EPILEPSIA O que é? É uma desordem neurológica na qual os neurônios sinalizam de forma anormal e desregula o padrão da atividade elétrica cerebral, causando sintomas físicos chamados de “crises epiléticas”, ou “ataque (algo súbito, inesperado) epilético”. Pode-se dizer que Epilepsia não é a doença em si, mas sim a crise que determinadas doenças, ou causas, desencadeiam. São estas que devem ser diagnosticadas e tratadas. Estimativa: estima-se que em países com condições sócio-econômicas semelhantes ao Brasil a incidência gire em torno de 140 a 190 novos casos de epilepsia em cada 100.000 habitantes, por ano. Estes números mostram que a epilepsia é a mais freqüente de todas as doenças neurológicas graves. Obs: Ter uma convulsão não significa que a pessoa tenha epilepsia, porém se ocorrerem duas ou mais crises epiléticas ela passa a ser considerada epilética. Febre alta na infância pode causar uma crise convulsiva, o que não significa ser epilética. Neste caso trata-se a infecção que causou a febre. Tipos de crises: 1 - A ausência: a pessoa “apaga”, fica inconsciente e paralisada fisicamente por segundos ou até minutos e retoma sua atividade cerebral normal sem se dar conta do ocorrido. Ex: volta a mexer o açúcar e tomar o café iniciado antes da crise. 2 - A convulsão generalizada: a pessoa pode apresentar inicialmente “incomodo na barriga”, sensação da língua estar “encolhendo”, olhos parados e virados para cima ou do lado, movimento da boca como se mastigasse algo ou som de estar se engasgando. Em seguida podem-se iniciar espasmos musculares dos membros e por todo o corpo, dos mais discretos ou violentos que podem levá-la ao chão. Diminuindo os espasmos aparece roxidão nos lábios e na pele e, às vezes, espuma e baba pela boca, podendo surgir vômitos. Inicia-se então o relaxamento muscular e a pessoa se “apaga”, podendo ocorrer de urinar ou defecar (incomum) nessa fase. Ao “retornar” ela poderá ter confusão verbal e desorganização de pensamento por alguns minutos. As crises generalizadas podem se repetir por várias vezes por dia e há aquelas que só ocorrem à noite. A medicina ainda não tem respostas para essas questões. 1 Diagnósticos: O Eletroencefalograma simples, tomografia ou ressonância magnética do cérebro são os exames mais comuns para chegar ao diagnóstico e tratamento da epilepsia. Exames mais precisos como E.E.G. com crises monitoradas junto com testes com figuras também são utilizados para diagnósticos mais precisos. Causas da epilepsia: Várias são as causas possíveis. Qualquer coisa que perturbe o padrão normal de atividade neuronal e cause anormalidade na eletricidade no cérebro, desequilíbrio nos neurotransmissores ou alguma combinação desses fatores desencadeiam a epilepsia, como por exemplo: 1 - Doenças neuro-fisiológica Tumor cerebral, “bicho do porco”, traumatismos cranianos graves, foco irritativo sem causa aparente, A.V.C., meningite, paralisia cerebral, lesão de parto (falta de oxigênio) etc..., são as principais causas da Epilepsia. 2 - Fatores psicossomáticos, origem psicológicas, patológicas e espirituais: Estudos com pacientes epiléticos observou-se incidência de problemas emocionais e comportamentais entre os que tinham história de abuso sexual, tentativa de suicídio, agressividade exacerbada, abandono, uso de drogas e alcoolismo paterno. Também aparecem entre os estudados, incidências de características de doenças psíquicas como: depressão grave, transtorno de ansiedade, fobia social (medo de estar entre pessoas, multidão, porque teme não sair do meio delas, caso se sinta mal), agorafobia (angustia de lugar publico, porque teme ser julgada pelas pessoas), comportamento imaturo, dificuldade de relacionamento e dificuldade de organização do pensamento. As pesquisas mostram ainda fatores de antecedentes familiares epiléticos. Portanto, pode se dizer que para que a epilepsia ocorra são necessários um ou mais fatores. Ex. do lago e a gota de água. O sujeito é o lago que vive calmo com dois ou mais desses ingredientes, porém um novo elemento é a gota de água para transbordá-lo e levá-lo à convulsão. Louise Ray associa a epilepsia com sentimentos de rejeição da vida, autoviolentação, complexo de perseguição, sensação de estar travando uma batalha e perda do controle dos sentimentos. Cristina Cairo também cita relação da doença às causas espirituais e sugere a gratidão aos antepassados, proteção da alma familiar. André Luiz no livro 2 “No Mundo Maior”, cap. 8, revela a influência dos espíritos sintonizados ao doente através de convivências danosas de vidas pregressas e a atuação dos espíritos protetores junto ao paciente em tratamento. Qual é o tratamento para epilepsia? Assim que a epilepsia é diagnosticada, o tratamento medicamentoso deve ser imediato e em torno de 80% delas têm as crises epiléticas controladas com medicamentos modernos e técnicas cirúrgicas (caso de tumor, traumatismo, foco irritativo, etc.). Portanto, diante do exposto acima, no qual as crises acontecem por uma soma de fatores, é preciso tratar do ser de forma integral: físico, emocional, mental, e espiritual. O ideal é que o tratamento seja a soma de todos os campos, incluindo medicação, tratamento espiritual, a psicoterapia, as Constelações familiares, entre outros. Epilepsia tem cura? A ciência ainda não confirma a cura da Epilepsia, porém, na maioria dos casos tratados, em torno de 80%, há o controle das crises. Qual é o prognóstico? A maioria das pessoas com epilepsia pode levar uma vida normal, quando bem tratada. Ainda que a epilepsia não tenha cura definitiva, em algumas pessoas ela eventualmente desaparece com o tratamento, especialmente nos casos cirúrgicos de tumores ou outras lesões cerebrais. Não está confirmada lesão ou dano cerebral, nem a perda de neurônios durante as crises convulsivas. Para muitas pessoas com epilepsia o risco dos ataques epiléticos restringe sua independência e estas precisam de cuidados (mencionados abaixo em preconceitos e crenças). A maioria das mulheres com epilepsia pode ficar grávida, desde que seja discutido com seu médico sobre a doença e medicamentos tomados. A chance de uma mulher epilética gerar um bebê saudável é de mais de 90%. AS CRISES: como são? Dependendo de que “lobo cerebral” (frontal, parietal, occipital, central ou insula) esteja o foco desencadeante da crise, elas iniciam de varias formas, desde as mais sutis como na “crise de ausência” até a uma convulsão de espasmos violentos como na “crise parcial complexa”. Geralmente iniciam-se com sensações como: “mente fugindo”; “desconforto na barriga ou na lingua”; “medo inexplicado”; “impressão de já ter conhecido um 3 ambiente que é novo (dèjá vu) ou sensação de nunca ter visto um ambiente já conhecido (jamais vu)”; “palpitação”; “cheiro desagradável”; “ouvir vozes ou risadas”; “sair do ar”, etc. Depois se propaga para o corpo físico com paralisia facial ou dos olhos ; alterações visuais como “luzes”, escurecimentos, etc, formigamentos das mãos ou dedos e espasmos generalizados. Na CRISE DE AUSÊNCIA, esses sintomas podem durar segundos ou poucos minutos e depois a pessoa retoma a consciência. Geralmente um pouco confusa, não se lembra do acontecido e pode sair andando, falando ou continuar fazendo tarefas anteriores. Pode também ocorrer de demorar alguns minutos para voltar a falar normalmente. Na CRISE PARCIAL COMPLEXA, aparecem quaisquer das sensações citadas e em seguida surgem os espasmos musculares com movimentos da boca como se estivesse mastigando ou engolindo algo, alteração do processo respiratório com sons no esôfago, como se a pessoa estivesse se engasgando, isto por conta do retraimento do músculo da língua. Mãos e pés se retraem e todo o corpo se contorce, o que caracteriza uma convulsão generalizada. Nessa fase, a pessoa fica inconsciente e pode cair ao chão, fica com lábios roxos e se debate violenta e rapidamente com todo o corpo por segundos ou vários minutos. Após a diminuição dos espasmos, ela entre na fase do relaxamento muscular e dá-se a impressão de não respirar. Quando retoma a consciência, por alguns minutos pode ter dificuldade de falar e de expressar sua vontade. Geralmente se lembra apenas das primeiras sensações. Algumas crises (lobo frontal) podem acontecer preferencialmente à noite com a pessoa dormindo (não se sabe a causa disso). Propagação das crises As crises de qualquer lobo pode também se propagar para outro lobo e vir a ser uma crise complexa e generalizada. A continuação e características das crises vão depender para qual lobo a crise se propaga (ex: inicia-se no lobo parietal com crise simples e se propaga para temporal como crise parcial complexa). CUIDANDO DO PACIENTE EM CRISE Aos primeiros sinais de uma crise epilética, deve-se tomar o cuidado de proteger a pessoa e evitar quedas, traumas ou ferimentos causados pelos espasmos e o atrito do corpo com o solo. Especialmente se deve cuidar da proteção da cabeça e rosto, partes mais expostas aos riscos. Se a pessoa estiver sentada, cuide-se de protegê-la da queda segurando-a por trás da forma mais confortável possível, mantendo-a na mesma posição ou ainda deitá-la e protegê-la com travaesseiro, até que a crise passe. 4 Se ela estiver em pé, segurá-la por trás de forma a poder colocá-la no chão sentada e apoiada em suas pernas enquanto você segura a cabeça dela em posição normal, nem baixa, nem suspensa demais, facilitando a respiração. Evite tentar segurá-la pela frente. Você pode não suportar o peso do corpo dela e a força exercida pela convulsão levaria a queda, correndo riscos de ferimentos graves. Caso ela esteja deitada quando se inicie a crise, mantenha a pessoa de lado com travesseiro mais alto, de modo a facilitar a sua respiração e evitar riscos de se sufocar, caso surjam vômitos. Durante os espasmos, se possível, coloque travesseiro ou almofadas sob a cabeça para evitar o atrito com o solo, o que poderia causar cortes na cabeça ou esfolamentos no rosto. Não se preocupe com a respiração, por mais estranha ou ausente pareça, ela transcorre normalmente. NUNCA tente colocar a sua mão na boca da pessoa para desenrolar sua língua. A língua, por ser um músculo se retrai na crise, mas não enrola e não há nenhum risco dela ser asfixiada pela mesma. Essa tentativa poderá lhe causar ferimentos graves em seus dedos devido a pressão muscular causada nas mandíbulas do paciente. Não tente dar água ou qualquer outro liquido para a pessoa beber, nem usar álcool em seu nariz, isso só tende a causar mais transtornos. Procure ficar o mais serenamente e lúcido possível até que a convulsão passe. Não abandone o paciente em busca de ajuda, mantenha-se com ele. Se possível, mantenha o ambiente bem ventilado e afaste as pessoas ao redor, especialmente crianças. As crises convulsivas causam sofrimento naqueles que assistem e constrangimento naquele que a sofre. DESCONSTRUINDO PRECONCEITOS E FALSAS CRENÇAS: Sem sombra de dúvida, o maior problema enfrentado pela sociedade sobre a Epilepsia é a falta de informações de boa qualidade. Velhas e falsas crenças a respeito da origem da doença, do diagnóstico e do tratamento permanecem até os dias atuais, entre elas: Epilepsia NÃO é uma doença transmissível. É apenas um transtorno súbito e inesperado na atividade elétrica cerebral da pessoa. A pessoa NÃO morre durante ou por causa de uma crise epiléptica. Porém, casos ocorridos nesta circunstância não se devem à morte diretamente a crise e sim as complicações relacionadas a ela como, por exemplo, no caso de acidentes com queda de altura, atropelamento, afogamento, etc. As crises epilépticas muito prolongadas, particularmente aquelas com duração superior a 5 30 minutos, podem provocar danos cerebrais graves e irreversíveis, mas mesmo nestes casos é pouco freqüente que provoquem a morte do paciente. A Pessoa em crise convulsiva NÃO vai “engolir a língua”, nem se asfixiar. A língua é um músculo do corpo como outro qualquer e assim como os demais músculos, ela se retrai durante uma convulsão, dando a impressão que o paciente está “engolindo a língua”. Contudo, este músculo está firmemente preso ao assoalho da boca e não se enrolará, nem se soltará. Pessoas com epilepsia PODEM e DEVEM fazer exercícios físicos. As pessoas com crises controladas podem realizar exercícios físicos, com exceção aos esportes de altura (asa delta, alpinismo, montanhismo, páraquedismo) e os esportes aquáticos (rios, lagos ou mar) devidos os riscos evidentes em caso de crise. Natação em piscina, sob a supervisão de alguém apto ao socorro, é liberada para crianças e adultos epilépticos. Crianças epiléticas devem ser estimuladas a participar das aulas regulares de educação física nas escolas, desde que estejam com crises controladas. A “baba” que aparece na boca NÃO é contagiosa. Ela ocorre apenas por causa do relaxamento da língua quando cessa a crise da pessoa e a salivação escorre pela boca. A Epilepsia NÃO está associada à doença mental. A epilepsia não tem necessariamente associação com problemas mentais, psiquiátricos ou de comprometimento da inteligência. Alguns pacientes podem ter associada a epilepsia e desordens psiquiátricas e mentais, mas essa não é regra. Pessoas com epilepsia podem dirigir, desde que atendidos os devidos critérios. Ainda sendo assunto polêmico, é importante certificar-se de que as crises epilépticas estejam plenamente controladas, que o paciente esteja fazendo uso regular da medicação e que haja um parecer favorável do médico que o assiste. O risco de um acidente com veículo automotor é muito pequeno e os casos devem ser bem analisados, por exemplo, liberação para máquinas operacionais ou veículos de transporte de passageiros. A informação de boa qualidade por parte do paciente, dos familiares e da sociedade, facilita o correto entendimento da doença e atendimento ao paciente e desconstrói os inúmeros preconceitos ainda tão freqüentes em nosso meio. 6 7