AGENTES BIOLÓGICOS A exposição ocupacional a agentes biológicos decorre da presença desses agentes no ambiente de trabalho, podendo-se distinguir duas categorias de exposição: 1. Exposição derivada da atividade laboral que implique a utilização ou manipulação do agente biológico, que constitui o objeto principal do trabalho. Nesses casos, na maioria das vezes, a presença do agente já está estabelecida e determinada. O reconhecimento dos riscos será relativamente simples, pois as características do agente são conhecidas e os procedimentos de manipulação estão bem determinados, assim como os riscos de exposição. Na área de saúde, alguns exemplos poderiam ser: atividades de pesquisa ou desenvolvimento que envolva a manipulação direta de agentes biológicos, atividades realizadas em laboratórios de diagnóstico microbiológico, atividades relacionadas à biotecnologia (desenvolvimento de antibióticos, enzimas e vacinas, entre outros). 2. Exposição que decorre da atividade laboral sem que essa implique na manipulação direta deliberada do agente biológico como objeto principal do trabalho. Alguns exemplos de atividades: atendimento em saúde, laboratórios clínicos (com exceção do setor de microbiologia), consultórios médicos e odontológicos, limpeza e lavanderia em serviços de saúde. Esses agentes são capazes de provocar danos à saúde humana, podendo causar infecções, efeitos tóxicos, efeitos alergênicos, doenças auto-imunes e a formação de neoplasias e malformações. Podem ser assim subdivididos: a. Microrganismos, formas de vida de dimensões microscópicas, visíveis individualmente apenas ao microscópio - entre aqueles que causam dano à saúde humana, incluem-se bactérias, fungos, alguns parasitas (protozoários) e vírus; b. Microrganismos geneticamente modificados, que tiveram seu material genético alterado por meio de técnicas de biologia molecular; c. Culturas de células de organismos multicelulares, o crescimento in vitro de células derivadas de tecidos ou órgãos de organismos multicelulares em meio nutriente e em condições de esterilidade - podem causar danos à saúde humana quando contiverem agentes biológicos patogênicos; d. Parasitas, organismos que sobrevivem e se desenvolvem às expensas de um hospedeiro, unicelulares ou multicelulares - as parasitoses são causadas por protozoários, helmintos (vermes) e artrópodes (piolhos e pulgas); e. Toxinas, substâncias secretadas (exotoxinas) ou liberadas (endotoxinas) por alguns microrganismos e que causam danos à saúde humana, podendo até provocar a morte - como exemplo de exotoxina, temos a secretada pelo Clostridium tetani, responsável pelo tétano e, de endotoxinas, as liberadas por Meningococcus ou Salmonella; Diversos animais e plantas produzem ainda substâncias alergênicas, irritativas e tóxicas com as quais os trabalhadores entram em contato, como pêlos e pólen, ou por picadas e mordeduras. Fontes de exposição e reservatórios; As fontes de exposição incluem pessoas, animais, objetos ou substâncias que abrigam agentes biológicos, a partir dos quais torna-se possível a transmissão a um hospedeiro ou a um reservatório. Reservatório é a pessoa, animal, objeto ou substância no qual um agente biológico pode persistir, manter sua viabilidade, crescer ou multiplicar-se, de modo a poder ser transmitido a um hospedeiro. A identificação da fonte de exposição e do reservatório é fundamental para se estabelecerem as medidas de proteção a serem adotadas. Exemplos: o uso de máscara de proteção para doentes portadores de tuberculose pulmonar, a higienização das mãos após procedimentos como a troca de fraldas em unidades de neonatologia para diminuir o risco de transmissão de hepatite A. Vias de transmissão e de entrada Via de transmissão é o percurso feito pelo agente biológico a partir da fonte de exposição até o hospedeiro. A transmissão pode ocorrer das seguintes formas: 1. Direta - transmissão do agente biológico sem a intermediação de veículos ou vetores. Exemplos: transmissão aérea por bioaerossóis, transmissão por gotículas e contato com a mucosa dos olhos; 2. Indireta - transmissão do agente biológico por meio de veículos ou vetores. Exemplos: transmissão por meio de mãos, perfurocortantes, luvas, roupas, instrumentos, vetores, água, alimentos e superfícies. Vias de entrada são os tecidos ou órgãos por onde um agente penetra em um organismo, podendo ocasionar uma doença. A entrada pode ser por via cutânea (por contato direto com a pele), parenteral (por inoculação intravenosa, intramuscular, subcutânea), por contato direto com as mucosas, por via respiratória (por inalação) e por via oral (por ingestão). A identificação das vias de transmissão e de entrada determina quais a medidas de proteção que devem ser adotadas. Se a via de transmissão for sanguínea, devem ser adotadas medidas que evitem o contato do trabalhador com sangue. No caso de transmissão por via aérea, gotículas ou aerossóis, as medidas de proteção consistem na utilização de barreiras ou obstáculos entre a fonte de exposição e o trabalhador (exemplos: adoção de sistema de ar com pressão negativa, isolamento do paciente e uso de máscaras). Ao propor medidas para o controle de riscos, deve-se observar a ordem de prioridade abaixo. 1. Medidas para o controle de riscos na fonte, que eliminem ou reduzam a presença dos agentes biológicos, como por exemplo: - Redução do contato dos trabalhadores do serviço de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde com pacientes-fonte (potencialmente portadores de agentes biológicos), evitando-se procedimentos desnecessários; - Afastamento temporário dos trabalhadores do serviço de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde com possibilidade de transmitir agentes biológicos; - Eliminação de plantas presentes nos ambientes de trabalho; - Eliminação de outras fontes e reservatórios, não permitindo o acúmulo de resíduos e higienização, substituição ou descarte de equipamentos, instrumentos, ferramentas e materiais contaminados; - Restrição do acesso de visitantes e terceiros que possam representar fonte de exposição; - Manutenção do agente restrito à fonte de exposição ou ao seu ambiente imediato, por meio do uso de sistemas fechados e recipientes fechados, enclausuramento, ventilação local exaustora, cabines de segurança biológica, segregação de materiais e resíduos, dispositivos de segurança em perfurocortantes e recipientes adequados para descarte destes perfurocortantes. 2. Medidas para o controle de riscos na trajetória entre a fonte de exposição e o receptor ou hospedeiro, que previnam ou diminuam a disseminação dos agentes biológicos ou que reduzam a concentração desses agentes no ambiente de trabalho, como por exemplo: - Planejamento e implantação dos processos e procedimentos de recepção, manipulação e transporte de materiais, visando a redução da exposição aos agentes; - Planejamento do fluxo de pessoas de forma a reduzir a possibilidade de exposição; - Redução da concentração do agente no ambiente: isolamento de pacientes, definição de enfermarias para pacientes com a mesma doença, concepção de ambientes com pressão negativa, instalação de ventilação geral diluidora; - Realização de procedimentos de higienização e desinfecção do ambiente, dos materiais e dos equipamentos; - Realização de procedimentos de higienização e desinfecção das vestimentas; - Implantação do gerenciamento de resíduos e do controle integrado de pragas e vetores. 3. Medidas de proteção individual, como: - Proteção das vias de entrada do organismo (por meio do uso de Equipamentos de Proteção Individual - EPIs): respiratória, pele, mucosas; - Implementação de medidas de proteção específicas e adaptadas aos trabalhadores do serviço de saúde, bem como àqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde com maior suscetibilidade: gestantes, trabalhadores alérgicos, portadores de doenças crônicas. TIPOS DE ACIDENTES BIOLÓGICOS - Picadas de agulhas previamente utilizadas; - Cortes com lâminas já infectadas; - Secreções de pacientes quaisquer que caiam nos olhos ou mucosas (lábios, por exemplo); - Ferimentos provocados por ossos de animais doentes; - Ferimentos provocados por partes ósseas em covas e exumações; - Acidentes em laboratórios com animais usados para o preparo de soros, vacinas ou produtos similares; - Agressão por animais nos estábulos, cavalarias e currais; - Arranhaduras por gatos e outros animais; - Mordedura de cães, gatos e outros animais. Os empregados que lidam com agentes biológicos devem ser informados dos riscos inerentes ao seu trabalho. Devem ser treinados para a lide com os riscos e devem respeitar as normas de segurança, valendo para eles todo o suporte técnico e legal observado para os demais trabalhadores. Infelizmente o contato com agentes biológicos pode ser algo traiçoeiro. Há que se trabalhar na prevenção e estar atento às possibilidades de doenças diagnosticadas após um acidente. PREVENÇÃO Como esses microorganismos se adaptam melhor e se reproduzem mais em ambientes sujos, as medidas preventivas a tomar são: - Rigorosa higiene dos locais de trabalho, do corpo e das roupas; - Ventilação permanente e adequada; - Controle médico adequado, e vacinação, sempre que possível; - Uso de luvas ao manipular objetos contaminados, secreções, excreções sejam humanas, sejam animais; - Sanitários com chuveiros, lavabos e armários separados para uniformes e roupas pessoais, em número suficiente; - Instalações para limpeza, desinfecção e destruição caso necessário, de uniformes e outras roupas de trabalho; - Controle de pragas e roedores que possam servir como reservatórios e transmissores de enfermidades; - Lavar as mãos após o contato com todo e qualquer paciente ou animal; - Usar botas nos serviços em cemitérios, cavalarias e estábulos; - Instruir o empregado quanto ao melhor manuseio de um animal; - Instruir o empregado quanto a conhecer os hábitos de um animal; - Usar máscaras faciais no contato com pacientes com doenças transmissíveis por gotículas de saliva (tuberculose); - Uso de material sempre descartável ou esterilizado; - Observar sempre as normas da Vigilância sanitária, etc. A verificação da presença de agentes biológicos em ambientes de trabalho é feita por meio de retirada de amostras de ar e de água, que serão analisadas em laboratórios especializados. Em virtude das grandes dificuldades para a realização dessas análises, não existem limites de tolerância definidos. AGENTES QUÍMICOS Agentes químicos são agentes ambientais causadores em potencial de doenças profissionais devido a sua ação química sobre o organismo dos trabalhadores. Podem ser encontrados tanto na forma sólida, líquida ou gasosa. Certas substâncias podem causar mal-estar ou doenças quando inaladas, ingeridas ou em contato com a pele e olhos. Os sintomas podem aparecer imediatamente ou após um período de incubação. Algumas dessas substâncias têm efeito cumulativo, não sendo eliminadas pelo organismo. É sabido que muitas substâncias são cancerígenas, provocam mutações genéticas e o nascimento de pessoas com deficiências físicas. Por outro lado, freqüentemente os agentes químicos ocorrem como sub-produtos indesejáveis de inúmeros processos industriais. Diversas substâncias apresentam ainda, o risco de explosão quando em determinadas concentrações no ar atmosférico, o que, certamente, constitui ameaça séria à integridade física do trabalhador. Portanto, algumas considerações devem ser feitas em relação aos agentes químicos. VENENO É toda substância de natureza química que, introduzida no organismo e por ele absorvido, provoca desde pequenas alterações morfológicas ou funcionais até grandes desequilíbrios, inclusive a morte. ABSORÇÃO DO VENENO É a passagem de um agente (veneno) do meio externo para o meio interno através das células e da corrente sangüínea. ENVENENAMENTO É constituído de sinais e sintomas que revelam a ação do veneno no organismo, previamente absorvido. Os envenenamentos podem ser classificados, de acordo com a origem, em: ambientais, medicamentosos e alimentares; de acordo com o local de ação do veneno em: sistêmicos e locais (que pode ser o nível de células, órgãos e sistemas). CONCENTRAÇÃO DO VENENO NO AR ATMOSFÉRICO DO AMBIENTE DE TRABALHO É fácil entender que, quanto maior for a concentração do agente, mais rapidamente o indivíduo se envenena (aparecem os sinais e os sintomas). Porém, certos agentes se mostram tóxicos mesmo em concentrações mínimas. TEMPO DE EXPOSIÇÃO É o tempo em que o trabalhador fica em contato com o agente tóxico. Temos que levar em conta que o regime normal de trabalho no nosso meio é de 8 horas, com intervalo de uma a uma hora e meia para o almoço, e um período de 18 horas livres entre uma jornada e outra. Ao analisarmos os problemas com relação a intoxicações de origem profissional, devemos levar em conta que todo trabalhador tem um período de intoxicação (quando se expõe ao agente) e um período de desintoxicação (período de repouso). Sensibilidade individual Em se tratando de intoxicações num ser humano, devemos atentar para este fator tão importante, tanto para envenenamentos como para o seu tratamento. Muitas vezes não é fácil entender porque num mesmo ambiente de trabalho, trabalhando num mesmo regime, durante o mesmo tempo de serviço, uns nada sentem enquanto outros apresentam alguns sinais e sintomas e outros, ainda, apresentam quadros agudos de intoxicações. Outro fato que devemos chamar a atenção é de que diferentes indivíduos com mesmos níveis sangüíneos de certos produtos tóxico apresentam diferentes quadros de sintomas, ou seja, alguns nada sentem, ao passo que outros apresentam quadros graves de envenenamento. ABSORÇÃO E ELIMINAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS Via respiratória Essa é a principal porta de entrada dos agentes químicos, porque respiramos continuamente, e tudo o que está no ar vai direto aos nossos pulmões. Se o produto químico estiver sob forma sólida ou liquida, normalmente fica retido nos pulmões e provoca, a curto ou longo prazo, sérias doenças chamadas pneumoconioses, como o edema pulmonar e o câncer dos pulmões. Se estiver no ar sob de forma gases, poeiras ou vapores, causa maiores problemas de saúde, pois a substância atravessa os pulmões, entra na corrente sangüínea e vai alojar-se em diferentes partes do corpo humano, como no sangue, fígado, rins, medula óssea, cérebro, etc., causando anemias, leucemias, alergias, irritação das vias respiratórias, asfixia, anestesia, convulsões, paralisias, dores de cabeça, dores abdominais e sonolência. Via cutânea Essa via de penetração é a mais difícil, mas se o trabalhador estiver desprotegido e tiver contato com substâncias químicas, havendo deposição no corpo, serão absorvidas pela pele. A maneira mais comum da penetração pela pele é o manuseio e o contato direto com os produtos perigosos, como álcool, cimento, derivados de petróleo, etc., que causam câncer e doenças de pele conhecidas como dermatoses. Via digestiva Se o trabalhador comer ou beber algo com as mãos sujas, ou que ficaram muito tempo expostas a produtos químicos, parte das substâncias químicas será ingerida junto com o alimento, atingindo o estômago e provocando sérios riscos à saúde. Via ocular Alguns produtos químicos que permanecem no ar causam irritação nos olhos e conjuntivite, o que mostra que a penetração dos agentes químicos pode se dar também pela vista. Estas intoxicações podem ser de dois tipos: agudas ou crônicas. As intoxicações agudas são aquelas que, em um curto espaço de tempo, provocam alterações profundas no organismo humano. São causadas por contaminantes muito tóxicos ou por outros, que embora menos tóxicos, se encontram em altas concentrações no ambiente. As intoxicações crônicas podem produzir danos consideráveis no organismo, porém a longo prazo. Originam-se normalmente, de exposições contínuas a baixos níveis de concentração de poluentes. Um mesmo contaminante pode produzir intoxicações agudas ou crônicas, segundo: a) as concentrações em que se encontram no ar; b) o tempo de exposição de um indivíduo e c) a suscetibilidade individual. Os agentes químicos, devido a sua natureza, podem ser absorvidos pelo organismo. Uma vez absorvido pelo organismo, as substâncias poderão, ou não, ser eliminadas do mesmo. Diversas substâncias possuem a propriedade de se acumularem nos tecidos, nos órgãos ou nos ossos, sendo a sua eliminação bastante demorada ou difícil. Quando são eliminadas do organismo, as substâncias podem se apresentar inalteradas ou então transformadas em outros compostos. As substâncias podem ser eliminadas do organismo através de três vias: urina, fezes e em menor quantidade através do suor. CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DOS CONTAMINANTES ATMOSFÉRICOS Os agentes químicos podem ainda ser classificados segundo a sua ação sobre o organismo humano. Como a maioria destes encontra-se em dispersão no ar, serão abordados os efeitos fisiológicos resultantes de absorção através da via respiratória. Irritantes Compostos químicos que produzem uma inflamação devido a uma ação química ou física nas áreas anatômicas com as quais entram em contato, principalmente a mucosa do sistema respiratório. A intensidade de ação depende da concentração destas substâncias e local onde ocorre a ação irritante depende da solubilidade na água da substância considerada. Os agentes irritantes podem ser divididos em: - Irritante primário: A ação local é mais evidente após a inalação do agente. Ex: irritantes do trato respiratório superior: amônia, ácido clorídrico, etc. - Irritante secundário: Exerce ação irritante local e ação sistêmica. Ex: sulfeto de hidrogênio (irritante local e depressor do centro respiratório), fosfina (irritante local e neurotóxico). Asfixiantes São gases que diminuem a concentração do oxigênio no sangue e, portanto ao nível dos tecidos. Podem ser de dois tipos: os asfixiantes simples e os asfixiantes químicos. Os gases asfixiantes simples são aqueles que ocupam o lugar do oxigênio no ar atmosférico, diminuindo o teor de oxigênio que chega ao sangue. São exemplos: nitrogênio, gás carbônico, butano, etc. Por outro lado, os gases asfixiantes químicos agem de maneira complicada, combinando-se com substâncias transportadoras de oxigênio no sangue ou impedindo a realização de reações químicas no sangue. De qualquer modo diminui, em última análise, o teor de oxigênio que chega ao nível dos tecidos. São os casos do monóxido de carbono e o gás cianídrico. O monóxido de carbono é um gás incolor, sem cheiro, mais leve que o ar, que é emitido pela queima incompleta de certos tipos de compostos. É exemplo importante o gás emitido pelos escapamentos de automóveis. O motor de um automóvel, funcionando numa pequena garagem fechada, pode contaminar o ar em 3 minutos de forma perigosa e em 5 minutos de forma fatal. Outra fonte importante é o “gás de rua” que contém grande quantidade de monóxido de carbono. A fumaça do cigarro contém 2% de monóxido de carbono. Fumantes que consomem 30 a 40 cigarros por dia absorvem grande quantidade de monóxido de carbono, podendo originar transtornos tais como esquecimento, dor de cabeça intensa, mudanças de caráter, etc. Fumar dentro de um automóvel com vidraças fechadas é tão perigoso quanto dirigir sob influência do álcool. Os sintomas podem variar desde dores de cabeça leves até a morte, passando por falta de ar, suor, tremores, perturbações da visão, tonturas e inconsciência. O tratamento de urgência é retirar o indivíduo do ambiente contaminado e ministrarlhe oxigênio ou ar fresco (retirar gravatas e vestes que dificultem a respiração são medidas complementares importantes). A remoção ao pronto socorro é necessária. Narcóticos e anestésicos Apresentam ação depressora do sistema nervoso central. A intensidade do efeito depende da concentração do agente tóxico e de sua ação específica. Geralmente trata-se de substâncias lipossolúveis. Ex: álcool etílico. Sistêmicos Compostos químicos que, independentemente da via de entrada, se distribuem por todo o organismo produzindo efeitos diversos. Algumas substâncias apresentam efeitos específicos ou seletivos sobre um órgão ou sistema. Pneumoconiôticos São substâncias sólidas, que, chegando aos pulmões, se depositam e se acumulam, produzindo uma pneumopatia e degeneração fibrótica do tecido pulmonar. Ex: sílica, asbesto e outros. Alergizantes Promovem reações alérgicas. Ex: resinas e pólen. Cancerígenos São substâncias que podem gerar ou potencializar o crescimento desordenado de células. Ex: benzeno. Produtos de dermatoses Substâncias que, independentemente de exercer outros efeitos tóxicos no organismo, em contato com a pele geral alterações na mesma, através de diferentes formas: irritação, sensibilização alérgica e fotossensibilização. CONTROLE Medidas relativas à fonte - Substituição de matérias/produtos perigosos: É a melhor forma de resolver o problema de exposição a riscos químicos. Dessa forma, frente à exposição a uma substância tóxica a primeira ação deverá ser a busca por um substituto isento ou de menor toxidade do que aquele que se pretende utilizar ou vem sendo usado no processo. Ex: substituição de solvente por água e sabão. - Projeto de instalação: Nesta fase devem ser levados em consideração os riscos que podem ser gerados no processo em questão. O desenho adequado do processo de produção bem como do maquinário e instrumentos a serem utilizados resultarão numa redução do trabalhador a agentes potencialmente tóxicos. - Modificação do processo ou operação: Há trabalhos em que se pode modificar o processo sem que ocorram alterações no resultado desejado, porém alternando de forma significativa as condições de exposição a agentes agressivos. Ex: pintura por processo de imersão ao invés de pintura com pistola. - Umidificação do processo: Uso de material na forma de pasta ao invés de pó através da adição de água ou solução umectante. - Manutenção do equipamento: Constitui-se em uma importante medida complementar das medidas de prevenção relacionadas. Programas de manutenção devem ser rigorosamente seguidos. Relativos a trajetória - Enclausuramento da operação: Consiste na colocação de uma barreira física entre a fonte e o operador, impedindo a dispersão do contaminante por todo o ambiente de trabalho. - Isolamento do trabalhador: O trabalhador pode executar sua atividades/operações através de painéis de controle remoto montado em cabinas adequadamente isoladas e ventiladas. - Segregação do processo ou operação: a) no espaço: isolamento do processo à distância. As operações ou tarefas são realizadas em zonas especiais isoladas; b) no tempo: as operações ou tarefas são realizadas fora das horas normais de trabalho. - Ventilação local exaustora (VLE): Trata-se de um dos sistemas mais eficazes para se prevenir a propagação de contaminantes no meio ambiente. Consiste na captação do poluente no seu ponto de formação ou nas proximidades dos mesmos, por meio de bocas ou cúpulas, adequadamente ligadas a sistemas de aspiração eficazes. - Ventilação geral diluidora: Consiste na introdução de ar limpo em quantidade suficiente para reduzir as concentrações de contaminantes a valores inferiores aos limites de exposição adotados. Como esse método admite certo nível de poluição ambiental, seria preferível utiliza-lo como um complemento da VLE. - Instalação de sistemas de alarme: Instalação de equipamentos de leitura direta conectados a sistemas de alarme que disparam quando a concentração ambiental do contaminante monitorado atinge níveis pré-estabelecidos. - Ordem e limpeza: A limpeza do posto de trabalho é fundamental para o adequado controle dos contaminantes. Correntes de ar e o trânsito de pessoas entre outros fatores podem dispersar novamente a poeira acumulada em bancadas, parapeitos e chão. O pó acumulado nunca deve ser removido com o auxílio de bicos de ar comprimidos e sim por processos úmidos de aspiração. - Armazenamento e rotulação adequados: Os recipientes que contêm produtos químicos devem estar adequados à natureza do agente, evitando-se dessa forma a corrosão de embalagens e outros danos. Os recipientes devem estar corretamente identificados, em idioma compreensível pelos trabalhadores e numa linguagem apropriada. Os riscos no manuseio do produto devem ser informados. Produtos químicos devem ser cuidadosamente armazenados. Para tal deve ser levado em consideração as características do agente, compatibilidade com outras substâncias em caso de derramamento acidental, etc. O local deve ser corretamente sinalizado e possuir boa ventilação. Medidas relativas ao trabalhador - Adoção de boas práticas de trabalho: A forma com que o trabalhador executa a tarefa ou se posiciona na máquina pode alterar o seu nível de exposição aos contaminantes. Devem ser adotadas medidas no sentido de reduzir a formação ou liberação de contaminantes para o meio ambiente, evitar ou diminuir o contato entre o trabalhador e as substâncias utilizadas e evitar a necessidade de posturas que geram desconforto. É importante também, manter boa higiene corporal. - Educação, treinamento e comunicação de riscos: O trabalhador deve ser adequadamente informado sobre os riscos existentes no desenvolvimento de suas atividades, procedimentos a serem adotados em caso de emergências, etc. - Equipamento de proteção individual: Devem ser utilizados como complemento às medidas de proteção coletiva ou durante a fase de implantação das mesmas.