Como antropólogo virtual observe a produção dos alunos do PEAD

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Programa de Pós-Graduação em Educação
Disciplina: Seminário Avançado:
Teorias e Perspectivas para a pesquisa em Educação a Distância
Profa. Dra. Marie Jane Carvalho
Aluna: Ana Marli Bulegon
Como antropólogo virtual observe a produção dos alunos do PEAD tendo em mente as leituras que você
privilegiou. Selecione uma produção ou um conjunto de produções.
Veja as produções dos alunos a partir dos pbworks dos polos PEAD. Siga esses links: Polo de Alvorada
A partir das leituras coloque uma questão ao material. Em outras palavras: Que questionamento
sobressai ao se analisar a produção com "essas lentes"?
Ensaie uma resposta que interrelacione a sua questão, as leituras, o seu interesse conceitual e a
produção que inspirou seu questionamento. Analise a produção e dê sentido a essa a partir da
construção de uma síntese interpretativa. Lembre-se que para isso você necessita ter à sua disposição
conceitos. Belo desafio intelectual!
Netnografia do Blog de Adriana Fraga Soares – Pólo de Alvorada
Links: http://adripead.blogspot.com/ e < http://peadalvorada6.pbworks.com/>
Introdução
Ao falarmos em Ensino a Distância (EAD), nós temos um ideal de aluno um aluno autônomo, crítico,
participativo e que saiba manusear com as ferramentas utilizadas nos Ambientes Virtuais de Ensino e
Aprendizagem (AVEAs). Entretanto, nossa realidade, ainda, não é essa.
Porém, ao navegar no pólo de Alvorada, as postagens da aluna Adriana, surpreenderam-me. Seu blog e
wiki são ricos em imagens e informações. Neles constam informações sobre as disciplinas que cursa,
sobre os conhecimentos construídos ao longo delas, sobre notas das avaliações de disciplinas
anteriores; resumo de aulas; planejamento de aulas; resenhas de livros e filmes; informações de caráter
social como fotos de seus familiares, entre outras. Sem contar na harmonia de cores e imagens que o
blog demonstra.
Em minha análise levantei algumas suposições sobre o perfil dessa aluna. São elas: é uma aluna
autônoma, com ótimo conhecimento nas ferramentas do AVEA, mais especificamente no Blog e wiki;
tem vasta experiência docente, enfim, é o perfil de aluno desejado para alunos de cursos EAD.
Diante disso, tive o seguinte questionamento: elaboramos aulas para cursos de EAD para um perfil de
aluno autônomo, mas esse tipo de aluno ainda não é a maioria. Quando esse aluno de EAD for, de fato,
autônomo como a aluna Adriana do Pólo de Alvorada como administraremos essa aula?
Ao elaborar um curso EAD, os estilos de aprendizagem dos alunos virtuais são uma preocupação comum
e constante entre professores, devido às diferenças entre as pessoas que compõem a sala de aula
virtual. Esse assunto propicia muita discussão entre os professores sobre a necessidade de se adaptar a
maneira de apresentar o material de aprendizagem segundo os diferentes estilos e preferências de
aprendizagem.
Palloff e Pratt (2004), em sua obra "Aluno Virtual" abordam as questões relacionadas ao aluno virtual,
suas características, dificuldades, vantagens e, entre outros os estilos de aprendizagem.
Revisão de literatura
Leburé, Arruda e Nardi (2003), ao discutirem a temática sobre estilos de aprendizagem no processo de
ensino aprendizagem, questionam sobre a possibilidade de existir problemas na mudança de papéis de
professores e alunos na abordagem construtivista. Na proposta construtivista, o aluno é participante
ativo no processo e é o principal responsável pela construção de novos conhecimentos. O professor
também é um aprendiz e deve assumir papel de moderador e facilitador, sempre oportunizando ao
aluno a busca e a discussão do conteúdo.
A preocupação está na distância entre o discurso e a prática sobre a utilização de metodologias de
trabalho dos cursos virtuais, ou seja, fala-se em mudar o estilo de trabalho nas aulas de EAD, no
entanto, continua-se a usar o mesmo estilo de trabalho, onde o professor transmite seu conhecimento e
o aluno permanece como receptor da informação.
Acredita-se que adotando-se a abordagem construtivista no EAD, o resultado final será provavelmente
inesperado pois será resultado de reflexões e construções edificadas por um ou por vários alunos e pelo
professor.
Estilos de Aprendizagem
Litzinger e Osif (apud Palloff e Pratt, 2004) definiram estilos de aprendizagem como os "modos pelos
quais as crianças e adultos pensam e aprendem". Gardner (1983), ao observar os estilos de
aprendizagem, elaborou a Teoria das Inteligências Múltiplas.
Para Gardner (1995) as inteligência podem ser resultado de inúmeras combinações e, portanto, podese encontrar um número quase infinito de estilos de aprendizagem. Inicialmente o autor caracteriza
oito tipos de estilos, entre eles linguagem x verba; musical x cinestésico, intrapessoal, interpessoal,
lógico x matemático, espacial. E, a partir destes se processam combinações.
Como o professor pode atender estas múltiplas inteligências? Gardner propõe pelo menos três
possibilidades tanto para ensino presencial quanto para on line. Sugere primeiro que o professor vá
adicionando atividades com enfoques diferentes (jogos, pesquisa na internet), rotação de estilos
(diversificar estilos em diferentes tarefas, e atividades complexas como a construção de textos coletivos
que proporciona o desenvolvimento de interação em grupo.
Para Perrenoud (2000) as competências fundamentais para a autonomia das pessoas, encontram-se em
oito grandes categorias: saber identificar, avaliar e valorizar suas possibilidades, seus direitos, seus
limites e suas necessidades ; saber formar e conduzir projetos e desenvolver estratégias,
individualmente ou em grupo ; saber analisar situações, relações e campos de força de forma sistêmica ;
saber cooperar, agir em sinergia, participar de uma atividade coletiva e partilhar liderança ; saber
construir e estimular organizações e sistemas de ação coletiva do tipo democrático; saber gerenciar e
superar conflitos ; saber conviver com regras, servir-se delas e elaborá-las ; saber construir normas
negociadas de convivência que superem diferenças culturais.
Para desenvolver competências Perrenoud (2000) refere que o professor precisa, primeiramente,
trabalhar por problemas e projetos, propor tarefas complexas e desafios que incitem os alunos a
mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, completá-los. Isso pressupõe uma pedagogia ativa,
cooperativa, aberta para a cidade. Para os adeptos da visão construtivista e interativa da aprendizagem,
trabalhar no desenvolvimento de competências não é uma ruptura. Os professores devem percebe-se
como organizadores de situações didáticas e de atividades que fazem sentido para os alunos,
envolvendo-os. O principal recurso do professor é a postura reflexiva, sua capacidade de observar, de
regular, de inovar, de aprender com os outros.
Estratégias de trabalho online que favorecem os diversos estilos de aprendizagem dos alunos
Ao considerar a diversidade de estilos de aprendizagem, se o processo de ensinar tem como base o
ensino tradicional de aprendizagem, no qual o professor é o detentor do conhecimento e o expõe aos
alunos, não terá êxito com todos os alunos virtuais. Assim como os estilos de aprendizagem são diversos
no ensino presencial, o mesmo acontece no ensino virtual. No ambiente virtual conta-se, ainda, com o
agravante de que, muitas vezes, não há o contato pessoal e nem a possibilidade de uma observação
visual do comportamento e da maneira como acontece o processo de aprendizagem do aluno.
Para Palloff e Pratt (2004, p.55-56), "As simulações, por exemplo, dão aos alunos a oportunidade de
desenvolver e demonstrar suas habilidades, especialmente quando o fazem em grupos." Essas geram a
reflexão, colaborando para o desenvolvimento da criticidade. O trabalho em grupo, por sua vez,
oportuniza a interação, colaboração e a cooperação, gerando diversas aprendizagens que vão além das
conceituais, pois cada integrante do grupo é responsável por uma tarefa e não somente aprende, como
também ensina os demais.
Desta forma, ao falarmos em estilos de aprendizagem, estamos falando de maneiras, ou configuração
que favoreça este processo, o qual pode se distinto entre os alunos, constituindo-se por ser mais visual,
verbal, auditivo, interpessoal... São estes apenas alguns estilos, que podem ser complementares.
Considerações finais
Nos estudos realizados até o momento pude verificar que há vários estilos de aprendizagem e que,
segundo alguns autores, esses estilos dependem das experiências de vida dos indivíduos.
É consenso entre todos os professores que continuar utilizando exclusivamente um modelo expositivo
não dará conta da aprendizagem de todos os alunos, devido à diversidade de pessoas que compõem
uma sala de aula virtual. O professor, ao planejar suas aulas deve diversificar suas atividades para
contemplar o maior número de estilos de aprendizagem possível. É claro que não será necessário criar
atividades variadas cada vez que for trabalhar com um novo conceito.
Assim, para tentarmos atender, as necessidades do aluno virtual, deve-se proporcionar atividades que
abranjam a maior diversidade possível, para favorecer o processo de aprendizagem, como dispor de:
recursos de jogos e simulações; editores de texto coletivo e os blogs; projetos colaborativos.
Entretanto, as atividades colaborativas, sejam elas por trabalhos realizados em pequenos grupos,
simulações, ou outros métodos, são a melhor maneira de atender aos diversos estilos de aprendizagem
dos alunos. Ao compartilhar as idéias e o trabalho, essas atividades podem levar a criação de novos
conceitos e significados a respeito dos conceitos estudados proporcionando o desenvolvimento da
criticidade e da autonomia.
Referências Bibliográficas
GARDNER, H. Frames of Mind. New York: Basic Books, 1983.
GARDNER, H. Teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artes Médicas. 1995.
LEBURÉ, ARRUDA e NARDI (2003)
PALLOF, R; PRATT, K. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Tradução de
Vinícius Figueira. Porto Alegre: Artm ed, 2004.
PERRENOUD (2000) .Construindo competências. In Nova Escola (Brasil), setembro, pp. 19-31.
http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_2000/2000_31.html
PIAGET, J. Fazer e Compreender. Trad. Cristina L. de P. Leite. São Paulo: Melhoramentos; EDUSP, 1978.
186p.
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