1 APLICAÇÃO FOLIAR DE NITROGÊNIO E AMINOÁCIDOS NA

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Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação
e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
19 a 21 de outubro de 2011
APLICAÇÃO FOLIAR DE NITROGÊNIO E AMINOÁCIDOS NA CULTURA DO
PIMENTÃO
Rodrigo Teles Mendes (UEG)1
[email protected]
Rodolfo Barbosa Santos (UEG)
Roberto Cardoso Resende (UEG)
Marco Antonio Moreira Pereira (UEG)
Adilson Pelá (UEG)
[email protected]
Introdução
O pimentão (Capsicum annuum L.) pertencente à família das solanáceas e do ponto
de vista econômico está entre as dez hortaliças mais importantes do mercado brasileiro, além
de possuir uma importância econômica no exterior, principalmente nos Estados Unidos,
México, Itália, Japão e Índia (Silva et al., 1999).
O adequado desenvolvimento da planta e a obtenção de produtividades satisfatórias
se dão essencialmente pela reposição de água e nutrientes, na quantidade ideal e no momento
oportuno. Portanto, é importante adequar as quantidades de nutrientes e fornecê-los segundo
as necessidades da planta (Papadopoulos, 1993; Nannetti et al., 2000).
Contudo, o nitrogênio é um dos nutrientes mais extraídos pelas plantas de pimentão
(Lópes, 1988) e se sobressai entre os principais nutrientes ligados ao aumento de
produtividade do pimentão, pelo fato de desempenhar papel fundamental no crescimento e no
rendimento da cultura (Moreno et al., 1996).
A utilização do N via solo apresenta limitações, pois o aproveitamento do nitrogênio
usado no adubo é normalmente inferior a 50%, podendo em solos arenosos, atingir entre 5 a
10% (Duque et al., 1985), devido às elevadas perdas de N que podem ocorrer por lixiviação
ou desnitrificação (Strider et al., 2003), ainda assim, a incorporação de N via adubação foliar
com aminoácidos poderia suplementar o fornecimento via solo em determinados estágios de
crescimento (Lima et al., 2009).
Sendo assim, o uso da fertilização direta nas plantas, com aminoácidos livres, evita a
transformação química do nitrogênio para a forma nítrica ou amoniacal, havendo rápida
incorporação ao metabolismo como se fossem sintetizados pela planta, contribuindo para o
processo de desenvolvimento e crescimento (Raven et al., 2001). De acordo com
Albuquerque et al. (2008), a importância dos aminoácidos nas plantas é indiscutível, pois
estão envolvidos em grande parte do metabolismo primário e secundário, levando à síntese de
vários compostos que influenciam na produção e qualidade dos frutos.
Além disso, outros benefícios da aplicação de aminoácidos que foram citados por
Brandão (2007), são a melhora da fotossíntese, diminuição da fitotoxicidade de alguns
defensivos, maior tolerância às pragas e doenças, melhor absorção e translocação de
nutrientes aplicados via foliar tornando o sistema radicular mais desenvolvido e com mais
vigor, regula as atividade hormonais das plantas, proporciona maior tolerância ao stress
hídrico e geadas, maior florescimento das plantas e aumenta a qualidade dos produtos
colhidos.
Embora sejam poucos os trabalhos de pesquisa publicados no Brasil sobre os efeitos
da pulverização de aminoácidos em hortaliças, esta prática tende a ser bastante difundida
principalmente entre os horticultores, portanto, é notória a necessidade de mais informações
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PIBIC/CNPq – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do CNPq.
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quanto à aplicação de aminoácidos na agricultura, para que se possa obter rendimento
satisfatório da cultura utilizada.
Objetivos
Este trabalho teve como objetivo avaliar doses e fontes de N para a aplicação foliar
na cultura do pimentão (Capsicum annuum L.).
Metodologia
O experimento foi implantado no campo experimental da UnU de Ipameri, situado
no município de Ipameri-GO, sendo conduzido de agosto de 2010 a abril de 2011, sendo
definida pelas seguintes coordenadas geográficas: 17º43’20” de latitude Sul e 48º09’44"de
longitude Oeste e altitude de 800 m, com clima, segundo a classificação de Köppen, do tipo
Aw, constando temperaturas elevadas com chuvas no verão e seca no inverno.
O solo foi classificado em Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico (Embrapa, 1999).
A análise de solo antes da instalação do ensaio apresentou as seguintes características: pH 6,4;
24 g dm-³ de MO; 52 mmolc dm-³ de CTC; saturação por bases de 14%; 0,9 mg dm-3 de P; 44
mmolc dm-³ de H+Al; 9 mmolc dm-³ de Al3+; 1,3 mmolc dm-3 de K; 50 mmolc dm-³ de Ca2+ e
2 mmolc dm-³ de Mg2+.
Para elevação da saturação de bases do solo para 80%, foi aplicada a dose de 4,6 t ha1
de calcário dolomítico, sendo parcelada em duas aplicações aproximadamente aos 80 e 60
dias antes da semeadura e foi realizada uma gessagem com a dose de 810 kg ha-1. O preparo
do solo foi realizado em seguida, com uma aração e duas gradagens leves.
A adubação de base foi padrão para todos os tratamentos, aplicada no sulco a 15 dias
antes do transplantio das mudas, constituída por 10 t ha-1 de cama de aviário curtida; 329 kg
ha-1 de P2O5; 151 kg ha-1 de N, parcelado, 40% na base e 60% em cobertura; e 180 kg ha-1 de
K2O, parcelo em 75 kg na base e o restante em cobertura. A adubação de cobertura foi
parcelada em 5 aplicações, em intervalos de 15 dias.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados arranjados em
esquema fatorial (2 x 6) com quatro repetições. O primeiro fator correspondeu às fontes de
nitrogênio: 1 - uréia e 2 - aminoácidos. O segundo fator correspondeu ao número de
aplicações via foliar: 0, 1, 3, 5, 7 e 9 aplicações no decorrer do ciclo da cultura. As soluções
para aplicação via foliar foram preparadas com a concentração de N 2% em ambos os
tratamentos, em volume de calda equivalente a 200 L ha-1, correspondendo, respectivamente,
a 0,5; 1,5; 2,5, 3,5 e 4,5 g ha-1 de N. Nos tratamentos com aminoácidos foi utilizado um
produto comercial com concentração de 1% de N e 8% de um complexo de aminoácidos.
A primeira aplicação ocorreu aos dez dias após o transplantio das mudas, e as
subseqüentes em intervalos de quinze dias após a primeira aplicação. Para as aplicações
foliares foi utilizado pulverizador de pressurização por CO2 com pressão de 2 kgf e vazão de
200 L ha-1.
Cada parcela experimental teve dimensões de 3,60 x 2,00 m (7,20 m2), onde se
transplantaram as mudas de pimentão em linhas paralelas, perfazendo o total de 20 plantas
por parcela, distanciadas 0,40 m, sendo o espaço entre linhas de 0,80 m, onde foram
consideradas úteis as plantas das fileiras centrais, em um de total de 6 plantas.
As mudas foram conduzidas em bandejas e transplantadas aos 30 dias após
emergência, a semente utilizada foi do híbrido Magali R.
Dentre as praticas culturais, o controle de pragas e doenças foi realizado
preventivamente e quando houve a incidência, para o controle foram utilizados os produtos a
base de Thiophanate methyl 70%, Mancozeb 80%, Oxicloreto de cobre 84%, Hidróxido de
cobre 54%, Imidacloprid 70%, Deltametrina 2%, Metomil 21,5%, Abamectina 1,8%. O
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controle de plantas daninhas foi realizado manualmente. A irrigação foi realizada conforme
necessidade ou intervalos de 3 dias, com lâmina de 8 mm.
Os parâmetros avaliados foram: altura de plantas aos 40 dias após o transplante,
comprimento transversal de frutos, diâmetro de frutos, produtividade total de frutos em t ha-1,
número de frutos totais, massa seca da parte aérea e teor de sólidos solúveis totais, sendo
coletados nas plantas da área útil da parcela.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, com comparação de médias
pelo teste de Tukey (P<0,05) e de regressão, utilizando-se o “software” SISVAR.
Resultados e Discussão
Pode-se observar de modo geral que ocorreu diferença estatística entre os
tratamentos nas médias das doses, sendo apenas para comprimento e diâmetro de fruto.
Contudo, verificou-se também que ocorreram maiores valores do comprimento de frutos e
diâmetro de frutos na média das doses de N quando se utilizaram a fonte de aminoácidos.
Este fato permite concluir que a aplicação dos tratamentos com o N a base de
aminoácidos proporcionaram benefícios as plantas, concordando com resultados obtidos por
Brandão (2007), que trabalhando com cana-de-açúcar comprovou a eficiência dos
aminoácidos na cultura. Mouco & Lima Filho (2004), obtiveram aumento no número de
frutos fixados com a utilização de aminoácidos na cultura da mangueira. Albuquerque e
Dantas (2002), comentam os aspectos positivos na aplicação de aminoácidos na cultura da
uva, por ter promovido uma melhor coloração dos frutos.
Observando o desdobramento das doses de N para cada fonte, o incremento
possibilitou respostas lineares para o comprimento de frutos, altura de plantas e
produtividade. Para os demais parâmetros, as respostas do incremento de doses foram não
significativas estatisticamente. Sendo que, para o comprimento de frutos foram respostas
lineares em ambas as fontes de N e para altura de plantas e produtividade de frutos a resposta
foi linear apenas o tratamento com a fonte de N de uréia.
Observando o comprimento de frutos de pimentão verificou-se que o incremento das
doses de N nos tratamentos com a fonte de aminoácidos, a dose de 4,5 g ha-1 de N possibilitou
13,21 cm de comprimento de frutos e superioridade de 10,5% em relação à testemunha sem
aplicação de N via foliar, valores adquiridos através da equação f(x)=0,3084x+11,828. Para
cada grama de N aplicado verificou-se também o acréscimo de 0,31 cm no comprimento do
fruto.
Nos tratamentos com a fonte de N de uréia a utilização da dose de 4,5 g ha-1 de N
obteve 12,96 cm de comprimento de frutos e superioridade de 12,52% em relação à
testemunha sem aplicação de N via foliar, valores adquiridos pela equação
f(x)=0,3606x+11,34. Para cada grama de N aplicado verificou-se o acréscimo de 0,36 cm no
comprimento do fruto.
O comprimento de frutos obtidos com a dose de 4,5 g ha-1 de N em ambas as fontes
se enquadraram na classificação Extra A proposta pela CEAGESP, onde possuem a sua
valorização denominada como média na cotação de preços.
Entretanto, verificou-se também que apesar do maior valor de comprimento de frutos
para cada grama de N aplicado e a maior diferença em relação à testemunha que ocorreu com
os tratamentos com N da fonte de uréia, o maior comprimento de fruto com a dose de 4,5 g
ha-1 de N ocorreu no tratamento com N da fonte de aminoácidos apresentando-se 1,9%
superior em relação ao comprimento de frutos adquirido na mesma dose de N no tratamento
com N da fonte de uréia.
No entanto, se presume que a utilização do N da fonte de aminoácidos contribuiu
para uma melhor absorção da planta que em conseqüência refletiu na diferença de
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comprimento de frutos em relação à utilização do N da fonte de uréia. Albuquerque et al.
(2008) utilizando aminoácidos comerciais como fonte de N, comprovaram que houve uma
absorção de N pelas folhas da videira, onde as plantas apresentaram crescimento do sistema
aéreo e concentração de N adequado.
Para a altura da parte aérea da planta com a utilização da dose de 4,5 g ha-1 de N no
tratamento com uréia foi obtida a altura das plantas de 50,61cm e superioridade de 12,23%
em relação à testemunha, valores adquirido pela equação f(x)=1,3751x+44,418. Observou-se
também que para cada grama de N aplicado ocorreu acréscimo de 1,4 cm na altura das
plantas.
Os tratamentos com N da fonte de aminoácidos não houve diferença estatística com o
incremento das doses de N, apresentando 47,3 cm de altura média da plantas.
Analisando a produtividade de frutos constatou-se que a utilização da dose de 4,5 g
ha-1 de N com a fonte de uréia se obtiveram 52,08 t ha-1 de produtividade de frutos e a
superioridade de 16,1% em relação à testemunha sem aplicação de N via foliar, valores
observados pela equação f(x)=1,863x+43,702. Observou-se também que para cada grama de
N aplicado ocorreu um aumento de 1,86 t ha-1 de produtividade de frutos. O valor de
produtividade obtido com a utilização da dose de 4,5 g ha-1 de N com a fonte de uréia foi
superior ao relatado por Filgueira (2000).
Para o incremento das doses de N com a fonte de aminoácidos não houve diferença
estatística, com média de 48,56 t ha-1 de produtividade de frutos.
Para os parâmentros de diâmetros de frutos, número de frutos, massa seca da parte
aérea e teor de sólidos solúveis totais não houve diferença estatistica com o incremento das
doses de N em ambas as fontes utilizadas.
Tais resultados concordam com Pieniz e Silva (2008), onde observaram que, a
aplicação de aminoácidos juntamente com micronutrientes não influenciou no
desenvolvimento inicial de mudas de pinhão manso. Alamini (2009), constatou que, em solos
de alta fertilidade a aplicação de aminoácidos apresentou respostas não significativas na
produtividade e no peso de grãos de trigo. Ao contrário disso, Picolli et al. (2009), obtiveram
respostas significativas estudando diferentes produtos comerciais a base de aminoácidos na
cultura do trigo.
Considerações Finais
Houve aumento linear no comprimento de frutos em ambas as fontes, com a elevação
das doses de N.
Houve respostas lineares na altura de plantas e produtividade de frutos com a
elevação das doses de N no tratamento com a fonte de aminoácidos.
Não houve diferenças significativas entre as fontes quanto ao diâmetro de frutos,
número de frutos, massa seca da parte aérea e teor de sólidos solúveis totais.
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