Ano 2/nº 9 Outubro/Dezembro 2016 Fotos: Aquivo Rede MPS Brasil Informativo da Rede MPS Brasil REDE NOTÍCIAS Porto Alegre, mais uma vez, sedia debates sobre MPS M édicos, pacientes e familiares reúnem-se em Porto Alegre/ RS para um dos mais importantes eventos em doenças raras do país: o Simpósio sobre Mucopolissacaridoses do Sul do Brasil e do Mercosul (Simpósio MPS Sul). A edição 2016 do encontro ocorre no Hotel Embaixador, no Centro da capital, entre os dias 18 e 20 de novembro. Conforme o coordenador da Rede MPS Brasil, entidade dedicada à pesquisa das mucopolissacaridoses, Dr. Roberto Giugliani, a incidência das MPS pelo mundo varia entre 2 e 5 casos por 100.000 nascimentos. “Trata-se de uma patologia extrema- mente séria, que afeta não apenas o paciente, mas a toda sua família, já que, sem tratamento, o paciente pode ter sua qualidade de vida bastante comprometida”, diz. “Por isso é que a Rede MPS Brasil, em parceria com o Instituto Genética para Todos (IGPT), procura realizar anualmente este simpósio, para atualizar a todos sobre os avanços científicos em relação às MPS, e para renovar as esperanças de mais qualidade de vida para os que enfrentam a doença”, comenta. No final do evento, no dia 20 de novembro, haverá, ainda, no Parque da Redenção, também na capital gaúcha, um Ato de Conscientização sobre as MPS. A manifestação ocorre às 11 horas da manhã. A proposta é chamar a atenção do público em geral para a gravidade da doença e para a necessidade de incorporação dos tratamentos pelo Sistema Único de Saúde. O Ato de Conscientização sobre as MPS acontece desde 2011 e a cada ano reúne um número maior de pessoas. Mais informações sobre o Simpósio MPS Sul e sobre o Ato de Conscientização sobre as MPS em: 0800 510 2030 ou www.ufrgs. br/geneticahcpa/rede-mps REDE NOTÍCIAS caiu na rede • 02 Trabalho de pesquisadores do Serviço de Genética Médica do HCPA é premiado em Congresso Brasileiro Por Ana Carolina Brusius Facchin P esquisadores do Serviço de Genética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre foram premiados durante o XXVIII Congresso Brasileiro de Genética Médica, realizado de 15 a 18 de junho, em Belém/PA. O prêmio de melhor pôster foi recebido com o trabalho “Caracterização de Haplótipos de Pacientes Brasileiros com Mucopolissacaridose IVA.” O estudo teve como objetivo analisar marcadores genéticos e caracterizar o conjunto de cada um deles (haplótipos), em pacientes brasileiros, a fim de identificar a possível causa da alta incidência de MPS IVA no Nordeste do Brasil, segundo os últimos trabalhos realizados pelo grupo. A análise genético-molecular mostrou que todos os pacientes do Estado da Paraíba apresentam uma mutação em comum (p.Ser341Arg) e o mesmo haplótipo, o qual estava ausente nos demais pacientes portadores de outras mutações e nos controles. O fato de ter sido encontrada uma única mutação nos pacientes do Estado da Paraíba, bem como um único haplótipo, sugere a existência de um efeito fundador nesta região, podendo ser explicado pela alta taxa de casamentos consanguíneos. Estudos moleculares são importantes para estimar a prevalência das mutações nas diferentes regiões do Brasil, colaborando para estudos epidemiológicos, correlação genótipo-fenótipo e aconselhamento genético. O trabalho foi realizado em conjunto com uma equipe do Hospital Universitário Alcides Carneiro da Paraíba, Universidade Estadual da Paraíba e Universidade Federal de Campina Grande, e contou com o apoio da Rede MPS Bra- Alta incidência de MPS IVA no Nordeste foi alvo do estudo sil e do Inagemp (Instituto Nacional de Genética Médica Populacional). Os autores da produção premiada são: Aline Nemetz Bochernitsan; Ana Carolina Brusius-Facchin, Rowena Rubim Couto, Francyne Kubaski, Franciele Barbosa Trapp, Simone Lopes Santos, Cátia Eufrazino Gondim, Paula Frassinetti Vasconcelos de Medeiros, Roberto Giugliani e Sandra Leistner-Segal. REDE NOTÍCIAS Simpósio Internacional de Mucopolissacaridoses 2016 foi um sucesso O rganizado por cientistas e representantes da associação de pacientes e familiares da Alemanha, o Simpósio Internacional de MPS e Doenças Relacionadas foi, mais uma vez, um sucesso. Durante os dias 14 a 17 de julho deste ano, pesquisadores, profissionais da saúde, estudantes, pacientes e seus familiares reuniram-se em Bonn, antiga capital da Alemanha, para trocar conhecimentos e atualizar-se sobre o que há de novo em relação às MPS. O evento contou com mais de 1000 participantes, oriundos de 52 diferentes países. O Brasil esteve representado por diversos integrantes da Rede MPS Brasil e de associações de pacientes. O evento, além de possibilitar uma revisão abrangente das terapias atualmente disponíveis para as MPS, apresentou aos participantes as novas opções de tratamento, que estão sendo desenvolvidas e que deverão estar disponíveis para tratar as MPS num futuro próximo. Representantes da Rede MPS Brasil e da Associação Gaúcha de MPS participaram do encontro, na Alemanha. Foi uma semana intensa de atualização, aprendizado e troca de experiências. O próximo Simpósio será em San Diego, nos Estados Unidos, em 2018. Foto: Arquivo pessoal 03 • caiu na rede Apoio psicológico ajuda a enfrentar as MPS REDE ENTREVISTA Solanger Graciana Paulão Perrone Por Andressa Federhen Psicóloga com atuação no Centro Clínico Mãe de Deus (Porto Alegre/RS), Solanger Graciana Paulão Perrone é conhecedora do impacto das mucopolissacaridoses na vida e na esfera emocional de pacientes e familiares. Enfermeira da área de Saúde da Criança e do Adolescente, atua no Serviço de Enfermagem em Saúde Pública – Ambulatório de Pediatria, e também é colaboradora das equipes de Cirurgia Crânio Maxilo Facial; Genética – Erros Inatos do Metabolismo e Osteogênese Imperfeita; e Psiquiatria Infantil – Interação Pais Bebês e Medicina Fetal, todos do HCPA. Solanger conversou com o Caiu na Rede para explicar um pouco mais sobre a importância do acompanhamento psicológico de pacientes com MPS e de seus familiares. CAIU NA REDE - Por que é importante o acompanhamento psicológico dos pacientes com MPS? SOLANGER - Muitas vezes, as mudanças fisiológicas limitam a expressão na forma como o paciente com MPS vê a si mesmo, e como ele é visto pela família. Há perdas físicas, funcionais e de controle; ansiedade de separação de pessoas, objetos, ambientes; sentimentos como frustração, tristeza, raiva, medo, e muito sofrimento, gerados pela dependência do paciente e da família. Portanto, a presença do psicólogo é fundamental para auxiliá-lo a vivenciar cada etapa de seu processo. CAIU NA REDE - Este acompanhamento é necessário somente para os pacientes ou é importante para os familiares também? SOLANGER - A doença altera as funções em todos os níveis: familiar, econômico e social, podendo até provocar uma ruptura e uma crise na vida de toda a família, pois é vivenciada de forma coletiva e não individual. A família sofre uma desorganização na sua forma de vida, sendo prestadora de apoio, mas ao mesmo tempo alvo de cuidados. E por isso, deve ser incluída no tratamento. CAIU NA REDE - Como identificar quando um paciente, seja criança ou adulto, está precisando de orientação psicológica? SOLANGER - Vários são os sinais e sintomas que podemos observar nos pacientes ou através do relato dos familiares, como, por exemplo, a expressão verbal e não-verbal, um estado de tristeza e de ansiedade, falta de vontade de fazer coisas que sempre gostou de fazer, dificuldade para dormir à noite ou excesso de sono, sensação de cansaço constante, falta de apetite ou ânsia de comer o tempo todo, dificuldade para se concentrar em alguma tarefa, esquecimentos, perda da libido e do prazer em “A MPS altera as funções em todos os níveis: familiar, econômico e social, podendo até provocar uma ruptura e uma crise na vida de toda a família” geral, baixo desempenho na escola ou no trabalho, irritabilidade, agitação, choro, descontrole emocional. Uma vez reconhecidos estes sinais, o psicólogo pode tanto ajudar o paciente a encontrar estratégias que o habilitem a buscar um equilíbrio emocional para lidar com suas angústias, frustrações e inseguranças em relação ao futuro, quanto encaminhá-lo para um tratamento ou intervenção específicos a fim de propiciar a melhora da qualidade de vida e do seu bem-estar, assim como de seus familiares. Cabe ressaltar que mesmo para a criança deve ser esclarecido o que vai ser feito, como vai ser feito e o que ela poderá sentir, auxiliando-a a lidar com a realidade dos fatos. CAIU NA REDE - Onde este acompanhamento pode ser feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde)? SOLANGER - O SUS oferece atendimento psicológico de forma gratuita nos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial): estes centros têm em suas equipes não apenas psicólogos, mas também psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais e terapeutas. Existem também as unidades específicas para tratamento de crianças e adolescentes, que são chamadas de CAPSIs. As Clínicas-Escola: constituem-se em espaços das faculdades de Psicologia, onde os alunos prestam atendimento com a supervisão de professores. Há aproximadamente 40 anos convivendo com pacientes e familiares, aprendi que escutá-los é a forma mais adequada de entender as suas necessidades, sempre levando em consideração a individualidade de cada paciente­diante da doença. A arte de abordar um paciente na sua essência consiste em um aprendizado diário, o que me estimula constantemente a cada novo paciente como se fosse meu primeiro atendimento. Informativo da Rede MPS Brasil REDE RELATO DO BETO 04 Fotos: Guilherme Baldo caiu na rede • Este é o Maracanã, onde estive com a minha amiga Laís Olimpíadas 2016: eu fui! Colaboração: Fernando Machado da Costa Sediar um evento como as Olimpíadas e as Paraolimpíadas não é para qualquer país. Em 2016, a maior festa do esporte mundial aconteceu na nossa casa, no Brasil! E o nosso amigo Beto não podia ficar fora dessa. Ele foi para o Rio de Janeiro e conta para o Caiu na Rede como foi esta experiência. O lá, pessoal! Eu sou o Beto, lembram de mim? Andei meio sumido porque passei um mês no Rio de Janeiro, assistindo os jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Vocês não imaginam como eu me diverti! Primeiro fui assistir a abertura do evento no Maracanã. Se quem viu pela TV já achou incrível, imagine eu que estava lá! Foi uma emoção muito grande. Todos aqueles atores, bailarinos, músicos e outros artistas, contando um pouco da história do nosso Brasil, me fizeram lembrar como nosso país é bonito e de todas as riquezas ele tem. O desfile dos atletas de cada país, com suas bandeiras, mostrou como nosso mundo é diverso. Depois da abertura, assisti a vários jogos. Fui para o Parque Olímpico, onde acontecia a maior parte deles. Lá havia pessoas voluntárias para me auxiliar com deslocamento. Se fosse necessário, havia um serviço gratuito de empréstimo de cadeira de rodas. Embora houvesse uma fila grande para assistir alguns jogos, eu podia usar a fila prioritária. Também fui à praia e ao Maracanã. Durante as Olimpíadas e as Paraolimpíadas eu vi pessoas de muitos países diferentes, falando idiomas diferentes, com culturas diferentes, mas todos unidos pelo esporte. Vi atletas superando seus limites e limitações, nos dando um verdadeiro exemplo de perseverança e disciplina. A experiência de participar das Olimpíadas foi inesquecível, pois passei a acreditar mais ainda no poder transformador do esporte. Seja ele qual for, o esporte é importante para todas as pessoas, inclusive para as que têm MPS. Para fazer alguns esportes com maior impacto e que exigem mais esforço do nosso corpo, temos que ter liberação do nosso médico, mas com orientação adequada podemos encontrar uma modalidade que nos dê prazer, que melhore a nossa saúde e a nossa qualidade de vida. Já estou com saudade das Olimpíadas! expediente Coordenação geral: Roberto Giugliani Caiu na Rede é um informativo trimestral da Rede MPS Brasil Serviço de Genética Médica/Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) Edição 09 | Outubro/Dezembro 2016 Supervisão: Andressa Federhen Consultor administrativo: Célio Luiz Rafaelli Planejamento gráfico e diagramação: CD D’VAZ design editorial Jornalista responsável: Sabrina Auler - MTb 13.799 Colaboraram nesta edição: Ana Carolina Brusius Facchin, Andressa Federhen, Fernando Machado da Costa e Solanger Graciana Paulão Perrone Informativo da Rede MPS Brasil Contate a equipe do Caiu na Rede para comentar as reportagens, sugerir assuntos e fazer críticas ou elogios! Fone: 0800 510 2030 E-mail: [email protected]