Prof. Fabio Assis Pinho 2009 ÉTICA PROFISSIONAL EM BIBLIOTECONOMIA Um encontro de dois: olhos nos olhos, face a face, e quando estiveres perto arrancar-te-ei os teus olhos e colocá-los-ei no lugar dos meus; arrancarei os meus olhos e colocá-los-ei no lugar dos teus; então ver-te-ei com os teus olhos e tu ver-me-ás com os meus." Jacob Levy Moreno Ética Bem-estar dos indivíduos; Atitudes das pessoas como certas ou erradas, ou ainda, como boas ou ruins; A ética é a parte da filosofia que reflete sobre os princípios da vida moral, isto é, dos valores em sociedade. Ética Estudo do bem-fazer ou do bem-agir no âmbito da interação humana, pressupondo uma concepção de homem como ser livre, autônomo e dono de suas próprias idéias e atos. Estudo da Ética 1º como ciência que estuda a conduta dos seres humanos, analisando os meios que devem ser empregados para que a referida conduta se reverta sempre em favor do homem; 2º como ciência que busca os modelos da conduta conveniente, objetiva, dos seres humanos. Ética e Moral A Ética reflete sobre os fundamentos e princípios da vida moral; A moral estabelece as regras do que é considerado boa conduta, dentro de um tempo histórico e de uma cultura determinada. Ética vem do grego “ethos”, que quer dizer o modo de ser, o caráter. Os romanos traduziram o “ethos” grego, para o latim “mos” que quer dizer costume, de onde vem a palavra moral. Conduta A conduta do ser é sua resposta a um estímulo mental, ou seja, é uma ação que se segue ao comando do cérebro que, manifestando-se favorável, também pode ser observada e avaliada. Ética No século XX o foco centra-se na opção pela liberdade; Na sociedade moderna existe um pluralismo de comportamento e valores; Várias éticas face ao pluralismo não permitem bem estar social; A noção de bem é substituída pela noção de valor. Conceito de Valor A definição de valor traz consigo quatro aspectos essenciais: primeiro, é a não existência do valor em si, mas de objetos que possuem valor; segundo, os valores somente existem na realidade natural e humana como propriedades valiosas dos objetos; terceiro, os valores exigem a existência de certas propriedades naturais e físicas; e quarto, as propriedades que sustentam o valor são valiosas somente em relação ao ser humano Conceito de Valor Os valores são qualidades dotadas de conteúdo, independente do estado de espírito subjetivo de um indivíduo como das coisas. Uma acepção moral que proporciona normas à conduta. Os valores morais existem unicamente em atos humanos. Atos realizados de forma livre, de um modo consciente e voluntário. Educação A Educação é a principal responsável para formar a estrutura da consciência, bem como da vontade e conduta humana. Caráter : um agregado de qualidades morais e intelectuais, representando a individualidade de cada ser humano. Virtude: ação competente em exercer o respeito ao ser e a prática do bem. Ética Profissional Quando o uso do substantivo ética alia-se ao adjetivo profissional, tem-se o tratamento de valores que existem em um dos campos da conduta humana. A Profissão representa a prática constante de um ofício ou labor onde o ser humano se destaca e se realiza. Ética Profissional A profissão exige uma conduta pré-determinada dos indivíduos que a exercem. E sendo a ética um estudo do bem fazer e do bem agir no que se refere à interação social temse, através da profissão, a prescrição de um conjunto de códigos morais que visam a delinear esse bem fazer e bem agir profissional. Ética Profissional O código moral é um conjunto de regras morais, respeitado no exercício de uma determinada profissão. O ato ético profissional tem a mesma estrutura de qualquer ação moral. Ele tem os aspectos: normativo (que se refere às regras da ação) e fatual (a realização efetiva do ato). Código de Ética Os profissionais ao assumirem esse conjunto de compromissos propostos no código de ética profissional, propiciarão a construção e o aperfeiçoamento de sua própria coletividade; Manter um diálogo sobre as práticas faz com que os sujeitos em questão reflitam sobre a razão do seu bem fazer e bem agir. Código de Ética No Brasil, a profissão de bibliotecário foi regulamentada pela Lei nº 4084 de 1962 e pelo Decreto nº 56.725 de 1965. Nesse decreto também ficou instituída a fiscalização do exercício profissional a cargo dos Conselhos Regionais de Biblioteconomia - CRB, sob a supervisão do Conselho Federal de Biblioteconomia - CFB. Com a resolução do CFB nº 327 de 1986 foi aprovado o Código de Ética Profissional Bibliotecário. Código de Ética O Código de Ética Profissional do Bibliotecário, ora vigente como Resolução CFB número 42, de 11 de janeiro de 2002, nos termos de seu artigo primeiro dispõe sobre a conduta profissional de indivíduos e empresas executoras de atividades profissionais em Biblioteconomia. Instâncias No caso dos profissionais da informação, existem cinco instâncias que envolvem a sua atuação e formação, a saber: o usuário, a organização, a informação, a profissão e o profissional em si mesmo. Instâncias Usuário esse é o elemento/sujeito que se apropria da informação para gerar conhecimento; Organização é o lugar onde estão os meios para concretizar o seu fazer; Informação é tida como a fonte de transmissão do conhecimento; Profissão é uma dimensão agregadora de saberes, de fazeres e de seus agentes; e Profissional em si mesmo, sendo ele uma parte integrante de um determinado contexto social. Compromissos Éticos Com a abertura de novos mercados profissionais, principalmente no que tange a necessidade de divulgação profissional; A geração de novos conhecimentos e produtos, o que reforça a necessidade de aperfeiçoamento profissional; A qualidade dos produtos e serviços, indicando respeito aos parâmetros técnicos e científicos; A penetração social, como forma de atuação e interação social; A sensibilidade quanto ao valor estratégico da informação, o que leva ao respeito do sigilo profissional e ao desenvolvimento organizacional; A garantia de confiabilidade da informação recebida, identificando sua procedência, precisão e atualidade; A responsabilidade profissional, visando assumir os aspectos de assistência e amparo; e, O respeito às especificidades da área. Modelo de Código de Ética 1) Sempre que possível coloque as necessidades dos clientes acima de outras preocupações. 2) Entenda os papéis do profissional da informação e se esforce para encontrá-los com maior habilidade e competências possíveis. 3) Sustente as necessidades da profissão e associação profissional. 4) À medida que eles não estão em conflito com as obrigações profissionais são sensíveis e compreensivos às responsabilidades sociais apropriadas para a profissão. 5) Esteja ciente e seja compreensivo com os direitos dos usuários, dos empregadores, dos profissionais da mesma categoria, da comunidade e da sociedade em geral. Formação Educacional Não é possível falar de ética profissional sem que a preocupação recaia sobre a formação educacional, no que tange aos aspectos curriculares. A formação deve passar pelo campo da pesquisa, enquanto instrumento fundamental do fazer pedagógico; passar pela realização de estágios, que são espaços éticos que completam a aprendizagem; e o engajamento com a questão de divulgação profissional. Considerações Finais Mesmo antes de cumprir com o código de ética, a sociedade espera do bibliotecário um comprometimento ético, respaldado por valores como: respeito, transparência, igualdade, discrição, justiça, responsabilidade, honestidade, compromisso, lealdade, qualidade, confiança, cooperação e tolerância. (CORTÊ, 1994) Referências CÔRTE, A. R. Por um comportamento ético ou pelo cumprimento de um código de ética. Palavra-Chave, São Paulo, n. 8, p. 18-20, 1994. CORTINA, A.; MARTÍNEZ, E. Ética. São Paulo: Edições Loyola, 2005. GUIMARÃES, J. A. C. O profissional da informação sob o prisma de sua formação. In: VALENTIM, M. L. P. (Ed.). Profissionais da informação: formação e atuação profissional. São Paulo: Polis, 2000a. p. 53-70. SOUZA, F. C. Ética bibliotecária no contexto atual. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12, n. 1, p. 136-147, 2007. OLSON, H. A. The power to name: locating the limits of subject representation in libraries. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 2002. PINHO, F. A. Organização e representação do conhecimento engajadas. Olinda: Elógica, 2009. [email protected] MUITO OBRIGADO!