[2.3] “Carta de Sado”

Propaganda
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
Terceira Civilização - Estudo
[2.3] “Carta de Sado”
O caminho direto para atingir o estado de Buda: Superar grandes obstáculos é a chave para
transformar nosso carma
Vinte e seis anos já se passaram desde a Batalha de Hoji, e o conflito já ocorreu duas vezes, no décimo
primeiro e no décimo sétimo dias do segundo mês deste ano. O correto ensino d’Aquele que Traz a
Verdade jamais será destruído por não budistas nem por inimigos do budismo, mas os discípulos do
Buda com certeza poderão destruí-lo. Conforme o Sutra afirma, somente o verme que nasce no corpo
do leão pode destruí-lo. Uma pessoa afortunada jamais será arruinada por inimigos, mas poderá ser
destruída por aqueles de seu convívio. É ao atual conflito que o sutra Mestre dos Remédios está se
referindo na frase “a calamidade da revolta dentro do próprio domínio”. O sutra Reis Benevolentes
afirma: “Quando os sábios tiverem partido, os sete desastres ocorrerão infalivelmente”. O Sutra da Luz
Dourada afirma: “Os trinta e três deuses celestiais se enfurecem porque o rei permite que o mal se
espalhe e não o detém”. Embora eu, Nitiren, não seja sábio, posso ser comparado a um, pois pratico o
Sutra de Lótus exatamente como este ensina. Além disso, como há longo tempo obtive a compreensão
do que rege o mundo, todas as profecias que fiz nesta existência se realizaram. Por essa razão, jamais
duvide de minhas palavras em relação às existências futuras.
No décimo segundo dia do nono mês do ano passado, quando fui preso, declarei em voz alta: “Eu,
Nitiren, sou o pilar, o Sol e a Lua, o espelho e os olhos do clã que governa Kanto. Se a nação me
abandonar, os sete desastres ocorrerão sem falta”. Essa profecia não se realizou em apenas 60 dias e
depois 150 dias mais tarde? E esses conflitos foram somente os primeiros sinais. Será lamentável
quando os efeitos se manifestarem por completo!
As pessoas ignorantes questionam por que Nitiren é perseguido pelos governantes se ele é realmente
sábio. Apesar disso, tudo está ocorrendo exatamente como eu previa. O rei Ajatashatru torturou os pais
e foi aclamado pelos ministros reais por essa atitude. Quando Devadatta matou um arhat e feriu o
Buda, Kokalika e outros se deleitaram. Nitiren é o pai e a mãe do soberano e é como um buda ou um
arhat nesta época. O soberano e seus subordinados que se alegram com meu exílio são, na realidade,
as pessoas mais desprezíveis e deploráveis de todas. Aqueles reverendos caluniadores que se
ressentiram por seus erros terem sido expostos podem estar alegres neste momento, mas
consequentemente sofrerão tanto quanto eu e meus discípulos. A alegria deles é como a de Yasuhira
quando este matou o irmão mais novo e Kuro Hogan. O demônio que destruirá o clã governante já está
presente na nação. Esse é o significado da passagem do Sutra de Lótus que diz: “Os demônios se
apossarão dos outros”.
As perseguições que Nitiren tem enfrentado são o resultado do carma criado em existências passadas.
O capítulo “Bodhisattva Jamais Desprezar” [do Sutra de Lótus] declara: “Quando suas ofensas forem
expiadas”, indicando que o Bodhisattva Jamais Desprezar foi insultado e agredido por incontáveis
caluniadores do ensino correto devido ao seu carma passado. Isso é ainda mais verdadeiro no caso de
Nitiren que, nesta existência, nasceu numa família pobre e humilde da classe chandala. Em meu
coração, cultivo a fé no Sutra de Lótus; porém, meu corpo, o de um ser humano, é basicamente o de
um animal. Este corpo foi concebido de dois fluidos, um branco e um vermelho, de um pai e de uma
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 1
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
mãe que subsistiram comendo peixes e aves. Meu espírito habita este corpo assim como a imagem da
Lua é refletida na água lamacenta ou como o ouro envolto por um pano imundo. Uma vez que meu
coração acredita no Sutra de Lótus, não temo nem a Brahma nem a Shakra; no entanto, meu corpo
continua sendo o de um animal. Com tal disparidade entre meu corpo e meu coração, é natural que os
tolos me desprezem. Não há dúvidas de que meu coração, quando comparado com meu corpo, brilha
como a Lua ou como o ouro. Quem sabe que calúnias devo ter cometido no passado? Talvez eu
possua o espírito do monge Intenção Superior ou de Mahadeva. Pode ser que eu descenda daquelas
pessoas desdenhosas que perseguiram o Bodhisattva Jamais Desprezar, ou esteja entre aqueles que
se esqueceram de que a semente da iluminação havia sido plantada em sua vida. Pode até ser que eu
tenha parentesco com as cinco mil pessoas arrogantes ou pertença ao terceiro grupo [dos que não
conseguiram abraçar a fé no Sutra de Lótus] nos dias do Buda Excelência da Grande Sabedoria
Universal. É impossível avaliar a profundidade do próprio carma.
O ferro, quando aquecido e forjado, torna-se uma excelente espada. Os sábios e os honoráveis são
testados com ofensas. Meu presente exílio não é resultado de nenhum crime secular, mas serve
somente para que eu possa expiar, nesta existência, as graves ofensas que criei no passado e me
libertar dos três maus caminhos na próxima.
O sutra Parinirvana afirma: “Surgirão no futuro aqueles que entram para a ordem monástica, vestem-se
com mantos clericais e se gabam por estudarem meus ensinos [os de Sakyamuni]. Pelo fato de serem
apáticos e negligentes, eles caluniarão os sutras semelhantes e corretos. O senhor deve estar ciente de
que todas essas pessoas são seguidoras das doutrinas não budistas dos dias atuais”. Aqueles que
lerem esta passagem devem refletir profundamente sobre a própria prática. O Buda está dizendo que
nossos reverendos atuais que se vestem com mantos clericais, mas agem com apatia e negligência,
foram, na época dele, discípulos dos seis mestres não budistas.
Os seguidores de Honen, que se denominam como escola Nembutsu, não somente desviam as
pessoas do Sutra de Lótus, dizendo-lhes para “descartar, fechar, ignorar e abandonar” esse Sutra,
como também as incentivam a recitar unicamente o nome de Amida, um buda mencionado nos ensinos
provisórios. Os seguidores de Dainiti, conhecidos como escola Zen, afirmam que os verdadeiros
ensinos do Buda foram transmitidos fora dos sutras. Eles ridicularizam o Sutra de Lótus comparando-o
com um dedo apontado para a Lua ou um monte de palavras sem sentido. Esses reverendos de ambas
as escolas devem ter sido os seguidores dos seis mestres não budistas, que somente agora entraram
para a linhagem do budismo.
De acordo com o Sutra do Nirvana, o Buda emitiu uma forte luz que iluminou os 136 infernos
subterrâneos e revelou que ali não havia mais nenhum ofensor. A razão disso é porque todos os
ofensores haviam atingido o estado de Buda por meio do capítulo “Revelação da Vida Eterna do Buda”
do Sutra de Lótus. No entanto, é lamentável que os icchantika, ou pessoas de descrença incorrigível,
que haviam caluniado o ensino correto, tenham ficado detidos pelos guardiões do inferno. Eles se
multiplicaram até se tornarem as pessoas do Japão dos dias atuais.
Uma vez que o próprio Nitiren cometeu calúnias no passado, ele se tornou um reverendo da Nembutsu
nesta existência e, durante vários anos, também ridicularizou os praticantes do Sutra de Lótus, dizendo
que “nem uma única pessoa jamais atingiu a iluminação” por meio desse sutra, ou que “nem mesmo
uma única pessoa em mil” pode ser salva por esse sutra. Ao despertar de meu estado intoxicado pela
calúnia, senti como se eu fosse um filho embriagado que, ao ficar sóbrio, lamenta-se de ter se alegrado
ao agredir os próprios pais. Apesar de ele se arrepender amargamente disso, já é tarde demais; seu ato
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 2
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
maligno é extremamente difícil de ser erradicado. E ainda mais difíceis de eliminar são as calúnias
cometidas contra o ensino correto, que deixam uma profunda mancha no coração de quem as cometeu.
Um sutra afirma que tanto a cor negra do corvo como a cor branca da garça, na verdade, são manchas
profundas do carma passado deles. Incapazes de reconhecerem esse fato, os não budistas defendem
que isso é obra da natureza. Na presente época, quando exponho as calúnias das pessoas no esforço
de salvá-las, elas negam isso com todas as desculpas possíveis e argumentam usando as palavras de
Honen sobre fechar as portas para o Sutra de Lótus. Isso não é surpresa, vindo dos seguidores da
Nembutsu, mas até os reverendos das escolas Tendai e Verdadeira Palavra os apoiam ativamente.
No décimo sexto e décimo sétimo dias do primeiro mês deste ano, centenas de reverendos e
seguidores leigos da Nembutsu e de outras escolas budistas desta província de Sado vieram me
confrontrar num debate. Um líder da escola Nembutsu, Insho-bo, declarou [nessa ocasião]: “O
Honorável Honen não nos instruiu a abandonar o Sutra de Lótus. Ele simplesmente escreveu que todas
as pessoas deveriam recitar a Nembutsu e que os grandes benefícios lhes assegurariam o
renascimento na Terra Pura. Mesmo os reverendos do monte Hiei e do templo Onjo que foram exilados
nesta ilha o elogiam, afirmando que o ensino dele é excelente. Como o senhor ousa refutá-lo?” Os
reverendos locais são ainda mais ignorantes do que os reverendos da Nembutsu em Kamakura. Eles
são absolutamente desprezíveis. (END-5, pp. 17-25.)
Explanação
Qual o propósito de termos nascido? Nascemos para sermos felizes e ajudar outros a conquistarem a
felicidade também. Para esse fim, o mais importante é vencer a si mesmo. Praticamos o Budismo de
Nitiren Daishonin para vencer nossa escuridão ou ignorância, nosso carma, os obstáculos e funções
maléficas e para derrotar os três poderosos inimigos.1 O budismo ensina que cada um de nós possui
inerente a sabedoria e o poder de triunfar em todos os campos da vida. É uma filosofia orientada para a
vitória. O ponto essencial do estudo do Budismo de Nitiren Daishonin, o budismo da vitória, é
aprofundar nossa compreensão nesta filosofia cheia de esperança, para que possamos recorrer a ela
como fonte de inspiração visando a sucessivas vitórias.
Recordo que meu mestre Jossei Toda, o segundo presidente da Soka Gakkai, encorajou um membro
da Divisão Feminina de Jovens que lutava corajosamente contra o carma. O pai da jovem havia
falecido quando ela ainda era criança e, tempos depois, também perdeu a mãe, que era seu único
apoio. A jovem teve de travar uma verdadeira batalha para manter-se economicamente ao mesmo
tempo em que enfrentava a própria doença. Recorreu então ao presidente Toda em busca de
orientação. Ele fitou a jovem com olhos cheios de bondade. As palavras porém eram rigorosas:
“Pergunto com que seriedade está realmente lidando com seus problemas? Praticar o budismo nada
mais é que enfrentar os problemas. A fé existe para tratar os conflitos e resolvê-los”.
Estas palavras sintetizam a essência do Budismo de Nitiren Daishonin. Com atitude similar, o Sr. Toda
me disse uma vez: “Dai, a vida implica sofrimentos. Somente por meio do sofrimento é possível, de
fato, compreender a fé e tornar-se uma grande pessoa”.2 Isso foi pouco antes de me lançar à histórica
Campanha de Osaka,3 em 1956.
Como praticantes do Budismo de Nitiren Daishonin, quando temos problemas, preocupações ou
sofrimentos enxergamos a situação como uma oportunidade de enfrentar o carma resultante dos quatro
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 3
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
sofrimentos universais: o nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte. Se nos deixarmos abater
pela realidade adversa, ou se nos limitarmos a lamentar a situação, não teremos força para romper com
a dependência do carma, que existe justamente para ser transformado. Do ponto de vista do budismo,
o carma é um meio hábil para comprovarmos a grandeza da Lei Mística.
A jovem que recebeu essas palavras de encorajamento do presidente Toda deixou de ter dó de si
mesma e abandonou a tristeza. Compreendeu que, quando perdemos de vista nossa missão pelo
Kossen-rufu, nos desviamos do curso da vitória. Ela chegou a ser responsável pela Divisão Feminina
de Jovens e, logo depois, pela Divisão Feminina. Empenhou-se como discípula com profundo
sentimento de gratidão até o último momento da vida. A nobre vitória dessa líder da Divisão Feminina
continua a inspirar muitas pessoas até hoje.
Durante o severo exílio na Ilha de Sado, Nitiren Daishonin ensinou aos discípulos a essência da fé para
conquistar a vitória absoluta. No início de “Carta de Sado”, com o desejo de que os discípulos triunfem
sobre todos os obstáculos, ele ressalta a importância de se praticar a fé com espírito abnegado e a
disposição de um rei leão. Transmite a alegria ilimitada de dedicar-se à Lei sem poupar a vida.
No trecho que estudaremos nesta oportunidade, Daishonin descreve as ações destemidas de um
verdadeiro rei leão que ele tomou para vencer os governantes perversos e os sacerdotes errôneos. Ao
mesmo tempo, usa a si próprio como exemplo para ensinar aos discípulos a chave dessa fé condutora
à transformação do carma.
O tema principal desse trecho é que devemos seguir os passos inequívocos de Nitiren Daishonin e,
praticando com a mesma postura digna, intrépida e imperturbável, conquistar a vitória insuperável pelo
budismo e por nossa própria vida.
Vinte e seis anos já se passaram4 desde a Batalha de Hoji, e o conflito já ocorreu duas vezes, no
décimo primeiro e no décimo sétimo dias do segundo mês deste ano [1272].5 O correto ensino
d’Aquele que Traz a Verdade jamais será destruído por não budistas nem por inimigos do budismo,
mas os discípulos do Buda com certeza poderão destruí-lo. Conforme o Sutra afirma, somente o verme
que nasce no corpo do leão pode destruí-lo.6 Uma pessoa afortunada jamais será arruinada por
inimigos, mas poderá ser destruída por aqueles de seu convívio. É ao atual conflito que o sutra Mestre
dos Remédios está se referindo na frase “a calamidade da revolta dentro do próprio domínio”. O sutra
Reis Benevolentes afirma: “Quando os sábios tiverem partido, os sete desastres7 ocorrerão
infalivelmente”. O Sutra da Luz Dourada afirma: “Os trinta e três deuses celestiais8 se enfurecem
porque o rei permite que o mal se espalhe e não o detém”. (END-5, pp. 17-18.)
O cumprimento das predições formuladas na “Tese sobre o
estabelecimento do ensino correto para a paz da nação”
A Batalha de Hoji refere-se a um conflito ocorrido em 1247 (primeiro ano da era Hoji), no qual o regente
Hojo Tokiyori destruiu o clã Miura, cujos membros exerciam considerável influência no governo. A
derrota do grande rival permitiu ao clã Hojo estabelecer um regime ditatorial. Mas no vigésimo sexto
ano posterior a essa batalha, irrompeu uma luta interna pelo poder no clã Hojo. Refiro-me à Revolta de
Fevereiro de 12729 [que ocorreu um mês antes de “Carta de Sado” ter sido escrita, em março]. Nesse
trecho, Daishonin declara que essa recente rebelião representa a calamidade das revoltas internas ou
motins dentro do próprio território, descrita no sutra Mestre dos Remédios, e declara que as predições
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 4
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
formuladas em sua “Tese sobre o estabelecimento do ensino correto para a paz da nação” haviam se
cumprido.
A causa fundamental das três calamidades e dos sete desastres,10 entre as quais se incluem as
revoltas internas, reside no fato de um país perder de vista o ensino correto. Quando surgem
sacerdotes corruptos que distorcem o ensino, o budismo é destruído a partir de dentro. Daishonin
declara que as pessoas más que atuam contra a Lei são influências que destroem o budismo,
comparando-as com os vermes no corpo do leão.
Os valores confusos que derivam de ideias e de crenças errôneas ativam e reforçam na vida das
pessoas as funções dos três ou quatro estados inferiores, também chamados “três ou quatro maus
caminhos”.11 Consequentemente, os indivíduos governados pela avareza, ira, estupidez e inveja
perseguem as pessoas que propagam os ensinos corretos, e trata de isolá-las ou expulsá-las da
sociedade. Esta é a realidade da época que chamamos de Últimos Dias da Lei. Quando uma sociedade
afasta ou silencia as pessoas de sabedoria por meio da cumplicidade entre autoridades corruptas e
sacerdotes errôneos, o estado de vida que prevalece entre os habitantes é o de animalidade. Como
resultado, ocorrem conflitos internos que expõem o povo ao sofrimento.
Se não observarmos a realidade com os olhos do Buda e os olhos da Lei, não conseguiremos
compreender que a perseguição contra o ensino correto é a causa primordial do caos e da instabilidade
social. Praticar o budismo significa lutar para conquistar a vitória. Portanto, temos de nos levantar com
o coração de um rei leão e triunfar.
Embora eu, Nitiren, não seja sábio, posso ser comparado a um, pois pratico o Sutra de Lótus
exatamente como este ensina. Além disso, como há longo tempo obtive a compreensão do que rege o
mundo, todas as profecias que fiz nesta existência se realizaram. Por essa razão, jamais duvide de
minhas palavras em relação às existências futuras. (END-5, p. 18.)
Um sábio compreende a verdadeira
natureza dos fenômenos sociais
As aparências e o prestígio social não permitem avaliar se alguém é sábio ou não. São as ações e a
conduta de um indivíduo que servem de parâmetro. Quem pratica o Sutra de Lótus exatamente como o
Buda ensina é um autêntico sábio.
É fato que “todos os fenômenos são manifestações da Lei budista”.12 Um sábio que compreende a
essência dos ensinos do budismo possui profunda compreensão do funcionamento social. Por ser
capaz de discernir com lucidez a verdadeira natureza dos fenômenos sociais, essa pessoa terá também
uma visão clara e acertada do futuro.
Quando, com firme convicção, Daishonin declara em “Carta de Sado” que suas predições se
cumpririam, as palavras dele devem ter sido uma fonte de imenso alento para os seguidores que
perseveravam na prática budista em meio às perseguições.
Em outro escrito [“Carta a Horen”], Daishonin ressalta: “Quando uma pessoa consegue mostrar provas
claras nesta existência, conforme exposto no Sutra de Lótus, também surgirão pessoas que
conseguirão acreditar [no Sutra]”.13 De acordo com estas palavras, o Kossen-rufu avança de forma
irrestrita quando há “provas claras”.
Nesta parte específica de “Carta de Sado”, Nitiren Daishonin expõe: “Todas as profecias que fiz nesta
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 5
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
existência se realizaram. Por essa razão, jamais duvide de minhas palavras em relação às existências
futuras”.14 Daishonin foi realmente um sábio que compreendeu as três existências — passado,
presente e futuro. A exatidão de suas predições deve ter fortalecido ainda mais a convicção e fé dos
seguidores.
Os membros da SGI também atribuem suma importância às “provas claras”, de acordo com os ensinos
de Daishonin, e mostram inúmeros exemplos de vitórias cotidianas na sociedade. Por isso, há tantas
pessoas no mundo inteiro que confiam na SGI.
No décimo segundo dia do nono mês do ano passado [1271], quando fui preso, declarei em voz alta:
“Eu, Nitiren, sou o pilar, o Sol e a Lua, o espelho e os olhos do clã que governa Kanto. Se a nação me
abandonar, os sete desastres ocorrerão sem falta”. Essa profecia não se realizou em apenas 60 dias e
depois 150 dias mais tarde?15 E esses conflitos foram somente os primeiros sinais. Será lamentável
quando os efeitos se manifestarem por completo! (END-5, p. 18.)
Advertência visando à felicidade das pessoas
A declaração de Daishonin: “Eu, Nitiren, sou o pilar, o Sol e a Lua, o espelho e os olhos do clã que
governa Kanto”, possui profundo significado. “Clã que governa Kanto”, especificamente, refere-se ao
clã Hojo, mas também pode aludir às figuras proeminentes do governo militar e, no sentido geral, a toda
a nação japonesa. “Pilar” indica a virtude de soberano; “Sol, Lua, espelho e olhos” correspondem à
virtude do mestre; e “pai e mãe”, mencionados no parágrafo seguinte, expressam a virtude de pais.
Daishonin dá a entender, desse modo, que ele é o Buda dos Últimos Dias, possuidor das três virtudes
de soberano, mestre e pais,16 que são as características de um buda.
Remetendo-se à passagem citada, do sutra Reis Benevolentes: “Quando os sábios partem, os sete
desastres recairão sobre a nação”, Daishonin expressa a seguinte convicção: “Se a nação me
abandonar, os sete desastres ocorrerão sem falta”.17 Assim, ele ressalta que os acontecimentos
sucedidos até aquele momento eram apenas os “primeiros sinais”, e pede às pessoas que
compreendam a verdade antes de os “efeitos se manifestarem por completo”, ou seja, a verdadeira
retribuição. Os conflitos internos ou guerras civis tinham de ser evitados a todo custo. Por isso,
Daishonin insistia nas advertências, originadas de seu comprometimento altruístico. O objetivo dessas
admoestações era instigar os governantes e o povo do Japão a “abrirem os olhos” antes que fosse
tarde demais, em prol da paz.
As pessoas ignorantes questionam por que Nitiren é perseguido pelos governantes se ele é realmente
sábio. Apesar disso, tudo está ocorrendo exatamente como eu previa. O rei Ajatashatru18 torturou os
pais e foi aclamado pelos ministros reais por essa atitude. Quando Devadatta19 matou um arhat20 e
feriu o Buda, Kokalika21 e outros se deleitaram. (END-5, pp. 18-19.)
Saldar a infinita dívida ao mestre
A seguir, Daishonin se refere às críticas frequentes nessa época: se, de fato, ele era um sábio, por que
as autoridades o perseguiam e o exilaram? Essa crítica, na realidade, tinha duas conotações: primeira,
se ele era uma pessoa tão sábia, seria capaz de prever a ameaça da perseguição e a teria evitado;
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 6
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
segunda, uma pessoa de genuína sabedoria certamente seria respeitada pela sociedade. Daishonin, no
entanto, refuta tais ideias dizendo ser um modo de pensar próprio de “pessoas ignorantes”.
“Tudo está ocorrendo exatamente como eu previa”, diz Daishonin, indicando que sempre teve
consciência de que seria perseguido. Os budas invariavelmente enfrentam grandes obstáculos e
oposição. É um princípio imutável no budismo.
Quando o devoto do Sutra de Lótus é perseguido, o estado de vida de seus seguidores é claramente
revelado. Nesse momento, eles se mostram sábios ou tolos? São discípulos que sentem gratidão ao
mestre, que suportam todo o peso da perseguição, e, por esse motivo, decidem lutar do lado dele? Ou
são pessoas que se unem aos perseguidores, consentindo o mal e até ajudando a perpetrá-lo?
Certa ocasião, o Sr. Toda disse, comentando a passagem de “Carta de Sado” em que Daishonin se
refere à perseguição das autoridades: “Tive a experiência de ser perseguido pelas autoridades uma
vez. Se tiver boa sorte, gostaria de enfrentar perseguições novamente. (...) Estou totalmente preparado
para essas adversidades. Se não estivesse, não poderia ser líder de nosso movimento”.22
Em 1957, quando fui preso sob falsas acusações relacionadas ao Incidente de Osaka,23 o Sr. Toda foi
pessoalmente ao escritório da Promotoria Pública do Distrito de Osaka, apesar da saúde extremamente
debilitada, para apresentar um protesto ao promotor--chefe. “Digam ao promotor que se a verdadeira
intenção é oprimir a Soka Gakkai, então sou eu quem devem prender!’, declarou. Em outra ocasião,
exigiu saber: “Quanto tempo mais pretendem manter meu discípulo que é inocente no cárcere?!”
O Sr. Toda foi um mestre magnífico, inigualável. Saldar a dívida de gratidão ao mestre é o caminho do
discípulo. Durante sessenta e dois anos, dediquei-me sinceramente a seguir corretamente o caminho
do discípulo. Por isso, não tenho o menor arrependimento.
Nitiren é o pai e a mãe do soberano e é como um buda ou um arhat nesta época. O soberano e seus
subordinados que se alegram com meu exílio são, na realidade, as pessoas mais desprezíveis e
deploráveis de todas. Aqueles reverendos caluniadores que se ressentiram por seus erros terem sido
expostos podem estar alegres neste momento, mas consequentemente sofrerão tanto quanto eu e
meus discípulos. A alegria deles é como a de Yasuhira quando este matou o irmão mais novo e Kuro
Hogan.24 O demônio que destruirá o clã governante já está presente na nação. Esse é o significado da
passagem do Sutra de Lótus que diz: “Os demônios se apossarão dos outros”.25 (END-5, p. 19.)
Empenhar-se em estabelecer o ensino correto para a paz da nação
“Nitiren é o pai e a mãe do soberano.”26 Que declaração magnífica! Daishonin não sentia o menor
medo diante dos poderosos. Ao contrário, proclamava com audácia que ele era o pai e a mãe do clã
Hojo, o mesmo clã que havia tentado executá-lo e que o tinha sentenciado ao exílio. Esse era o
imensurável estado de vida do Buda dos Últimos Dias da Lei.
Com relação ao destino do soberano e dos súditos que o perseguiram e que se alegravam com os
infortúnios pelos quais passava, Daishonin afirma que, sem falta, experimentariam grandes sofrimentos.
Esse princípio é o mesmo em todas as épocas.
Os três primeiros presidentes da Soka Gakkai suportaram enormes perseguições e triunfaram. Espero
que nunca se esqueçam dessa história solene e nobre.
Daishonin afirma em seguida: “O demônio que destruirá o clã governante já está presente na nação”.27
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 7
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
Rejubilar-se em ver uma pessoa de justiça ser atormentada é característica de uma sociedade cujo
povo está “possuído pelo demônio”.28 Isso se refere ao caso em que a nação está cheia de funções
negativas poderosas que inibem a consciência moral da população.
Nada é mais temível que as ideias errôneas e filosofias distorcidas. É nos empenhando para
estabelecer o ensino correto em prol da paz que a nação pode ser melhorada. Este é o espírito do
Budismo de Nitiren Daishonin.
As perseguições que Nitiren tem enfrentado são o resultado do carma criado em existências passadas.
O capítulo “Bodhisattva Jamais Desprezar” [do Sutra de Lótus] declara: “Quando suas ofensas forem
expiadas”,29 indicando que o Bodhisattva Jamais Desprezar30 foi insultado e agredido por incontáveis
caluniadores do ensino correto devido ao seu carma passado. Isso é ainda mais verdadeiro no caso de
Nitiren que, nesta existência, nasceu numa família pobre e humilde da classe chandala.31 Em meu
coração, cultivo a fé no Sutra de Lótus; porém, meu corpo, o de um ser humano, é basicamente o de
um animal. Este corpo foi concebido de dois fluidos, um branco e um vermelho, de um pai e de uma
mãe que subsistiram comendo peixes e aves. Meu espírito habita este corpo assim como a imagem da
Lua é refletida na água lamacenta ou como o ouro envolto por um pano imundo. Uma vez que meu
coração acredita no Sutra de Lótus, não temo nem a Brahma nem a Shakra;32 no entanto, meu corpo
continua sendo o de um animal. Com tal disparidade entre meu corpo e meu coração, é natural que os
tolos me desprezem. Não há dúvidas de que meu coração, quando comparado com meu corpo, brilha
como a Lua ou como o ouro. Quem sabe que calúnias devo ter cometido no passado? Talvez eu
possua o espírito do monge Intenção Superior33 ou de Mahadeva.34 Pode ser que eu descenda
daquelas pessoas desdenhosas que perseguiram o Bodhisattva Jamais Desprezar, ou esteja entre
aqueles que se esqueceram de que a semente da iluminação havia sido plantada em sua vida.35 Pode
até ser que eu tenha parentesco com as cinco mil pessoas arrogantes36 ou pertença ao terceiro grupo
[dos que não conseguiram abraçar a fé no Sutra de Lótus] nos dias do Buda Excelência da Grande
Sabedoria Universal.37 É impossível avaliar a profundidade do próprio carma. (END-5, pp. 19-21.)
A grande batalha para transformar o carma da humanidade
“Carta de Sado” é um escrito sobre a luta compartilhada por mestre e discípulo. Nitiren Daishonin não
só registra a própria luta espiritual como um rei leão mas também exorta aos discípulos a seguir o
exemplo dele.
No início do trecho, Daishonin descreve de que maneira, como o devoto do Sutra de Lótus, ele
perseverou em meio a obstáculos extremos e como, por meio de admoestações intrépidas, tornou
evidente a verdadeira natureza maléfica dos sacerdotes e governantes. Nesta parte, descreve a luta
destemida para a consecução do estado de Buda.
Atingir o estado de Buda significa transformar o próprio carma. Neste trecho, Daishonin explica que
quando uma pessoa enfrenta perseguições ou outros obstáculos difíceis, pode transformar o carma
gerado em existências passadas. Na postura de não poupar a vida se encontra o caminho para a
felicidade eterna. As grandes dificuldades conduzem diretamente à transformação do carma. Por isso,
sempre devemos recordar a importância de mantermos o espírito de luta. Transformar o carma não é
algo simples. É por isso que Daishonin ensina a importância de sermos assíduos e firmes na prática
budista. Acima de tudo, ele nos pede que lutemos convictos contra o nosso carma até o fim.
Quando Daishonin afirma: “As perseguições que Nitiren tem enfrentado são o resultado do carma
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 8
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
criado em existências passadas”,38 ele esclarece que, a hostilidade que sofria, independentemente de
toda a dinâmica social que pudesse explicar esse ambiente opressivo, tinha a ver com as próprias
ações contra a Lei cometidas em existências passadas. Ele diz que isso concorda com os ensinos do
Sutra de Lótus e cita especificamente o princípio de que o carma se erradica com a luta contra as
adversidades, tal como afirma a passagem: “Quando suas ofensas forem expiadas”, que se refere à
luta do Bodhisattva Jamais Desprezar.
O Bodhisattva Jamais Desprezar reverenciava a natureza de Buda inerente à vida das pessoas e
praticava fielmente os princípios expostos no Sutra de Lótus, um ensino de iluminação universal. Como
resultado, ele foi insultado, maltratado e até agredido pelas pessoas com pedras e bastões.39 Esses
atos hostis, na realidade, eram uma retribuição pelas próprias ofensas cometidas no passado. O Sutra
de Lótus explica que ele foi capaz de expiar essas ofensas e atingir finalmente o estado de Buda
porque persistiu na prática de reverenciar as pessoas, mesmo exposto às perseguições.
Do mesmo modo, nós também podemos transformar nosso carma acumulado em existências passadas
e estabelecer uma condição de felicidade absoluta e eterna lutando contra os três obstáculos e as
quatro maldades40 e os três poderosos inimigos. Esse é o benefício de atingir o estado de Buda.
A seguir, com a declaração “Nitiren que, nesta existência, nasceu em uma família pobre e humilde da
classe chandala”,41 Daishonin se refere às próprias origens. A afirmação demonstra que o Budismo de
Nitiren Daishonin é um aliado do povo, um ensino genuinamente humanístico. Para os praticantes
deste ensino, ter origem “pobre e humilde” é motivo de grande orgulho. O compromisso eterno do Sutra
de Lótus é estar sempre do lado do povo. Isso é algo que nunca mudará.
Daishonin ressalta ainda nesse trecho que o corpo dele “é basicamente o de um animal”.42 Não
obstante, graças à fé inabalável no Sutra de Lótus, Daishonin conclui que o espírito dele brilha com
fulgor e nobreza, com dignidade e convicção, que o tornam invulnerável ao medo. Reconhece que,
devido à grande disparidade entre a natureza primitiva e animal de seu corpo e as aspirações que
abrigava no coração, era natural que os demais o menosprezassem e o insultassem. Diz também que
ao pensar profundamente sobre a própria vida, sentia que ele devia possuir o mesmo tipo de escuridão
e ignorância demonstradas pelas pessoas que, no passado, perseguiram os praticantes budistas ou
então abandonaram o Caminho do budismo. Daishonin prossegue fazendo uma série de observações
profundas a respeito.
“É impossível avaliar a profundidade do próprio carma”,43 ele afirma. Com essa declaração, ele quis
dizer que certamente cometeu faltas graves em existências passadas. Daishonin não faz concessões a
ele mesmo. Contemplava a realidade de sua vida de forma rigorosa. Por meio da própria luta espiritual
ele abriu um caminho universal para que todas as pessoas, toda a humanidade, pudessem mudar o
carma.
Daishonin deixou o meio para que todos os seres humanos dos Últimos Dias da Lei pudessem bloquear
o caminho do inferno de incessante sofrimento. Os incontáveis dramas de transformação cármica
protagonizados pelos membros da SGI, proporcionam brilhantes provas reais de pessoas que, por si
mesmas, se libertaram das correntes do carma por meio da fé no Budismo de Nitiren Daishonin. Sem
dúvida, na história futura constará que essa grande filosofia, combinada com os esforços laboriosos de
uma notável comunidade de pessoas comuns, foi uma poderosa força motriz para transformar o carma
ou o destino da humanidade.
O ferro, quando aquecido e forjado, torna-se uma excelente espada. Os sábios e os honoráveis são
testados com ofensas. Meu presente exílio não é resultado de nenhum crime secular, mas serve
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 9
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
somente para que eu possa expiar, nesta existência, as graves ofensas que criei no passado e me
libertar dos três maus caminhos na próxima. (END-5, p. 21.)
Cultivar a própria vida é o benefício supremo
Neste trecho, Daishonin ressalta o ponto-chave da prática budista em termos da transformação do
nosso carma.
Desenvolver a força interior é o benefício supremo da prática do Budismo de Nitiren Daishonin. Uma
vida solidamente forjada assegura nossa felicidade eterna. Daishonin declara que a provação pela qual
passava “não é resultado de nenhum crime secular”.44 Chega a dizer inclusive que foi exilado só para
que pudesse transformar o carma na presente existência.
Praticamos o budismo para fortalecer e transformar nossa vida. Conforme destaca o escritor russo
Mikhail Sholokhov (1905– 1984), cada um de nós é “o ferreiro da própria felicidade”.45
Meus discípulos, sejam fortes como o aço, fortes como espadas temperadas com primor! Ponham-se
de pé como verdadeiros sábios e honoráveis!
Daishonin encoraja de modo vigoroso os discípulos combatentes, como se os sacudisse pelos ombros.
“É preciso que transformem o carma!”, “O poder necessário para isso está dentro de vocês!”, “Não
fujam das dificuldades! A verdadeira vitória implica triunfar sobre as próprias fraquezas!”, “Os grandes
sofrimentos forjam uma magnífica personalidade! Sejam vencedores, persistam por toda a vida!”
O sutra Parinirvana afirma: “Surgirão no futuro aqueles que entram para a ordem monástica, vestem-se
com mantos clericais e se gabam por estudarem meus ensinos [os de Sakyamuni]. Pelo fato de serem
apáticos e negligentes, eles caluniarão os sutras semelhantes e corretos. O senhor deve estar ciente de
que todas essas pessoas são seguidoras das doutrinas não budistas dos dias atuais”. Aqueles que
lerem esta passagem devem refletir profundamente sobre a própria prática. O Buda está dizendo que
nossos reverendos atuais que se vestem com mantos clericais, mas agem com apatia e negligência,
foram, na época dele, discípulos dos seis mestres não budistas.46
Os seguidores de Honen,47 que se denominam como escola Nembutsu, não somente desviam as
pessoas do Sutra de Lótus, dizendo-lhes para “descartar, fechar, ignorar e abandonar”48 esse Sutra,
como também as incentivam a recitar unicamente o nome de Amida,49 um buda mencionado nos
ensinos provisórios. Os seguidores de Dainiti,50 conhecidos como escola Zen, afirmam que os
verdadeiros ensinos do Buda foram transmitidos fora dos sutras. Eles ridicularizam o Sutra de Lótus
comparando-o com um dedo apontado para a Lua ou um monte de palavras sem sentido. Esses
reverendos de ambas as escolas devem ter sido os seguidores dos seis mestres não budistas, que
somente agora entraram para a linhagem do budismo.
De acordo com o Sutra do Nirvana, o Buda emitiu uma forte luz que iluminou os 136 infernos
subterrâneos51 e revelou que ali não havia mais nenhum ofensor. A razão disso é porque todos os
ofensores haviam atingido o estado de Buda por meio do capítulo “Revelação da Vida Eterna do Buda”
do Sutra de Lótus. No entanto, é lamentável que os icchantika,52 ou pessoas de descrença incorrigível,
que haviam caluniado o ensino correto, tenham ficado detidos pelos guardiões do inferno.53 Eles se
multiplicaram até se tornarem as pessoas do Japão dos dias atuais. (END-5, pp. 21-22.)
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 10
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
Uma terra onde prevalecem
os atos contra a Lei
Nesse trecho, Daishonin muda o foco para a retribuição cármica que aguarda os que perseguem seus
seguidores, ou seja, os sacerdotes que expõem ensinos errôneos e as pessoas de toda a nação cuja
mente foi envenenada por tais ideias. Ele toma emprestadas as palavras do 16º capítulo do Sutra de
Lótus, “Revelação da Vida Eterna do Buda”: “O veneno havia penetrado profundamente e a mente
delas [das crianças] já não raciocinava como antes”.54
De acordo com o sutra Parinirvana, esses sacerdotes corruptos, indolentes e ociosos, que atuam contra
o ensino correto do Sutra de Lótus não são outros senão os descendentes espirituais dos que
mantinham doutrinas não budistas e criticavam os ensinos de Sakyamuni durante a existência do Buda.
Daishonin prossegue refutando a posição de diversos sacerdotes budistas de seus dias, que difamam o
Sutra de Lótus. O que todos têm em comum é a atitude hipócrita de caluniar sem base alguma este
ensino supremo, e de afastar as pessoas dele em benefício das próprias doutrinas. Daishonin afirma
que esses sacerdotes devem ser “seguidores dos seis mestres não budistas”55 dos dias de
Sakyamuni.
Num estudo sobre esta passagem do sutra Parinirvana, o Sr. Toda declarou: “É provável que os maus
sacerdotes que hostilizaram Daishonin, surjam dentro da Nitiren Shoshu e de outras escolas budistas
da época atual”. Em vista das ações insanas que, em anos recentes, Nikken Abe e seu séquito na
Nitiren Shoshu cometeram — demonstrando ser inimigos do Kossen-rufu —, as palavras do Sr. Toda resultaram ser proféticas.
Daishonin destaca que as pessoas de todo o Japão que o hostilizaram e o caluniaram não diferenciam
dos icchantika, ou pessoas de descrença incorrigível, incapazes de atingir a iluminação mesmo depois
de ouvirem o Buda Sakyamuni pregar o capítulo “Revelação da Vida Eterna do Buda”, do Sutra de
Lótus. Nesta parte, Daishonin esclarece a verdadeira natureza dos inimigos do Sutra de Lótus com
quem tem lutado. Os “seis mestres não budistas” e os “icchantika” mencionados nesse trecho,
representam a tendência negativa à incredulidade e à calúnia ao ensino correto.
O que reside na raiz dessa tendência? A ilusão ou escuridão. Um estado de vida incapaz de
compreender a essência do Sutra de Lótus — o respeito a todas as pessoas. Em termos
contemporâneos, significa não respeitar a dignidade da vida, a igualdade humana e o infinito potencial
de cada pessoa.
De modo penetrante, Daishonin observou que os maus sacerdotes de sua época e os seguidores
destes careciam dessa percepção e, dessa forma, rechaçavam o ensino correto que
lhes teria possibilitado cultivar a verdadeira sabedoria na vida e hostilizavam todos os que o praticavam.
A observação de Daishonin descreve perfeitamente a tendência de muito japoneses de hoje, que
desdenham do valor da filosofia e da religião.
O eminente estudioso budista Hajime Nakamura (1912– 1999) observou: “É muito difícil estabelecer até
que ponto os japoneses se devotavam ao budismo com sinceridade e reconheciam, realmente, o valor
intrínseco deste ensino. A maioria deles se limitou a seguir a religião, distorcendo o ensino ou o caráter
do Buda como se nota nas seguintes frases: ‘O estado de Buda consiste em não saber’ (Na ignorância
está a infelicidade), ou ‘Até o semblante do Buda muda (revela ira) depois da terceira vez” (A paciência
tem limite). O Buda é representado de maneira extremamente próxima e familiar [aos seres humanos].
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 11
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
(...) A terminologia budista costuma ser parodiada em expressões vernáculas da língua cotidiana”.56
Muitos japoneses tendem a demonstrar pouco interesse pelos princípios budistas que tratam da
essência da vida. Em vez disso, menosprezam e ridicularizam esses ensinamentos. Nessa atmosfera
espiritual que predomina no Japão e que reflete falta de convicções firmes, os membros da Soka
Gakkai têm se empenhado tenazmente para convidar as pessoas para o diálogo. Eles se dedicam, sem
descanso, para elevar o estado de vida das pessoas.
Uma vez que o próprio Nitiren cometeu calúnias no passado, ele se tornou um reverendo da Nembutsu
nesta existência e, durante vários anos, também ridicularizou os praticantes do Sutra de Lótus, dizendo
que “nem uma única pessoa jamais atingiu a iluminação”57 por meio desse sutra, ou que “nem mesmo
uma única pessoa em mil”58 pode ser salva por esse sutra. Ao despertar de meu estado intoxicado
pela calúnia, senti como se eu fosse um filho embriagado que, ao ficar sóbrio, lamenta-se de ter se
alegrado ao agredir os próprios pais. Apesar de ele se arrepender amargamente disso, já é tarde
demais; seu ato maligno é extremamente difícil de ser erradicado. E ainda mais difíceis de eliminar são
as calúnias cometidas contra o ensino correto, que deixam uma profunda mancha no coração de quem
as cometeu. Um sutra afirma que tanto a cor negra do corvo como a cor branca da garça, na verdade,
são manchas profundas do carma passado deles. Incapazes de reconhecerem esse fato, os não
budistas defendem que isso é obra da natureza. Na presente época, quando exponho as calúnias das
pessoas no esforço de salvá-las, elas negam isso com todas as desculpas possíveis e argumentam
usando as palavras de Honen sobre fechar as portas para o Sutra de Lótus. Isso não é surpresa, vindo
dos seguidores da Nembutsu, mas até os reverendos das escolas Tendai59 e Verdadeira Palavra60 os
apoiam ativamente.
No décimo sexto e décimo sétimo dias do primeiro mês deste ano, centenas de reverendos e
seguidores leigos da Nembutsu e de outras escolas budistas desta província de Sado vieram me
confrontrar num debate. Um líder da escola Nembutsu, Insho-bo,61 declarou [nessa ocasião]: “O
Honorável Honen não nos instruiu a abandonar o Sutra de Lótus. Ele simplesmente escreveu que todas
as pessoas deveriam recitar a Nembutsu e que os grandes benefícios lhes assegurariam o
renascimento na Terra Pura. Mesmo os reverendos do monte Hiei e do templo Onjo que foram exilados
nesta ilha o elogiam, afirmando que o ensino dele é excelente. Como o senhor ousa refutá-lo?” Os
reverendos locais são ainda mais ignorantes do que os reverendos da Nembutsu em Kamakura. Eles
são absolutamente desprezíveis. (END-5, pp. 22-24.)
O propósito da existência
do budismo é a felicidade
das pessoas
Citando o exemplo dos próprios anos de estudo, Daishonin observa que as pessoas de sua época
estavam confusas e, por isso, falhavam em perceber a superficialidade dos ensinos da Nembutsu, que
promovia um movimento hostil ao Sutra de Lótus e a seus praticantes em toda nação japonesa. Havia
porém um problema mais grave ainda, provocado pelos que diziam praticar o Sutra de Lótus, mas que
ignoravam os inimigos e nada faziam para combatê-los. Templos suntuosos, tradições e formalidades
solenes, alta posição social não têm absolutamente nenhum sentido se o espírito de defender e
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 12
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
proteger com rigor os ensinos for perdido. Em circunstâncias assim, se instala o autoritarismo,
ocasionando a corrupção e a decadência, deixando apenas uma concha vazia da intenção original dos
ensinamentos.
O propósito da existência do budismo é a felicidade das pessoas. Porém, os ensinos errôneos e as más
interpretações podem conduzir o povo ao sofrimento e à miséria. Fechar os olhos para essas ideias
distorcidas e esquecer o desejo de conduzir as pessoas à iluminação é agir como inimigos do povo.
Isso é algo que não podemos permitir. A prática do Chakubuku exposta por Nitiren Daishonin, ou seja,
refutar o errôneo e revelar o verdadeiro, é uma luta para restaurar o autêntico coração do budismo,
reviver o verdadeiro espírito benevolente do Buda Sakyamuni e elevar o estado de vida de todos os
seres humanos.
Como afirmou o poeta alemão Heinrich Heine (1797-1856): “Quanto maior for a pessoa, melhor alvo
será para as flechas da zombaria. É difícil alvejar os indivíduos de ínfima estatura”.62
Sem se deixar intimidar pelas críticas e a perseguição, com o exemplo da própria vida, Daishonin
ensinou o caminho supremo para transformar nosso carma e atingir o estado de Buda. Ele almejava
que seus discípulos se levantassem e concretizassem a vitória com base na fé “como a de Nitiren”, e
com “o mesmo espírito” que ele. Nós, membros da Soka Gakkai, mantemos essa brilhante tradição de
mestre e discípulo.
Agora, no século 21, a Soka Gakkai resplandece fulgurante como “pilar do Japão”, “olhos” do mundo e
“grande nau” da humanidade.63
Enquanto o espírito de mestre e discípulo do Budismo de Nitiren Daishonin, que foi solidificado no
presente por meio da luta abnegada dos três primeiros presidentes — o Sr. Makiguti, o Sr. Toda e eu —
for mantido, a Soka Gakkai florescerá. Em especial, desejo que os membros da Divisão dos Jovens,
sucessores de nosso movimento, gravem profundamente no coração esta fórmula para a vitória de
nosso movimento pelo Kossen-rufu.
(Daibyakurengue, edição de fevereiro de 2009.)
1. Três poderosos inimigos: Três tipos de pessoas arrogantes que perseguem os que propagam o Sutra
de Lótus na era maléfica posterior à morte do Buda Sakyamuni. São descritos no trecho em verso de
vinte linhas, que consta no 13o capítulo do Sutra de Lótus, “Devoção Encorajadora”. O Grande Mestre
Miao-lo, da China, classifica os três poderosos inimigos em: (1) leigos arrogantes; (2) sacerdotes
arrogantes; e (3) sábios falsos e arrogantes.
2. Cf. IKEDA, Daisaku. A Youthful Diary: One Man’s Journey from the Beginning of Faith to Worldwide
Leadership for Peace (Diário da Juventude: A jornada de um homem do início da fé à liderança pela
paz). Santa Mônica, Califórnia: World Tribune Press, 2000, p. 276.
3. Campanha de Osaka: Em maio de 1956, os membros de Kansai, unidos ao jovem Daisaku Ikeda,
que fora designado pelo presidente Jossei Toda para apoiá-los, concretizaram a conversão de 11.111
famílias ao Budismo de Nitiren Daishonin. Na eleição realizada dois meses mais tarde, a Soka Gakkai
conquistou uma cadeira na Casa dos Conselheiros, feito considerado impossível na época.
4. Na realidade, 25 anos se passaram desde que a Batalha de Hoji ocorreu, mas segundo o método de
contagem tradicional japonês, isso corresponde a 26 anos.
5. Os combates ocorreram em 11 e 15 de fevereiro de 1272. Mais detalhes, leia a nota número 9.
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 13
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
6. Vermes no corpo do leão: Metáfora empregada para descrever os que, apesar de serem seguidores
do budismo, destroem os ensinos, tal como os vermes devoram o corpo do leão por dentro. A intenção
dessa metáfora é ressaltar que os membros da Ordem Budista, mais do que os não budistas, possuem
a capacidade de destruir o budismo.
7. Ver nota número 10.
8. Trinta e três divindades celestiais: Divindades que, segundo a crença, vivem num platô no topo do
monte Sumeru. Shakra governa de seu palácio, que fica no centro do planalto, e as demais trinta e
duas divindades habitam os quatro picos, sendo que oito ocupam uma das quatro extremidades do
platô.
9. Revolta de Fevereiro de 1272: Também conhecida como Revolta de Hojo Tokisuke. Rebelião que
ocorreu dentro do clã governante Hojo. Resultou em lutas armadas em Kyoto e em Kamakura. Em
fevereiro de 1272, Hojo Tokisuke, influente oficial em Kyoto, liderou um motim contra o meio-irmão mais
novo, o regente Hojo Tokimune, numa tentativa de tomar-lhe o poder. Os conspiradores de Tokisuke
em Kamakura foram aniquilados pelas tropas do governo em 11 de fevereiro, enquanto Tokisuke foi
atacado e morto em Kyoto no dia 15. A referência feita em “Carta de Sado” ao dia 17 ou se baseia em
informação inexata, ou é um erro introduzido durante a transcrição do documento original.
10. Três calamidades e sete desastres: As três calamidades são a guerra, as pestes e a fome.
Costumam ser mencionadas em conjunto com os sete desastres. Acredita-se que os sete desastres
são causados pelos atos contra o ensino correto. O Sutra Mestre dos Remédios define os sete
desastres da seguinte forma: (1) peste; (2) invasão estrangeira; (3) revoltas internas; (4) mudanças
extraordinárias no céu; (5) eclipses solares e lunares; (6) tempestades fora de estação; e (7) secas.
11. Os três maus caminhos são os estados de Inferno, Fome e Animalidade, ou seja, os três estados
inferiores dentro da escala dos Dez Mundos. Os quatro maus caminhos referem-se aos três maus
caminhos mais o estado de Ira. São chamados de “maus” porque se caracterizam pelo sofrimento.
12. WND-2, p. 906.
13. WND-1, p. 512.
14. END-5, p. 18.
15. Não está claro a que incidente Daishonin se refere quando fala das sucessivas ocorrências
sessenta dias depois da Perseguição de Tatsunokuti. Pode ter se referido a alguma rebelião ou
incidente específico. Há os que identificam o incidente com a chegada de outro emissário mongol em
novembro de 1271. O evento que ocorreu 150 dias depois se refere à Revolta de Fevereiro de 1272.
16. Três virtudes de soberano, mestre e pais: A virtude de soberano é o poder de proteger os seres
vivos, a virtude de mestre corresponde à sabedoria de instruí-los e guiá-los à iluminação, e a virtude de
pais é a benevolência de nutrir e apoiá-los.
17. END-5, p. 18.
18. Rei Ajatashatru: Rei de Magadha, na Índia, que viveu nos dias de Sakyamuni. Incitado por
Devadatta, conquistou o trono assassinando o próprio pai, o rei Bimbisara, que era seguidor de
Sakyamuni. Também cometeu atentados contra o Buda e os seguidores deste, soltando um elefante
embriagado contra eles a pedido de Devadatta.
19. Devadatta: Primo de Sakyamuni que, a princípio, foi seguidor do Buda. Porém, logo, devido à
arrogância, tornou-se inimigo de Sakyamuni e cometeu diversos atos de maldade extrema como atentar
contra a vida do Buda. Acredita-se que, como resultado das más ações, tenha caído vivo no inferno.
20. Arhat: Pessoa que atingiu o estágio mais elevado da iluminação contemplado pelo budismo
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 14
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
Hinayana. Arhat significa digno de respeito.
21. Kokalika: Membro da tribo Sakya da Índia antiga e inimigo do Buda Sakyamuni. No início foi
discípulo do Buda, mas, com o tempo, sob influência de Devadatta, caluniou os discípulos Shariputra e
Maudgalyayana.
22. TODA, Jossei. Toda Josei Zenshu (Obras Completas de Jossei Toda). Tóquio: Seikyo Shimbunsha,
1986, v. 6, p. 555.
23. Incidente de Osaka: Ocasião em que Daisaku Ikeda, então coordenador da Secretaria da Divisão
dos Jovens da Soka Gakkai, foi preso e acusado injustamente de violar a lei eleitoral na campanha de
renovação parcial da Casa dos Conselheiros (Câmara Alta) de Osaka, em 3 de julho de 1957. No fim
do julgamento, que se estendeu por quase cinco anos, ele foi inocentado de todas as acusações.
24. “Yasuhira” refere-se a Fujiwara Yasuhira (1155-1189), filho de Fujiwara Hidehira, senhor feudal da
província de Mutsu, nordeste do Japão. Yasuhira assassinou o irmão e usurpou-lhe o poder. Minamoto
no Yoritomo, xogum de Kamakura, ordenou-lhe que matasse Kuro Hogan Yoshitsune, irmão de
Yorimoto, o que ele fez para provar a lealdade. Mais tarde, porém, Yorimoto mandou executá-lo para
consolidar o próprio poder no norte do Japão.
25. Frase do 13o capítulo do Sutra de Lótu, “Devoção Encorajadora”.
26. END-5, p. 19.
27. Ibidem.
28. Cf. ibidem.
29. “Quando suas ofensas forem expiadas”: Este verso do 20o capítulo do Sutra de Lótus, “Bodhisattva
Jamais Desprezar”, significa que o Bodhisattva Jamais Desprezar expiou os atos contra a Lei
praticados no passado, suportando perseguições em prol da Lei. Foi dessa forma que ele conseguiu
atingir o estado de Buda. Leia em LS-20, p. 270.
30. Bodhisattva Jamais Desprezar: Bodhisattva descrito no 20o capítulo do Sutra de Lótus, “Bodhisattva
Jamais Desprezar”. Esse bodhisattva que em existências posteriores seria o próprio Sakyamuni, viveu
no fim dos Médios Dias da Lei depois da morte de um buda chamado Rei do Som Imponente. Ele
venerava todas as pessoas e lhes dizia: “Eu os reverencio profundamente, jamais ousaria tratá-los com
desdém ou arrogância. Por quê? Porque todos praticam o caminho do bodhisattva e infalivelmente
atingirão o estado de Buda”. Mesmo atacado por pessoas arrogantes, continuou a perseverar na prática
e, como resultado, atingiu o estado de Buda.
31. Chandala: Casta dos intocáveis, inferior à mais baixa das quatro classes do sistema de castas da
Índia antiga. As pessoas dessa casta realizavam tarefas associadas à morte e à matança de seres.
Viviam expostas à discriminação extrema. Daishonin declara ser membro de uma família chandala
porque era filho de um pescador. Ensina que mesmo alguém proveniente do nível mais baixo da
sociedade pode atingir a iluminação suprema.
32. Brahma e Shakra: São as duas principais divindades protetoras do budismo.
33. Intenção Superior: Monge que viveu na última era posterior à morte do Buda Rei Rugido de Leão.
De acordo com o Sutra da Não Substancialidade de Todos os Fenômenos, ele caluniou o monge Raiz
da Alegria, que ensinava a doutrina correta e, por esse motivo, caiu no inferno.
34. Mahadeva: Monge que viveu cerca de cem anos após a época de Sakyamuni e que provocou a
primeira divisão da Ordem Budista. Antes de unir-se à Ordem, assassinou o pai, a mãe e um arhat.
Mais tarde, Mahadeva começou a impor ideias arbitrárias em relação ao budismo e as controvérsias
resultantes delas provocaram um cisma na Ordem.
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 15
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
35. “Aqueles que se esqueceram de que a semente da iluminação” são pessoas que, devido aos atos
contra a Lei, não recordam de ter recebido de Sakyamuni as sementes do estado de Buda há kalpa tão
numeroso quanto as partículas de pó de incontáveis grandes sistemas de mundos.
36. De acordo com o 16o capítulo do Sutra de Lótus, “Meios”, cinco mil pessoas — monges, monjas,
leigos e leigas — abandonaram a assembleia quando Sakyamuni começou a pregar a “substituição dos
três veículos pelo veículo único”, porque acreditavam ter atingido o que na realidade não haviam
conseguido atingir.
37. Isso é descrito no 7o capítulo do Sutra de Lótus, “Parábola da Cidade Imaginária”, no trecho que
narra a história do Buda Excelência da Grande Sabedoria Universal e de seus dezesseis filhos. Há
kalpas tão numerosos quanto as partículas de pó de um grande sistema de mundos, esse Buda pregou
o Sutra de Lótus aos filhos, que por sua vez, fizeram o mesmo com o povo. De toda a população, o
terceiro grupo representa os que ouviram o Sutra de Lótus nessa oportunidade, mas não abraçaram a
fé e não puderam manifestar a iluminação mesmo quando o décimo sexto filho nasceu na Índia com a
identidade do Buda Sakyamuni e voltou a pregá-lo em benefício das pessoas.
38. END-5, p. 19.
39. Cf. LS-20, p. 267.
40. Três obstáculos e quatro maldades: Três obstáculos e quatro maldades: Vários obstáculos e
impedimentos à prática budista. São classificados no Sutra do Nirvana e no Tratado sobre a Grande
Perfeição da Sabedoria, de Nagarjuna. Os três obstáculos são: (1) o obstáculo dos desejos mundanos,
que surgem dos três venenos — avareza, ira e estupidez; (2) o obstáculo do carma, ou resistências
derivadas do mau carma criado por ter cometido algum dos cinco atos malignos ou dos dez maus atos;
(3) o obstáculo da retribuição, causado pelos efeitos cármicos negativos de ações cometidas nos três
maus caminhos (estados de Inferno, Fome e Animalidade). As quatro maldades são: (1) o impedimento
dos cinco componentes ou obstruções causadas por nossas funções físicas e mentais; (2) impedimento
dos desejos mundanos ou obstruções causadas pelos três venenos (avareza, ira e estupidez); e (3)
impedimento da morte, devido à própria morte do praticante ou à morte prematura ou intempestiva de
um seguidor, gerando dúvidas nos demais; e (4) impedimento do Rei Demônio do Sexto Céu, função
destrutiva que se vale de diversas pessoas e circunstâncias para fazer com que o praticante budista
abandone a fé. É considerado como o impedimento mais difícil de se superar.
41. END-5, pp. 19-20.
42. Ibidem, p. 20.
43. Ibidem, p. 21.
44. Ibidem.
45. Artigo do Seikyo Shimbun, 16 de dezembro de 2008.
46. Seis mestres não budistas: Termo geral que se refere a pensadores que desfrutavam prestígio na
época de Sakyamuni.
47. Honen (1133-1212): Também conhecido como Guenku. Fundador da escola budista Terra Pura
(Nembutsu) no Japão. Propunha a prática exclusiva da Nembutsu, ou a recitação do nome do Buda
Amida. Em sua obra Escolha Exclusiva da Nembutsu, Honen exorta às pessoas a descartarem todos
os sutras, incluindo o Sutra de Lótus, salvo três escrituras deste nas quais a escola Terra Pura se
fundamentava. Na “Tese sobre o estabelecimento do ensino correto para a paz da nação”, Daishonin
repudia a Nembutsu como “o mal” causador dos vários desastres ocorridos no Japão, na época.
48. Honen não usa exatamente essa sequência de palavras juntas. Nitiren Daishonin, no entanto, as
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 16
Editora Brasil Seikyo
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
extrai da obra Escolha Exclusiva da Nembutsu, e as agrupa numa mesma frase.
49. Amida é um buda descrito nos sutras da escola Terra Pura. Nesses sutras consta que ele vive na
Terra Pura da Perfeita Alegria, situada a oeste. É venerado pelos seguidores da escola Nembutsu ou
Terra Pura.
50. Dainiti (s.d.): Também conhecido como Nonin, ou Dainiti Nonin. Sacerdote japonês considerado
entre os primeiros a propagar os ensinos do Zen Budismo no Japão, durante o século 12. Embora a
escola Rinzai estabelecida por Eisai (1141-1215) ter sido a primeira escola oficial do Zen Budismo
japonês, Dainiti difundiu os ensinos no país antes deste.
51. Em Profundo Significado do Sutra de Lótus, o Grande Mestre Tient’ai descreve 136 tipos de inferno:
oito grandes infernos, cada um com dezesseis infernos subsidiários. O último e pior de todos é o inferno
de incessante sofrimento.
52. Icchantika: Pessoas de descrença incorrigível, que não aspiram à iluminação e, por essa razão, não
têm nenhuma perspectiva de atingir o estado de Buda. As noções sobre a possibilidade ou
impossibilidade de que os icchantika atinjam a iluminação diferem segundo os sutras.
53. Guardiões do inferno: Na mitologia budista, demônios que atormentam os transgressores que
caíram no inferno. Trabalham para o rei Yama (Emma), rei do inferno, que julga e determina a
retribuição cármica negativa dos falecidos.
54. Daishonin diz: “As palavras ‘O veneno havia penetrado profundamente’ (LS-16, p. 228) se referem
às pessoas que se envolveram profundamente com os ensinos provisórios, ato que constitui uma ação
contra a Lei. Por essa razão, elas não acreditam ou não aceitam o remédio altamente eficaz do Sutra
de Lótus. Mesmo que alguém lhes dê uma dose desse remédio, recusam-se a tomá-lo ou cuspem-no
fora porque ‘não percebem quão benéfico é’ (LS-16, p. 228); ou seja, não lhes é agradável” (OTT, p.
132).
55. END-5, p. 22.
56. NAKAMURA, Hajime: Ways of Thinking of Eastern Peoples India, China, Tibet, Japan (Métodos de
Pensamento dos Povos Orientais: Índia, China, Tibete e Japão), Philip P. Wiener ed. Honolulu:
East-West Center Press, 1969, p. 528.
57. Ensaios Compilados sobre o Mundo de Paz e Alegria, de Tao-ch’o.
58. Louvor ao Renascimento na Terra Pura, de Shan-tao.
59. Escola Tendai: Escola do Budismo Tient’ai no Japão. Foi fundada no início do século 9 pelo
sacerdote japonês Dengyo (767-822), também conhecido como Saityo. Nos tempos de Daishonin a
Tendai perdeu o espírito de basear-se estritamente no Sutra de Lótus, mostrando-se tolerante em
relação aos ensinos errôneos de outras escolas como Verdadeira Palavra, Terra Pura (Nembutsu) e
Zen.
60. Escola Verdadeira Palavra: Escola japonesa budista fundada por Kobo (774-835), também
conhecido cmo Kukai, que segue as doutrinas e práticas esotéricas do Sutra Mahavairochana e do
Sutra da Coroa de Diamantes.
61. Insho-bo: Detalhes sobre sua pessoa são desconhecidos.
62. HEINE, Heinrich. “Die romantische Schule” (A Escola Romântica), in Sämtliche Werke (Obras
Completas), Hans Kaufmann, ed. Munique: Kindler Verlag, 1964, v. 9, p. 149.
63. Em “Abertura dos olhos”, Daishonin declara: “Eu serei o pilar do Japão. Eu serei os olhos do Japão.
Eu serei a grande nau que conduzirá o Japão. Este é o meu juramento, e jamais recuarei um único
passo!” (END-4, pp. 200-201.)
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
página 17
Editora Brasil Seikyo
Impresso por Natalia Iara Jordão Clemente (69829-6)
Terceira Civilização - Edição 500 - 01/04/2010 - Pág.39 - Estudo
página 18
Download