Consumismo: a difícil missão de resistir às tentações e promoções

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Consumismo: a difícil missão de resistir às tentações e promoções
Na última semana, a chamada black friday – dia de vendas com preços reduzidos – abriu com
chave-de-ouro, as portas para a chegada de um dos meses de maior consumo de bens e
serviços do ano. Bem, é verdade que todo mundo gosta de dar lembranças e pequenos mimos
às pessoas que ama, e as promoções dessa época, nesse sentido, podem ajudar muito quem
anda com as contas apertadas.
O recebimento do 13º salário é outro fator que estimula as compras do final do ano e, certos
disso, empresas investem, mais do que nunca, no marketing e na publicidade, gerando uma
verdadeira poluição midiática, marcada pelo excesso de outdoors, banners, cartazes e
anúncios que tomam conta de quase todo centímetro quadrado das ruas. Mas esse tipo de
poluição não para por aí: invade também nossas casas, insiste em nos persuadir o tempo todo,
manda mensagens no celular, enche de spams nossa caixa postal, fazendo parecer impossível
o mais singelo sinal de contenção de gastos ou de compras mais comedidas (ou conscientes).
Com ondas cada vez mais avassaladoras, esse tsunami de anúncios banalizou entre nós,
como se fosse algo normal, corriqueiro e até correto, a prática do consumo exagerado, ao
ponto de não sabemos mais como seria o mundo sem sua existência, não é mesmo? Virou
quase uma obrigação: comprar, comprar e comprar, não importa muito o quê, para quê ou por
quê e, quanto mais supérfluo for, mais gostosa a sensação da aquisição... Assim, vamos
esquecendo que os recursos naturais, mesmo grandiosos, são limitados.
Cabe ainda esclarecer que o ato de consumo, em si, não é um problema. O consumo é
necessário à vida e à sobrevivência de toda e qualquer espécie. Para respirar precisamos
consumir o ar; para nos mantermos
hidratados, temos que consumir água; para
crescermos e nos mantermos saudáveis,
necessitamos de alimentos. São atos naturais
que sempre existiram e dos quais precisamos
para nos mantermos vivos. O problema é
quando o consumo de bens e serviços
acontece de forma exagerada, levando à
exploração excessiva dos recursos naturais e
interferindo no equilíbrio do planeta. Relatórios
de respeitadas organizações ambientais
provam que nós, seres humanos, já estamos
consumindo mais do que a capacidade do planeta de se regenerar, acumulando um montante
de lixo que não pode mais ser absorvido.
Confesso que, se Papai Noel atendesse maiores de 20 anos, eu entraria na fila para pedir um
mundo em que o apelo publicitário caísse pela metade, e soubéssemos, por consequência,
aproveitar mais com menos desperdício: reutilizar e comprar somente o necessário, para nós
mesmos, ou para presentear. É quase impossível escapar, mas ainda acredito que vale muito a
pena tentar, e que sempre tem quem vá aceitar o desafio.
Nesta semana, em relação à black friday, também vi em uma rede social, em meio ao
amontoado de propagandas, o depoimento de uma jovem, cujas palavras despertaram a
esperança de que podemos reverter a situação. Para finalizar a reflexão, deixo-o aqui: “Dá pra
comprar bastante. Torrar toda a grana mesmo. Trabalhar bastante pra comprar ainda mais.
Várias horas extras. Ver o sentido da sua vida se tornar esse: se matar de trabalhar pra
comprar e se sentir „fazendo parte‟. Mas esse vazio aí dentro, meu amigo, nem todos os
produtos do mundo vão preencher. É foda demais ver o sentido da vida humana se resumindo
a isso. Força homosapiens. Viva a Black Friday” – Elisa Grazielle Cardozo.
Por Simone Luiza Fritzen/Assessoria de Comunicação da Asapan
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