Prof. Dr. Luis Carlos Losso Medicina Torácica Cremesp 18.186 Enfisema Pulmonar Enfisema é uma doença crônica dos pulmões na qual os alvéolos estão destruídos, dilatados e hiperinflados. A hiperinflação é o resultado da rotura das paredes dos alvéolos, o que produz diminuição da função respiratória e falta de ar. Essa lesão dos espaços aéreos é permanente, irreversível e lentamente progressiva. O enfisema quase sempre está associado à bronquite crônica e ambas situações causam obstrução ao fluxo de ar nas vias aéreas resultando na chamada doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Os dados de prevalência para o Brasil, obtidos até o momento, são advindos de questionários de sintomas, que permitem estimar a ocorrência da DPOC em adultos maiores de 40 anos e são da ordem de 12% da população, ou seja, 5.500.000 indivíduos. Se considerarmos os dados preliminares do estudo PLATINO realizado pela Associação Latino-americana de Tórax, na cidade de São Paulo, a prevalência da DPOC varia entre 6% e 16% da população com idade igual ou superior a 40 anos (entre 2.800.000 e 6.900.000 indivíduos). Em uma população de 9% de fumantes, esse numero equivaleria a cerca de 4.150.000 indivíduos. A Organização Mundial da Saúde estima que a DPOC será em todo o mundo, no ano de 2020, a quinta condição em termos de impacto de saúde. Em 1990, ocupava a 12ª. posição. O pulmão tem como um de seus componentes um sistema de fibras elásticas que lhe permite expandir e contrair. Quando ocorre uma perda no equilíbrio químico que protege o pulmão contra a destruição dessas fibras elásticas, o enfisema se instala. Diversas são as causas para a perda desse equilíbrio sendo o fumo o fator mais importante e responsável por cerca de 80 a 90% dos casos. Também são fatores a poluição atmosférica, as fumaças e poeiras irritativas e uma rara deficiência de uma enzima protetora dos pulmões, chamada alfa-1 antitripsina. Rua Conselheiro Brotero, 1539, cj.111 01232-010 - Higienópolis São Paulo – SP - Brasil +55 11 3821.5864 [email protected] www.luiscarloslosso.com.br Prof. Dr. Luis Carlos Losso Medicina Torácica Cremesp 18.186 O enfisema se desenvolve lenta e gradualmente, passando-se anos até o aparecimento de falta de ar, a qual é progressiva; quando os sintomas aparecem a doença já está num estágio avançado e não há como fazê-la retroceder. Pode-se, apenas, impedir que avance, desde que o fumante consiga abandonar a dependência química. Em fumantes os primeiros sintomas podem aparecer após os 40 anos e em portadores de deficiência de alfa-1 antitripsina os sintomas ocorrem mais cedo. A falta de ar inicialmente aparece aos grandes esforços e que com o progredir da doença surge até no repouso, tornando o doente incapaz de trabalhar, tomar banho, vestir-se ou realizar mínimos esforços; pode ocorrer tosse produtiva, nos casos de associação com bronquite crônica ou infecção. O tórax se modifica e a aparência se assemelha a de um “tonel de vinho”, de dimensões anteroposteriores aumentadas. Em casos graves o doente assume uma posição sentada com inclinação do corpo para frente, com os braços apoiados; os lábios, os dedos e unhas ficam arroxeados. Há perda de peso, devido à dificuldade de comer, além da hipotrofia dos músculos da respiração. Os pacientes com enfisema pulmonar tornam-se gradativamente mais e mais incapacitados, com consequente morte por insuficiência respiratória. O final de vida do portador de enfisema é de muito sofrimento. O diagnóstico é feito com a história clinica e confirmado pelos exames complementares: a radiografia do tórax, a tomografia computadorizada e o estudo da função pulmonar (espirometria e pletismografia); exames como a gasometria arterial, medida de difusão de monóxido de carbono, avaliação da capacidade de exercício, cintilografia pulmonar de inalação e perfusão, questionários de qualidade de vida e índice de dispneia são utilizados na quantificação da doença em estágios e orientam o tratamento. O objetivo do tratamento do enfisema pulmonar é o alívio dos sintomas, a melhora na qualidade de vida e a tentativa de prevenção da progressão da doença. O tratamento clinico do enfisema será determinado com base na causa do enfisema, extensão da doença, Rua Conselheiro Brotero, 1539, cj.111 01232-010 - Higienópolis São Paulo – SP - Brasil +55 11 3821.5864 [email protected] www.luiscarloslosso.com.br Prof. Dr. Luis Carlos Losso Medicina Torácica Cremesp 18.186 tolerância à medicação específica e inclui cessação do tabagismo, suporte nutricional, broncodilatadores, antibióticos em infecções, corticosteroides, oxigenoterapia suplementar, reabilitação pulmonar e vacinação contra influenza e pneumonia. Em casos mais graves há alternativas como a ventilação não-invasiva com pressão positiva domiciliar ou hospitalar com redução da mortalidade. Alternativas terapêuticas cirúrgicas para doentes em estágio grave e muito grave são a operação para redução do volume pulmonar (RVP) realizada por cirurgia torácica minimamente invasiva, o transplante pulmonar (TX) e mais recentemente o tratamento broncoscópico (eRVP) com implantação de válvulas brônquicas unidirecionais; são opções terapêuticas com indicações precisas, para doentes selecionados e, que se incluam em critérios funcionais e de inclusão estabelecidos por estudos clínicos multicêntricos internacionais. Rua Conselheiro Brotero, 1539, cj.111 01232-010 - Higienópolis São Paulo – SP - Brasil +55 11 3821.5864 [email protected] www.luiscarloslosso.com.br