DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA MATEMÁTICA I Resolução dos exercícios 3 a 7 do 2o Teste do 1o Semestre de 2015/2016 [2.0] 3. Considere a função g, definida em R por g (x) = x3 + |x − 2| . x Determine a expressão de G (x) = g (t) dt. −1 Resolução: Observação: Não podemos primitivar ou integrar com o módulo, pelo que temos que desdobrar a função. |x − 2| = Portanto, x−2 , se x − 2 ≥ 0 − (x − 2) , se x − 2 < 0 g (x) = x3 + |x − 2| = x Observação: Como ⇐⇒ |x − 2| = G (x) = g (t) dt 3 x +x−2 x−2 −x + 2 , se x ≥ 2 3 x −x+2 , se x ≥ 2 . , se x < 2 . , se x < 2 e a função g muda de expressão em x = 2, vamos −1 ter que considerar dois casos. • Se x < 2 Como ambos os extremos de integração são menores ou iguais a 2, g (t) = t3 − t + 2. x G (x) = x g (t) dt = −1 t4 t2 − + 2t t − t + 2 dt = 4 2 x 3 −1 = x4 x2 − + 2x − 4 2 = 1 4 1 2 9 x − x + 2x + 4 2 4 (−1)4 (−1)2 − + 2 (−1) 4 2 = −1 1 1 1 1 = x4 − x2 + 2x − + + 2 = 4 2 4 2 • Se x ≥ 2 : Como um dos extremos de integração é menor que 2 e o outro maior que 2, a função g muda de expressão no intervalo de integração, pelo que temos que sudividir o integral. 2 x G (x) = g (t) dt = −1 −1 2 x g (t) dt + g (t) dt = 2 −1 Ana Matos - 25/02/2017 i x t3 − t + 2 dt + 2 t3 + t − 2 dt Dos cálculos feitos no caso anterior resulta que 2 −1 x x t3 − t + 2 dt = 1 9 33 1 × 24 − × 22 + 4 + = 4 2 4 4 x t4 t2 t + t − 2 dt = + − 2t 4 2 3 g (t) dt = 2 2 = 2 x4 x2 + − 2x − 4 2 24 22 + −4 4 2 = 2 4 = 2 x x + − 2x − 2 4 2 1 1 25 Logo, se x ≥ 2, G (x) = x4 + x2 − 2x + . 4 2 4 Portanto, 1 4 1 2 4 x − 2 x + 2x + G (x) = 1 1 x4 + x2 − 2x + 4 2 9 , 4 , se x < 2 25 4 , se x ≥ 2 . 2 Observação: No caso x > 2, poderíamos ter obtido o valor de novamente o integral, com a primitiva já obtida no caso anterior: 2 −1 t3 − t + 2 dt = t4 t2 − + 2t 4 2 2 = −1 24 22 − +4 − 4 2 −1 t3 − t + 2 dt calculando (−1)4 (−1)2 − + 2 (−1) 4 2 6 = − 94 4. Calcule: x 1 [1.5] a) P √ + . 3 5x2 + 2 5x Resolução: x 1 x 11 x 1 P √ + =P √ +P =P √ + ln |x| 3 3 3 5x 5 5x2 + 2 5x 5x2 + 2 5x2 + 2 ′ Tendo em conta que (5x2 + 2) = 10x, x P √ 3 5x2 + 2 = P x (5x2 + 2) 1 3 = P x 5x2 + 2 = 1 P [ 10x 5x2 + 2 10 ′ u − 31 +1 1 (5x2 + 2) = − 13 +1 10 − 13 +C = 3 5x2 + 2 20 2 3 +C = 3 20 − 13 1 u− 3 3 (5x2 + 2)2 + C Portanto, 1 3 x + = P √ 3 2 20 5x + 2 5x 3 (5x2 + 2)2 + [1.5] b) P cos3 (2x) . Resolução: ii ]= 1 ln |x| + C, com C constante real. 5 33 . 4 Observação: Trata-se de uma potência de coseno, com expoente ímpar. P cos3 (2x) = P cos (2x) cos2 (2x) = P cos (2x) 1 − sen2 (2x) = P cos (2x) − cos (2x) sen2 (2x) Tendo em conta que (2x)′ = 2, 1 1 P [cos (2x)] = P [ 2 cos (2x) ] = sen (2x) + C1 . 2 2 ′ u cos(u) Tendo em conta que (sen (2x))′ = 2 cos (2x) , P cos (2x) sen2 (2x) 1 = P cos (2x) (sen (2x))2 = P [ 2 cos (2x)(sen (2x))2 ] = 2 u′ 2+1 = 1 (sen (2x)) 2 2+1 + C2 = u2 1 1 (sen (2x))3 + C2 = sen3 (2x) + C2 . 6 6 Portanto, P cos3 (2x) = [2.0] c) P 1 1 sen (2x) − sen3 (2x) + C, com C constante real. 2 6 x6 − 2 . x4 + x2 Resolução: A função dada é um quociente de dois polinómios, o do numerador com grau 6 e o do denominador com grau 4, pelo que se trata de uma primitiva de uma função racional imprópria. Assim, temos que transformar a função racional numa soma de um polinómio com uma função racional própria. x6 −2 −x6 − x4 −x4 −2 4 2 x +x x2 − 2 |x4 + x2 x2 − 1 → tem grau estritamente menor do que o denominador Portanto, x6 − 2 = (x4 + x2 ) (x2 − 1) + (x2 − 2), pelo que x6 − 2 (x4 + x2 ) (x2 − 1) + (x2 − 2) (x4 + x2 ) (x2 − 1) x2 − 2 x2 − 2 2 = = + = x − 1 + x4 + x2 x4 + x2 x4 + x2 x4 + x2 x4 + x2 Assim, P x6 − 2 x2 − 2 x3 x2 − 2 2 = P x − 1 + = − x + P x4 + x2 x4 + x2 3 x4 + x2 Observação: Resta calcular a primitiva da função racional própria P situação imediata de logaritmo ou arcotangente. x2 −2 x4 +x2 , que não é uma x2 − 2 x2 − 2 = x4 + x2 x2 (x2 + 1) Uma vez que x2 + 1 não tem zeros reais, o denominador está decomposto, tendo-se um zero real, 0, com multiplicidade 2, e um polinómio de grau 2, sem raízes reais. iii x2 − 2 = x2 (x2 + 1) A x 2 + (x(x +1)) B Cx + D Ax (x2 + 1) + B (x2 + 1) + (Cx + D) x2 + = 2 x x2 + 1 x2 (x2 + 1) 2 (x +1) (x2 ) o que é equivalente a x2 − 2 = Ax3 + Ax + Bx2 + B + Cx3 + Dx2 = (A + C) x3 + (B + D) x2 + Ax + B A+C =0 B+D =1 A=0 B = −2 Portanto P x2 − 2 x4 + x2 C=0 D=3 . ⇐⇒ A=0 B = −2 0 −2 0x + 3 2 3 1 + 2 + 2 =P − 2 + 2 = −2P x−2 + 3P 2 = x x x +1 x x +1 x +1 x−2+1 2 = −2 + 3 arctg (x) + C = + 3 arctg (x) + C, −2 + 1 x = P pelo que, x6 − 2 x3 x2 − 2 1 2 P 4 = −x+P 4 = x3 − x + + 3 arctg (x) + C, com C constante real. 2 2 x +x 3 x +x 3 x 5. Determine o valor dos seguintes integrais: 1 [2.0] a) (2x arctg x) dx. 0 Resolução: Observação: Podemos calcular a primitiva por partes e aplicar depois a Fórmula de Barrow, ou calcular directamente o integral por partes. Considerando f ′ = 2x e g = arctg x tem-se que f = P (2x) = x2 + c e g ′ = (arctg x)′ = Então, P [ 2x arctg x ] = x2 arctg x − P [ x2 f′ g f g f x2 1 . +1 1 x2 2 ] = x arctg x − P x2 + 1 x2 + 1 g′ x2 . x2 + 1 Trata-se de uma primitiva de uma função racional imprópria, que vamos decompôr numa soma de um polinómio com uma função racional própria. Resta calcular P x2 + 1 − 1 x2 + 1 −1 1 x2 = = + 2 =1− 2 2 2 2 x +1 x +1 x +1 x +1 x +1 Observação: Poderíamos ter usado a divisão de polinómios. iv Portanto P (2x arctg x) = x2 arctg x − P 1− x2 1 +1 = x2 arctg x − x + arctg x + C, com C constante real. Aplicando a Fórmula de Barrow, 1 (2x arctg x) dx = 0 x2 arctg x − x + arctg x 1 0 = = (12 arctg 1 − 1 + arctg 1) − (02 arctg 0 − 0 + arctg 0) = π 4 0 π π π + −1= −1 4 4 2 2o Processo:Calculando directamente o integral por partes. f = x2 + c g ′ = x21+1 . f ′ = 2x g = arctg x 1 2 2x arctg xdx = [ x 0 f′ arctg x ]10 f g g 1 − 1 x 2 dx = (12 arctg 1 − 02 arctg 0) − x +1 0 f g 1 1 2 ′ π 4 0 x2 dx = x2 + 1 1 π x +1−1 π 1 π − dx = − 1− 2 dx = − [x − arctg x]10 = 2 4 x +1 4 x +1 4 0 0 π π − ((1 − arctg 1) − (0 − arctg 0)) = − 1 = 4 2 2 = π 4 ln 8 [2.0] b) ln 3 0 e2x √ x dx. e +1 Resolução: Observação: Analisando a função integranda, verifica-se que não se trata de uma primitiva imediata e que se deverá usar uma mudança de variável, o que pode ser feito calculando primeiro a primitiva e aplicando depois a Fórmula de Barrow, ou calculando directamente o integral por substituição. √ Considerando ex + 1 = t, ex = t2 − 1 x = ln (t2 − 1) ϕ (t) = ln (t2 − 1) ϕ′ (t) = t22t−1 . 2 tendo-se que e2x = (ex )2 = (t2 − 1) Obtém-se, assim 2 (t2 − 1) 2t t3 2 P = 2P t − 1 = 2 − 2t + C t t2 − 1 3 Conclui-se que 2 √ x e2x √ = e +1 P 3 ex + 1 3 √ − 2 ex + 1 + C, com C constante real. v Aplicando a Fórmula de Barrow, ln 8 ln 3 ln 8 3 √ 2 √ x e + 1 − 2 ex + 1 = 3 ln 3 3 3 2 2 eln 8 + 1 − 2 eln 8 + 1 − eln 3 + 1 − 2 eln 3 + 1 = 3 3 3 3 √ √ √ √ 2 2 = 8+1 −2 8+1 − 3+1 −2 3+1 = 3 3 2 3 2 32 = 3 − 2 × 3 − × 23 + 2 × 2 = 3 3 3 e2x √ x dx = e +1 = 2o Processo:Calculando directamente o integral por substituição. Com a mudança de variável acima indicada, ln 8 ln 3 e2x √ x dx = e +1 β α 2 (t2 − 1) 2t dt = 2 t t2 − 1 Calculemos os novos extremos de integração: Tendo em conta que x = ln (t2 − 1) = ϕ (t) e t = β α t2 − 1 dt √ x e + 1 = ϕ−1 (x) , √ 4=2 √ eln 8 + 1 = 9 = 3 α = ϕ−1 (ln 3) = eln 3 + 1 = β = ϕ−1 (ln 8) = pelo que ln 8 ln 3 e2x √ x dx = 2 e +1 3 t3 t − 1 dt = 2 − 2t 3 2 32 16 = 18 − 6 − +4= 3 3 3 2 2 × 33 − 6 − 3 = 2 2 × 23 − 4 3 = 6. Considere a função H definida em R por x3 −12x H (x) = 2 et dt. 0 [2.0] a) Calcule, justificando, a função H ′ . Resolução: Observação: Trata-se da derivada dum integral indefinido, em que a função integranda é contínua em R, pelo que, justificando adequadamente, podemos aplicar o Teorema Fundamental do Cálculo Integral. 2 A função f (x) = ex é contínua em R, pois é composição de funções contínuas em R (polinómio e ex ). vi Então, pelo Teorema Fundamental do Cálculo Integral, a função definida por x F (x) = f (t) dt 0 é diferenciável em R e F ′ (x) = f (x) . Como x3 −12x H (x) = 0 2 et dt = F x3 − 12x , H é a composição de funções diferenciáveis (F e um polinómio), donde se conclui que H é diferenciável e H ′ (x) = F x3 − 12x ′ = F ′ x3 − 12x ′ x3 − 12x = f x3 − 12x 2 3 3x2 − 12 = 3x2 − 12 e(x −12x) . [1.5] b) Estude a monotonia da função H. 3 (Se não fez a alínea a), estude a monotonia da função definida por f (x) = ex −15x). Resolução: 2 2 3 3 Já foi visto na alínea anterior que H é diferenciável e H ′ (x) = (3x2 − 12) e(x −12) = 3 (x2 − 4) e(x −12x) 2 2 2 3 3 3 H ′ (x) = 3x2 − 12 e(x −12x) = 3 x2 − 4 e(x −12x) = 3 (x − 2) (x + 2) e(x −12x) logo 2 2 3 3 H ′ (x) = 0 ⇐⇒ 3 (x − 2) (x + 2) e(x −12x) = 0 ⇐⇒ x = −2 ∨ x = 2 ∨ e(x −12x) = 0 impossível em R Portanto, H ′ (x) = 0 ⇐⇒ x = −2 ∨ x = 2. 2 3 Façamos um quadro de sinais (note-se que e(x −12x) > 0) −∞ − − 3 (x + 2) (x − 2) 2 3 e(x −12x) + 2 x3 −12x H ′ (x) = 3 (x − 2) (x + 2) e( H (x) ) + ր −2 0 − + 0 2 + 0 +∞ + + + + + − ց 0 + ր + − Portanto, H é crescente nos intervalos ]−∞, −2] e [2, +∞[ (é mesmo estritamente crescente) e H é decrescente no intervalo [−2, 2] (é mesmo estritamente decrescente). Observação: Para o caso de não se ter feito a alínea a), é dada a alternativa de estudar a 3 monotonia da função f (x) = ex −15x . Façamos este estudo. A função f é diferenciável em R, pois é a composição de funções diferenciáveis (ex e um polinómio) e 3 −15x f ′ (x) = 3x2 − 15 ex 3 −15x = 3 x2 − 5 ex vii =3 x− √ 5 x+ √ 3 5 ex −15x Assim √ √ 3 f ′ (x) = 0 ⇐⇒ x = − 5 ∨ x = 5 ∨ ex −15x = 0 impossível em R Um quadro de sinais análogo ao anterior permite concluir que f é crescente nos √ perfeitamente √ intervalos −∞, − 5 e 5, +∞ (é mesmo estritamente crescente) e é decrescente no intervalo √ √ − 5, 5 (é mesmo estritamente decrescente). [2.0] 7. Determine a área da região definida por y ≤ x + 1, y ≤ cos x e y ≥ 0. Considerando a representação geométrica da região conclui-se que, a sua área , A, é igual à soma da área de um triângulo com a área da parte da região que se encontra no 1o quadrante. Assim, 1×1 A= + 2 π 2 cos (x) dx = 0 π 1 1 π 3 + [sen (x)]02 = + sen − sen (0) = . 2 2 2 2 Observação: Poder-se-ia também calcular a área por π 2 0 A= (x + 1) dx+ −1 0 x2 cos (x) dx = +x 2 0 π +[sen (x)]02 = 0− −1 1 π 3 − 1 +sen −sen (0) = 2 2 2 Fim da resolução viii