FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA APLICADA NA DEGRADAÇÃO DE SOLUÇÃO RESIDUAL DE FORMALDEÍDO COM O USO DE CHAPA DE TITÂNIO ANODIZADA. OBJETIVO: O objetivo principal deste trabalho é verificar a eficiência do processo de fotodegradação de soluções residuais de formaldeído, utilizando como catalisador uma chapa de titânio anodizada. METODOLOGIA: Este trabalho será dividido em 3 etapas principais: A primeira etapa é destinada à preparação do fotocatalisador, ou seja, a anodização do titânio metálico seguido da análise e caracterização da superfície obtida. A segunda etapa consiste em montar um sistema teste em escala de bancada, de forma simples, para verificar se o dióxido de titânio formado é eficaz na degradação do formaldeído. Nesta etapa os procedimentos e parâmetros de processo serão levantados e as condições de operação serão otimizadas. Este processo será monitorado por meio de análises de carbono orgânico total (TOC), que serão determinantes para verificar a quantidade de formaldeído degradado. Na terceira etapa, será construído o fotorreator, em escala piloto, para ampliar a escala do processo de fotodegradação, utilizando os parâmetros definidos na escala de bancada. Este processo também será monitorado por análises de TOC. 1- Primeira etapa: Inicialmente foi utilizada uma barra de titânio de dimensões de 5,5 mm de diâmetro por 25,8 cm de comprimento com o grau de pureza 3 que recebeu um tratamento superficial, via oxidação anódica. Este processo foi realizado através dos seguintes potenciais DC 90 à 180V utilizando H2SO4 de concentração 0,5 mol/L à 1 mol/L como eletrólito, durante o período de 10 minutos. Em seguida, o óxido formado foi caracterizado pelas análises de microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia Raman. 2 – Segunda etapa: O teste será realizado em um reator tipo encamisado contendo uma solução de formaldeído de concentração conhecida (1 mol/L). Nesta solução, será colocada uma lâmpada de luz negra de 25 W de modo que o bulbo da lâmpada fique submerso, e a barra de titânio oxidada fique em paralelo, como mostra a Figura 1. Durante a degradação, o sistema deve estar sob agitação mecânica, e isolado da interferência de radiação externa, como por exemplo, tampado por uma caixa de madeira. Figura 1: Representação do sistema de teste utilizado. Fonte: Elaborada pelo autor Assim que o processo for iniciado, será cronometrado o tempo de três horas, e a cada 30 minutos será removida uma alíquota para análise de TOC a fim de acompanhar o processo de degradação. As alíquotas retiradas serão guardadas em frasco âmbar e colocadas em uma geladeira, até o momento da análise de TOC. Além disso, durante a fotodegradação, serão monitorados temperatura e pH da solução periodicamente. A lâmpada de luz negra é similar a uma lâmpada de vapor de mercúrio, porém seu bulbo externo possui óxido de níquel, sendo conhecido por vidro de Wood. Este por sua vez, retém os raios UV-B e UV-C, deixando passar a radiação UV-A, que é o ultravioleta próximo, cujo comprimento de onda vai de 315 à 400 nm.1 Assim, com a incidência desta faixa de radiação no dióxido de titânio, que é um semicondutor, haverá a formação do par elétron-buraco, possibilitando, principalmente, a formação do radical hidroxila por meio de moléculas de água adsorvidas na superfície do TiO2. Ou seja, nesta faixa de comprimentos de onda, os fótons que incidirem no semicondutor terão energia igual ou maior que a energia de band gap.2,3 Desta forma, tanto os buracos gerados na banda de valência quanto os radicais formados que possuem alto poder oxidativo, serão fundamentais para realizar a degradação do composto orgânico, por meio de um processo oxidativo avançado via reação fotoquímica.3 O sistema teste utilizado para realizar a fotodegradação, nesta etapa, simula um reator em batelada, sendo o mais simples possível, visando verificar o quão eficiente é o processo quando comparado, com o uso outros tipos de catalisadores de dióxido de titânio que possuem maiores áreas superficiais. O uso do reator tipo encamisado permite manter o controle da temperatura sem haver grandes variações durante o processo reacional. Além disso, o teste da fotodegradação é feito antes da construção do próprio fotorreator para que sejam atendidas, eventuais necessidades do processo, como por exemplo, o fator da proximidade da fonte de radiação eletromagnética com o sítio catalítico; o controle da temperatura; entre outros. 3- Terceira etapa Após os testes necessários será construído o fotorreator como está ilustrado na Figura 2. Figura 2: O projeto do fotorreator, no qual a primeira figura mostra a visão interna e a segunda contém a parte externa do sistema. Fonte: Elaborada pelo autor O sistema do fotorreator será composto por: 8 lâmpadas UV-A de 45 cm, 350 nm e 15 W cada, a chapa de titânio de 15 cm de largura por 45 cm de altura, o reservatório, a bomba centrífuga e o sistema de refrigeração. A chapa ficará no centro, seguida por uma camada de solução que passará nos dois lados, e as lâmpadas ficarão em contato com o líquido, sendo dispostas 4 de cada um dos lados. Para circular a solução pelo sistema será utilizada uma bomba centrífuga de vazão aproximada de 0,3 L/ min. A temperatura será mantida constante durante o processo utilizando um sistema de refrigeração. O pH e a temperatura serão controlados e a retirada das alíquotas para análise de TOC serão realizadas de acordo com o procedimento descrito na etapa anterior. RESULTADOS E DISCUSSÃO Até o momento, a primeira etapa foi concluída e já apresenta os seus resultados, sendo que as outras etapas estão em andamento. 1- Análise de microscopia eletrônica de varredura Com a análise de microscopia eletrônica de varredura pode-se notar que a superfície do dióxido de titânio está rugosa e apresenta grande área superficial, como é mostrado na Figura 3. A sua grande área superficial tende a facilitar o processo de fotocatálise, e consequentemente auxiliará na eficiência do processo de degradação do composto orgânico. Figura 3: Análise do óxido por meio da microscopia eletrônica de varredura. 2- Análise do espectro Raman A Figura 4 representa o espectro Raman do óxido obtido, que possui as principais bandas em 152, 404, 519, 641 cm-1 o que é condizente com outro espectro de TiO2 na fase anatase retratado na Figura 5. Figura 4: Espectro Raman do óxido de titânio formado. Intensitdade / u.a. 152,528 641,496 519,589 404,363 800 600 400 200 -1 Raman Shift / cm 0 Figura 5: Espectro Raman do dióxido de titânio na forma anatase. Fonte: Modern Microscopy a Além disto, por meio da teoria de grupo pode-se obter 6 modos vibracionais distintos da forma anatase, que são condizentes com as seguintes bandas: 144, 197, 399, 513, 519 e 639 cm-1, confirmando assim a estrutura e composição do óxido obtido.4 CONCLUSÃO Baseando-se em tudo o que foi apresentado até o momento, podemos concluir que o projeto em questão tem grande possibilidade de apresentar-se eficaz na degradação de formaldeído residual, visto que o dióxido de titânio possui propriedade fotocatalítica e, como vantagem, é gerado de modo a não precisar ser imobilizado em outra superfície ou da formação de gel. Em caso de envenenamento da superfície do fotocatalisador, pode ser facilmente removido com uma nova anodização da chapa, gerando uma nova camada de óxido de titânio. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- LUZ, M, J. Luminotécnica. Disponível em: http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Livros/Luminotecnica.pdf Acesso em: 7 de ago. de 2014. 2- BAUER, R. et al. The photo-fenton reaction and the TiO2/UV process for waste water treatment − novel developments. Catalysis Today, v. 53, p. 131-144, 1999. 3- SOARES, B. G. Estudos sobre a fotodegradação de poluentes catalisada por semicondutores: avaliação do papel dopante do nitrogênio na atividade do TiO2. 2013. 114f. Tese (Doutorado em Química) – Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 2013. 4- REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, 37., 2014. Natal. Resumo: Estudo das Propriedades estruturais de TiO2:Eu3+ através da espectroscopia Raman.Natal: SBQ, 2014.1 a Disponível em: http://www.modernmicroscopy.com/main.asp?article=27&page=2. Acesso em: 7 de ago. de 2014.