Doador com Bactéria MDR

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BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES NO DOADOR
E TRANSPLANTES
Edson Abdala
2015
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• Doador com bactéria MDR:
Critérios de aceite?
Medidas preventivas de transmissão ou de progressão da infecção no
receptor?
15/12/2015
QUATRO IMPORTANTES ASPECTOS PARA
SUPORTAREM O PROCESSO DE DECISÃO
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• A1 - A decisão de uso de órgão não ideal / com risco de transmissão de
infecção depende do equilíbrio entre:
Risco de
transmissão
Risco de progressão
de infecção no
receptor específico
Risco de óbito do
candidato com ou
sem o transplante
Critério de aceite – receptor-específico
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• A2 - A disseminação das bactérias MDR é uma realidade atual
K. pneumoniae
produtora de KPC
A. baumannii resistente a
carbapenêmico
Doador com Bactéria MDR
• A3 – Conceitos / Definições:
Infecção (microbiologicamente ou clinicamente documentada) tratada
Infecção (microbiologicamente ou clinicamente documentada) em
tratamento, mas com sinais clínicos e/ou microbiológicos de
controle/resolução
Infecção (microbiologicamente ou clinicamente documentada) sem
evidência de controle
Colonização – presença do micro-organismo em determinado sítio, sem
evidência de invasão tecidual
Notificação Passiva vs Busca Ativa (Vigilância)
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• A4 – Infecções por bactérias MDR em transplantes estão associadas a
alta mortalidade
A. baumannii, TF
KPC, TR
15/12/2015
Freire MP et al. Liver Transplant. Accepted
Freire MP et al. Infection 2015: 43:315-23
Doador com Bactéria MDR
• Doador com Infecção Bacteriana:
Estudos epidemiológicos iniciais de transmissão
Séries de casos de doadores com infecção conhecida
Estudos epidemiológicos recentes com vigilância
Infecção ou colonização por bactérias MDR
O que dizem os consensos / recomendações
Conclusões
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• Agenda:
Estudos epidemiológicos iniciais de transmissão
Séries de casos de doadores com infecção conhecida
Estudos epidemiológicos recentes com vigilância
Infecção ou colonização por bactérias MDR
O que dizem os consensos / recomendações
Conclusões
15/12/2015
Doador com infecção bacteriana
• Estudos epidemiológicos iniciais de transmissão
Anos 1970 – 1980
Correlação entre uso de órgãos contaminados ou potencialmente
contaminados e complicações no pós-operatório imediato de pacientes
submetidos a transplante
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
Tabela 1: Relatos de casos descrevendo a transmissão de infecção bacteriana entre doador e receptor de órgão
sólido entre 1970 e 1990.
Estudo
(Ano)
Micro-organismo
Cultura
Doador
Órgão
Receptor
Evolução
Doing et al.
(1975 )
Staphylococcus
aureus
Não Coletado
RIM
A: Sepse no 7º dia
B: Sepse no 2º dia
Nefrectomia
Nefrectomia
First et al.
(1977 )
Streptococcus spp.
Não coletado
RIM
Sepse precoce e rejeição
aguda
A: Nefrectomia
B: Óbito precoce
Nelson et al.
(1984)
Pseudomonas spp.
Líquido de
Perfusão
RIM
Ruptura da anastomose
arterial
A: Nefrectomia
B: Nefrectomia
Wilson et al.
(1979)
Pseudomonas spp.
Líquido de
Perfusão
RIM
Ruptura da anastomose
arterial
A: Nefrectomia
B: Óbito precoce
Harrington et
al. (1984)
Pseudomonas spp.
Hemocultura
RIM
Aneurisma micótico
Nefrectomia
Anderson et
al. (1974)
Escherichia coli
SWAB do Rim
RIM
Aneurisma micótico
Corrigido e Alta
Bacteroides fragilis
Líquido de
Perfusão
RIM
A: rejeição aguda e ITU
B: Ruptura da
anastomose arterial
A: Nefrectomia
B: Óbito precoce
Bore et al.
(1980)
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
Tabela 2: Estudos epidemiológicos iniciais de transmissão de infecção bacteriana entre
doador e receptor de órgão sólido entre 1970 e 1990.
Autor
Transm.
Doador/
infecção 2
receptor1
Local de infecção
Órgão
Profilaxia
Doado
Óbito
George K. et
al.
1975
182/432
12/18
(66%)
Aneurisma micótico
Abscesso perinefrético
Rim
Sim
8/12
66,6%
Guy C. et al.
1975
?/81*
6 /14
(42%)
Pneumonia, cistite,
abscesso perinefrético,
Rim
Sim
-
Charles B. et
al.
1978
?/83*
1/19
(5,2%)
Infecção perinefrética
Rim
-
-
James A. et al.
1982
?/29*
2/25
(8%)
Abscesso perinefrético
Rim
-
-
119/177
4/23
(17%)
Aneurisma Micótico
Abscesso cerebral
Sepse sem foco
Rim
Sim
2/4
(50%)
Spess EK. 1982
1- Número de doadores e de receptores.; 2- Número de receptores com infecção transmitida pelo
doador;
* Líquido de perfusão / número de receptor não disponível.
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• Agenda:
Estudos epidemiológicos iniciais de transmissão
Séries de casos de doadores com infecção conhecida
Estudos epidemiológicos recentes com vigilância
Infecção ou colonização por bactérias MDR
O que dizem os consensos / recomendações
Conclusões
15/12/2015
Doador com infecção bacteriana
• Séries de casos de doadores com infecção conhecida
Anos 1990 – 2000
Doadores com diagnóstico infeccioso conhecido e documentado
Tratamento prévio da infecção no doador, por no mínimo 48 horas
Profilaxia ou terapia preemptiva direcionada no receptor – período
variável, maioria 7 dias
Casuísticas pequenas
15/12/2015
Doador com infecção bacteriana
Tabela 3. Relatos de Casos com doadores de órgãos sólidos com doença infecciosa
conhecida no momento do transplante.
Local de
infecção
Rim
5/15
Meningite
8
3
2
2
-
1/3
Endocardite
2
1
-
-
-
Puig i Marí e
S. pneumoniae
col. 2000
7/19
Meningite
12
5
1
1
-
N. meningitidis
S.pneumoniae
Satoi e col.
H.influenzae
2001
Streptococcus
sp
33/34
Meningite
0
34
-
-
-
2
1
-
-
-
4
3
2
5
-
Autor/ano
Agente isolado/ Doador/
doador
receptor1
N. meningitidis
LópezNavidad e col. S.pneumoniae
1997
E. coli
Caballero e
E. faecalis
col. 1998
Transmissão
Órgãos doados
Fígado Coração Pulmão de infecção 2
N. meningitidis
E. coli
Pauly e col.
S. aureus
2004
1/3
Cohen e col.
A. baumannii
15/12/2015
2006
3/12
Mediastinit
e
Pericardite
Bacteremia
Sepse
Pneumonia
Meningite
Bacteremia
Doador com infecção bacteriana
• Agenda:
Estudos epidemiológicos iniciais de transmissão
Séries de casos de doadores com infecção conhecida
Estudos epidemiológicos recentes com vigilância
Infecção ou colonização por bactérias MDR
O que dizem os consensos / recomendações
Conclusões
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• Estudos epidemiológicos recentes com vigilância
Anos 2000
Vigilância / triagem infecciosa
Maioria com profilaxia ou terapia preemptiva direcionada no receptor –
período variável, maioria 7 dias
Casuísticas maiores, em relação a estudos anteriores
Transmissões suspeitas, porém ainda sem avaliação por biologia
molecular
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
Tabela 4 – Estudos epidemiológicos mais recentes, após ano 2000
Ano
Autor
Doador/
receptor1
Transm. de
infecção 2
Local de infecção
2000
Zibari e col.
36/36
-
-
2001
Lumbreras
e col.
569/569
-
-
2002
Cerutti e
col.
2005 Ruiz I. e col.
2005
2005
2008
Sharma AK
e col.
GonzalesSegura e
col.
Len O e col.
Órgãos
Doados
Fígado
Rim
Coração
Profilaxia
Óbito
Sim
-**
Fígado
Coração
Sim
-**
11 (1,9%)
Artéria Hepática
Coleção abdominal
Sangue
Fígado
Sim
5/11
(45%)
210/197
15 (7,6%)
Mediastinite
Pneumonia
Anastomose
Brônquica
Pulmão
Sim
2/15
(13,3%)
638/58*
-
-
Rim
Sim
-**
268/52*
-
-
Fígado
Rim
Sim
-**
-
Fígado
Rim
Pulmão
Sim
-**
610/558
292/211*
5 (1,71%)
* Número de receptores analisados de doadores infectados
15/12/2015
** Não houve diferença entre os grupos de doador com e sem bacteremia
Doador com Bactéria MDR
• Agenda:
Estudos epidemiológicos iniciais de transmissão
Séries de casos de doadores com infecção conhecida
Estudos epidemiológicos atuais com vigilância
Infecção ou colonização por bactérias MDR
O que dizem os consensos / recomendações
Conclusões
15/12/2015
Definições bactérias MDR
•
Doador com Bactéria MDR
CDC, 2006: bactérias multi-droga resistentes (MDR) – resistentes a uma ou mais
classes de antimicrobianos
– Staphylococcus spp. R a meticilina/oxacilina (MRSA)
– Enterococcus spp. R a vancomicina (VRE)
– BGN produtores de beta-lactamases de espectro estendido (ESBL) – E. coli,
Enterobacter spp., Klebsiella spp.
– BGN resistentes a carbapenêmicos – Acinetobacter spp., Klebsiella spp.
(CRKP-KPC), Enterobacter spp., E. coli
– Bactérias intrinsecamente resistentes – Stenotrophomnas maltophilia,
Kurkholderia cepacia etc
•
Muitas são resistentes a várias classes de antimicrobianos → bactérias de
resistência estendida*
•
Algumas resistentes a todas as classes de antimicrobianos (Acinetobacter spp. e
Klebsiella spp. R a polimixinas) → bactérias pan-resistentes**
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• Novas drogas para BGN MDR
Plazomicina – aminoglicosídeo, atividade para KPC porém sem atividade
para NDM – estudo fase 3 em andamento
Eravaciclina – fluorociclina - estudo de fase 3 (falhou) – atividade contra
Enterobacteria e A. Baumannii
Temocilina – derivado da ticarcilina resistente a hidrolise pela β
lactamases da classe A (ESBL e KPC)- aprovado na Inglaterra para ITU por
K. pneumoniae resistente a carbapenêmico
Ceftazidima-avibactam – inibidor de b lactamase com atividade para β
lactamases A, C e D (OXA-48) – aprovado para uso em fevereiro
Lee CS et al. Infect Chemother. 2014; 46:149-64
Adams JM et al Antimicrob Agents Chemother. 2009; 53: 2700-2701
Zhanel GG et al. Drugs; 2013; 73:159-77
Doador com Bactéria MDR
• Novas drogas para BGN MDR -Fosfomicina
Tipo de TX
Nº
Nº falhas
Nº resistência
documentada
Rim
10
8 (80%)
3 (30%)
Fígado
3
2 (67%)
1 (33%)
Coração
1
0
0
Pulmão
1
0
0
Total
15
10 (67%)
4 (27%)
• 41 pacientes com ITU por
MDR
• 15 TOS
• Dose média – 3g
Neuner et al. Antimicrobiol Agent Chemo. 2012; 56: 5744-48
Doador com Bactéria MDR
• 2 receptores (1 rim, 1 fígado) com infecção por CRKP; doador sem evidência
de infecção ou colonização
Giani T et al. J Clin Microbiol 2014; 52:2702-5
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• Doador – pneumonia e meningite por KPCKp
– tigeciclina por 9 dias e gentamicina intratecal por 3dias – óbito (culturas positivas 48
horas antes)
• Receptor 1 – tx duplo fígado-rim – profilaxia
com tigeciclina; peritonite por KPCKp –
tratamento com tigeciclina + amicacina +
meropenem – sobrevida
• Receptor 2 – tx fígado inter-vivos, recebeu
enxerto venoso – terapia preemptiva com
amicacina – sem infecção
• Receptor 3 – tx rim – profilaxia com
tigeciclina – sem infecção
• Receptor 4 – tx coração – profilaxia com
tigeciclina – sem infecção
15/12/2015
Ariza-Heredia EJ et al. Transpl Infect Dis 2012; 14:229-36
Doador com Bactéria MDR
• 30 pacientes receberam órgão de doador falecido com infecção ou
colonização por CR-BGN não identificada no momento do tx
14/30 pacientes receberam órgão de doador com bacteremia ou
infecção/colonização no sítio de infecção
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
15/12/2015
Doador com infecção bacteriana
• Agenda:
Estudos epidemiológicos iniciais de transmissão
Séries de casos de doadores com infecção conhecida
Estudos epidemiológicos atuais com vigilância
Infecção ou colonização por bactérias MDR
O que dizem os consensos / recomendações
Conclusões
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
Clin Microbiol infect 2014; 20 (Suppl 7):10-8
15/12/2015
Doador com infecção bacteriana
• TTS / ATS
Ison MG et al. Am J Transplant 2013; 13:22-30
15/12/2015
Opinion and Hypothesis
Doador com Bactéria MDR
The utilization of solid organs for
transplantation in the setting of infection
with multidrug-resistant organisms: an
expert opinion
15/12/2015
Bishara J et al. Clin Transplant 2012; 26:811-5
Doador com Bactéria MDR
Opinion and Hypothesis
The utilization of solid organs for
transplantation in the setting of infection
with multidrug-resistant organisms: an
expert opinion
Bishara J et al. Clin Transplant 2012; 26:811-5
15/12/2015
Doador com infecção bacteriana
• Agenda:
Estudos epidemiológicos iniciais de transmissão
Séries de casos de doadores com infecção conhecida
Estudos epidemiológicos atuais com vigilância
Infecção ou colonização por bactérias MDR
O que dizem os consensos / recomendações
Conclusões
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• Vigilância de infecções bacterianas devem ser procedidas em todos
potenciais doadores de órgãos - incluindo realização de hemoculturas e,
quando houver transplante de pulmão envolvido, cultura de secreção
respiratória.
• Para doador com infecção local, ou infecção sistêmica controlada, em uso de
antimicrobianos adequados há pelo menos 48 horas, há algumas evidências
de segurança para serem aceitos. Nestes casos, o receptor deve receber
antimicrobianos ajustados por pelo menos 7 dias.
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• Doador com infeção ou colonização por bactéria MDR:
Não há, até o momento, recomendação formal para coleta rotineira de
culturas de vigilância para detectar colonização por bactéria MDR em
potencial doador.
o Coletar swab de vigilância quando possível, dependendo da
epidemiologia do hospital onde está o doador?
o Métodos de identificação rápida de genes de resistência?
15/12/2015
Doador com Bactéria MDR
• Doador com infeção ou colonização por bactéria MDR:
Doador com colonização por bactéria MDR – aceitar o doador, exceto para tx
de pulmão se isolamento em secreção respiratória; profilaxia dirigida?
Doador com infecção por bactéria MDR fora do órgão a ser doado e sem
bacteremia – considerar aceitar o doador, e utilizar critérios de controle e
tratamento; antimicrobianos ajustados no receptor por pelo menos 7 dias.
Doador com infecção por bactéria MDR no órgão a ser doado ou com
bacteremia – não aceitar o doador.
15/12/2015
15/12/2015
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