com concentração de 1,0 Molar. As amostras foram fixadas na parede externa da cuba de acrílico, com o auxílio de um parafuso, Fig.(1). (A) (B) Figura 1: Montagem experimental utilizada (A) detalhe da amostra, presa na parte externa da cuba (B) montagem completa, com a cuba de acrílico, placa agitadora e fonte de alimentação. Durante o processo de oxidação, foi usada uma tensão constante de 200 V em um intervalo de tempo de 60s. Logo após, as placas de titânio foram submetidas à um tratamento térmico, com uma temperatura de 600ºC/1h. Antes dos testes de bioatividade in vitro as amostras foram esterilizadas em uma autoclave e, em seguida, submersas na solução de SBF. Cada amostra foi imersa em um tubo de Falcon contendo 50 ml de solução SBF, e então em banho térmico a 37ºC, em três tempos diferentes de imersão, 7 dias, 15 dias e 30 dias. A Tabela 1 mostra os reagentes utilizados para a solução SBF. A morfologia das amostras oxidadas e submetidas à testes in vitro foi analisada no Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) da marca Jeol (JSM-6360LV), as fases cristalinas dos filmes obtidos foram identificadas por difração de raios-X, com o difratômetro Shimadzu XRD-7000, utilizando radiação de CuKα com potencial de 40kV e 20 mA na geometria -2. As propriedades mecânicas do titânio foram determinadas através da técnica de indentação instrumentada, utilizando o equipamento Nanoindenter XP(MTS). Utilizou-se uma ponta de diamante tipo Berkovich e carga máxima de 400mN. Reagente Nome Quantidade/L NaCl Cloreto de sódio 8,035 g NaHCO3 Bicarbonato de sódio 0,355 g KCl Cloreto de potássio 0,225 g K2HPO4 3H2O Potássio fosfato dibásico anidro 0,231 g MgCl2 6H2O Cloreto de magnésio 0,311 g HCl 1mol/L Ácido clorídrico 39 mL CaCl2 Cloreto de cálcio 0,292 g Na2SO4 Sulfato de sódio 0,072 g C4H11NO3 Tris - (hidroximetil) amino metano 6,118 g Tabela 1 - Reagentes químicos utilizados para preparação da solução SBF (KOKUBO e TAKADAMA 2006) 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Por meio de imagens feitas pelo MEV foi possível verificar a característica da superfície de titânio, após ter sofrido oxidação anódica com um eletrólito de ácido fosfórico 1,0 M. A Fig.(1) apresenta o aspecto da superfície de titânio lixado e a Fig.(2) a morfologia da superfície oxidada, com seus respectivos espectros obtidos por dispersão de energia (EDS), acessório acoplado ao MEV. Pode-se observar que a superfície oxidada tem uma morfologia porosa com poros de forma arredondada e distribuídos uniformemente, mantendo a topografia da superfície original, conforme observado na Fig.(1). Pelo espectro de EDS pode-se observar que íons de fósforo ficaram incorporados no filme anódico. Ao se comparar os dois espectros de EDS observa-se na superfície lixada Fig.(1)(B) a presença de Ti e pequena quantidade de oxigênio. Após a oxidação pode-se verificar a presença do elemento fósforo e uma maior quantidade de oxigênio. Esse aumento de oxigênio é importante, pois quanto mais íons hidroxilas presentes, maior a interação da superfície com o meio fisiológico, o qual favorecerá a nucleação da apatita. (A) (B) Figura 1: Morfologia da amostra de titânio lixada usada como referência (A) e seu respectivo espectro de (B). (A) (B) Figura 2: Morfologia do filme anódico oxidado em ácido fosfórico sob modo potenciostático (A) e seu respectivo EDS (B). Resultados obtidos pela técnica de difração de raios-X mostram na Fig.(3), as mudanças estruturais ocorridas nas superfícies submetidas à oxidação anódica e tratamento térmico Observa-se que após a anodização, um filme amorfo é formado na superfície do titânio metálico. Após o tratamento térmico o filme anódico se torna cristalino, com a presença das fases anatásio e rutilo. Ti Ti Ti oxi +TT Ti oxi Ti ref Ti Ti Intensidade(u.a) 1000 A R Ti R A Ti R A Ti 0 20 40 60 80 2 Figura 3: Difratogramas de raios-x do titânio: Ti-cp, Ti-cp anodizado e Ti-cp anodizado e submetido a tratamento térmico. Fases presentes na superfície da amostra oxidada em H3PO4 1,0 M: Ti=titânio, A = Anatásio, R = Rutilo. As medidas de dureza e o perfil de penetração da ponta, obtidos através dos testes de nanoindentação, estão apresentados na Fig.(4) (A) e (B), respectivamente. Observa-se que nas proximidades da superfície há um aumento da dureza e à medida que a profundidade analisada aumenta, os valores da dureza tendem a se aproximar do valor do titânio metálico. Os testes de risco foram feitos com um comprimento de 700 µm. O perfil em preto, primeiro perfil, corresponde a uma leve varredura para verificar a rugosidade inicial da superfície. O último perfil, em vermelho, indica a profundidade de penetração à medida que a carga aplicada aumenta até atingir o valor de 400mN, isto é, o quanto o material está se deformando sob a aplicação da carga. O perfil médio, em verde, indica a profundidade final, isto é, o quanto a amostra se deformou plásticamente. A diferença dos perfis vermelho e verde mostra a recuperação elástica do material, que está em torno de 37%. Este cálculo foi feito usando a Eq.(1). Re H 2 H1 x 100% H2 Considerando que H2= 1750 nm e H1 = 1100 nm. Re = ((1750-1100)/1750)x100% Re = 37% Equação(1) A recuperação elástica do filme foi de 37%. Esses resultados mostram uma melhora nas propriedades mecânicas da superfície oxidada. (A) (B) 8,5 1500 8,0 7,5 1000 7,0 Profundidade do Risco (nm) 6,5 Dureza (GPa) 6,0 5,5 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 500 0 -500 -1000 -1500 -2000 Perfil Original Perfil durante o Risco Perfil Residual -2500 1,0 0 500 1000 1500 Profundidade (nm) 2000 2500 -3000 0 200 400 600 Distância (um) Figura 4: Gráfico da dureza em função da profundidade de penetração na superfície da amostra oxidada (A) e perfil de penetração da ponta em um risco de 700 µm de comprimento (B). A figura 5 apresenta a morfologia da superfície de titânio após diferentes tempos de imersão em solução de SBF com seus respectivos espectros obtidos por dispersão de energia (EDS). Ao ser deixado imerso em solução de SBF (Solution Body Fluid), o titânio oxidado apresentou uma boa resposta quanto à sua bioatividade. Através da técnica de EDS, foram feitas análises que evidenciaram os elementos incorporados na nova superfície. Pode-se observar que ocorre a nucleação de uma nova camada sobre o filme anódico e que esta camada, inicialmente localizada (7 dias de imersão, Fig.(5)(A)), aumenta com o tempo de imersão (Fig.(5)(B)), sendo que após 30 dias, toda a superfície fica recoberta com essa camada (Fig. (5)(C)). Verificou-se a presença de cálcio e fósforo em todas as regiões analisadas, os quais evidenciam a presença da hidroxiapatita, pois esses dois elementos fazem parte de sua composição. Portanto, pela análise da morfologia e espectro de EDS, pode-se identificar essa nova camada como apatita. O pico de fósforo tem maior intensidade que o do cálcio porque o filme anódico já contém uma certa quantidade de fósforo. A presença de fases de anatásio e rutilo, no filme anódico, podem ter contribuído para favorecer a nucleação de hidroxiapatita, conforme indicam alguns autores (YANG et al.,2004). Esses resultados são muito promissores uma vez que outros trabalhos realizados com o mesmo eletrólito não mostraram esse grau de bioatividade (CUI et al, 2009). (A) 7 dias em SBF (B) 15 dias em SBF (C) 30 dias em SBF Figura 5: Morfologia do filme anódico após teste de bioatividade in vitro: (A) 7 dias de imersão (B) 15 dias de imersão (c) 30 dias de imersão e seus respectivos espectros de EDS. 4. CONCLUSÃO A partir dos resultados apresentados podemos concluir que: A superfície oxidada apresentou uma morfologia com pequenos poros arredondados que se formaram seguindo a topografia inicial da superfície lixada. Verificou-se por meio do difratograma de raios-X, que após as amostras terem sido submetidas a um tratamento térmico, estas apresentaram as fases anatásio e rutilo. Após testes de bioatividade in vitro verificou-se a presença de uma nova camada sobre a superfície oxidada para todos os tempos de imersão. Através da análise morfológica e do espectro de EDS pode-se concluir que essa fase corresponde à apatita. AGRADECIMENTOS Ao Centro de Microscopia Eletrônica, Labnano e Fundação Araucária. REFERÊNCIAS Andrade, M.C., 1999, “Nucleação e crescimento de hidroxiapatita em titânio”, tese de doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil. Chen,Z.X.; Takao,W.X.; Matsubara,T.; Ren,L.M. “Surface characteristics and in vitro biocompability of titanium anodized in a phosphoric acid solution at different voltages”. Biomedical Materials 4 (2009) 065003 (8pp) Cui,X.; Kim,H.M.; Kawashita,M.; Wang,L.; Xiong,T.; Kokubo,T.; Nakamura,T. “Preparation of bioactive titania films on titanium metal via anodic oxidation”. Dental Materials, 25 (2009) 80-86. 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Tests in vitro of titanium bioactive surface produced of by micro-arc oxidation Saico, K.Y.C¹ ; Pereira, B.L.¹ ; S. Blunk.¹; Kuromoto, N. K.¹; Soares, P.² 1 Departament of Physics, Federal University of Paraná, Curitiba (PR), Brazil Departament of Mechanical Engineering, Catholic University of Paraná, Curitiba (PR), Brazil E-mail: [email protected] 2 Abstract. Bioactive surfaces can be evaluated using tests in vitro and in vivo. Bioactivity tests in vitro use solutions that simulate the body fluid (SBF) or cell culture. The surface response soaked in SBF during several days is the formation of an apatite layer. According (KOKUBO et al.,2003), this layer produced in SBF is similar to apatite layer that is responsible of the integration between the implant surface and bone tissue. So in this work titanium bioactive surface were produced by micro-arc oxidation and its bioactivity were evaluated using SBF solutions. It was used a plate of commercially pure titanium with 2mm thickness and anodic oxide films were obtained using 1M phosphoric acid using a platinum counter electrode, 200V/60s at room temperature. After that the samples were treated thermally at 600 oC/1h and soaked in SBF during 7, 15 and 30 days at 37 oC . The surface morphology and structural changes were analyzed using scanning electron microscopy and X-ray diffraction. It as verified that the oxidized surface presents a roughness surface with round pores and the phases present are anatase and rutile. After seven days soaked in SBF the surface shows the presence of small nuclei that contains P and Ca. These nuclei increase with the soaked time in SBF and after 30 days it observed an apatite layer covered all the surface. These results indicate that the oxidized titanium surface are bioactive. Keywords: Bioactivity, Micro-arc oxidation, Titanium and Phosphoric Acid.