Parkinson: muito além dos tremores

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Parkinson: muito além dos tremores
Até pouco tempo atrás, a Doença de Parkinson
era associada basicamente aos tremores
constantes que provoca no indivíduo. Durante
muito tempo, inclusive, foi tida como uma
doença dos sistemas motores, com sintomas
também como rigidez e instabilidade postural.
Hoje em dia, porém, sabe-se que outros
sintomas merecem atenção, porque podem
comprometer ou ser ainda mais prejudiciais à
qualidade de vida do paciente.
Fadiga, risco de queda, distúrbios do sono, sintomas psiquiátricos – como depressão,
ansiedade e até sintomas psicóticos e delirantes – sudorese excessiva, risco de engasgue e
disfunção autonômica, como mal funcionamento do intestino e disfunção sexual, são alguns
dos problemas que podem atrapalhar a vida do indivíduo com Parkinson.
“Nos últimos anos, vemos que um bom tratamento precisa fazer uma abordagem que
contemple todos esses aspectos. Muitas vezes, o famoso tremor, que embora seja fisicamente
mais evidente, é o que menos atrapalha a qualidade de vida desses indivíduos”, explica o
neurologista do Einstein, Dr. Marcelo Calderaro.
“Não adianta tratar a parte motora e se esquecer dos outros sintomas. Muitos dos quais,
inclusive, aparecem antes mesmo dos tremores ou do diagnóstico da doença, como a
disfunção intestinal”, afirma o médico.
A causa do Parkinson
De acordo com outro neurologista do Einstein, Dr. Orlando Barsottini, a doença acontece por
um processo neurodegenerativo em que o principal achado é a deficiência de um
neurotransmissor chamado dopamina. “Esse neurotransmissor atua na integridade de um
circuito de neurônios responsáveis pelos movimentos”, explica.
As fases da doença
A doença de Parkinson é dividida em três fases principais:
•
•
•
Leve: o paciente apresenta sintomas leves e continua independente para suas
atividades habituais.
Moderada: ele mantém sua independência, mas passa a necessitar de ajuda ou
apresenta limitações para atividades específicas.
Avançada: o paciente começa a ter severas limitações para realizar atividades do seu
dia a dia.
Esta última fase acontece geralmente após 10 a 15 anos de evolução da doença. É quando
podem aparecer sintomas cognitivos e psiquiátricos relacionados ao Parkinson.
Tratamento
Além do atendimento por uma equipe multidisciplinar, que visa a diminuir os sintomas que
atrapalham a qualidade de vida do paciente com a doença, o tratamento é basicamente com
medicações.
No geral, elas dividem-se entre as que repõem a dopamina sinteticamente e as que inibem as
enzimas que degradam a dopamina. “O trabalho das medicações é reequilibrar os níveis de
dopamina no organismo”, afirma o Dr. Barsottini.
Estimulação cerebral
Reservada para casos específicos, a chamada Estimulação Cerebral Profunda pode ser uma das
opções de tratamento para pacientes na fase moderada da doença.
Por meio do implante de um marca-passo e de eletrodos em regiões profundas do cérebro, a
cirurgia geralmente é realizada para diminuir complicações motoras decorrentes tanto da
evolução da doença quanto do uso crônico de medicamentos.
Dentre essas complicações, as mais incômodas são as chamadas discinesias, que são
movimentos involuntários do corpo em geral associadas ao uso das medicações.
“Não é uma cirurgia curativa, mas apenas para diminuir esses sintomas. Ela deve ser encarada
como mais uma opção de tratamento”, explica Dr. Barsottini.
O procedimento é indicado também para pacientes mais jovens com tremores incapacitantes
ou para aqueles que não responderam adequadamente ao tratamento medicamentoso. Mas em
geral não se indica a cirurgia para pacientes com menos de cinco anos de doença.
“Pacientes na fase avançada, com comprometimento cognitivo severo, não devem fazer a
estimulação cerebral pelo risco de piora dos sintomas cognitivos que já possuíam”, acredita Dr.
Barsottini.
Segurança e qualidade de vida
Reunimos algumas dicas importantes para manter a segurança e a qualidade de vida do
paciente com Parkinson. Confira.
Existe uma forte tendência de o indivíduo ficar cada vez mais parado e sedentário, o
que não é bom. “Por mais óbvio que pareça, quanto mais parado ele ficar, mais parado ele vai
ficar”, afirma o neurologista. A recomendação é que o indivíduo não deixe de se movimentar,
porque a falta de movimentação piora a postura, o alongamento e até o risco de quedas.
Alguns estudos apontaram que a prática de dança e de tai chi chuan, que trabalham o
equilíbrio, diminuem o risco de queda.
Uma preocupação muito importante é com o engasgue. Se o paciente com Parkinson
tem lentidão para se alimentar e apresenta uma espécie de pigarro ou tosse depois de comer,
ou mesmo se apresenta repetidas pneumonias, isto pode ser sinal de microaspiração e vale a
pena uma avaliação mais detalhada. O objetivo é prevenir o engasgue e possíveis infecções
pulmonares.
Para indivíduos com problemas de deglutição, o atendimento por um fonoaudiólogo
também é uma boa ideia.
Existem também substâncias espessantes para serem colocadas em líquidos e
ajudarem na deglutição.
O paciente com Parkinson deve continuar fazendo tudo o que fazia antes da doença,
com atenção dos cuidadores em relação à sua segurança. Essa prática tende a retardar as
perdas de função.
O risco de queda merece esforços e atenção. O médico precisa reconhecer este risco e
recomendar, inclusive, intervenções ambientais, como a retirada dos tapetes da casa ou a
colocação de barras que auxiliem a locomoção do paciente.
O paciente deve usar sapatos bem firmes ao pé, evitando sandálias e chinelos, que
facilitam as quedas.
Publicado em abril de 2012.
Fonte: http://www.einstein.br/Hospital/neurologia/Paginas/parkinson-muito-alem-dos-tremores.aspx
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