A sociedade civil como arena de lutas no processo de transformação social. O “Terceiro setor” tem suas faces sem uma caracterização específica sendo que se adapta aos interesses que o norteiam, em seu âmbito predomina ações sempre interligadas com o restante dos dois outros setores: Estado e Mercado. Segundo Montaño (2010), desconstruir o caráter isolado do “terceiro setor” quanto aos restantes setores (Mercado e Estado) é de fundamental importância para de fato explicitar a face da funcionalidade ideológica a qual se põe em questão. Mais do que interliga-los enquanto setores atuantes da sociedade busca-se questionar de forma crítica suas ações e atuações a fim de desmistifica-las visando uma real mudança social. Ele nada mais é que uma ferramenta do Estado que atende as situações emergenciais em busca do combate das demandas no trato da questão social, o que as políticas sociais não conseguem atingir. Além de atender as questões sociais ele acaba por se materializar na privatização dentro do setor privado, que de forma subjetiva trabalha com a filantropia sempre de olho nas vantagens que envolvem esta questão, como a redução de impostos, fazendo com que fique mascarado o verdadeiro objetivo do que está por traz deste processo. O projeto Neoliberal totalizador contemporâneo e as lutas e contradições entre as classes originadas na ordem capitalista submergem sobre as questões de interesses subliminares de culpas e responsabilidades, cada qual visando sua isenção. O questionamento a cerca da atuação do Estado pela sociedade oscilam similarmente a índices econômicos se ampliando e recuando dependendo da atuação passiva ou ativa das classes. Como cita o autor, o Estado busca uma sociedade “dócil” facilmente manipulável para que o controle da massa seja pleno e efetivo não diferente de épocas onde a política do “pão e circo” era muito menos camuflada. Diante disso fica explícito a utilização desta ferramenta chamada “terceiro setor” pelo Estado de forma a suprir as demandas da questão social, terceirizando sua atuação e minimizando suas responsabilidades. A sociedade assumiu um caráter passivo que pouco exige do Estado contanto que alguém supra sua demanda o que, abriu as portas para o surgimento do terceiro setor beneficiando mais ao Estado do que a própria sociedade já que a responsabilidade sobre os prós e contras muda de direcionamento. Esta responsabilidade transferida do Estado para este setor fica subdividida, pois é claro a participação estatal no financiamento destas instituições por intermédio de impostos previstos e direcionados além de outros recursos concebidos pelo Estado através de modalidades de cooperação e financiamento uma verdadeira trivializarão da “questão social”. Este fenômeno real contido neste conceito da busca de transformação no trato da questão social na ilusória co-participação do empresariado como “consciência social” com a sociedade civil na atuação em busca de transformação, com as perdas de direitos universais por serviços públicos de qualidade, que tendem a ser vistas como ganhos nas atividades desenvolvidas pelo conjunto das forças voluntárias, não governamentais, filantrópicas, onde essas verdadeiras perdas de conquistas históricas são vistas como uma “nova conquista” atividades supostamente solidárias. Com isso enquanto a população busca soluções para a questão social com participação direto no “terceiro setor” o Estado fica nas mãos dos neoliberais onde o povo com suas forças voltadas para o capital enfraquecendo a correlação de forças. Um processo compensatório de aumento na ampliação de sistemas privados para suprir as sequelas da questão social, o terceiro setor passa a justificar e legitimar o processo de desestruturalização da Seguridade Social composta pelo tripé: Saúde, Assistência Social e a Previdência Social. A localização e trivialização da questão social e a auto responsabilização dos sujeitos decorrentes da popular meritocracia exige das classes com menores níveis econômicos que lutem pelo acesso a direitos e até mesmo aos mínimos sociais já que ao Estado cabe terceirizar seus deveres contanto que quando tudo desabar possa direcionar sua culpa a um terceiro sujeito: o desconhecido “terceiro setor”.