Transcrição da aula VIII

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Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional - Aula VIII
Transcrição da Aula VIII – Grandes Vias Eferentes (Sistema Motor)
Olá!
Nós hoje vamos falar sobre as grandes vias eferentes do tronco encefálico e da
medula espinhal. Então nós estamos considerando o sistema nervoso somático, o
sistema nervoso que permite a interface com o meio ambiente, com os indivíduos da
nossa espécie e com indivíduos de outras espécies.... Aquele que vai permitir o nosso
modus vivendi, o nosso contacto com a Natureza e com a Sociedade. Para isso nós
precisamos não só de expressar as nossas emoções como as nossas diversas actividades
de trabalho, de estudo, etc. Precisamos do movimento...
Como controlar o músculo? Através do neurónio motor α (alfa), localizado no
corno anterior da medula espinhal e também de núcleos motores de nervos cranianos.
Como controlar a actividade e a função desses neurónios? Por exemplo, através do
controle maior proveniente do córtex motor, a área 4 de Broadmann, que foi uma pessoa
que mapeou todo o sistema nervoso cortical.
Vamos então utilizar uma via que vai controlar a actividade de núcleos motores
ligados a nervos cranianos e daquele neurónio do corno anterior da medula espinhal que
faz a interface, junto com os componentes do tronco encefálico, com o músculo estriado
esquelético.
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Bem! O nosso neurónio motor, o primeiro neurónio dessa via, encontra-se no giro
pré-central. Aqui nós estamos vendo o hemisfério esquerdo, a superfície supra-lateral do
hemisfério esquerdo humano. O movimento... é organizado, inicialmente, através do
neurónio piramidal que se encontra em camadas específicas dessa parte do córtex
cerebral (hemisfério esquerdo).
Vejamos agora uma visão da face medial do nosso cérebro... onde nós vamos ver a
localização dos nossos neurónios motores...
Então, esse é o lóbulo paracentral, a face medial do cérebro humano, onde estão
representados parte dos neurónios que comandam os movimentos localizados do
membro inferior, por exemplo. Os nossos movimentos...eles têm uma representação
somatotópica no córtex cerebral...
Aqui nós estamos vendo um esquema de um corte coronal do cérebro humano,
passando pelo giro pré-central... Temos aqui representado um núcleo motor... nos dois
hemisférios, onde no hemisfério esquerdo nós temos as nossas projecções mais
importantes que vão formar as vias cortico-espinhais e cortico-nucleares. Na verdade,
ambas as conexões elas enviam sinais importantes para o neurónio motor inferior.
Algumas das conexões vão cruzar a zona mediana, outras vão seguir ipso-lateralmente...
Então, há uma colocação através do corpo caloso entre os dois hemisférios e o
hemisfério esquerdo é preponderante no comando desses movimentos. Então, quanto
maior é o desenho da área corporal representada no córtex significa que mais neurónios
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motores estão aqui organizados, situados para controlar os movimentos específicos, por
exemplo do lábio ou das mãos, que são muito mais precisos que os movimentos do
dorso ou do membro inferior.
Mas esse caminho neural, ele parte por áreas específicas no sistema nervoso. Por
exemplo, no corpo branco medular do cérebro.
Nós temos aqui a passagem da via córtico-espinhal e córtico-nuclear atravessando,
a partir do giro pré-central, o corpo branco medular do cérebro, convergindo para passar
na região ocupada pela cápsula interna, que vai buscar o pedúnculo cerebral, que é a
parte ventral do mesencéfalo.
A partir do mesencéfalo nós vamos atingir a ponte. Então, no tronco encefálico
quais seriam os sítios por onde passam as vias motoras descendentes?
Nós estamos vendo aqui um corte caudal do mesencéfalo e um corte da ponte...
Ventralmente situado está passando o trato córtico-espinhal e córtico-nuclear... O trato
córtico-nuclear está buscando os núcleos motores de alguns nervos cranianos. Por
exemplo, no mesencéfalo caudal nós temos o núcleo do nervo troclear e no mesencéfalo
cranial o núcleo do nervo oculomotor, que vão controlar movimentos de alguns
músculos extrínsecos do globo ocular.
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Nós estamos vendo aqui, por exemplo, uma sinapse da via córtico-nuclear
controlando os movimentos que são função de neurónios do núcleo abducente e logo
próximo daí do núcleo facial, que vão controlar, o núcleo abducente, o movimento reto
lateral do globo ocular e o núcleo do nervo facial vai controlar o movimento dos
músculos da mímica.
Em níveis mais caudais do tronco encefálico essa via continua, passando pela
ponte, em direcção ao bulbo...
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Então vejamos, na ponte... aqui o abducente... o nervo facial... a sinapse, já no
bulbo... a sinapse de fibras provenientes do trato córtico-nuclear. No bulbo... o núcleo
do hipoglosso, que move a língua, núcleo ambíguo, que é o músculo da fonação, da
deglutição... Ele envia fibras radiculares que vão formar parte do nervo glossofaríngeo e
parte do nervo vago... que vão permitir os movimentos da laringe, os músculos que vão
permitir a articulação da palavra falada...
Então, esses núcleos localizados no tronco encefálico, eles enviam axónios que
passam por nervos cranianos específicos, como o oculomotor, o abducente, o troclear, o
nervo facial, o núcleo motor do trigémeo, o núcleo hipoglosso, o núcleo acessório... e
também componentes motores do núcleo do glossofaríngeo e do vago que vão então
controlar os movimentos dos músculos da cabeça e também, considerando o acessório,
o músculo esternocleidomastóide e o músculo trapézio. Então, esses músculos são
importantes para alguns movimentos e são controlados por nervos cranianos, nesses
núcleos específicos que terminam o trato córtico-nuclear.
E o trato córtico-espinhal?... O trato córtico-espinhal, aqui representado em azul,
ele continua e passa pelas pirâmides do bulbo, assim como os últimos representantes do
trato córtico-nuclear. Já na medula espinhal, o trato córtico-espinhal vai buscar dois
caminhos diferentes porque vai haver o cruzamento da maioria das fibras nas pirâmides
do bulbo. Pirâmide é uma estrutura específica da região ventral do bulbo, que tem uma
forma mais ou menos piramidal e que é formada pelas fibras do trato córtico-espinhal e
algumas fibras do trato córtico-nuclear. A partir da junção entre bulbo e medula
espinhal, nessa transição, 95% das fibras vão cruzar o plano mediano... vão formar a
decussação (do Latim decussatio = cruzamento)... Então... decussação das pirâmides.
Então, 95% dessas fibras vão para o lado contralateral, formando a via córtico-espinhal
lateral. Uns 4% continuam no funículo anterior, formando a via córtico-espinhal
anterior... que cruza o plano mediano antes de fazer sinapse no corno anterior da medula
espinhal. 1% não decussa, não cruza a linha mediana e faz sinapse ispolateralmente mas
não se conhece muito bem a função desse pequeno contingente do trato córticoespinhal.
Então vejamos... cortes em dois níveis do bulbo... baixo... e aqui o corte da medula
espinhal. O trato córtico-espinhal, que se posiciona ventralmente nas pirâmides do
bulbo, na decussação das pirâmides ele vai cruzar o plano mediano, formando o trato
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córtico-espinhal lateral. Parte dessa via não cruza e forma o trato córtico-espinhal
anterior...
Bem! O trato córtico-espinhal anterior, antes de fazer sinapse vai também cruzar o
plano mediano... Então vejamos aqui uma representação da decussação das pirâmides
do trato córtico-espinhal lateral e o trato córtico-espinhal anterior que cruza o plano
mediano antes de fazer sinapse...
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Se nós lesarmos os núcleos de pares cranianos ou lesarmos o corno anterior da
medula espinhal... nós temos uma paralisia... Então, o que caracteriza a lesão das "vias
piramidais" são as paralisias.... As paralisias podem ser flácidas, se nós estivermos
lesando o neurónio motor inferior, localizado no corno anterior da medula espinhal, por
exemplo...ou podem ser espásticas, com hipertonia, com hiper-reflexia... se nós
lesarmos a via córtico-espinhal. A lesão abaixo da decussação terá manifestações de
paralisia ipsolateral... e acima da lesão... contralateral...
Então vejamos como é o prosseguimento dessa interessante conexão... Vamos
voltar a níveis mais craniais para vermos a passagem desses axónios de um outro ponto
de vista. Então, vamos ver como se apresenta essa via colocando a nossa conexão
desenhada sobre um corte anatómico real. Então vejamos esses caminhos neurais...
Então nós estamos vendo aqui um corte frontal do encéfalo humano, passando
pelo giro pré-central e mostrando o neurónio motor, que é o primeiro neurónio da via
chamada em muitos livros ainda como "via piramidal", passando pelo corpo branco
medular do cérebro, na cápsula interna, no pedúnculo cerebral e entrando na ponte...
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Aqui uma visão lateral, com a cápsula interna dissecada... Cá está o nosso
neurónio, buscando o pedúnculo cerebral (no mesencéfalo), a ponte e o bulbo...
Numa face medial do cérebro, em profundidade, passando aqui o neurónio da
conexão córtico-espinhal e córtico-nuclear, passando novamente pelo mesencéfalo, pela
ponte e pelo bulbo...
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E agora, nós vamos abordar a medula espinhal... onde se dá a chegada da via
córtico-espinhal. Então vejamos aqui cortes transversais da medula espinhal mostrando
o trato córtico-espinhal lateral fazendo a sinapse em neurónios motores do corno
anterior da medula espinhal, na base do corno posterior, em dois níveis da medula
espinhal... Numa outra visão, em computação gráfica dessa conexão motora, dessa
grande via eferente... Estamos vendo aqui o giro pré-central e estes "quadradinhos"
representando neurónios que inervam a região da cabeça, da mão, do dorso... e, aqui
numa visão da face supralateral do encéfalo... e aqui numa visão da face medial onde
nós estamos vendo em profundidade os axónios dessa via córtico-espinhal e córticonuclear... passando em busca... onde estaria localizada, no diencéfalo, a cápsula
interna... e aqui já emergindo... ou se aprofundando, na verdade, na base do pedúnculo
cerebral do mesencéfalo, que está aqui cortado transversalmente...
Aqui temos um corte transversal do cérebro, mostrando os núcleos da base, o
tálamo... aqui os ventrículos cerebrais, aqui o corpo branco medular do cérebro e o
córtex mostrando a passagem das conexões... Aqui estão os neurónios representados, e a
via passando pelo corpo medular do cérebro... buscando então a localização do
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diencéfalo na cápsula interna... Numa visão mais lateral da cápsula interna os diversos
neurónios da via córtico-espinhal e córtico-nuclear, formando então a sua projecção
descendente passando pelo diencéfalo...
Bem! Vejamos agora uma animação de parte dessa via... Então nós estamos vendo
aqui o giro pré-central... agora na face medial do cérebro, lá a cápsula interna, passando
pelo pedúnculo cerebral... Agora o nosso tronco encefálico..., mesencéfalo, ponte e
bulbo... que vai ser cortado (também ali um pedacinho da medula espinhal) mostrando
em profundidade, na região ventral, a passagem do trato córtico-espinhal e córticonuclear, o cruzamento ou decussação das pirâmides, e a via contralateral também
cruzando aqui, na decussação das pirâmides... formando então o trato ´cortico-espinhal
lateral.
Bem! Uma outra visão dessa via está representada nesta preparação... Aqui está o
giro pré-central, que agora foi dissecado... Nós estamos vendo a representação dos
neurónios e a cápsula interna, passando pelo diencéfalo... e aqui a via descendente
buscando o tronco cerebral. Uma outra visão dessa via, com vários cortes do tronco
encefálico, mostrando a conexão novamente passando na região ventral, no
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mesencéfalo, ponte, bulbo cranial, caudal, decussação das pirâmides e os dois tratos...
Nós estamos vendo aqui o trato piramidal, o trato córtico-espinhal e córtico-nuclear,
fasciculado pelas fibras pontíneas transversas que são parte de vias cerebelares... Nós
vamos estudar isso mais adiante...
Agora vejamos um pouco do trato córtico-nuclear... Então, uma representação
também em 3D dessa interessante conexão. Então vejamos cortes do mesencéfalo, aqui
dois núcleos motores de nervos cranianos e a via córtico-nuclear fazendo contacto...
lateralmente... núcleos do nervo trigémeo, núcleo motor do nervo trigémeo e núcleo
facial. O núcleo motor do trigémeo está-se projectando para músculos relacionados com
movimentos mastigatórios e o núcleo facial com os músculos da mímica... E por fim,
mais um exemplo da via córtico-nuclear que vai buscar o núcleo do hipoglosso... Então
na via lateralmente o trato córtico-espinhal e córtico.nuclear, este fazendo sinapse com
os núcleos do hipoglosso. Eles estão representados em terceira dimensão, aqui, num
corte transversal do bulbo cranial. Essa é a pirâmide do bulbo, aqui o complexo olivar
inferior, e aqui nós estamos vendo o pedúnculo cerebelar inferior, aqui o núcleo
ambíguo e aqui o núcleo do hipoglosso, que vai mover a língua.
Então vocês viram exemplificações das grandes vias eferentes do tronco
encefálico. Com isso nós estamos fechando uma parte importante do Sistema Nervoso
Somático compreendendo as suas conexões aferentes e eferentes... precisamente
demonstradas na presente aula.
Até à próxima!...
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Em seguida nós vamos abordar algumas características do córtex cerebral, do
tronco encefálico e também de núcleos supra encefálicos... Até lá!...
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